sexta-feira, junho 29, 2007

MST na Costa? Para quê...?

Aqui há uns tempos atrás, veio um ministro, (acho que foi aquele ministro que pensa que isto aqui é um deserto, mas isso agora não interessa para o caso) dizer que o Metro Sul do Tejo até pode muito bem chegar à Costa de Caparica... o mais tardar lá para 2032.
Nessa altura, houve pessoal aqui destes lados (Almada e arredores) que se fartou de rir... Mas eu, como devo ser um bocado retardado, na altura até nem percebi muito bem qual era a piada.
Quer dizer, explicaram-me depois que, com as alterações climáticas, e tendo em conta a maneira como o areal da Costa de Caparica está a desaparecer, em 2032 a Costa já nem deve existir... Portanto, para que raio irá então precisar de um metropolitano?
Pronto, tá bem, eu fiquei mais ou menos satisfeito com essas explicações.
Só continuei sem perceber porque se riam tanto. Achei que devia haver ali mais qualquer coisa.
A sério, qual era (é) a piada?
Bem, acho que agora, finalmente, percebi.
É que eu já nem me lembrava que existia, e existe, na Costa de Caparica, um outro meio de transporte sobre carris, chamado Transpraia.
E este é muito mais fixe que o MST, e proporciona uma viagem muito mais interessante: não é um eléctrico, até anda por cima das dunas, e deita fumo, e tudo...!!!
Realmente, para que é que a Costa precisa de um transporte público de massas, e ainda por cima eléctrico?
É para rir, sim senhor!
(A única coisa que me chateia no meio disto tudo é que, se olharem bem para os sítios por onde passa este comboiozito, ainda temos que dar razão ao tal ministro, com aquela estória do deserto... Portanto, o melhor é não olhar.)

quinta-feira, junho 28, 2007

Uma publicação histórica (mas hoje injustamente esquecida) dos anos 80 do século passado:

O Contraste

[Aviso: eu hoje venho aqui falar de comunicação social. Falar de comunicação social não é o mesmo que falar de jornalismo. É óbvio? Não sei se será assim tão óbvio. Afinal, anda por aí muito boa gente que tem um especial talento (e recursos, e ferramentas...) para misturar numa cartola o conceito de comunicação social com o conceito de jornalismo, agitar muito bem agitadinho e depois tirar lá de dentro o coelho mágico a que chamam (com uma grande lata) "informação". E não é disso que agora se trata. Vou falar mesmo de órgãos de comunicação social. Estamos entendidos?]

Então, é assim...


Se não me engano, a segunda metade da década de oitenta (do século vinte), viu nascer, e desenvolverem-se, alguns dos mais interessantes projectos que se fizeram em Portugal nesta área a que me refiro: comunicação social.
Foi, por exemplo, a época das rádios "piratas" (só em Almada existiram pelo menos - ou seja: que eu me lembre - quatro, antes de 1988 e da "legalização"); foi um tempo de proliferação de fanzines (alguns deles fanzines de poesia - ou pensavam vocês que o poezine Debaixo do Bulcão tinha nascido de geração espontânea?... não, foi mesmo porque havia que dar continuidade a essa tradição).
E foi também a época em que surgiu esta inovadora publicação que vos quero hoje apresentar (inovadora tendo em conta o tipo de imprensa que se fazia em Portugal), chamada Contraste.


O Contraste era uma revista temática (abordando assuntos como "Portugal: dez milhões de ciumentos?", "festas, festinhas, festividades, romarias, Festa do Avante!" ou "ilhas e oásis"). Tinha textos literários, artigos de opinião, entrevistas, algumas reportagens, alguns ensaios... e publicidade original, feita pelos gráficos da própria publicação (além disso, tinha também ilustrações às quais, satirizando a linguagem publicitária, chamavam anti-pub).
Editada mensalmente entre Janeiro e Julho de 1986, passou a ter periodicidade bimestral e mais tarde, salvo erro, chegou a ser trimestral.

