terça-feira, novembro 30, 2010

"Jornalista desde 1992"?


Em Novembro de 1992 comecei a minha carreira profissional como jornalista, no departamento de informação da Rádio Baía. Fez agora 18 anos. Permitam-me, portanto, assinalar a data.

Não me vou alongar em pormenores: apenas referir duas ou três coisitas que me parecem importantes porque correspondem a dúvidas que alguns tótós têm levantado ultimamente sobre a minha carreira e as minhas competências. São, digamos assim, as FAQ sobre a minha vida profissional.

Primeira coisita: como apareço eu no jornalismo? Que antecedentes tinha? Que formação? Caí de pára-quedas no métier?

Cheguei à Rádio Baía respondendo a um anúncio onde pediam pessoal para "fazer rádio". Apareci por lá, apresentei o meu CV, fiz uma prova de admissão e fui aprovado. Eu queria fazer rádio, mas eles precisavam era de pessoal para o departamento de informação, e foi aí mesmo que eu fiquei. Tão simples quanto isso.

E antecedentes? Formação? CV?

Vejamos: estava muito rodado a "fazer rádio" desde 1984 (tinha começado há 8 anos, portanto), primeiro em animações de recintos e em "estúdios móveis" e depois, mais a sério, numa "pirata" de Almada (a Rádio Urbana), entre 1987 e 1988, onde editei noticiários e programas de música e divulgação cultural. Mas estava também habituado ao jornalismo, não apenas por vocação, mas também por experiências práticas. Por exemplo: em 1990 fiz secretariado de redacção num jornal local chamado Almada Press... Poderia até dizer que o início da minha actividade profissional como jornalista foi aí - mas não o digo, por razões que não vale a pena estar a explicar agora (e, possivelmente, nunca).

Então e formação académica, não tinha? Pois não. Tinha melhor, mas mesmo muito melhor que isso!

Entre 1982 e 1987 estive no Centro Cultural de Almada - associação cuja actividade principal e permanente (e pioneira, para a época) era a formação de agentes culturais, através de cursos, seminários, colóquios... E essas acções de formação eram dadas pelos melhores profissionais nas suas áreas de actividade. Imaginem, nos anos 80, uma escola onde pudessem ter cursos de fotografia com o director do Museu da Fotografia (José Pessoa), de composição com um dos compositores de referência do século 20 (Jorge Peixinho), de serigrafia com o mestre do mais importante atelier da época (António Inverno)... e de jornalismo com um jornalista a sério, que fazia - e ainda faz, felizmente! - investigação e tudo (José Goulão).

Juntem a isso a oportunidade de participar em eventos onde podem conhecer (e aprender com) personalidades como Vasco Granja, António Victorino de Almeida, Manuel da Fonseca, Fernando Lopes-Graça - e já ficam com uma ideia (ainda vaga) da qualidade e diversidade da formação "não académica" que eu ganhei durante esses anos.

Mas isso não dá garantias nenhumas de que pudesse vir a ser um bom jornalista, pois não? Se há tanto licenciado que não sabe ler nem escrever...

Pois, aí está a questão! Mas essa é fácil: perguntem a quem comigo trabalhou se eu era bom profissional ou não (mas não perguntem aos medíocres e aos invejosos: perguntem aos competentes, pois é com esses que eu me comparo).

Perguntem-lhes, por exemplo, quantas vezes tive de corrigir textos de jovens jornalistas, estagiários ou mesmo já licenciados e integrados na redacção (e corrigir não apenas ortograficamente, mas - quantas vezes! - totalmente, de modo a que um texto atabalhoado passasse a ser uma notícia). Claro: já naquela altura havia, a par de jornalistas que sabiam do ofício, outros que escreviam com os pés e pensavam com dois neurónios. A diferença é que, nesse tempo, o "mercado" escolhia os melhores; os medíocres iam para outras actividades... a menos que tivessem cunhas ou fossem amigos do(s) chefe(s).

Então eu, que não possuia nenhum "canudo", nunca tive falta de trabalho até ao início desta década. Passei pela Rádio Baía, Rádio Voz de Almada, Sul Expresso, revista e jornal Sem Mais, Jornal da Região (de Almada e Setúbal), Jornal D'Hoje (de Portalegre, onde fui chefe de redacção), revista País Económico, Noticias da Zona... e acho que não me estou a esquecer de nada.

