quarta-feira, dezembro 30, 2009

À espera de 2010...


...e cansado de festas de Natal.

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Vade retro


quando olhas pela janela do metropolitano entre anjos e socorro
desconfias que por trás do veloz muro
lá bem entranhado na laboriosa terra há um resto
de fenícios já tardios que ali na terra tombaram.
deixaste atrás de ti um capitel grego em arroios
e uma bexiga de porco medieval em alvalade.
apontas para pontinha. mas vais suspeitar de mouros no saldanha
e de peste que só mata castelhanos lá no rato.
entopes-te toupeiramente mesmo em baixo do marquês
e sais ofuscado de luz em campo grande.
então finalmente pensas:
no tempo em que alexandre o'neill pisava o chão da cidade
era bem mais pequena a rede: era ridícula
e hoje finalmente já não é.

António Vitorino (eu)


Poema publicado em Debaixo do Bulcão poezine
número 20 - Almada, Dezembro de 2002

recordado agora a propósito do aniversário do Metropolitano de Lisboa
(e sim, foi influenciado pelo "slogan" de Alexandre O'Neill "vá de metro satanás" - proposto pelo poeta/propagandista, mas nunca aceite - vá-se lá saber porquê - pela empresa do Metro de Lisboa; a foto, que documenta a inauguração de uma das primeiras linhas do metro lisboeta, foi recolhida algures na internet - mas infelizmente já não me lembro de onde a tirei)

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Do they know it's Christmas?


Há 25 anos éramos todos muito novinhos e cheios de boas intenções, mas vestiamo-nos muito mal e tinhamos penteados ridículos - dirão os parolos que não conseguem ver mais que um palmo à frente do nariz.

Há 25 anos, havia muitos parolos que não conseguiam ver mais que um palmo à frente do nariz - e é, em grande parte, por culpa deles que o mundo está como está. Ou seja: muito pior que há 25 anos atrás!

É por causa dos parolos - de ontem e de hoje - que esta música e este vídeo, apesar de esteticamente "datados" continuam a fazer todo o sentido. Triste sentido...

Não sejamos parolos.

(Ah, pois: feliz Natal para todos vós, se for caso disso.)

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Alexandre Castanheira na apresentação do Ciclo da Serpente:


«
Existe em Almada um homem de que os habitantes interessados pelas coisas da cultura e da literatura ouvem falar, lêem em jornais e revistas, deliciam-se com a leitura do seu blog, escutam-no a dizer poemas seus nas poucas ocasiões a que se dispõe a tal e por quem perguntam muitas vezes "o que é feito dele?" nos variados silêncios a que se entrega e nos diferentes desaparecimentos de que desconhecemos as mais das vezes a razão.

Este homem, é assim, como dizer? Talvez mal comparado, como o concelho de Almada - tem vida própria! Por muito que isso custe a algumas pessoas que, em vez da sua actividade criadora, gostariam era de conhecer em pormenor como ele vive, como se situa nesta terrível sociedade em que todos vivemos livres (segundo a Constituição da República) mas, na realidade, prisioneiros de leis e regras para que não contribuímos nem ninguém nos pede opinião, enclausurados, espiados, constrangidos a uma vivência em que só nos é permitido sobreviver como Humanos. E porque tem vida própria, reage, decide, interroga, recusa, ri, despreza, ajuda, bate-se, fazendo assim parte de um pequeno (pequeno à escala da população global do País, mas que ainda conta talvez com uns milhares) ... de um pequeno número de seres independentes que se mantém fiel à directiva libertária de Ary dos Santos: "podem acusar-me de tudo... mas poeta castrado, NÃO!"

Pois agora esse homem, registado no mundo literário como ANTÓNIO VITORINO, resolveu abrir a arca dos seus segredos, por alguns considerados mistérios, e dar-nos a possibilidade de o conhecer melhor.»

Texto completo em
http://umaefemeridemotivadora.blogspot.com

terça-feira, dezembro 22, 2009

Um círculo de poesia, em Moura


Regressei a Moura, para visitar amigos e fazer a apresentação do meu livrito, O Ciclo da Serpente - premonições deveras líricas. Na Sala da Salúquia (Teatro Fórum de Moura), dia 19, sábado, à noite, aproveitando o acolhedor espaço da exposição/instalação "Objectos da Nossa Casa", de Andreia Egas, reunimos pouco mais de uma dezena de pessoas (alguns/algumas muito jovens!), para falar de poesia - e, principalmente, para ler poesia.




O lançamento do livro era só um pretexto. A ideia - bem concretizada, de resto - era lançar a semente para o que, esperamos, virá a ser um grupo de dinamização de Poesia naquela cidade. Jorge Feliciano, feito anfitrião, dissertou aos jovens sobre a importância do Debaixo do Bulcão (projecto que iniciei, em Almada, há 13 anos) e sobre o exemplo de "democratização dos meios de produção" (leia-se, neste caso, "edição" e "publicação") que tal projecto constitui.


Eu sou suspeito para avaliar se ele tem ou não razão. Mas espero, sinceramente, que o "exemplo" seja seguido, e que os "alunos" de Moura consigam (como é natural) vir a superar este "mestre" de Almada. Não "espero", apenas: estou, convictamente, convosco - e disposto a ajudar, sempre que necessário!


Avante, pois, jovens poetas!

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Earth Song

Este vídeo (esta canção da Terra) é de 1996. Já nesse tempo se adivinhava o que estava aí a vir. Somos todos muito estúpidos (a começar por quem tem o poder de tomar decisões políticas) ou simplesmente suicidas? Alguém me explica?

O Ciclo da Serpente em Almada





Quero agradecer a todos os que fizeram questão de não faltar a este evento. Foram poucos mas bons. E tiveram a oportunidade de assistir a um grande recital de poesia, pelos actores (e poetas, também eles) João Vasco Henriques e José Vaz.
(Fotos de Rui Tavares)

quarta-feira, dezembro 16, 2009

ÍCARO


atormentaste a solidão do impossível e os castigos
da poesia.

muito cedo se fez corpo em teu dia. muito cedo
amaste outro labirinto.

ícaro,
caiste para salvar a humanidade. ora pro nobis.


António Vitorino

O Ciclo da Serpente - premonições deveras líricas (1989)
Edição Poetas Almadenses, colecção Index Poesis.
Almada, Dezembro de 2009

É hoje!


Depois de quase três décadas a guardar papelada em gavetas, publico finalmente um livrito que se veja. Chama-se "O Ciclo da Serpente - premonições deveras líricas". Foi escrito em 1989, mas só vai ser editado em livro agora - muito devido ao incentivo e à insistência (no bom sentido, claro!...) do professor Alexandre Castanheira (que, de resto, escreve um notável prefácio a este livro - e à minha "obra literária" não editada, que ele conhece como poucos).

O lançamento é hoje - quarta-feira, 16 de Dezembro de 2009 - a partir das 21h30, na Sala Pablo Neruda do Fórum Municipal Romeu Correia (biblioteca central de Almada).

A edição é do colectivo Poetas Almadenses (associação informal de autores cá do burgo).

A seguir à apresentação do livro, José Vaz e João Vasco Henriques farão a leitura dos poemas, num recital sonorizado pelo projecto "O Burro e o Cigano". Se os meus estimados amigos e potenciais leitores quiserem, também posso dar autógrafos no final (apesar de não ter jeitinho nenhum para essas coisas). Infelizmente não vos posso oferecer um copito com qualquer coisa dentro. A menos que água vos satisfaça.

Aproveito o ensejo para lembrar que, no sábado à noite, farei a apresentação deste livro em Moura, no Teatro Fórum.

Não quero deixar de agradecer, também, à directora da colecção Index Poesis, Ermelinda Toscano (como e óbvio, sem a sua colaboração e empenho seria impossível publicar este livro), ao Rui Tavares (autor da capa e contra-capa do livro), à Sofia Chanoca (a modelo que, sem saber muito bem como, se viu metida nesta "alhada"), aos actores que vão fazer a leitura dos poemas. E, por último mas não menos importantes, a Andreia Egas e Jorge Feliciano - que me vão receber (receber bem, espero...) em Moura!

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Are "friends" electric? - perguntava Gary Numan, em 1979


Esta música tem 30 anos. É de 1979 - mas, de alguma forma, é também um dos temas "fundadores" dos anos 80. Não dos "míticos" anos 80 - dessa pseudo-"alegre e colorida" década inventada agora, talvez para fazer esquecer as agruras desta em que vivemos... Não: dos anos 80, anos 80 mesmo.

"Are "friends" electric?" aparecia no primeiro álbum de Gary Numan. Vinha na sequência de sonoridades desenvolvidas ao longo dos anos 70 por bandas como os Kraftwerk - mas tinha já qualquer coisa muito típica da década seguinte. Qualquer coisa "dark". Algo que podia até fazer lembrar o Blade Runner - não fosse esse filme de 1982...

Confesso que não gostei muito. Eu andava era a ouvir rockalhadas. Essa coisa da "pop electrónica" era, para mim, audível só no "formato" Buggles ou OMD.