Tinha uma tiragem de 4.500 exemplares (sim, quatro mil e quinhentos!...).
E foi muito boa, enquanto durou (digo eu, que sou suspeito...), ou seja, durante pouco mais de um ano.
Era editada pela Cooperativa Alto Contraste, tinha como director Miguel Portas, sim, esse Miguel Portas (ok, pessoal, podem começar a investigar se eu afinal sou do Bloco de Esquerda, ou estou feito com eles... ou se, naquela altura, o Miguel Portas era, sei lá, talvez da JCP... ou do PCP...), e colaboradores como Henrique Cayatte, Maria Flor Pedroso, Mário Dias, Jorge Colombo e, deixa cá ver quem mais.. olhem, por exemplo, o Rui Zink!

Para vos dar uns "cheirinhos" desta publicação, eis pequenos excertos de editoriais:

«Assento arraiais na diversidade da escrita, da opinião e da ilustração. Aos seus olhos parecerei uma coisa numas páginas e outra nas restantes. A minha unidade reflectir-se-á na capacidade de o confundir. A minha unidade não é inata, será adquirida em cada acto, errando e acertando. O leitor adquire-me na expectativa da diferença. E eu tentarei não o desiludir embora saiba que, no panorama da imprensa portuguesa, nem sequer tenho muito por onde copiar.»
(Nº. 1, Fevereiro 1986)

«Mudamos de formato. Exaustivos estudos de mercado concluíram ser o rectãngulo invertido a embalagem ideal para este mensário. Com efeito, a capital da moda 86 é Madrid. E a sua coqueluche chama-se MMM, "Madrid Me Mata". Qual o seu formato? O rectângulo invertido. A prova está feita. No nosso país não se inventam modas, copiam-se modas. Contraste orgulha-se de ser o primeiro a copiar.»
(Nº. 2, Março 1986)

E pronto, estão feitas as apresentações.
Voltarei a referir-me a esta publicação. Mais: hei-de apresentar-vos alguns textos e ilustrações da dita cuja. Lá mais para diante.
Agora vou dar uma voltinha, que o tempo está óptimo e a minha vida não é isto.
Adeusinho.

A.V.

Ah, já me esquecia: depois do Contraste, e aproveitando a onda, surgiram - já no incício dos anos 90 - outras publicações "históricas", como a Politika (que era uma revista da Juventude Comunista Portuguesa), a Jotacêpê (que foi um fanzine político da JCP em Almada) e a K - ou, se preferirem, Kapa (que já é de outra área política). Esta, (para meu espanto) está agora na internet, em

kapa.blogspot.com

Se tiverem notícia das outras, digam-me qualquer coisa, está bem?
Obrigadinho!

sexta-feira, junho 22, 2007

Buzinão na Ponte 25 de Abril

Foi em 1994. Lembram-se?

Fez-se História... mas não foi uma surpresa assim tão grande (digo eu... e já vão ver porquê).