Tudo imprensa regional, claro! Era onde se podia trabalhar a sério, aprofundar os assuntos, fazer perguntas, investigar...

E isto é tudo verdade? Foi mesmo assim?

Em caso de dúvida podem também consultar o meu trabalho, que é público: existem exemplares desses jornais em bibliotecas, arquivos históricos e na internet. E há-de aparecer também uma entrevista onde falo destes e doutros assuntos, no próximo volume do livro "Almada, Gente Nossa", de Artur Vaz (com lançamento previsto, salvo erro, para o primeiro trimestre de 2011).

Contudo, perguntam ainda alguns tótós, tenho o direito de me considerar jornalista? Onde está o título profissional?

Pois, boa pergunta. A resposta daria um artigo pelo menos tão grande quanto este... Mas pode ser resumida citando a lei que regulamenta o Estatuto do Jornalista (lei 64/2007):

Definição de Jornalista:

1 - São considerados jornalistas aqueles que, como ocupação principal, permanente e remunerada, exercem com capacidade editorial funções de pesquisa, recolha, selecção e tratamento de factos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som, destinados a divulgação, com fins informativos, pela imprensa, por agência noticiosa, pela rádio, pela televisão ou por qualquer outro meio electrónico de difusão.


2 - Não constitui actividade jornalística o exercício de funções referidas no número anterior quando desempenhadas ao serviço de publicações que visem predominantemente promover actividades, produtos, serviços ou entidades de natureza comercial ou industrial.

3 - São ainda considerados jornalistas os cidadãos que, independentemente do exercício efectivo da profissão, tenham desempenhado a actividade jornalística em regime de ocupação principal, permanente e remunerada durante 10 anos seguidos ou 15 interpolados, desde que solicitem e mantenham actualizado o respectivo título profissional.

Eu tenho mais que esses "10 anos seguidos ou 15 interpolados" de experiência profissional, referidos no parágrafo 3 deste artigo da lei. Agora, que estou a exercer funções incompatíveis com a actividade de jornalista, não posso ter carteira profissional (como é óbvio - e é por isso mesmo que o título deste artigo está entre aspas). Mas assim que regressar à profissão (espero que não demore muito) tenho - de acordo com a lei - todo o direito a pedi-la. E é isso mesmo o que farei.

Esclarecid@s?


(A foto que ilustra este "post" é de um artigo do semanário Actual, em 1994, estava eu em serviço para a Voz de Almada, a tentar fugir à objectiva do fotógrafo - porque o jornalista não tem de aparecer na notícia - mas não consegui, e ainda bem.)

terça-feira, novembro 23, 2010

Denzel Washington e a crise...


Às vezes há surpresas destas. Num jornal (a Dica da Semana) que normalmente não tem muito de interessante para ler, aparece-me uma entrevista de Denzel Washington onde, a propósito de um novo filme, o actor fala de desemprego e precariedade laboral nos EUA e receia que o fenómeno chegue também à indústria do cinema. Um exemplo:


P - foi uma rodagem difícil?
DW
- Posso dizer que foi, de certa forma, triste. Houve uma cena que filmámos em Ohio, onde eram precisos 50 figurantes e apareceram duas mil pessoas. Tinham fechado muitas fábricas e minas na zona e todas aquelas pessoas estavam sem trabalho. Nunca tinha estado nas regiões onde filmámos e foi importante conhecer a América profunda.

P - Esteve hesitante em passar do filme Assalto eo Metro 123 para Imparável?
DW
- Absolutamente! Questionei logo o Tony Scott sobre qual o motivo para fazermos dois filmes de comboios seguidos, mas ele disse-me que era um filme totalmente diferente. Ao desenvolvermos a personagem, interessei-me por abordar o que se está a passar na região dos Estados unidos da América onde decorre a acção. Há muitas regiões do país onde as pessoas estão a ser afastadas dos seus empregos. Os mais velhos estão a ficar sem trabalho para serem substituídos por mais jovens que recebem menos dinheiro e isso é o que é retratado no filme. Provavelmente vai acabar por acontecer o mesmo no mundo do cinema.

