sábado, junho 27, 2009

Michael Jackson: Black or White

Eu até nem fui um grande fã de Michael Jackson. Mas há algumas músicas dele que me agradaram particularmente. Acima de todas, este tema - Black or White - e este vídeo. Pela música, sim. Mas, principalmente, pela mensagem. E, não menos, pelos efeitos especiais que - no início da década de 90, note-se - eram inovadores e serviam para contar uma história (em vez de servirem só para criar espalhafato).

quinta-feira, junho 25, 2009

Como (não) vivi a revolta na Ponte 25 de Abril (Junho de 1994)


Na noite de 23 para 24 de Junho de 1994 (há 15 anos) estava eu a fazer o último turno no departamento de informação da Rádio Voz de Almada. Terminado o serviço (o último noticiário era, salvo erro, à meia-noite), verifico as eventuais novidades recebidas via fax, para deixar aos meus colegas na manhã do dia seguinte. Procedimento normal e quotidiano...

Nos faxes, nada de especial: era véspera de feriado em Almada, poucas notícias e apenas uma convocatória de camionistas que convidavam a comunicação social a aparecer no Centro Sul na manhã seguinte...

Pois... Embora aquilo fugisse um pouco ao "normal", confesso que não adivinhei o que aí vinha. Deixei, portanto, os faxes (incluindo esse) no local do costume, para os meus colegas verem na manhã seguinte. E lá fui à minha vida: era noite de São João, havia arraiais por toda a cidade (94 e 95 foram, de resto - desde que me lembro, e se bem me lembro - os anos em que se fizeram mais arraiais populares em Almada), e no dia seguinte até estava de folga.

Portanto, depois de um dia de trabalho duro, festejei bravamente (work hard, party harder, lembram-se?).

Dia seguinte: rádio primeiro, têvê depois (já havia quatro canais... - ou melhor: ainda só havia quatro canais) surpreendem-me com directos da Praça da Portagem. Camiões a bloquear o trânsito, povo a aplaudir e a apoiar, Governo (liderado pelo PSD do então primeiro-ministro Cavaco Silva) nervoso, ministro da Administração Interna (Dias Loureiro) a desembarcar de helicóptero para comandar, no local, as "tropas" que haviam de desimpedir o local - à bastonada - e desmobilizar o protesto (contra o aumento das portagens, para quem não se lembra ou não sabe).





Penso eu com os meus botões, e em vernáculo: porra, devia ter adivinhado isto! Ao telefone com a directora de informação da Voz de Almada, comento o que se passa. Pergunta-me ela: gostavas de estar lá, não? E eu faço como os políticos: não confirmo nem desminto, antes pelo contrário (claro que gostava de ter estado a fazer a cobertura desse dia histórico - mas uma cabeça iluminada daquela rádio tinha-me proibido de fazer trabalho fora das horas de serviço!).


Sorte a minha: aquilo foi apenas o princípio da grande contestação popular que - em última análise - teve como consequência a derrota do PSD nas legislativas de 1996, após dois mandatos de maioria absoluta (e arrogância se não absoluta pelo menos muito... arrogante!). Felizmente para mim, consegui acompanhar, ainda, as movimentações que se seguiram: a criação de dois movimentos de utentes, os protestos em forma de "buzinão" ou de complicação de trocos e, no final, um certo pedido de desculpas aos portageiros pelos incómodos causados - porque, afinal, o alvo dos protestos era o governo, não os "pobres" funcionários.


Felizmente para o país, a derrota do PSD nas eleições de 1996 levou ao poder um PS preocupado em repôr alguma justiça social (embora numa versão "beata" ao estilo António Guterres) e não um PS tecnocrata e mais-do-mesmo.


Dúvida final, em jeito de nota de rodapé:O ano passado, por esta altura, a comunicação social comemorou a preceito mais um aniversário da "revolta da ponte". Este ano, népia. Porquê?