E pronto... pela primeira vez, a selecção nacional portuguesa de hóquei em patins perdeu com a sua congénere suiça e, com esse desaire, não chega nem sequer às meias-finais do Mundial (algo que acontece também pela primeira vez... é o que se diz por aí, embora eu tenha algumas duvidas de que seja mesmo assim...).
O mais "espantoso" (e verdadeiramente histórico) não é tanto o facto de falharmos a presença entre os quatro melhores, mas sim perdermos com essa selecçãozita helvética... Parece que são uns tipos assim meio a dar para o tosco, que mal sabem patinar, quanto mais conduzir uma bola decentemente na ponta de um stick... Não é?
Olhem, se por acaso não acompanham este desporto, pronto, vá lá, até podem pensar dessa forma.
Mas não, não é!
Se têm estado atentos, certamente já terão percebido que a Suiça, neste momento (quero dizer, já antes da vitória sobre Portugal), é a única selecção que dá realmente luta aos quatro "grandes" da modalidade (que são, como se sabe, Portugal, Espanha, Argentina e Itália - embora os italianos andem um bocado "apagados"...).
Ainda o ano passado, no último campeonato da Europa, disputado em Monza (Itália) adivinhem lá quem foi à final, e só perdeu com a Espanha?...
Lembram-se?
Mas podem ver os resultados de todos os jogos desse Europeu aqui mesmo!
Portanto, já o ano passado esta selecção suiça tinha "feito história"!
E o resultado do jogo de ontem só é surpreendente... para quem não viu o jogo.
E eu já imagino alguns de vocês a acusar-me de falta de patriotismo... mas eu penso que a Suiça até foi a selecção que mais fez para vencer o encontro. Penso, portanto, que o resultado foi justo.
E penso também que, a sermos eliminados, ainda bem que foi pela Suiça.
Espero agora que eles, os suiços, continuem a fazere "brilharetes"...
Espero que derrotem a Argentina... para poderem ir à final, e de preferência com a Espanha...
E que vençam a Espanha e sejam campeões da Europa!
Isso sim, seria extraordinariamente histórico.
E o hóquei em patins precisa de mais competitividade. Para que, no futuro, as vitórias de Portugal sejam ainda mais valorizadas.
Não vos parece?

(Agora, chato mesmo foi perdermos também aquele jogo de apuramento para os Jogos Olímpicos... Mas isso é futebol... e eu, de futebol, já tive a minha dose... pelo menos até à próxima época.)

Site oficial do Mundial de Hóquei em Patins Montreaux 2007:
www.montreux2007.ch/index.php

Resultados de todas as finais dos campeonatos da Europa (não encontrei os resultados dos mundiais), em
cerh.eu/en/Comps/Hist/senior.php

terça-feira, junho 19, 2007

O último cliente deste bar




são horas de fechar: vamos embora
abrir mais um capítulo da noite
lançar a outro vento a nossa sorte
esquecer essa verdade que demora

a olvidar. já sei que está na hora
de pôr na rua alguém que mais se afoite
mas minha tibieza faz-se forte
para mostrar firmeza enquanto chora

só por dentro da sua própria máscara:
que ao transpor a porta deste bar
ainda grito e bebo às gargalhadas

como se assim escondesse esta lástima
de saber que sair é mais que errar
que estas palavras são todas falhadas.


Affonso Gallo
(Junho 2003)
affonsogallo.blogspot.com

Foto: Miguel Nuno Vargas
"Closing Time"

wiguelnuno.blogspot.com

sexta-feira, junho 15, 2007

Mais um jornal regional e, a talhe de foice, homenagem a José Augusto

Como já devem ter percebido pelo título, este vai ser um artigo "dois em um".
Primeiro, deixem-me que vos diga que estou muito satisfeito por ver que a imprensa regional (pelo menos a da península de Setúbal) está a atravessar uma fase de grande dinamismo. Corrijam-me se estiver enganado, mas parece-me que nunca existiram tantos títulos em circulação aqui na nossa zona.
Quanto à qualidade... Pois, isso já é outra conversa...
Há "bons" e "maus" exemplos de jornalismo, neste "renascimento" da comunicação social regional. Mas (para minha surpresa) a tendência parece ser para elevar o nível (a qualidade) do "produto".
Eis mais um exemplo: o semanário Margem Sul, editado no Barreiro - que acabo de conhecer, num café aqui em Almada. O jornal não é propriamente novo (a edição a que me reporto é a 29, de 8 de Junho de 2007), mas é ainda relativamente desconhecido neste que é (ainda e por enquanto) o concelho mais populoso da margem sul.