Pois é, a "crise"... Então, aqui vai um "conselho" que nunca pensei dar a ninguém: não percam a Dica da Semana! A sério: leiam esta entrevista. O que aqui vos deixei é mesmo só um aperitivo...

sexta-feira, novembro 19, 2010

"Obama will get Osama"... O RLY?

Um videozito, de uns humoristas norte-americanos, que me parece muito apropriado ao momento histórico que estamos a viver.

Mais disto em CollegeHumor.

quinta-feira, novembro 11, 2010

"Mi Mundo" - poesia do Sahara Ocidental


"Poemas de autores do Sahara Ocidental, lidos por refugiados sarahuis nos campos de refugiados da Argélia", em 2006. Em castelhano, que é a língua da antiga potência colonial daquele território - e que nós em Portugal entendemos muito bem (ainda que às vezes façamos de conta que não...).

domingo, novembro 07, 2010

Este deve pensar que o passeio em frente à minha casa é dele!


Este carro está estacionado no passeio em frente à minha casa desde sexta-feira de manhã. Está, portanto, ilegalmente (artigo 49 do Código da Estrada, nº1 alínea f) e há mais de 48 horas (cf. artigo 163 do CE).

Peço a quem conheça o proprietário desta viatura o favor de lhe dizer para a retirar daqui rapidamente (ou ao próprio, se por acaso ler isto).

Ele não tem o direito de estacionar em cima de nenhum passeio (muito menos do passeio em frente à minha casa). Em contrapartida, eu tenho o direito de pedir às autoridades para cumprirem a lei e removerem a viatura do local onde estacionou ilegalmente.

E seria muito chato se eu tivesse que exercer os meus direitos de cidadania, não seria?


(Nota: eu sei que, se fossemos mesmo cumprir a lei, não havia reboques que chegassem para remover os carros "mal" estacionados só na minha rua. Mas este senhor abusa mais que os outros: tenho fotos do ano passado onde o mesmo carro aparece estacionado exactamente no mesmo local... E não pode ser. Isto não é o estacionamento privado dele.)

quarta-feira, novembro 03, 2010

Sem comentários?


Sem comentários, mas com a devida contextualização.

Esta imagem foi captada no dia 3 de Novembro de 2010, por volta das 18h30. É em Almada Velha, perto do Arquivo Histórico. Uma das viaturas que está estacionada em cima do passeio costuma estar ali todos os dias, em cima daquele mesmo passeio. Estacionar em cima do passeio é proibido pelo Código da Estrada (como qualquer automobilista devia saber). Mesmo que não o fosse: aquela placa que ali está é mesmo um sinal de estacionamento proibido (sim, estão a ver bem, é mesmo).

E tudo isto porque não havia lugar para estacionar? Mentira: havia lugares, e muitos numa praceta que fica a pouco mais de 10 metros dali!!!

Ainda se admiram por eu andar tão farto de chicos espertos?

segunda-feira, novembro 01, 2010

Que bom não há ECALMA (nem polícia, pelos vistos...)!


Neste fim de semana prolongado, os passeios e a zona pedonal de Almada foram invadidas por carros. (Suponho, então, que a facturação dos comerciantes da cidade - os tais que reivindicam a reabertura ao trânsito da zona pedonal - tenha aumentado em flecha... mas adiante.)

Desde sábado, há carros estacionados por todo o lado onde o estacionamento é proibido. E hoje, dia 1 de Novembro, há até um que armou banca na Praça do MFA: estacionaou ali a viatura, abriu a porta de trás e fez dela um ponto de venda de legumes!
O descaramento é tanto, que nem me parece necessário acrescentar mais nada.

A não ser um pequenino pormenor (sem importância nenhuma, já se vê):

"É proibido parar ou estacionar:

f) Nas pistas de velocípedes, nos ilhéus direccionais, nas placas centrais das rotundas, nos passeios e demais locais destinados ao trânsito de peões"

Código da Estrada, artigo 49º Proibição de paragem ou estacionamento (cf aqui).

Não sei que parte de "é proibido parar ou estacionar" e "nos passeios e demais locais destinados ao trânsito de peões" esta gente toda não entende.
Sei, sim, que estou muito farto da falta de civismo e da esperteza saloia que, principalmente nos últimos anos, anda a proliferar na minha cidade!