Porém, como disse nos idos de quinhentos um grande poeta português, "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança, todo o mundo é composto de mudança". E, como diz o povo, "para melhor muda-se sempre".

A chatice é que a mudança nem sempre é para melhor. Vejam como estamos agora, 30 anos depois desta canção.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

«O mau gosto, o pirosismo, é uma forma de Fascismo!», dizia o maestro Victorino d'Almeida, em 1987


Em Fevereiro de 1987, António Victorino de Almeida veio a Almada participar numa sessão evocativa do poeta Federico Garcia Lorca. Nessa sessão - promovida pela Câmara e pelo Centro Cultural de Almada, no âmbito da Semana do Livro desse ano - participaram também os escritores Olga Gonçalves e José Carlos Gonzalez, bem como o director da Companhia de Teatro de Almada, Joaquim Benite.

Sobre o evento propriamente dito, escreverei noutra ocasião. Porque o que quero mesmo, agora, é realçar um excerto da intervenção de Victorino de Almeida.

Falava-se sobre a Guerra Civil de Espanha. Sobre atitudes mais ou menos revolucionárias, sobre o papel da Arte na Revolução.

O maestro fez questão de lembrar que, na História da Humanidade, muitas revoluções existiram - a menor quantidade das quais na política.

Nas artes, por exemplo, apareceram grandes "revolucionários". Como Schoenberg - que, embora fosse, politicamente, um conservador, foi revolucionário na música. Schoenberg que, sendo essencialmente um "romântico" (de acordo com Victorino de Almeida), sentiu necessidade de lutar contra o "fácil", o "correcto" e o "bonito" - e ficou conhecido, principalmente, por isso mesmo!

Eu estive nessa sessão, a trabalhar para o Centro Cultural de Almada. Tive essa "sorte". Porque as palavras de Victorino de Almeida vinham reforçar as convicções que eu já tinha sobre o que queria fazer (na escrita, sobretudo): recusar o que é fácil e "bonito" - ou, como se passou a dizer mais tarde (e até hoje), politicamente correcto.

Aqui fica o tal excerto da intervenção do Maestro:

«Falou-se aqui em espírito revolucionário, falou-se aqui numa outra possível guerra, a guerra intelectual. (...) Uma guerra que pusesse, por exemplo, em oposição um teatro de Brecht a um teatro de Lorca. Há fazedores de guerra, que fazem essas guerras, que as criam. Está-se aqui a falar fundamentalmente de um revolucionário. Muitas vezes as pessoas têm dos revolucionários uma ideia tão fora daquilo que é a sua realidade. Há um revolucionário da História da música, o Schoenberg. Foi um revolucionário da música. Pessoalmente era um reaccionário, mas na música era um revolucionário. (...) Eu tenho lá em casa praticamente toda a obra do Schoenberg... Se as pessoas soubessem que 60 ou 70 por cento da obra é de um romantismo total, não tem a ver sequer com esta música. Eu até estou convencido que o Schoenberg na realidade até nem gostava deste estilo de música. Eu gosto mais do que ele! Simplesmente, o Schoenberg teve que lutar, como músico, contra o mau gosto, contra o pirosismo, que é uma forma de fascismo no fundo, também. Portanto era o anquilosar das ideias. Era o abastardar, o prostituir do romantismo. Foi contra isso que ele lutou. E portanto perante essa situação em que as coisas estavam a ser degradadas, aviltadas, pois ele teve que reagir e foi para a guerra. A escola de Viena, a grande revolução da escola de Viena (...).»

Palavras que nunca esqueci, e que me têm servido de referência na minha actividade artística. Ao longo de todos estes anos...

terça-feira, dezembro 08, 2009

Gosto de espinafres e às vezes tenho vontade de bater no Google


Mas suponho que a ideia deles não é essa.
Trata-se, sim, de comemorar o aniversário do nascimento (a 8 de Dezembro de 1894) do cartoonista norte-americano Elzie Crisler Segar.
O qual - como já adivinharam - foi o criador do famoso Popeye.
Conheçam-no aqui:

segunda-feira, dezembro 07, 2009

HOPENHAGEN


No dia em que começa a "cimeira do clima", em Copenhaga, aproveito a deixa para evocar aqui uma das (muitas) actividades em curso com o objectivo de pressionar os líderes mundiais a tomar medidas efectivas e rápidas em defesa do Planeta.

Esta iniciativa chama-se Hopenhagen. E tem, além do nome, outra coisa interessante: é promovida por um grupo empresarial, e dos grandes. Parece-me bem: na hora de procurar consensos, é importante reunir todos os apoios, mesmo os mais imprevisíveis.

Sobre esta campanha, no Portal Ambiente Online:

A iniciativa, criada em colaboração com a Ogilvy de Nova Iorque, Paris, Singapura, Londres e Buenos Aires e promovida pelas Nações Unidas (ONU) e pela International Advertising Association (IAA), foi desenvolvida em torno do conceito “esperança” (hope). A campanha centra-se no website www.hopenhagen.org e serve-se das redes sociais para promover o debate sobre as problemáticas ligadas ao aquecimento global e à crise económica. Pessoas de todo o mundo podem aderir a esta causa, partilhando as suas mensagens e opiniões através do site oficial, ou fazendo o download do seu passaporte no Facebook, a fim de se tornarem também “cidadãos de Hopenhagen".

domingo, dezembro 06, 2009

Dia de São Nicolau


Eu não acredito no Pai Natal. Mas ele existe: é o senhor representado no ícone acima. E hoje, 6 de Dezembro, é o seu dia.

O senhor chama-se Nicolau. Santo Nicolau. É (diz a wikipédia, site que raramente tem dúvidas e nunca se engana), "o santo padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega. É o patrono dos guardas noturnos na Armênia e dos coroinhas na cidade de Bari, na Itália, onde estariam sepultados seus restos." Mais: "É aceite que São Nicolau, bispo de Mira, seja proveniente de Petara, na Ásia Menor (Turquia), onde teria nascido na segunda metade do século III, e falecido no dia 6 de dezembro de 342." (Portanto, à boa maneira judaico-cristã, o que se comemora neste dia é uma morte... mas adiante, que isso são contas de outro rosário.)

Durante muitos anos eu, olhava para aqueles calendários que têm referências "canónicas" - e não achava piada nenhuma a essa coisa de ter, no meu aniversário, um obscuro Nicolau, em vez de um popular João, ou Pedro, ou António... Até que percebi que esse Nicolau é, afinal, figura carismática de todas as superfícies comerciais - grandes médias ou pequenas - e é especialmente apreciado por todos quantos têm emprego, e família, e patrões que lhes pagam o subsídio de Natal.

Bem haja, portanto, o Santo Nicolau. É fixe fazer anos neste dia! Desde que não me confundam com o Pai Natal, obviamente...

(E é por isso mesmo que não convém divulgar o que encontrei noutra fonte: "O dia de S. Nicolau era originalmente celebrado no dia 6 de Dezembro, sendo este o dia em que se recebiam os presentes. Contudo, depois da reforma, os protestantes germânicos decidiram dar especial atenção a ChristKindl, ou seja, ao Menino Jesus, transformando-o no “distribuidor” de presentes e transferindo a entrega de presentes para a Sua festa a 25 de Dezembro."

Chhhhhhhhiu!!! Não digam nada a ninguém!

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Campo de refugiados ou campo de concentração?


Os sem-abrigo da Cidade do Cabo, África do Sul, vão estar, durante o Campeonato do Mundo de Futebol, a viver num "campo de refugiados" ao qual não falta nada, nem mesmo arame farpado a toda a volta. Li a notícia no insuspeito Mais Futebol. E é tão interessante (leia-se: indignante) que a transcrevo na íntegra. Com a devida vénia, já se sabe...

Mundial: sem-abrigo escondidos em «campo de refugiados»

Autoridades da África do Sul «limpam» Cidade do Cabo
Por Vítor Hugo Alvarenga

A Cidade do Cabo veste fato de gala para o sorteio da fase final do Campeonato do Mundo de 2010. Celebridades, ligadas ao desporto e não só, concentram-se na capital da África do Sul para abrilhantar um evento que serve de cartão-de-visita para o torneio. A 20 quilómetros da cidade, empilham-se os sem-abrigo afastados do centro da Cidade do Cabo nos últimos tempos.

As autoridades da capital da África do Sul criaram a «Symphony Way Temporary Relocation Area» em 2007. Localizada em Delft, a área tem cerca de 1.500 estruturas com uma única divisão, feitas com paredes de lata e tectos de zinco. 18 metros quadrados cada. Os locais encontraram um nome mais apropriado. Esta é a Blikkiesdorp, «Cidade de Lata», na língua nativa.

Jerome Daniels, activista da Western Cape Anti-Eviction Campaign, garante ao Maisfutebol que os sem-abrigo da Cidade do Cabo estão a ser deslocados compulsivamente para a Blikkiesdorp, criando uma situação insustentável para os seus habitantes. «E isto é só agora para o sorteio. Lá para Maio, um mês antes do início do Mundial, serão milhares de pessoas a serem atiradas para cá, escondidas do Mundo», começa por dizer.