Ora, isto pode suscitar algumas reflexões sobre a dificuldade (crónica...) que a imprensa regional tem para se afirmar (uma coisa é existir e sobreviver; outra, bem diferente, é conseguir afirmar-se junto do público). São os problemas de distribuição, a dificuldade em fazer os jornais chegarem às bancas e, depois, a dificuldade suplementar de convencer o proprietário (ou concessionário) da banca a exibir o jornal (no tempo em que eu trabalhava no Sul Expresso - já lá vão dez anos - diziam, nas bancas, que "o jornal não vende"; mas como o poderiam saber, se nem sequer o exibiam?).
Será talvez para tornear esse problema que agora é moda "vender" o jornal a 0,01 cêntimos (e apesar de ser uma boa ideia, tenho a certeza que um dia ainda nos vamos rir desta "esperteza saloia"... mas adiante). O que está, então a acontecer, é que o jornal (a 0,01 cêntimos, ou seja, grátis) "aparece" aos olhos do público em sítios... públicos, ou nas caixas de correio, como "publicidade" (caso do Jornal da Região e do Dica da Semana). Ou então - como foi o caso deste - num balcão de um qualquer café, ali à mão, pronto a ser consumido, assim, sem mais.
(Este sem mais não era piada a nenhum outro órgão de comunicação social local e/ou regional, tá bem?)
Temos, assim, imprensa regional distribuida gratuitamente, o que é óptimo para o consumidor.
Há, no entanto, um pequeno senão.. É que, se o leitor não paga a publicação... quem paga?
A publicidade? Mas a publicidade não chega para todos. (Além do mais, não estamos "em crise", como dizem os nossos mui queixosos empresários?)
Há outras fontes de financiamento? Mas quais são?
Não augura isto uma vida relativamente curta para muitas destas publicações?
Mas enfim, aproveitemos este "boom" da imprensa regional enquanto ele existe.

E a prometida "homenagem a José Augusto"?




(José Augusto, aqui na versão "cromo da bola",
envergando a camisola do Barreirense
- imagem retirada do blog
Cromos de Futebol Inesquecíveis)


Enfim, não sei se será exactamente uma homenagem.
É só para confessar que José Augusto é, na minha modesta opinião, um dos melhores jogadores de futebol portugueses de todos os tempos.
Fez parte da selecção que ficou em 3º lugar no Mundial de 1966. E foi campeão europeu pelo Benfica.
Mas isso todos sabem. O que talvez não saibam (os mais jovens) é que José Augusto era (principalmente no Benfica, talvez não tanto na selecção) um extremo cheio de talento... Um "artista", como hoje se diria.
Era o homem das fintas. Era o gajo que trocava os olhos aos adversários. Era um espectáculo!
E, nesse, aspecto, foi o antecessor de outros grandes jogadores, como (deixa-me lá ver se me lembro...) o Chalana, o Futre... ah, pois, e o Cristiano Ronaldo, e o Ricardo Quaresma, e o Simão Sabrosa quando joga pelas alas.
Não acreditam?
Epá, vejam os jogos do Benfica na RTP Memória (de vez em quando passam uns dessa época) e logo ficam a saber se tenho ou não razão.
Tudo isto vem a propósito da entrevista que ele deu a esta edição do Margem Sul. A entrevista até está feita um bocado às três pancadas (parece que foi editada à pressa, talvez já em fecho de edição, não é?).
Mas vale sempre a pena ler.
Ei-la:



PS: Há um jornal em Sesimbra, chamado Notícias da Zona, ao qual eu prometi dar atenção, até porque é dirigido pelo grande Tozé Ribeiro (fomos colegas no Sul Expresso e na Sem Mais). Não me esqueci. Fica para uma próxima oportunidade.


António Vitorino

quinta-feira, junho 14, 2007

Ora aí está uma grande notícia:

parece que os ex-dirigentes dos Khmers Vermelhos (aqueles que sobraram, depois destes anos todos) vão, finalmente, começar a ser julgados pelo genocídio que (com o pretexto de fazer a "revolução") cometeram contra o seu próprio povo.

Estou muito curioso para ver quem irá agora defender (defender politicamente, não em tribunal) esta gente.
Acredito que - por ignorância, estupidez ou filhadaputice - haverá quem esteja disposto a fazê-lo.