(Obs: as fotografias - de autor que desconheço - foram publicadas na Revista Sem Mais, número 7, de Agosto de 1994. Reproduzo-as aqui, com a devida vénia - e mencionando a fonte, porque é assim mesmo que se deve fazer.)





PS - Reportagem da carga policial, transmitida em directo pela SIC, disponível em

sábado, junho 20, 2009

Uma proposta para resolver a crise cíclica dos nadadores-salvadores


Todos os anos, assim que as temperaturas começam a subir e o pessoal começa a ir à praia, aparecem notícias de mortes por afogamento em praias ainda não vigiadas porque (quando a temperatura começa a subir) ainda não tinhamos chegado à época balnear. Como não tinhamos chegado à época balnear, não havia nadadores-salvadores. Ou porque não estavam ainda formados em número suficiente, ou porque os concessionários das praias ainda não os tinham contratado.

O modelo português de segurança e assistência a banhistas é antigo e baseia-se nas estações do ano - que, como é evidente, já não são o que eram. Trata-se, portanto, de um modelo sazonal: nadadores-salvadores para o Verão (mesmo que o "verão" comece antes da data prevista).

Existem, no entanto, países onde os nadadores-salvadores estão na praia durante todo o ano, com mais ou menos calor, independentemente da estação. Cuidam da linha de costa, que é a sua casa permanente. E fazem competições entre eles, até! O que significa - diz o senso comum... - que, estando sempre na praia, e mantendo-se em forma, estão preparados para, em qualquer momento, acorrer a emergências.

É lógico, não?

Lógico e não muito difícil de concretizar. Basta criar clubes de surf life saving, "uma espécie de escuteiros (ou bombeiros) do mar".

Mas será isso viável? Em países como a Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, ou Estados Unidos da América, esse é mesmo "o" modelo. Há quem diga que se é bom para eles é bom para nós. E, neste caso, até sou capaz de concordar...

Informação no site da International Life Saving Federation:

(A entrevista foi feita há um ano atrás. Não voltei entretanto a falar com o Telmo Rodrigues - logo, não sei em que ponto está o seu projecto para criar os tais clubes de "surf life saving": Mas não acredito muito que - neste país do desenrasca e do deixa andar - ele tenha conseguido alguns progressos. Tenho pena. Mas não acredito, mesmo...)

terça-feira, junho 16, 2009

A década do osso


Esta notícia, que dá conta do advento da Década do Osso, foi escrita por mim ("com agências" - no caso, com a Lusa, que era, nesse tempo, uma das referências do jornalismo em Portugal). É de Dezembro de 1999 e foi publicada no número 2 do Jornal D'Hoje.

A Década do Osso iria começar (começou) em Janeiro de 2000. E, tratando-se de uma década que começa em zero, deve terminar, pelas minhas contas, em Dezembro de 2009. Portanto, estamos no último ano da Década do Osso, certo?

Ora, uma década do osso (tratando-se, ainda por cima, desta década) seria uma fonte de inspiração para humoristas informados, competentes e minimamente criativos. Mas parece que a década do osso só nos trouxe "humoristas" ignorantes, tecnocratas e razoavelmente incompetentes. Ou é impressão minha?

Quanto à (propriamente dita, e por extenso) Década do Osso e da Articulação, que agora termina, alguém deu por ela? Que medidas de sensibilização foram tomadas? Que informação foi prestada ao público (dando de barato que os profissionais da Saúde terão sido devidamente formados e informados nesta matéria)? E quais os investimentos - e respectivos resultados - na profilaxia e tratamento destas doenças que, em 1999, eram - segundo a OMS - "a maior causa de morbilidade em todo o mundo"?

Pode ser que em Dezembro tenhamos direito a um balanço e contas desta campanha...

E, entretanto, toca a beber leitinho. A publicidade ao leite, feita pelos respectivos produtores é, por agora, a única coisa visível desta campanha. Vá lá... é alguma coisa. E é saudável, convenhamos.