«Isto parece um campo de refugiados, parecemos judeus na época nazi. Na semana passada, retiraram 20 famílias que estavam em casas (ndr. habitações devolutas e sem condições) perto do estádio há 25 anos e colocaram-nas aqui. As autoridades chegam sem ordens do tribunal mas não querem saber disso. E como disse, em Maio vão limpar a cidade em peso, vai ser uma desgraça», alerta.

«Querem esconder estas pessoas do Mundo»

Delft é uma localidade próxima da Cidade do Cabo, bem perto do aeroporto internacional. As selecções que chegarem à África do Sul poderão vislumbrar, no momento da aterragem, esse cenário grotesco. Depois, virá a imagem de luxo, os estádios e hotéis, o retrato perfeito pintado pelos organizadores do Mundial e pela FIFA.

«Apesar de estar localizada a cerca de 20 quilómetros do estádio, a 15 dos limites da Cidade do Cabo, a verdade é que a Blikkiesdorp está longe de tudo. Não temos transportes, temos de fazer vários quilómetros a pé para chegar a algum lado. Já percebemos a intenção dos políticos: querem esconder estas pessoas do Mundo. Mas esta também é a realidade da África do Sul», alerta Jerome Daniels.

Os residentes da Blikkiesdorp e aqueles que montam as suas tendas nas imediações (Os Symphony Way Pavement Dwellers preferem ficar no exterior, em tendas, face à onda de criminalidade no local) procuram lutar contra o esquecimento e a exclusão. «Não há condições sanitárias, multiplicam-se os vírus, não há escolas, nada. Agora, que estão a trazer os sem-abrigo para cá, isto está a tornar-se cada vez mais um paraíso para os criminosos, os traficantes de droga. As pessoas têm medo de sair à rua, até durante o dia.»

A Blikkiesdorp tem arame farpado a toda a volta. Naquele descampado transformado em «campo de concentração», ninguém se move sem o consentimento dos policiais colocados na única entrada, em dois veículos de controlo de multidões. No fundo, constroem-se mais estruturas de lata, para os que estão a chegar. Eles não farão parte do Mundial.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Com a saúde não se brinca

"Com a saúde não se brinca", é uma série informativa, que passa na televisão pública portuguesa (na RTPN o programa completo, e excertos na RTP2). Apresentado pela jornalista Marina Caldas, presta especial atenção à prevenção de comportamentos de risco com vista a travar a disseminação do vírus HIV. Aqui, a entrevistada é outra jornalista: Patrícia Gallo.

Hoje é o "Dia Mundial da Sida".

"Portugal é o país da Europa ocidental e central com mais novos casos de infecção pelo VIH, revela relatório da ONUSida. Em 2008, o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge notificou 2688 novos infectados, mais do dobro que em igual período de 2007, 887. Eleva-se para 34 888 o número de pessoas com a doença no País nos diferentes tipos de infecção." - leio no Diário de Notícias.

Comentários para quê? Factos são factos! Tristes factos, mas factos!

quarta-feira, novembro 25, 2009

Almada, Novembro de 1979


«As crianças não precisam de tempos livres: precisam de uma casa!», ou «Querem brincar com barro? É só levantar o tapete que logo o encontram!» - duas respostas que, há 30 anos, os pais das crianças da zona do Bairro do Matadouro, em Almada, deram a quem queria implementar ali um centro de Actividades de Tempos Livres.


Tais afirmações constam de um interessantíssimo documento, com data de 25 de Novembro de 1979. Nesse - que foi o Ano Internacional da Criança, note-se... - as prioridades eram ainda, em muitas zonas do concelho, o combate à pobreza. Primeiro, à pobreza palpável (uma casa decente, alimentação...). Só depois à pobreza cultural.


Quem, nesse tempo, trabalhava em prol da educação desse pobre povo almadense, merece o máximo respeito e a maior admiração. Trabalharam em condições muito difíceis - e, assim, desbravaram o caminho que as gerações postriores tiveram a felicidade de seguir. (Ainda que hoje exista um retrocesso - aparente, apenas? - nesta e noutras matérias.)


A divulgação que faço deste documento é, então, uma homenagem a esses educadores - e espero que seja entendida apenas como aquilo que é!





«Quando se fez propaganda e o porta-a-porta a explicar a importância dos tempos livres, aos pais das crianças, a resposta que tinhamos - e que não podíamos rebater perante os factos evidentes - era que aos seus filhos fazia-lhes mais falta uma casa do que os tempos livres. Quando para os convencer da importância para o desenvolvimento mental e cultural das crianças lhes falávamos dos trabalhos que os miúdos poderiam fazer, inclusivamente trabalhar com o barro, a resposta que obtinhamos era de que bastaria eles levantarem o tapete para poderem encontrar e amassar o barro. Por outro lado, nós tinhamos consciência plena de que o pouco trabalho que fizemos com o apoio da assistente social que aqui estagiou era de que a felicidade que as crianças mostravam quando trabalhavam connosco, daí a pouco desapareceria quando chegassem a casa. Encontrariam a escuridão do seu bairro, a lama, o lixo e as fossas de todos os dias, a cama molhada pela chuva, e os berros dos pais que não sabiam o que fazer à vida, tudo isto em contraste com as lindas histórias que lhes contácamos e as cores que produziam no papel. Nós sabíamos que as crianças eram crianças quando estavam connosco, mas que depois perante o meio em que viviam se tornavam forçosamente adultas, perante as condições de vida familiares, e nalguns casos a constatação da prostituição descarada das mães.»


(Ver texto completo na caixa de comentários deste blogue)

terça-feira, novembro 24, 2009

Evocando o poeta António Gedeão (e o cientista e multifacetado artista Rómulo de Carvalho), no dia do seu nascimento...



«Professor de Química e Física, poeta, investigador, historiador, escritor, fotógrafo, pintor e ilustrador, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, filho de um funcionário dos correios e telégrafos, José Avelino da Gama de Carvalho e de uma dona de casa, Rosa das Dores Oliveira Gama de Carvalho, que tinha como grande paixão a literatura apesar de contar somente com a instrução primária, nasceu a 24 de Novembro de 1906 na Rua do Arco do Limoeiro (hoje Rua Augusto Rosa) na lisboeta freguesia da Sé.» - é assim que começa a nota biográfica no site http://www.romulodecarvalho.net/
(o mais completo e rigoroso entre os que pesquisei na net).


Mas, porque um poeta vale pelos poemas que escreve, e porque a melhor forma de o homenagear é ler a sua obra, aqui fica:




Lágrima de preta


Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio."


António Gedeão, in Máquina de fogo

segunda-feira, novembro 23, 2009

"A Invasão Aldebaranesa", de Stanislaw Lem



Eu gosto (muito) de ficção científica. Um dos meus autores preferidos é polaco: Stanislaw Lem.

Talvez o conheçam. Se não da literatura, pelo menos do cinema. Foi ele quem escreveu Solaris, um magnífico livro adaptado depois, em duas ocasiões, por Andrei Tarkovski (ver aqui), e por Steven Sodebergh (informação aqui).


Stanislaw Lem escreveu, também, algumas (enfim, muitas...) "short stories". Julgo eu que não tão boas quanto o já mencionado Solaris ou o Memórias Encontradas numa Banheira - mas, ainda assim, muito interessantes.


Neste caso, estou a referir-me a "A Invasão Aldebaranesa", publicado no volume 113 da colecção policial/FC da Caminho.

A história é mais ou menos esta.

Uma civilização "aldebaranesa" (de Aldebarã, entenda-se) anda à procura de planetas para conquistar e explorar. Interessam-se pelo nosso cantinho (a que chamamos Terra), porque tem um nível de desenvolvimento já aceitável mas não preocupante: seríamos, pois, bons escravos.
Confiantes na sua superioridade, enviam ao noso planeta dois emissários, para preparar terreno. Eles chamam-se NGTRX e PVGDRK.Mas as coisas não lhes vão correr bem e... Enfim, eu não quero estragar a surpresa. Procurem o livro, se etiverem interessados.
Aqui fica um excerto:



«Qualquer coisa que gemia e oscilava violentamente, ora curvando-se, ora erguendo-se, vinha atrás deles. Dir-se-ia uma grande criatura corcunda, de cabeça achatada. Sobre a bossa agitava-se uma espécia de pele flutuante.
- Escuta, não será o Sinctium? - disse NGTRX muito excitado.
A massa negra estava precisamente a ultrapassá-los. Pareceu-lhes aperceber rodas que se agitavam furiosamente como as de uma máquina extraordinária. Preparavam-se para se colocarem em posição de ataque quando ondas de magma projectadas no ar os inundaram. Aturdidos, encharcados dos tentáculos inferiores aos superiores, limparam-se o melhor que puderam e correram para o Telépato para saberem se os bramidos e os ronrons produzidos pelo engenho tinham um carácter articulado.
- Ruído de ritmo irregular de energo-rodopiante a hidrocarboneto e oxigénio primitivo, trabalhando em condições às quais não está adaptado - decifraram eles. Trocaram um olhar e PVGDRK disse:
- Estranho!
Reflectiu por instantes e, propenso a emitir hipóteses demasiado rápidas, acrescentou:
- Trata-se de uma civilização sadicoidal. Alimenta os seus instintos torturando as máquinas que ela própria criou.»