Talvez os mesmos que dizem que os crimes do(s) fascismo(s) nunca existiram e não passam de uma "invenção" dos comunistas.
Ou talvez (no extremo oposto) os que confundem crises existenciais com atitude revolucionária.

Mas eu estou a gastar o meu latim com isto porquê?... Se até já escrevi um poema sobre o assunto!
Chama-se A "revolução" explicada aos pequeninos e inclui, em rodapé, um interessantíssimo debate político e ainda uma "letra" dos Dead Kennedys, intitulada Holiday in Cambodia, da qual os meninos "revolucionários" gostam muito e cujo verdadeiro significado talvez venham agora a entender, se seguirem com atenção o (previsto; vamos ver se é desta) julgamento dos Khmers Vermelhos.

Ler mais sobre este assunto, neste artigo, de um blog chamado La Nouvelle Ligue.
E também aqui (mas cuidado, aqui é a BBC!)


Vitorino

Uma boa surpresa: o "novo" Jornal de Almada


Eu já tinha reparado que o Jornal de Almada estava com um visual novo. Mas ainda não tinha visto o interior.
Desta vez, a primeira página era suficientemente apelativa para que eu o comprasse: a manchete remetia para uma entrevista com o Luís Milheiro, dirigente da SCALA (Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada).
Portanto, comprei.
E valeu a pena.
A primeira coisa que salta à vista é a nova disposição gráfica (muitíssimo melhor que a anterior - o que, aliás, não era difícil).
Depois, apesar de uma drástica redução de páginas (são apenas oito!) há agora muito mais conteúdo jornalístico, em detrimento de artigos de opinião e de "fait divers" (não confundir com fáit dáivers, como muitos ainda fazem).
Resumindo: agora já parece um jornal a sério. (E, algumas vezes, aquilo que parece, é. Será?)

quarta-feira, junho 13, 2007

Já ouviram falar em "paciência de santo"?
Esqueçam!
Agora é pra partir esta merda toda!

(António)

sexta-feira, junho 08, 2007

TODOS AO PAVILHÃO ATLÂNTICO !!!




















Pessoal, estão a ver esta expressiva imagem em grande plano de um gajo a sangrar que nem um porco?
Estão a ver? Óptimo: quer dizer que estão a ver o mesmo que eu.
E então? Se calhar é uma imagem qualquer de um qualquer filme, possivelmente americano, não?
Pois... é o que parece, assim à primeira vista.
Mas olhem para esta. Que tal? Ainda vos parece um filme?



E que dizer desta?

