Apesar da pouca informação sobre o assunto, existe, no entanto, um relatório de actividades do período 2003-2005, disponível no site da Sociedade Portuguesa de Ortopedia eTraumatologia:http://www.spot.pt/decada.asp

domingo, junho 14, 2009

É a aritmética, estúpido!

Ora aqui está uma das anedotas políticas mais engraçadas dos últimos tempos: o PS perdeu cerca de 9 mil votos em Almada (!) mas, mesmo assim, "canta vitória"!

E "canta vitória" porquê? Bem, parece que é porque conseguiu ser o partido mais votado neste concelho. O PS - que é, há muitas eleições, o partido mais votado em Almada - perdeu 9 mil votos, e ainda assim "canta vitória"? Pois, parece que sim...

Ou seja: nestas eleições, o PS teve resultados desastrosos, mas lá conseguiu ser o partido mais votado em alguns, poucos, concelhos (Almada incluida). E parece que isso é uma vitória!

Eu não sei se isto é não saber fazer contas, tentar atirar poeira para os olhos ou tentar tapar o sol com uma peneira.

Sei, sim, que o PS levou uma "tareia" histórica em quase todos os concelhos do distrito: em comparação com as eleições de 2004 para o Parlamento Europeu, perdeu - para a CDU, já agora (que, já agora, aumentou a sua votação em quase todos os concelhos, incluindo Almada) - os de (por ordem alfabética) Alcácer do Sal, Alcochete, Barreiro, Grândola, Moita, Palmela, Santiago do Cacém, Seixal, Sines. Sim, perdeu a "liderança" nesses todos, e logo para a CDU!

O PS manteve o "estatuto" de partido mais votado em 4 concelhos do distrito (em 2004 tinha vencido em todos os 13 concelhos, note-se!), nos quais, mesmo assim, sofreu perdas significativas: em Almada (onde desce de 44% para 28%), no Montijo (desce de 46% para cerca de 26%), em Sesimbra (de 44% passa para 24%), e em Setúbal (onde desce de 44% para 23%).

Em Almada - concelho que, repito, o PS ganha sempre, exceptuando as autárquicas - perdeu agora em comparação com todos os partidos, ficou a 2 mil votos da CDU (há 5 anos tinham ficado 12 mil votos à frente...). Mas "canta vitória"!

Permitam-me, muito humildemente, fazer a pergunta que se impõe: perder 9 mil votos e obter em Almada um dos piores resultados de sempre é uma vitória?

Não me parece. Aliás, como dizia o outro, é uma questão de fazer as contas.

Recorrendo, por exemplo, aos resultados oficiais destas eleições. E comparando-os com eleições anteriores (europeias, legislativas e autárquicas).

Tudo disponível, para que ninguém fique com dúvidas, num site do Ministério da Justiça português.

Aqui:

quinta-feira, junho 11, 2009

Blogues de jornalistas: Rui Vasco Neto e Teresa Farinha

Uma das coisas boas que a internet nos trouxe foi esta possibilidade de reencontrar facilmente pessoas das quais perdemos o rasto. No caso, dois jornalistas com os quais trabalhei, em locais, circunstâncias e tempos diferentes. Rui Vasco Neto (no Jornal D'Hoje, de Portalegre, entre 1999 e 2000) e Teresa Farinha (no SemMais Jornal, de Setúbal, em 2001).

A Teresa que me desculpe, mas eu quero dar destaque ao Rui Vasco Neto - e explico já porquê.



Rui Vasco Neto foi um dos melhores jornalistas que conheci - e com quem tive a oportunidade de trabalhar.

Em 1999, fui de Almada até Portalegre (por razões pessoais, que não vêm agora ao caso). E, assim que lá cheguei, tive a enorme fezada de encontrar um jornal que procurava jornalistas para a respectiva redacção. Era o Jornal D'Hoje - projecto de jornalismo a sério (nos anos 90, na "província", muito provinciana, por sinal!). Já contei neste blogue a minha versão da história do Jornal D'Hoje (ver aqui, sff), portanto, não me alongo agora em pormenores sobre o assunto.