Como prometido, não vos conto o final da estória.


Mas digo-vos, muito inocentemente, que a imagem que ilustra este artigo é do site http://carbusters.org/

sexta-feira, novembro 20, 2009

Os Pescadores da Costa da Caparica!


No fim de semana em que o Sporting joga com o Pescadores da Costa da Caparica (jogo de futebol para a Taça de Portugal), pareceu-me pertinente lembrar que o clube do concelho de Almada não tem esse nome por acaso. É mesmo porque a Costa de Caparica é uma terra de grandes tradições piscatórias.

A comunidade de pscadores da Costa tem também, desde os anos 80, a devida homenagem consubstanciada numa escultura. (Aliás, uma das mais interessantes obras de arte pública erigidas no concelho, durante aquele período - na minha modesta opinião).


Transcrevo, do site Almada Digital:

Escultura em bronze de Jorge Pé-Curto que homenageia a arte dos pescadores da Costa Caparica. Através da expressividade no rosto e no gesto das quatro figuras, o artista conseguiu transmitir a dureza, e também a poesia, de uma vida feita de pedaços de mar, lágrimas e muita coragem. A peça é assente sobre uma base em pedra, cuja forma sugere a proa de um barco.

Autor: Jorge Pé-Curto
Data da inauguração: 4 de Outubro de 1986
Localização: Cruzamento da Avenida 25 de Abril, da Rua Gil Eanes e da Avenida do Movimento das Forças Armadas, Costa da Caparica

Fonte: Portal ACD - Almada Digital

segunda-feira, novembro 16, 2009

Não sou anarquista, como se sabe. Mas apoio a luta do CCL para continuar naquele espaço!


Leio, no blogue A Tribuna do Marreta


QUEREM DESPEJAR O CENTRO DE CULTURA LIBERTÁRIA

O Centro de Cultura Libertária, espaço anarquista existente há 35 anos, está a ser ameaçado de despejo por parte do proprietário.

O CCL é um ateneu cultural anarquista fundado em 1974 por velhos militantes libertários que resistiram à ditadura, ocupando desde então o espaço arrendado no número 121 da Rua Cândido dos Reis, em Cacilhas. Tem sido um espaço fundamental para o anarquismo em Portugal acolhendo sucessivas gerações de anarquistas e libertários. O Centro possui uma biblioteca e um arquivo únicos em Portugal, com material anarquista editado ao longo dos últimos cem anos, assim como uma distribuidora de cultura libertária. Durante a sua existência, o Centro acolheu várias actividades, tais como debates, passagens de vídeo ou diversos ateliers. Diferentes publicações aqui se editaram, como a Voz Anarquista nos anos 70, a Antítese nos anos 80, o Boletim de Informações Anarquista nos anos 90 e o Húmus, mais recentemente.


Em Janeiro de 2009, foi instaurada por parte do proprietário do edifício uma acção de despejo contra o Centro. Esta acção foi contestada por vias legais, o que deu lugar a um julgamento que decorreu entre Setembro e Outubro. No dia 2 de Novembro, foi emitida a sentença que resultou na resolução do contrato de arrendamento, tendo sido dados 20 dias ao Centro para abandonar as suas instalações.


O Centro vai recorrer desta decisão. Nesta nova fase é preciso suportar custos que dizem respeito ao recurso e aos honorários do advogado.


Até à data ainda não sabemos exactamente a quantia necessária mas, pelo que averiguámos, será necessário reunir umas largas centenas de euros.

O contexto que deu origem a este caso não diz respeito apenas ao Centro de Cultura Libertária, mas a todos aqueles que se vêm a braços com a falta de escrúpulos dos senhorios e restantes especuladores imobiliários. É importante relembrar que, ainda que este processo tenha sido iniciado sob alegações do ruído excessivo produzido pelos frequentadores do Centro, estão em causa outros interesses, nomeadamente o do senhorio em rentabilizar o espaço, alugando-o por um preço bastante mais elevado do que o praticado agora.

O desaparecimento deste Centro significaria a perda de um importante espaço de reflexão, debate, luta e resistência.


À semelhança dos/as companheiros/as que lutaram para que este espaço existisse, resistiremos uma vez mais, e NÃO perderemos o CCL nem às mãos dos tribunais, nem da especulação imobiliária nem por nada.


Continuaremos a lutar para que este espaço continue!

Toda a solidariedade e apoio que possam dar força à resistência do CCL é da máxima importância e urgência.


Ver notícia completa em

(Pequena nota de rodapé: é apenas por limitações conjunturais - de tempo e de acesso a computadores - que não escrevo já a minha opinião sobre a importância que espaços culturais alternativos, como este, têm na sociedade cada vez mais "formatada" em que vivemos - mas hei-de escrever sobre isso, espero que não daqui a muito tempo)

quinta-feira, novembro 12, 2009

"Nova Iorque sacrifica estradas pela mobilidade" !


Do site Menos um Carro, transcrevo, sem acrescentar ou diminuir nada:

«A cidade de Nova Iorque arrancou, em 2007, com o seu plano para melhorar a sustentabilidade urbana. A iniciativa tem o nome de código PlaNYC e tem como objectivo “a construção das eficiências naturais da cidade”.

Uma das mais importantes acções do plano passa por melhorar a mobilidade sustentável. Isto apesar de – e este dado não é muito conhecido pelos cidadãos – os cerca de 8,5 milhões de cidadãos de Nova Iorque serem dos mais “verdes” de todos os Estados Unidos.

O plano tem alguns objectivos “agressivos”, como diminuir as mortes por acidente de viação para metade, duplicar as taxas de utilização de bicicleta e, não menos importante, começar a percepcionar as ruas como espaços públicos valiosos, em vez de meros corredores de trânsito.

Segundo a comissária da cidade de Nova Iorque para a área dos transportes, Janette Sadik-
Kahn, várias acções estão já a decorrer para transformar, por exemplo, os ciclistas em cidadãos privilegiados do trânsito nova-iorquino.

Depois da transformação da histórica Broadway Boulevard numa “avenida protegida para bicicletas”, os últimos dois anos trouxeram mais 52 hectares de estrada transformados em ciclovias.

“Estamos a fazer com que as pessoas sintam desejo pelos espaços públicos. À medida em que as estradas forem desbloqueadas, as pessoas farão tudo para as utilizar”, alertou.

Aliás, desde que se tornou comissária do Departamento de Transportes da Nova Iorque, Janette Sadik-Khan elegeu como prioridade tornar as ruas da cidade norte-americana mais ciclistas e pedestres, privilegiando a inovação e o pensamento “fora da caixa”.

E - e agora falamos nós - se uma das maiores metrópoles do mudo consegueencontrar uma forma inovadora para melhorar a mobilidade sustentável, porque não haverá de Lisboa – ou outra qualquer cidade mundial – consegui-lo?»

em

terça-feira, novembro 10, 2009

"Tomar Partido" - poema de José Carlos Ary dos Santos, dito pelo próprio

No dia em que se assinalam 25 anos sobre a morte de José Carlos Ary dos Santos, eu lembro aqui uma faceta incontornável do poeta: o militante comunista! Claro que Ary foi muito mais que um panfletário. Mas foi, também, isto: autor corajoso, que tomava partido!

Biografia e mais poemas no site As Tormentas:

http://www.astormentas.com/din/biografia.asp?autor=Ary+dos+Santos

domingo, novembro 08, 2009

Mr MacPhisto...

«People of the former Soviet Union, I'm giving you capitalism - so now you can all dream of being as wealthy and glamourous as me!»

sexta-feira, novembro 06, 2009

A LATA CONTINUA?


Este PS almadense é inefável! Olhem o que eles inventaram agora: José Gonçalves, vereador reeleito nas listas da CDU, tem neste mandato a presidência dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS). Onde o senso comum (e os jornalistas eventualmente melhor informados) veriam uma "promoção" com vista à futura "candidatura" de José Gonçalves a presidente de Câmara, vê o PS cá do burgo uma penalização!

Leia-se o que dizem os "socialistas", citados pelo Notícias de Almada: «a CDU finalmente admite sacrificar» José Gonçalves!?

Trocando em miúdos, o que o PS parece querer dizer é que José Gonçalves portou-se mal enquanto presidente da ECALMA e, portanto, vai de castigo para os SMAS. No lugar dele fica Rui Jorge Martins (suponho eu que por ter maior paciência para aturar disparates de tamanho quilate... mas isto é só um palpite meu).

Ora bem. O PS sabe - ou devia saber, se até eu sei!... - que os argumentos que apresenta são falsos. Ou, dizendo de forma mais abreviada: são mentira! Ou, usando uma expressão popular: é preciso ter uma grande lata para dizer isso!