Pois, talvez ainda pareça.
Mas não, não é!...
É um magnífico espectáculo de "wrestling". Ou seja, essa espécie de encenação de uma luta-livre, "inventada" pelos americanos.
Hã? Não estou a brincar, não! É mesmo!
Ou vocês pensavam que a coisa era uma brincadeira assim tipo os bons contra os maus trocam umas chapadas e uns pontapés e no final os bons ganham sempre - como a operação de marketing infanto-juvenil anda a querer impingir aos papás que "não têm tempo para ver na televisão o mesmo que vêm os filhos" (ou outra qualquer desculpa esfarrapada)?
Não, pá. Desculpem lá, mas estão enganados.
O "wrestling", essa coisa, essa "brincadeira" que o pessoal da minha idade (eu não, mas o pessoal da minha idade) via na TV, com os comentários de um tal Tarzan Taborda, "evoluiu", e é hoje cada vez mais parecido com isto que aqui vos apresento.
Claro que nem sempre tem este tipo de combates, com tacos de beisebol envolvidos em arame farpado e "artistas" literalmente a arder. Não pode ser sempre assim, não é? Não havia "plantel" que resistisse!
A maior parte das vezes ficam-se por cadeiradas na cabeça do "adversário" e corpos atirados para cima de mesas, de forma a trespassarem o tampo das ditas.
Suponho que, nos dois "espectáculos" do Pavilhão Atlântico (esta sexta-feira e sábado à noite), eles vão ficar só por aí.
Caramba, estamos em Portugal! Estes "lutadores" não vão arriscar as suas brilhantes carreiras aqui nesta terreola, não vos parece justo?
E não se pode ter tudo, não é?
De qualquer forma, animem-se os adeptos: embora a encenação dos "combates" não passe disso mesmo (de uma encenação), com a fasquia alta como está, é sempre possível que aconteçam acidentes... Se não, que piada teria? Seria boring, não é?
Ah, sim, quanto ao título que dei a este artigo...
Pois: então, pessoal de esquerda, que dizem a este espectáculo de gladiadores contemporâneos (é mesmo, não estou a inventar - a única coisa em que não coincidem é que - por enquanto - ainda não se fazem combates até à morte do artista). Que me dizem, defensores da dignidade humana, desta autêntica tourada sem touros (mas com outras bestas...)?
Que me dizem a este circo de aberrações, a este fabuloso negócio ( e é mesmo um grande negócio, como podem verificar clicando aqui) da violência gratuita promovida a espectáculo "para toda a família"?
Que me dizem a esta exportação mundial de valores (ou falta deles) americanóides, a esta banalização da barbárie, a este imperialismo da cacetada?
Acham que exagero?
Mas se saté mesmo alguns fãs desta "modalidade" já consideram que a coisa está a ir longe demais... (leiam, por exemplo, este artigo, num blog com o sugestivo título de Revolução de Veludo).
Pois é pessoal! Toca lá a indignarmo-nos contra esta cruel exploração capitalista dos mais básicos instintos humanos, contra esta imoral e atroz exibição acéfala da violência transformada em negócio e essas coisas que vocês costumam dizer por tudo e por nada.
Uma sugestão: que tal irem TODOS protestar para a porta do Pavilhão Atlântico?
Ganda ideia, não é?
O quê... não podem ir todos protestar para a porta?... Ah pois, já compraram bilhetes, e agora era uma chatice, os putos querem ir e tal...
Pronto, tá bem... então, deixa cá ver... que tal limitar o protesto então só aos que não vão estar lá dentro a ver a coisa?
Afinal, o Pavilhão Atlântico é grande, sim senhor.. mas, mesmo com as duas doses previstas... ora isso dá 20 mil pessoas...
Pois, estão a ver? Vocês, de qualquer forma, não íam caber todos lá dentro, portanto... Vamos lá ao protesto, e...
O quê?
Pois, se calhar até cabem todos lá dentro.
Ora bolas! Então e agora?
Sobro eu?
Ah, mas não contem comigo.
Eu cá não me manifesto. Nunca!
Aliás, como podem ver, estou caladinho que nem um rato.

António Vitorino

(Infelizmente, não existem na internet estudos sérios sobre este assunto. O mais interessante que encontrei é mesmo o do blog que cito no texto. Outra aproximação ao tema, ainda assim não desinteressante de todo, está neste artigo do site Portugal Diário.)

quarta-feira, junho 06, 2007

O Poeta Alentejano

Não se esqueçam que isto até era para ser só um blog de poesia. Eu sei que me desviei do objectivo inicial. Mas agora apresento a minha penitência «ao mostrar a alma alentejana que há em todos nós», como diz o Rui Tavares, esse fotógrafo luso-germano-angolano «com ligações à Arrentela, onde ainda tenho um par de calças» e a todas as outras localidades desérticas onde um homem deixa as calças, incluindo Moura, onde o Rui Tavares nuca esteve, acha ele, e que não fica na Margem Sul mas sim na margem esquerda do Guadiana, acho eu. Portanto, viva Alqueva porra e o regadio, «e espero que não me voltes a citar», diz o Rui Tavares. (Esta posta está catalogada como "private joke". Podem passar à frente)

terça-feira, junho 05, 2007

Buzinão... contra o quê? (A sério, não percebi muito bem..)