O Rui Vasco Neto (que tinha, salvo erro, a escola do Tal&Qual, quando esse jornal era bom e fazia investigação) recebeu-me para uma entrevista de emprego - e empregou-me. Achou que eu podia ser bom a "jornalar" e contratou-me para "cordenador de redacção".
("Coordenador de redacção" não era um cargo tão bom quanto possa parecer: era o tipo que levava porrada do director e da redacção...)

Eu, que já tinha 7 anos de experiência profissional - ele tinha o dobro... - como jornalista (descontado as experiências "amadoras" em rádios e jornais locais), ainda assim aprendi muita coisa com o Rui Vasco Neto. Antes de mais (e não é pouco): fiquei a conhecer o Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses (mas só ao fim de sete anos de trabalho, note-se!).

Depois, aprendi como se "blinda" uma redacção - apesar de (ou por isso mesmo) a do Jornal D'Hoje ter sido alvo de uma tentativa de espionagem por parte de outro jornal lá do burgo.

Já tinha, este vosso amigo - de aprendizagens anteriores, na rádio e na imprensa escrita - um estilo objectivo e conciso (da rádio e de uma escola a que se chamava, salvo erro "jornalismo de agência") e também apetência para aprofundar, para investigar (resultado do trabalho em jornais como o Sul Expresso ou o Sem Mais Jornal, primeira versão). Mas, com o Rui Vasco Neto, passei a ter outra exigência: a da credibilidade acima de tudo.

Pois, eu sei: quem o viu depois, a fazer um programa chamado "Vidas Reais", na TVI, talvez não acredite nisto. Felizmente eu conheci-o antes.

E - para que não se pense que estou aqui a dar graxa - até nem nos demos sempre assim tão bem quanto isso. Tinhamos feitios muito diferentes, e a relação profissional director-sacodepancada resultou enquanto resultou. Depois, saí do Jornal D'Hoje e fui trabalhar para uma estação de serviço...

Temos, pelo menos, uma coisa (quiçá a única) em comum: ambos somos tão "artistas" quanto "jornalistas" (no meu caso, parece que tenho de pôr esta palavra entre aspas) e não somos por isso menos rigorosos ou menos objectivos. E. dez anos depois, também eu começo a ter falta de paciência para os subdesenvolvidos que não entendem (ou não querem entender) isso.

O Rui Vasco Neto tem um blogue chamado Sete Vidas Como os Gatos (título que tem muito que se lhe diga, mas não me compete a mim dizê-lo):

http://setevidascomoosgatos.blogs.sapo.pt/



Em 2001, voltei para Almada, mas já com a perpectiva de regressar ao Sem Mais Jornal. Foi aí que conheci, então, a Teresa Farinha. Que era, naquele tempo, uma jovem jornalista que estava encarregue da secção "cultura" do SMJ.

Parece que não está agora a exercer a profissão. Mas continua atenta à actividade cultural. E vai dando conta do que conhece e acompanha, no seu blogue, Livros e Outras Coisinhas (título com o qual sinto uma certa afinidade, vá-se lá saber porquê...):
http://livroseoutrascoisinhas.blogspot.com/

terça-feira, junho 09, 2009

"Grande derrota dos comunas em Almada"!!!... O quê, não foi? Não faz mal: inventa-se!



Nas eleições do passado domingo para o Parlamento Europeu, o partido mais votado no concelho de Almada foi o PS, com 15.043 votos (25,74%). A CDU (coligação PCP/PEV) obteve 13.083 votos (22,39%), o PSD 10.800 (18,48%), O Bloco de Esquerda, 8.549 (14,65%), o CDS-PP 3.825 (6,52%).