O que aconteceu, de facto, para que José Gonçalves passasse da ECALMA para os SMAS foi a necessidade de substituir o anterior presidente dos Serviços Municipalizados, Nuno Vitorino.

Este era o sexto nome da lista da CDU nas eleições para a Câmara de Almada, e não foi eleito.

Era preciso encontrar uma solução. Sugeriu-se a hipótese de a Nuno Vitorino ser confiado um cargo como o de administrador-delegado, mesmo não escrutinado pelo voto popular (o que - julgo eu - seria novidade na Câmara de Almada, embora seja prática comum em muitos serviços descentralizados da Administração Central). A maioria (relativa, está bem) CDU decidiu não o fazer. "Perdeu-se" um quadro competente e experiente no que diz respeito à gestão pública da água e saneamento básico. Mas, por outro lado, respeitou-se o mandato popular.

Havia, então, que escolher alguém com o "perfil" adequado para aquelas funções. Do lote de vereadores disponíveis, José Gonçalves parecia o mais indicado. Foi o escolhido. E muito bem, na minha opinião.

Na minha opinião, também, a ECALMA e o Plano de Mobilidade ficam muito bem entregues ao vereador Rui Jorge Martins. Pode o PS tirar o cavalinho da chuva: a mudança de vereador não implica mudanças substanciais na política seguida até agora nesta área do ordenamento do território urbano de Almada. A CDU não tem nenhuma intenção de reabrir ao trânsito automóvel as avenidas centrais da cidade. E ainda bem - porque a solução não passa por aí, mas pelo aumento do número de lugares de estacionamento, pelo incentivo à utilização dos transportes públicos e pela dinamização do comércio tradicional.

É isso mesmo que a Câmara de Almada tem vindo a fazer. E vai continuar. Digo eu, que em muitos anos de jornalismo nunca fiquei à espera que as notícias me fossem oferecidas de bandeja. Vocês, leitores deste blogue, acreditem em quem quiserem.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Eu não acreditava em políticos com sentido de humor mas lá que eles existiam existiam. Pelo menos no século passado...



Em Portugal é raro encontrar um político com sentido de humor. Nas minhas lides jornalísticas raramente encontrei um que...

Mas esperem aí. Eu estou a começar mal esta crónica. Não era bem isto o que eu queria dizer.

Por acaso conheço até uma boa mão-cheia de políticos com sentido de humor - só que não o manifestam em público.
Recomeçemos, portanto. O que eu queria dizer é que em Portugal é raro encontrar um político que, no exercício das suas funções, consiga demonstrar algum sentido de humor, e... Ops! Espera aí, acabo de me lembrar de dois ministros do anterior governo que até gostavam de dizer umas chalaças, e tal... Um deles, salvo erro, fez até grande furor com uma rábula taurino- parlamentar, não foi?

Pronto, confesso que isto não está a correr bem...

Já vi que o melhor é mesmo deixar-me de rodeos, perdão, de rodeios, e ir directamente ao assunto.

Em Dezembro de 1999, fui de Portalegre a Évora, a mando do meu director Rui Vasco Neto, fazer uma entrevista com Carlos Zorrinho, político que era então apontado como futuro Alto Comissário para a Região Alentejo.


Mas - não sei se por Carlos Zorrinho ser considerado, nessa época, um político hábil e "brincalhão" ("brincalhão" no bom sentido, note-se) - não fui sozinho: fui com um colega de redacção chamado Ricardo Galha. A táctica que nos fora dada pelo "mister" Rui Vasco era a
seguinte: tu, Ricardo, conduzes a entrevista; e tu, Vitorino, fazes as perguntas mais incómodas.


Por acaso (ou não...) acabei por ser eu a fazer quase todas as perguntas... incluindo as mais incómodas.

Mas o que me interessa registar aqui é que, de facto, Zorrinho conseguiu, nessa conversa, ser brincalhão qb, sem fugir a nenhuma pergunta (contrariamente a algumas "enguias" que encontrei pelo caminho - muitas delas, curiosamente, do mesmo partido, ou seja, do PS - que só foram "brincalhões" no mau sentido), demonstrando sempre um conhecimento rigoroso dos
assuntos (dos "dossiers") e, ao mesmo tempo, uma facilidade e clareza de expressão que muito facilitou o nosso (dos jornalistas) trabalho. Ou seja: disse o que tinha a dizer, sem ser chato, monocórdico ou repetitivo, e de forma a que toda a gente entendesse. Exactamente o contrário do que estou a fazer neste texto, portanto.

Foi uma das entrevistas que me deu mais "gozo" fazer. Mesmo na rádio (onde comecei em 1992) não tivera a oportunidade - ou a sorte? - de encontrar figura política tão interessante. E não estou a ironizar, não senhor!

Deixo-vos aqui as páginas do Jornal D'Hoje com a mencionada entrevista feita ao supracitado político na referida ocasião. E, se as deixo aqui, é por mera curiosidade histórica, como é óbvio!...






Claro que, mais tarde, em Setúbal, ao serviço do Sem Mais Jornal, voltei a fazer duas ou três perguntazitas a Carlos Zorrinho - mas foi num ambiente mais formal, de conferência de imprensa. E o senhor político era, nesse tempo, já secretário de Estado. Da Administração Interna, por sinal. E com a Administração Interna não se brinca.

(Notas do redactor: Carlos Zorrinho é, na legislatura actual, secretário de Estado da Energia; nas páginas do Jornal D'Hoje aqui reproduzidas não aparece nenhuma piada que tivesse sido deliberadamente produzida na ocasião, nem tinha de aparecer: piada é piada, sentido de humor é uma coisa ligeiramente diferente e mais subtil, capisce?)

domingo, novembro 01, 2009

António Sérgio - mais uma voz da rádio que se cala. Mas que fica na nossa memória!


Na primeira metade dos anos 80 "do século passado", andava eu muito entusiasmado com um programa de rádio chamado Rock em Stock, que passava à tarde na Rádio Comercial. Foi nesse programa que ouvi, pela primeira vez, referências a um outro, que se chamava Rolls Rock.


Passava este, se não me engano, na mesma estação emissora, mas às duas "da manhã". E isso era muito tarde para mim!

Enfim, numa dessas noites de 1981, lá consegui ficar acordado até mais tarde. E ouvi: a verdadeira onda alternativa no rock de então encontrava-se ali, e não no Rock em Stock!

Era um fascínio. A música e a voz: um tal António Sérgio, de registo profundo, muito grave, muito quente.

Anos mais tarde a minha paixão pela rádio consubstanciou-se: trabalhei primeiro numa "pirata" e depois, já como jornalista, em rádios mais "a sério". António Sérgio nunca foi, para mim, um modelo (nem eu tinha voz para isso!). Mas foi, modelo e referência, para a minha geração! E para as gerações que vieram a seguir.

Leio, no site da TSF:

António Sérgio, último dos radialistas com programa de autor, morreu sábado à noite em consequência de um problema cardíaco, mas a sua influência nas ondas hertzianas estendeu-se ao longo dos anos, na divulgação da chamada música alternativa.

Homem da rádio, António Sérgio, de 59 anos, começou em 1968 na Rádio Renascença, seguindo as pisadas do pai, mas foi no final da década de 1970, quando ingressou na Rádio Comercial, que a sua popularidade se consolidou, ajudando a divulgar novos estilos e tendências da música moderna. Programas como Rotação (de 1977 a 1980), Rolls Rock, Som da Frente (de 1982 a 1993), Lança-Chamas, O Grande Delta (de 1993 a 1997) e A Hora do Lobo, todos na Rádio Comercial, foram a sua imagem de marca na ondas da rádio.

em


E não tenho mais nada a acrescentar. A não ser a minha modesta homenagem. Que aqui fica.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Grafitis em Almada: um exemplo de 1997


Almada tem, finalmente, um concurso de grafitis. Digo "finalmente" porque a arte não é nova (obviamente) e nesta cidade tem florescido (permitam-me a expressão) desde, pelo menos, a segunda metade da década de '90.

Claro que há - como em todas as artes! - bons e maus grafitis, bons e maus "writers"... (E é claro, também, que a noção de "bom" e de "mau" é sempre subjectiva, está sujeita a modas e/ou ao ambiente cultural de determinada comunidade, ou comunidades, em determinado momento histórico.)

Em 1997, a minha estimada amiga jornalista Marina Caldas fazia, para o jornal almadense Sul Expresso, uma interessante peça sobre esta (então "nova") arte de rua. Foi ouvir as opiniões dos habitantes de Miratejo... E não é que a maioria até apoiava e apreciava o trabalho dos "writers" dessa época?

Eram os anos 90 "do século passado". Havia uma abertura de espírito da população em geral para manifestações culturais "alternativas" como eu não vi nem antes (anos 80) nem - muito menos! - depois (nesta década tristonha em que ainda vivemos).