Ora aqui está um protesto original: um ministro faz uma “gracinha” sobre a margem sul, e o pessoal, indignado, vai para a Ponte 25 de Abril... buzinar!
Mas buzinar, assim tipo contra as portagens, como aconteceu em 1994?
Não?
Então (deixa cá ver se adivinho...), para marcar uma posição sobre o futuro aeroporto internacional de Lisboa? Também não?
«Esta manifestação não tem a ver com o novo aeroporto, mas com as declarações do ministro, que revelam uma enorme ignorância sobre a margem sul», diz Aristides Teixeira, da associação que promoveu o protesto.
Ah, pois (digo eu).

Depois, admirem-se de ver que em Portugal a política não é levada a sério...

(Hei-de falar ainda dos históricos protestos de 1994, e da forma exemplarmente “conspirativa” como foi organizado aquele bloqueio da ponte. Mas fica para quando estiver com vontade de falar a sério. Porque esse assunto merece ser tratado com seriedade. Ao contrário disto... enfim...)

Mensagem de voz no meu telemóvel, que transcrevo (quase) sem comentários.

Bem, já que parece ser moda divulgar escutas telefónicas, eu vou fazer uma coisa parecida com isso.
Então é assim: na passada sexta-feira recebi no meu telemóvel (por engano, como entenderão) uma mensagem de voz que, por me parecer interessante (e não fazer, certamente, parte de nenhum processo em segredo de justiça), passo a transcrever na íntegra.

«Bom dia! Fala ... (não identifico o nome porque, como se compreende, é irrelevante para o caso), da Escola Secundária de ... (de uma localidade dos arredores de Lisboa - mas não na margem sul).
Estou-lhe a ligar pelo seguinte: contactei a DREL (para quem eventualmente não saiba: Direcção Regional de Educação de Lisboa) e confirmaram-me que não pode ter 31 horas de serviço lectivo. O máximo são 22. Portanto, nunca poderia aceitar o nosso contrato. De qualquer maneira se quiser confirmar oficialmente... Não vou sequer seleccioná-lo, porque não é possível, estando já a leccionar em duas escolas, ainda aceitar a nossa.
Bom dia e obrigado.»

Comentar? Para quê?
Comente quem lê!

Vitorino

domingo, junho 03, 2007

Sobre "Acções de comandos e terrorismo" (Álvaro Cunhal)



"Para o Partido, a luta de massas é o motor da revolução e é com a luta de massas, é com a acção política, é com um vasto movimento político organizado, que se criam condições para formas de luta superiores, para a acção violenta e a luta armada bem sucedidas, para numa situação de crise revolucionária, se desencadear com sucesso a insurreição popular.

Os radicais pequeno-burgueses têm concepção completamente diversa do processo revolucionário. Eles não consideram a necessidade de definir, de harmonia com a situação e mesmo a conjuntura política, quais a formas de luta a adoptar e quais as principais em cada momento.

Consideram sempre a luta violenta como forma preferencial. Partem não do exército político e da luta de massas para a acção armada, mas da acção armada como forma primeira, central, determinante, para alguns exclusiva, do movimento político. Eles absolutizam a acção violenta como a única revolucionária, como froma determinante de todo o processo revolucionário, independentemente da situação e da conjuntura políticas.

(...)

Concebem a revolução feita por heróis pequeno-burgueses separados das massas, que, pelo exemplo, atraem novos combatentes, multiplicam os grupos armados, forjam o exército revolucionário libertador. A organização política para muitos deles, é decorrente da organização e acção militares. Dos "comandos" surgem a direcção política e o futuro partido.

Estará condenado ao fracasso qualquer grupo que imagina poder desencadear o processo insurrecional a partir da acção violenta de homens isolados, de "homens de acção" sem programa e fora dum movimento político fortemente organizado, alheios à luta de massas, sem consideração pela conjuntura política.

(...)

A acção de agrupamentos desse tipo facilamente conduz ao terrorismo, se o terrorismo não é já o ponto de partida. E o terrorismo pode causar danos sérios ao movimento popular.

(...)

O terrorismo como resposta à repressão, como "repressão da repressão", ou como "excitante", como "estimulante", como "detonador", é já uma velha experiência do movimento revolucionário. Não é com o terrorismo que se vence um governo decidido e capaz de recorrer ao terror.

Numa tal batalha entre dois terrores venceria aquele que dispõe de recursos incomparavelmente superiores."

Álvaro Cunhal, "O radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista"
Edições Avante, 1971.


(Obviamente, o "terrorismo" aqui referido não é, nem podia ser, o de grupos como a Al Kaeda. Refere-se, sim a certo tipo de luta "voluntarista"

muito utilizada em determinados momentos históricos por grupos de "extrema-esquerda" ou mesmo anarquistas)

Outra coisita: a polícia alemã está a responsabilizar o grupo Black Block (em alemão diz-se Schwarzer Block ) pelos confrontos em Rostock.
Não sei se é verdade ou mentira (não tenho informação suficiante, para formar uma opinião). Mas já vi, e convido-vos a ver também, informação sobre um grupo argentino com o mesmo nome, em Indymedia.com, e a página da Wikipédia sobre os mesmos meninos.

Ah, pois, e se alguém achar que alguma destas imagens é ridícula, fiquem a saber que a culpa não
é minha: foram eles próprios que as puseram a circular na net.



António Vitorino
(este vendido desavergonhado, porco fascista, etc. etc. etc. ...)

sexta-feira, junho 01, 2007

Que bom, começou a época balnear!

Que bom, porque eu tinha aqui umas imagens de praias na Costa de Caparica que vos queria mostrar, e andava sem pretexto para o fazer.
Portanto, abertura da época de banhos, e aqui vai: Coisitas do Vitorino tem o prazer de apresentar aos seus leitores

a Costa de Caparica em Junho de 1994 (imagem retirada do semanário Jornal de Almada)


a Costa de Caparica no Verão de 1996 ou de 1997 (imagem salva do incêndio que afectou o quinzenário Sul Expresso e o respectivo arquivo fotográfico; julgo que o autor é Manuel Fialho, mas não tenho a certeza)


a Costa de Caparica no Verão de 2006 (imagens retiradas de sites na internet; lamento, mas já não sei de onde...)

Então, dá para descobrir as diferenças?

PS: Eu hoje não estou para aprofundar nenhum assunto, como já devem ter percebido. Portanto, não comento (fica para outra ocasião), mas acrescento algumas ligações para locais da internet que têm conteúdos sobre a Costa de Caparica.

Costacaparica.com
Caparica Online
Mapa Caparica
Beach Cam

Programa Polis
Parque Expo

Paisagem Protegida da Arriba Fóssil (Instituto de Conservação da Natureza)

E a propósito, mais uma vez, da abertura da época balnear,
Associação Bandeira Azul da Europa

(Havemos de voltar a falar sobre a Costa de Caparica. Mas vocês, caros leitores, não se inibam de deixar os vossos comentários.)

Porque hoje é o Dia Mundial da Criança...

Aqui ficam umas imagens da comemoração da mesma data (mas em 2003) na cidade de Almada:


"La Banda Del Drac", espectáculo integrado no Festival Sementes (organizado pelo Teatro Extremo).


Fotos: António Vitorino (já sabem que sou eu, não o meu homónimo...)

Entretanto, a edição deste ano do Sementes - Mostra de Artes para o pequeno público, está a decorrer até dia 11 de Junho.
Informações e programação em
www.teatroextremo.com

E que tal ficarmos a saber mais alguma coisa sobre as origens da comemoração deste dia?
Informações aqui e também aqui.

E, porque nunca é demais lembrar isto... aqui fica novamente uma ligação para o sítio da Polícia Judiciária portuguesa:
pessoas desaparecidas (e não só crianças)