Além destes (partidos que elegem eurodeputados) há a assinalar o resultado do Movimento Esperança Portugal (MEP), que consegue neste concelho 897 votos (o que corresponde a 1,54%) e fica assim à frente do PCTP-MRPP, partido que obtém 764 votos (1,31%). O número de votos em branco foi expressivo e dá que pensar: no concelho de Almada contabilizaram-se 2.570 (4,4%).


Estes são números oficiais, do Ministério da Justiça português, e podem ser consultados em


Ora, muitos comentadores (e "comentadores" anónimos, também) começaram a debitar na "blogosfera" as mais variadas opiniões. Variadas e disparatadas, em alguns casos. Suponho que por desconhecerem os números reais da votação, há "comentadores" que garantem estarmos a assistir a uma derrota dos "comunas" (porque não conseguiram vencer no concelho, nem na maior parte das freguesias) e, por outro lado, a uma vitória do PS, porque - contrariando a tendência nacional, e distrital - foi o partido mais votado.


A chatice, para esses comentadores (e "comentadores" anónimos) é que os seus comentários não resistem a uma análise da realidade.
E a realidade é a seguinte.

Sobre a suposta "vitória do PS sobre a CDU":


- O Partido Socialista venceu as três últimas eleições para o Parlamento Europeu no concelho de Almada. Obteve em 1999, 23.774 votos (contra 14.366 da CDU); em 2004 conseguiu 24.667 votos (a CDU ficou-se pelos 12.498); este ano votaram no PS 15.043 eleitores (ao passo que a CDU conseguiu 13.083 votos). Portanto, no domingo passado, a CDU subiu e o PS desceu (muito, aliás). Como dizia o outro, é uma questão de fazer as contas... antes de cantar vitória!
Mas há quem queira ver nestes resultados uma derrota "tout-court" dos "comunas" da CDU. Querem, esses comentadores (e, principalmente, os anónimos "comentadores"), aferir destes resultados que a CDU está em declínio - e que isto é uma antevisão do que aí vem, nas eleições autárquicas.


Enfim, são opiniões, ou expectativas... Mas devem ser encaradas apenas como aquilo que são: opiniões e/ou expectativas.
Porque, mais uma vez, a realidade não se encaixa lá muito bem nos argumentos dessa gente (e, nalguns casos, dessas pessoas).
Vejamos, então...


A CDU - que tem a maioria na Câmara, na Assembleia Municipal em 8 das 11 freguesias do concelho - ficou atrás do PS (e em alguns casos, do PSD) nestas eleições. Pois ficou. E então? Não fica sempre, em eleições para o Parlamento Europeu e para a Assembleia da República? E não vence, depois, as autárquicas?
Consultem-se, mais uma vez, os números oficiais relativos ao concelho de Almada:

Eleições para a Assembleia da República,
1999: PS - 38.030 (43,17%); CDU - 19.494 (22,13%)
2002: PS - 35.050 (39,83%); PSD - 23.496 (26,70%); CDU - 15.519 (17,63%)
2005: PS - 40.849 (43,90%); PSD - 16.649 (17,87%); CDU - 16.228 (17,42%).


E, nas autárquicas (resultados da votação para a Câmara Municipal),
2001:
CDU - 27540 (41.41%); PS - 17991 (27.05%); PSD - 11595 (17.43%)
2005:
CDU - 28799 (42,32%); PS - 17437 (25,63%); PSD - 11959 (17,58%)


Portanto, o que há, de facto, a concluir destas eleições, no que diz respeito ao Concelho de Almada, é (na minha opinião) o seguinte:


1 - O Bloco de Esquerda consegue um resultado histórico (acompanhando a tendência nacional).
2 - O PS perde eleitorado de forma drástica, em Almada tal como no resto do país. Consegue, ainda assim, ficar em primeiro lugar, mas a escassos 2 mil votos da CDU (nas últimas eleições para o Parlamento Europeu tinha ficado cerca de 12 mil votos à frente dos "comunas").
3 - A CDU não sofre qualuqer derrota mas, antes pelo contrário, aumenta o número de votos (passa de 12.498 para 13.83, e aumenta o seu "score" percentual, de 21,73% para 22,39%).
4 - Aparece um novo partido, com resultados interessantes (o MEP, que passa a ser o "maior dos mais pequenos" - permitam-me a expressão - com 897 votos, ficando assim à frente do PCTP/MRPP, que obtém 757 votos no território concelhio).
5 - Um notável aumento do voto em branco: 2.570 boletins (4,4% dos votos expressos!), contra 1.396 nas últimas eleições para o PE, e 1.227 nas anteriores, de 1999.


Quanto à "derrota dos comunas"... Desculpem lá, mas não é verdade. Os números (oficiais) dizem que não é!

Eu sei que, em retórica política, para muita gente isso não interessa nada.

Para muita gente, em argumentação política vale tudo, mesmo negar a realidade.
Acontece, porém, que "vale tudo" é um desporto de combate. E chama-se "vale tudo" porque tem elementos técnicos de "todas" as artes marciais (valem todas as técnicas, portanto). Mas mesmo aí há regras. E, de facto, mesmo aí não vale tudo.
Era bom que o mesmo acontecesse no debate político...

Eleições para o Parlamento Europeu: resultados na minha freguesia


Tenho andado à procura de resultados das eleições para o Parlamento Europeu (resultados das votações de 2004 e 2009, para ter termos de comparação) no concelho de Almada. Mas como, até agora, não encontrei dados fiáveis sobre o concelho (o site do STAPE tem parâmetros diferentes para as eleições de 2004 e de 2009), deixo aqui, então, os números que dizem respeito à minha freguesia: a Caparica.

Uma freguesia em que o PS venceu (olha a novidade!...). Mas reduziu o seu "score" de 2388 para 1489 votos (o que corresponde a uma descida de 43 por cento para 26 por cento (muito, portanto!).

A CDU teve, em 2004, 1421 votos, e agora cresceu para 1461, embora tenha diminuido percentualmente, de 26 para 25 por cento.
O Bloco de Esquerda duplicou a sua votação (à semelhança do que aconteceu no resto do país) e, nesta "esquerdista" Caparica, conseguiu até ficar à frente do PSD (que, nessa freguesia, por acaso até teve menos votos que em 2004).
O CDS/PP também contrariou a tendência nacional: na Caparica desceu de 849 para 114 votos.
Isto são números, não especulações.
Comentários? Sim, mais tarde talvez me arme em comentador (favor ver caixa de cometário este artigo)...
Mas fiquemo-nos, por agora, com os factos.

Estes resultados estão em
e

quinta-feira, junho 04, 2009

Gambuzine#1 - uma nova série, agora anual (mas é pena)

Já está disponível a nova edição de um dos melhores fanzines que conheço (e conheço alguns, desde há alguns anos...).
Esta nova série do Gambuzine promete ser de periodicidade anual (o que é pena, digo eu, mas a editora - Teresa Câmara Pestana - lá terá as suas razões).


O presente número tem mais páginas que as edições anteriores (são 88, se contarmos com a nova - e filtrável - capa em cartolina), e mantém a qualidade a que já nos habituou. É essencialmente um fanzine de banda desenhada. Mas de banda desenhada pouco "convencional" ou, se preferirem, pouco "mainstream" - o que, a meu ver, só o valoriza. Publica autores novos (e alguns jovens, também), de países europeus (Portugal incluído) e dos EUA.

Neste número: Ivanna Armanini, Johanna Lonka, Ulli Lust, Claire Ienkova, Teresa Câmara Pestana, Beppi & Mary Knott, João Sequeira, Axel Blotevogel, Cirq, Raul Gardunha, Schmicko, Rautie, Lukas Weidinger, Tiitu, Matjaz Bertoncellj, Diana Waldschreck, Rafa.