Entendam-me: agora até há mais espaço para manifestações culturais "alternativas". Mas há, também, mais preconceito. Pelo menos em Almada. Ou não?

quinta-feira, outubro 29, 2009

Debaixo do Bulcão, poemas de 1997



Novidades no blogue Debaixo do Bulcão: poemas da edição número 6, editada em Novembro de 1997.

Para quem não sabe e eventualmente quer saber: Debaixo do Bulcão poezine é uma publicação literária em formato alternativo (um fanzine de poesia - logo, um poezine), publicada em Almada desde Dezembro de 1996.


(A propósito de poesia: está para muito breve o lançamento de "O Ciclo da Serpente", poemas meus de 1989, com prefácio actual de Alexandre Castanheira, numa edição Index Poesis, do projecto Poetas Almadenses. Irei dando notícias.)

segunda-feira, outubro 26, 2009

Correio electrónico faz 40 anos. Com tanta vitalidade (leia-se: spam) nem se nota, pois não?


Do site Ciência Hoje:

«A primeira mensagem de correio electrónico entre dois computadores (e-mail em rede) situados em locais distantes foi enviada em 29 de Outubro de 1969, quase dois meses depois do primeiro nó que deu origem à Internet.

O texto dessa primeira mensagem continha apenas duas letras e um ponto - "LO.". O investigador da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Leonard Kleinrock, queria escrever "LOGIN", mas o sistema foi abaixo a meio da transmissão.

A mensagem seguiu do laboratório de Kleinrock na UCLA para o de Douglas Engelbart no Stanford Research Institute, utilizando como suporte a recém-criada rede da ARPA (Advanced Research Projects Agency), agência financiada pelo governo norte-americano. O primeiro nó de ligação entre dois computadores da Arpanet tinha sido estabelecido pouco tempo antes, em 02 de Setembro de 1969, pelo que a história da Internet e do e-mail em rede se confundem. (...)»

Notícia completa em

sexta-feira, outubro 23, 2009

Música Moderna em Almada...


Este fim de semana decorre, na Incrível Almadense, mais um Concurso de Música Moderna de Almada. É já a 6.ª edição.

As origens do concurso encontram-se nos anos 90 quando a "música moderna" almadense atravessava um período de excepcional crescimento e criatividade. Em 1995, a Câmara de Almada decidiu organizar uma série de espectáculos com bandas do concelho. Um festival ao qual foi dado o nome de "Mostra Zero" - porque era uma experiência para o que viria a seguir.

Convido-vos a conhecer um pouco dessa história, tal como a contei no blogue Almada Cultural (por extenso):


quarta-feira, outubro 21, 2009

Saramago versus Fundamentalismo Lusitano?


Estava eu aqui preocupado com a polémica criada à volta do novo livro do Prémio Nóbel (perdão, Nobel) português, José Saramago. E apetecia-me escrever sobre isso.

Mas vale a pena? Para quê - se a polémica é, afinal, pouco mais que uma tempestade num copo de água (mas que vai, certamente, ajudar a vender muitos livros)?

Saramago disse o que é óbvio: a Bíblia está repleta de cenas cruéis (o Antigo Testamento, então é, nesse aspecto, de bradar aos céus!). O Deus judaico-cristão é ele (ops... Ele) próprio, em muitos momentos, instigador (ou desculpabilizador, no mínimo) dessa violência.

A história de Abel e Caim (na qual se inspira o novo livro de Saramago) é disso um exemplo acabado.

E daí? Porquê tanto alarido?

Notícias sobre este caso na imprensa portuguesa:

(E apetece dizer, como Saramago citado pelo Diário Digital: «Há qualquer coisa de estranho neste país». Não apetece?...)

sexta-feira, outubro 16, 2009

Finalmente, um concurso de graffitis em Almada!


Em Almada existem alguns dos melhores graffitis que conheço. Claro que também há muito lixo (como em todo o lado). Mas, por cá, temos obras de arte, pública e urbana, muito interessantes.

A Câmara de Almada decidiu, finalmente, promover um concurso de graffitis (à semelhança do que existe, por exemplo, no vizinho Seixal).

A partir deste sábado teremos a oportunidade de ver algumas paredes do concelho valorizadas com a criatividade destes artistas...

E já era tempo de fazer uma coisa destas!

quinta-feira, outubro 15, 2009

Derrota de Pedroso ou derrota do PS?


O candidato do PS à Câmara de Almada assumiu o resultado como uma «derrota pessoal». Mas será mesmo? Ou terá sido, o resultado eleitoral do PS, a derrota de uma certa forma de fazer "política"?

De facto, não tenho qualquer informação concreta que me permita avaliar se foi Pedroso ou o PS quem não cativou o eleitorado almadense. Na dúvida, prefiro acreditar que os almadenses penalizaram a política oportunista dos "socialistas" cá do burgo e não o homem que, em 1996, foi o responsável pela criação do Rendimento Mínimo Garantido (medida governamental que teve um dos projectos-piloto na freguesia da Caparica, Almada).

As pessoas têm a memória curta, é certo.

As pessoas devem, no entanto, lembrar-se ainda muito bem do oportunismo político do PS-Almada quando esse partido se "cola" tão descaradamente (permitam-me a expressão) às reivindicações dos comerciantes da zona pedonal da cidade. As pessoas devem lembrar-se, também, do grande descaramento (desculpem lá o qualquer coisinha) que foi, por exemplo, um certo abaixo-assinado sobre estacionamento em Cacilhas, que apareceu anónimo e foi, posteriormente, reivindicado pelo PS ("recuo da Câmara! vitória dos almadenses!", proclamavam então os "socialistas").

E certamente não passou despercebido aos almadenses o esforço feito por alguns apaniguados do PS, anonimamente e em blogues não identificados com o partido (e com uma grande "lata", perdoem-me a franqueza), para apelar ao voto "em Paulo Pedroso". Ou seja, na lista do PS.

Nem todos se enganaram na altura de meter as cruzinhas no boletim de voto! Muitos eleitores não foram na cantiga!

Acredito, pois, que a derrota foi do PS e não de Paulo Pedroso.

Quando o dirigente do Partido Socialista afirma, como afirmou, que "o resultado destas eleições, em que o PS obteve 23.86 por cento dos votos, contra 38.67 da CDU, «foi uma derrota pessoal, que não deve, de modo nenhum, ser atribuída ao PS» (segundo o Diário de Notícias) está, sem dúvida, a ter uma atitude muito digna (nem eu esperava dele outra coisa). Mas, na verdade, não faz mais que lançar uma nuvem de fumo (ou meter um biombo à frente, se preferirmos a expressão usada noutra ocasião pelo próprio) para disfarçar as verdadeiras razões da derrota.

Ou melhor dizendo: aquelas que eu considero serem as verdadeiras razões. E que já expliquei acima.

Porque, aqui para nós que ninguém nos escuta, eu penso que Paulo Pedroso foi, até, uma das melhores escolhas que o PS teve até hoje, em Almada. (E estou a lembrar-me, por exemplo, de Torres Couto ou de Leonor Coutinho.)

Em 1996 (no tempo do primeiro governo Guterres) Paulo Pedroso era um dos protagonistas da reviravolta política tão aguardada - e que, esperava-se, iria pôr termo a 10 anos de arrogância e insensibilidade social dos executivos PSD / Cavaco Silva.

Tive, nesse ano, oportunidade de fazer uma extensa entrevista por telefone com Paulo Pedroso (coordenador do então recém-criado Rendimento Mínimo Garantido).

Gostei de conhecer as intenções do dirigente do PS.

«A preocupação é prestar um apoio global. Ou seja, é como o primeiro degrau de uma escada. As pessoas que vão beneficiar do RMG são pessoas que andam aos trambolhões pela escada abaixo: provavelmente perderam o emprego, perderam o subsídio de desemprego, perderam os mecanismos de apoio social, encontram-se numa situação de total carência económica e portanto de inserção social. O RMG é o primeiro degrau. O objectivo último é diminuir a incidência de problemas sociais.» (Sul Expresso, Agosto 1996)

Assim mesmo é que devia ter sido!

Mas parece que não são só "as pessoas" que têm a memória curta. O PS também parece não ter lá muito boa memória.

Esquecem-se das preocupações sociais. Esquecem-se que são (de nome, pelo menos) "socialistas".

E depois dá no que deu, em Almada. Com Pedroso ou sem ele, as políticas do PS têm sido sucessivamente rejeitadas nas eleições autárquicas.

Mas parece que nem assim aprendem...

segunda-feira, outubro 12, 2009

O vencedor das eleições em Almada: PCTP/MRPP!!! (Vá lá, não se riam.... Ou preferiam que eu dissesse que foi o PS, para ter ainda mais piada?)


Em Almada, o PCTP/MRPP obteve uns espantosos 4,55% na votação para a Câmara Municipal. Resultado histórico em escrutínios autárquicos neste concelho. Com esta votação, o PCTP/MRPP foi o principal (para não dizer mesmo o único) responsável pela perda da maioria absoluta (e de um mandato) por parte da CDU.

Então, se o objectivo da "oposição" para estas eleições era tirar a maioria à CDU, e se quem o conseguiu fazer, na prática, foi o PCTP/MRPP - logo é esse o partido vencedor das eleições!


Elementar, meus caros!

Podem os "socialistas" tirar o cavalinho da chuva - desceram (mais uma vez!...) em votos e em percentagem - e agradecer aos camaradas do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado o facto de estes terem conquistado votos que, em circunstãncias normais, iriam para a CDU.

É habitual dizer-se, no futebol, perante resultados inesperados que "só foi surpresa para quem não viu o jogo". Ora neste caso, adaptando a lógica futeboleira a coisas mais sérias, podemos dizer que o resultado do MRPP só foi surpresa para quem não viu o boletim de voto.

E, para quem não é de cá, para quem não viu o boletim de voto, ou para quem viu mas não observou com atenção, (agora já vão tarde, amiguinhos...), eu explico.

Nos boletins para a Assembleia Municipal e para a Assembleia de Freguesia (pelo menos para a minha...) a lista que aparecia em primeiro lugar, no topo, era a da CDU: foice e martelo mais girassol. Nos boletins para a Câmara Municipal, aparecia em primeiro lugar o PCTP/MRPP (foice e martelo, só) e logo abaixo a CDU. Há muitos anos que há quem faça confusão com os símbolos - imagine-se, então, o que terá acontecido agora!

Eu já sei que, por esta altura, haverá leitores a acusar-me de ser falacioso e a dizer que estou à procura de desculpas para a "derrota" (que nem o foi, aliás...) da CDU.

Está bem. Então vamos lá a factos. Ou seja: aos números oficiais do escrutínio, para Câmara e Assembleia Municipal - disponíveis em http://www.autarquicas2009.mj.pt/ - e vamos comparar as votações para os dois órgãos, e compará-las, também com as de há 4 anos. É assim:

Câmara Municipal:

CDU: 38,67% 27.521 votos 5 mandatos
(em 2005: 42,32%; 28.799; 6 )
PS: 23,86% 16.984 votos 3 mandatos
(em 2005: 25,63%; 17.437; 3)
PSD: 15,42% 10.977 votos 2 mandatos
(em 2005: 17,58%; 11.959; 2)
BE: 7,81% 5.555 votos 1 mandato
(em 2005: 7,03%; 4.785; 0)
PCTP/MRPP: 4,55% 3.237 votos !!!
(em 2005: 1,39%; 948 votos)


Compare-se isto com oa resultados para a Assembleia Municipal:

CDU: 38.33% 27.247; 14 mandatos
(38.81% 26.406; 14)
PS: 25.59% 18.190; 9 mandatos
(26.47% 18.011; 10)
PSD: 16.22% 11.527; 5 mandatos
(17.54% 11.936; 6)
BE: 9.96% 7.078; 3 mandatos
(9.6% 6.534; 3)

(PCTP/MRPP não concorreu à AM em ambos os actos eleitorais)

Como dizia um ex-patrão meu, social-democrata e tudo (para variar um bocado), "contas são contas"!

Como dizia, na noite das legislativas, o líder máximo do PS e primeiro-ministro acabadinho de indigitar, "só não vê quem não quer"!

Houve uma óbvia transferência de votos da CDU para o PCTP/MRPP. Resultado: a CDU ganha a Câmara, desta vez sem maioria absoluta e perde um vereador para o Bloco de Esquerda. Dito de outra forma: ao BE cai-lhe um menino... perdão, um mandato ao colo sem que (bem vistas as coisas) tenha feito muito para o merecer.

Já na Assembleia Municipal, a CDU tem uma vitória inequívoca, ao passo que a "rosinha", mais uma vez, sai meio murcha. Depois de tantos anos a fazer política rasteira.

Parece que nunca mais aprendem, estes "socialistas" em Almada! (Mas provavelmente ainda vão cantar vitória - estou para ver se antes ou depois de dizerem que falaciosos são os comunistas!...)

Enfim, como dizia outro famoso "socialista" - é a vida!
Ou, neste caso, o voto dos eleitores.

domingo, outubro 11, 2009

Autárquicas 2009, Em Almada


Cartoon de Luísa Trindade para o jornal Sul Expresso, em 1996. O contexto é outro, mas a alegoria continua actual. Em Almada, pelo menos...

Dia de votar

já sabem em quem

sábado, outubro 10, 2009

Dia de reflexão...


Dia para pensar. Por exemplo, nas razões apresentadas para a atribuição do Nobel da Paz a Barack Obama.

Ou nos assuntos a que me tenho referido ultimamente neste blogue.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Razões para votar CDU, em Almada




Quatro razões fundamentais para votar CDU este domingo:


Porque a CDU tem um projecto de futuro, alicercado na experiência e nas lições do passado.


Para continuar a fazer de Almada, uma cidade mais saudável - em todos os sentidos da palavra.


Porque conheço a gestão do PS noutras câmaras do país: incompetente, demagógica, hegemónica e mesmo anti-democrática. Não quero esse estilo de "governação" em Almada.


Porque sei do que é capaz este PS almadense: intrigas, calúnias, oportunismo político, e mesmo desrespeito pelas leis do Estado Democrático quando pretendem atingir os objectivos que mais lhes interessam.


Passo a explicar, ponto por ponto:

1 - Quando vim para Almada, em 1973, a cidade terminava onde hoje começa a avenida Bento Gonçalves. Daí para diante, era descampado, barracas, falta de saneamento básico e de abastecimento de água.


Eu vivi num desses bairros de barracas: o Raposo de Baixo. Conheci essa realidade e vi (vejo) como a gestão autárquica resolveu os problemas - e resolveu-os melhor que a generalidade das câmaras que gerem grandes cidades.

A cidade de Almada era um amontoado de prédios, sem ordenamento, quase sem espaços verdes. Ordenar esta urbe, fazer deste território um espaço agradável para se viver, parecia quase a "missão impossível". A CDU não apenas conseguiu fazê-lo, como tornou esta cidade e
este concelho um dos mais reconhecidos em termos de qualidade de vida, no espaço geográfico em que se insere (a Área Metropolitana de Lisboa). "Um dos mais reconhecidos", digo eu? Pois: lembremo-nos, por exemplo, do que disse a esse respeito uma personalidade tão insuspeita de simpatias comunistas como o Professor José Hermano Saraiva, no programa que veio fazer a Almada.

Almada tem, hoje, uma rede de equipamentos culturais, desportivos e educativos que, sem ser já "topo de gama" (como era nos anos 90, com as, nesse tempo, tão denegridas "obras do regime": Complexo Municipal dos Desportos, Fórum Romeu Correia, etc.) é uma rede de
proximidade, servindo cada vez mais as pessoas. E tem uma estratégia para fazer desses equipamentos espaços cada vez mais utilizados.


Tudo isto não é novidade, nem é segredo para ninguém: está no programa eleitoral da CDU - Almada.

2 - Quero ver Almada mais saudável. Menos poluída, mais eco-eficiente. E mais saudável, também, em termos de participação e de cidadania.


A implementação do Metro Sul do Tejo (e a consequente requalificação dos espaços urbanos) é talvez o aspecto mais visível desta estratégia.


Mas há também toda a requalificação prevista, para a cidade e para o concelho, tendo em vista optimizar recursos e consumos de energia, diminuir os impactos negativos das actividades humanas no equilíbro ecológico do território em que vivemos - e, portanto, do planeta inteiro.


Há, por exemplo, a "cidade da água", em Cacilhas - mas isso é, apenas, um dos projectos (talvez o mais "espectacular" - mas só um) dos que podem ser consultados no site da CDU - Almada.



E é importante que, na prática, todas estas alterações na vida da cidade e do concelho sejam debatidas com os principais interessados: os cidadãos, os habitantes deste espaço comum. A lei prevê mecanismos para tal: por exemplo, os períodos de consulta pública de projectos estratégicos. Mas a Câmara de Almada tem levado esse esforço mais longe. Sabem quantos foram os Fóruns de Participação sobre o MST realizados em Almada? Eu não sei, não me lembro - mas foram muitos, e muito divulgados.


Quem lá quis ir, conhecer o projecto e dar a sua opinião, foi, conheceu e contribuiu para o debate.

É assim - e não com "bocas" anónimas e aproveitamento político de propostas alheias - que se promove a cidadania, a participação política, a saúde da democracia portuguesa!


Quantos municípios expõem desta forma aos seus cidadãos os projectos que mexem com a vida da colectividade? Não certamente os do PS, que eu conheci, porque neles estive a trabalhar e a morar: Portalegre e Setúbal... Mas falarei disso, resumidamente. E é já a seguir.


3 - Conheci Setúbal durante os anos 90; Portalegre entre 1999 e 2000. Câmaras geridas, com prepotência e arrogância, pelo PS.

Morei em Setúbal durante todo o ano de 2001. Tempos de gestão autárquica PS, do então presidente de Câmara Mata Cáceres, com um estilo meio caciqueiro, em alguns aspectos não muito diferente de outros "famosos" autarcas portugueses... Eu não tinha grandes razões de
queixa: trabalhava numa empresa de comunicação social gerida por pessoas afectas ao PS e ao PSD. (Afectas significa, neste caso "militantes", mesmo - e, em certos casos, militantes com alguma influência na hierarquia do partido).

Eu não tinha razão de queixa dessa gestão PS - mas o povo setubalense tinha, e - nesse mesmo ano - correu com os "socialistas" para dar lugar à CDU. E parece que assim vai continuar. Os eleitores de Setúbal lá saberão porquê.

Foi em Portalegre (cidade e distrito) que vi a gestão autárquica PS em todo o seu esplendor. O PS tinha, então, 10 de 15 Câmaras, e exercia o poder de forma arrogante, sem qualquer respeito pela opinião dos outros, e sem resolver problemas básicos da população.

Eu tive o azar de trabalhar para um jornal independente - o Jornal D'Hoje - não alinhado com qualquer poder local e (pior ainda!) não alinhado com o poder local do PS. Impediram-me (impediram-nos!) o acesso a informação, de forma constante e sistemática. Ser jornalista, em
Portalegre, sob um "regime" autárquico PS? Deu no que já contei anteriormente neste blogue.

Por exemplo, aqui:


Liberdade de expressão? Livre acesso à informação? Sobre tal assunto estamos conversados.

Mas, pelo menos, resolviam os problemas das pessoas? Nem por isso. Em Portalegre cidade, por exemplo, na transição do século passado para este, a autarquia PS ainda não tinha resolvido o problema do abastecimento de água à população. E era difícil fazê-lo, numa cidade tão
pequena, no meio de uma serra, com tantas fontes de água? Não, não era: bastava ligar os canos de abastecimento a partir de uma barragem onde a captação era feita. E porque não o fazia uma câmara PS, num tempo em que até o Governo era PS (António Guterres) e, portanto, não criaria grandes entraves à obra? Não me perguntem... Eu, sinceramente, também tinha alguma dificuldade em entender isso.

Mas havia já muita gente que falava em incompetência. E, em 2001, os eleitores de Portalegre cidade (que também não devem ser assim tão parvos) correram com o PS e elegeram - do mal o menos... - um independente, chamado Mata Cáceres, que se candidatou por uma lista do
PSD. E que ainda lá está.


4 - Claro que, em Almada, somos todos mais civilizados. Aqui os "socialistas" não se comportam dessa forma, pos não? Será? Acham mesmo que sim?... Vejamos.

Veja-se, no artigo abaixo deste, o que escrevi sobre uma certa "Rosinha" que escrevia anonimamente num jornal "do PS" e que era, nem mais nem menos que um deputado municipal "socialista" que agora se recandidata ao mesmo órgão autárquico. A "rosinha" já não
deve ter limões - mas continua com ambições políticas - e é suportado pela estrutura do PS concelhio. E integra a lista de Paulo Pedroso!
Note-se também que muitos dos "socialistas" que agora nos prometem "o fututo" são os mesmos que, na década passada, denegriam as realizações da CDU, com argumentos tipo "a transferência do Mercado de Levante vai acabar com o comércio em Almada" ou o Fórum Romeu Correia "vai ser uma casa para a Maria Emília". Eu ouvi barbaridades destas, ditas por pessoas que agora apoiam as listas PS às autarquias almadenses. É isto uma forma responsável e séria de fazer política?

É isto o "futuro" que o PS nos quer impingir? Esta forma rasteira de fazer política, que - pelos vistos - fez escola (é ver o que se passa numa série de blogues "anónimos", de gente que finge não ter relação nenhuma com o PS)?
Mas pronto: isto é "apenas" falta de educação, falta de maturidade democrática, não é?
Talvez...
Mas eu referi, no início deste artigo, que em Almada há gente do PS que não tem problemas em desrespeitar as Leis da República, do Estado de Direito Democrático, para atingir os seus objectivos. E sei do que falo.

Não vou ser muito explícito. Nem devo, porque o caso está entregue à Justiça. Mas já me refri ao assunto, muitas vezes, neste mesmo blogue.
Imaginem que, para fazer um favor pessoal a pessoas que, por acaso, são todas do "partido do Governo", uma pessoa com um cargo de confiança política (do "partido do Governo") aceita uma "cunha" dessas pessoas (do "partido do Governo") e, dessa forma, comete um crime (ou vários - a Justiça decidirá). Mais: demonstra, essa pessoa - que exerce um cargo de confiança política, nomeada pelo "partido do Governo" - que não respeita, nem mesmo conhece, as leis que invoca e que devia fazer respeitar. Reparem: não se trata aqui de uma cunha ao patrão de uma qualquer
empresa. É manipulação do aparelho do Estado por parte do "partido do Governo". O que, em linguagem jurídica, se poderá traduzir (no mínimo) por tráfico de influências.

Isto aconteceu mesmo (repito e insisto, para que fique claro - tanto quanto for possível, por agora) entre gente do "partido do Governo" - ou seja: gente que no PS, em Almada, ocupa cargos de responsabilidade. E que, por isso mesmo, há-de ser responsabilizada, a seu tempo e nos
locais adequados.


E o "partido do Governo" é o PS! É o mesmo PS que, em Almada, promete "o futuro, 35 anos depois".



Mas que futuro podemos esperar desta gente que usa métodos do passado?

Eu não vou na conversa deles. Conheço-os de ginjeira. Não os compro.

Por tudo isto (e por muito mais...), dia 11 de Outubro, voto CDU!

quarta-feira, outubro 07, 2009

Propaganda encapuzada, estilo PS, em Almada


Há um bom par de anos atrás (que é como quem diz, no século passado) havia, em Almada, um jornal "do PS" (e PS neste caso é mesmo Partido Socialista). Era "do PS" porque foi criado por dirigentes desse partido e mantido durante alguns anos (entre 1993 e 1997) por accionistas que eram, também eles, militantes e dirigentes da estrutura local "socialista".


Tinha reportagem, investigação, noticiário qb, artigos de opinião... e um "anónimo" que mandava as suas "bocas" à Câmara de Almada, sem assinar e como se não tivesse nenhuma relação com o PS - embora tivesse, e muita. Qualquer semelhança com blogues que se publicam nos dias de hoje talvez não seja simples coincidência...

Mas vamos por partes.

O periódico chamava-se Sul Expresso. Era um jornal "do PS", porque os patrões eram desse partido. Mas era um jornal feito por jornalistas: um jornal onde se fazia jornalismo, portanto. Na redacção, os patrões não metiam prego nem estopa. E, embora a maior parte dos jornalistas que lá trabalhavam fossem também do PS (nem todos: eu, por exemplo, não era), o jornal mantinha uma assinalável independência editorial.

Havia, no entanto, alguns cronistas especialmente convidados para defender as posições dos seus partidos. E, sobretudo, do PS - como é natural e seria de esperar num jornal "do PS".

Até aí, tudo bem...

Mas havia um, em particular, que gostava muito de "malhar" na Câmara de Almada. Tinha muita piada, mas não assinava os seus textos. Não se assumia: escondia-se atrás do pseudónimo "Rosinha dos Limões".

Claro que no jornal toda a gente (até eu, o "comuna" da redacção) sabia quem era essa "rosinha": era um homem com responsabilidades políticas na estrutura local do PS, deputado na Assembleia Municipal de Almada e, julgo eu (mas já não me lembro e não consegui confirmar) ex-vereador, num dos raros mandatos em que a CDU não teve maioria absoluta.

Isto já faz lembrar alguma coisa da actualidade blogosférica almadense, não é?

Mas a nossa amiga "rosinha" (o nosso "amigo" deputado municipal "socialista") fazia bem mais e melhor.

No exemplo de cima, respondia, muito sarcástico, a quem ousara discordar dele nas páginas do mesmo jornal. E nem tinha problemas em chamar "menino" ao seu oponente - demonstrando, assim, a capacidade de diálogo e maturidade democrática muito típicas de certos "socialistas" almadenses.


O outro exemplo é ainda mais interessante. Veja-se como o senhor deputado municipal se fazia passar por um cidadão anónimo que, fingindo não saber de nada, fazia perguntas a um funcionário da Câmara de Almada. E veja-se, a talhe de foice, a brilhante conclusão a que o cronista chega.


Pois, eu sei: os jornalistas também usam muitas vezes esse tipo de expedientes. Principalmente quando fazem investigação. Mas os jornalistas assumem o que dizem e assinam os seus textos... (enfim, nem todos - mas isso dará outro "post" numa ocasião apropriada).

Parece, em suma, que este "género" de "crónica política" e de "opinião" que se praticava em alguns jornais do século passado fez escola, em Almada - mas transitou para este admirável mundo novo da internet. Não sei se a ex-"rosinha" (e ainda dirigente político do PS almadense) tem alguma coisa a haver com isso. Tenha ou não, eu - como se costuma dizer- tiro-lhe o meu chapéu (e nem me importo que me vejam a careca, se já tanta gente a tem visto).


Mas uma coisa vos garanto: é que não voto nele no próximo domingo!