Como vos tenho dito, percebo alguma coisa de zines, e é por isso que recomendo vivamente este novo Gambuzine. Mas não percebo nada (enfim, quase nada...) de BD - e é por isso que não vou dar particular destaque a nenhuma. Acho que são todas boas. E todas longe da escola tradicional (para nós, portugueses) que é a franco-belga (Tintin, Asterix, Lucky Luke e outros que tais).

Gambuzine não está à venda em todas bancas, nem mesmo na maior parte delas - mas está receptivo a colaborações.

Como o adquirir, então? E como colaborar?

Explica quem sabe (a editora, claro):

«Apesar de existirem alguns locais onde encontrar o gambuzine (ver site) é importante que se habituem a encomendar pelo correio a vossa porção de pequena tiragem, e é pelo correio que deverão enviar os vossos trabalhos em cd-r, 300 dpi, tiff, jpeg, ou no velho método da boa cópia p&b. Dada a homeopaticidade do meio, os trabalhos de Portugal têm de ser inéditos.»
Qualquer informação ou encomenda, nos contactos disponíveis em

quarta-feira, junho 03, 2009

«Deontologia, quem te viu e quem TV»


Ora aqui está um programa que não quero perder: a emissão de hoje do Clube de Jornalistas.

Quarta-feira, 3, na RTP2, às 23 e 30

A discussão entre Manuela Moura Guedes e António Marinho Pinto, em directo, no Jornal de 6.ª, veio dar razão a quem chama a atenção há muito tempo para a degradação progressiva do jornalismo português. A credibilidade tem-se esvaído entre a mediocridade técnica e o aviltamento deontológico. É urgente um debate alargado que envolva todas as componentes do processo jornalístico. O Clube de Jornalistas espera que o programa desta semana possa dar um contributo sério para esse debate.

Convidados:

Francisco Sarsfield Cabral – Jornalista;
João Miguel Tavares – Jornalista;
António Marinho Pinto – Bastonário da Ordem dos Advogados
(Nota: Manuela Moura Guedes não aceitou o convite para participar no programa)

Depoimentos:

Estrela Serrano – Vogal do Conselho Regulador da ERC
Orlando César – Presidente do Conselho Deontológico dos Jornalistas
Moderador: João Alferes Gonçalves

Informação recolhida em:

segunda-feira, junho 01, 2009

O Ano Internacional da Criança (1979) em Almada


Há 30 anos, a Organização das Nações Unidas (pois, a ONU), promoveu a realização do Ano Internacional da Criança (AIC). O Dia Mundial da Criança comemorava-se já desde 1950. Mas, a partir de 1979 - com a realização do AIC - os problemas (e os direitos) das crianças passaram a ser assuntos mais "mediáticos", logo, mais visíveis e mais prementes.

Naquele tempo, as crianças não eram protegidas (nem viam os seus direitos reconhecidos) como são hoje. (E são, de facto, mais protegidas - apesar de alguns acontecimentos recentes poderem suscitar algumas dúvidas...)

Era, então, nessa época, imperativo chamar a atenção para os seus problemas.

O AIC foi - em Portugal, pelo menos - um ponto de viragem na forma como se encaravam esses assuntos. Criou-se uma dinâmica social envolvendo as "forças vivas" (a "sociedade civil", como se diz hoje). Dinâmica que deu origem, por exemplo, ao Instituto de Apoio à Criança (criado no início dos anos 80) e a outras instituições que trabalham para a infância.

Em Almada, existiam já algumas organizações que - desde 1974 - trabalhavam nessa área, fazendo o levantamento das inúmeras carências que existiam por cá, e tentando resolvê-las. Construiam-se parques infantis, creches, salas de actividades de tempos livres...

Mas sobre isso voltarei a referir-me numa próxima ocasião.Hoje, deixo-vos só mais este documento, sobre as comemorações do AIC em Almada.




E um assunto relacionado com este - teatro de fantoches da AIPICA, em 1979 - aqui: