A revista Sem Mais apareceu pela primeira vez em Novembro de 1993 e manteve a publicação (mensal) até aos primeiros anos deste século. Sedeada em Setúbal, foi o ponto de partida para um projecto editorial que, ainda hoje, é do melhor que se faz em termos de jornalismo “regional”. E não só na Península de Setúbal (digo-vos eu, que – como já devem ter percebido – até passei por vários projectos de “imprensa regional”).
Sem Mais, a revista, é (ou foi) um projecto de Raul Tavares e Jorge Alegria (parceiros na sociedade SadoPress).
No entanto, o primeiro director (embora, suponho eu, fosse pouco mais que um director apenas “nominal”) foi o conhecido advogado setubalense Mariano da Palma Gonçalves. Na “ficha técnica” das primeiras edições da Sem Mais estavam também (como membros do conselho editorial, correspondentes ou colaboradores permanentes) jornalistas, empresários e outras personalidades do distrito de Setúbal. Exemplos: Miguel Roquette, Regina Marques, Viriato Soromenho Marques (que, quatro anos mais tarde, seria o primeiro director do jornal semanário Sem Mais), Carlos Pimenta, Eduardo Carqueijeiro, José Manuel Palma, Nuno Gomes dos Santos, Telmo Correia e Marina Caldas, entre outros. Uma “colecção” de nomes que, convenhamos, era uma maneira de dar credibilidade a um projecto desconhecido que se procurava impor, contra todas as dificuldades que então se apresentavam à imprensa regional.
E porquê o nome Sem Mais? Porque – disse-me um dia o Raul Tavares, quando eu comecei a colaborar com a revista – a intenção era fazer um jornalismo de qualidade, ouvindo todas as partes e, se possível, abordando todos os aspectos de um assunto. De forma a que a informação ficasse completa, assim mesmo, sem mais…
O editorial do primeiro número (Novembro de 1993), que aparece sem assinatura do autor… (mas – deixem-me especular – provavelmente terá sido escrito ou por Mariano da Palma Gonçalves ou, menos provavelmente, por Raul Tavares), referia essas ambições nos seguintes termos:
«Se há coisas que custam na vida dos sonhadores é ter que lutar contra o sonho e contra os profetas da desgraça. O projecto Sem Mais nasceu nestas circunstâncias peculiares, embora do misto de sonho e realidade tenha feito orelhas moucas a tantos “nostradamus” cá do burgo. A ideia de editar, na região de todas as apostas, uma publicação de qualidade, jornalisticamente ousada e atraente às vistas, foi mais forte e motivou um grupo de profissionais com aquela “gema” de Setúbal a torná-la realidade. E, esteja certo, caro leitor, que o produto que tem nas mãos nada tem de fictício. É o zero de muitas edições que se lhe seguirão, a provar que também o distrito de Setúbal pode produzir informação da melhor. A Sem Mais é pois um projecto de apostas e desafios. A aposta contra o sonho – que nem sempre comanda a vida – e contra os que estão contra; desafio de fazer melhor, com mais brio, mais profissionalismo, mais seriedade. Queremos contar ‘estórias’ e dar a conhecer protagonistas daqui, desta outra margem do Tejo. Dar vida e cor à informação, sem escamotear a verdade, o essencial, o facto, num rigoroso e exclusivo compromisso com o público a que nos destinamos e servimos.»
Ora, isto é um editorial cujas intenções eu podia assinar por baixo. E, de facto, tive a sorte de ser “levado” a trabalhar neste projecto, após a minha saída da rádio Voz de Almada. A directora de informação daquela rádio, Ana Isabel Borralho, apresentou-me ao Raul Tavares (já que ambos trabalhavam noutro projecto regional chamado Sul Expresso – mas já lá iremos a seguir…). E eu fiquei, primeiro como colaborador (escrevi a primeira “peça”, sobre um projecto que então existia para a recuperação e valorização do Ginjal, em Fevereiro de 1995).
No entanto, como se dizia no editorial do “número zero” da Sem Mais, «nem sempre o sonho comanda a vida». E a vida, essa mesmo, tratou de trocar as voltas à “pureza” inicial do projecto. A pouco e pouco, a Sem Mais foi ficando menos jornalística (no sentido de privilegiar a reportagem e a investigação) e mais “institucional”. Começou a privilegiar a divulgação empresarial, até se tornar, em definitivo e assumidamente, uma revista de “economia”.
Isso acontece a partir de 1998, quando a SadoPress começa a editar um semanário, Sem Mais Jornal, que se pretendia generalista e “de referência”. E, a propósito, eu também estive na primeira redacção desse jornal.
Terei muito gosto em falar-vos acerca dessa experiência, num próximo artigo deste blogue.
Sem Mais, a revista, é (ou foi) um projecto de Raul Tavares e Jorge Alegria (parceiros na sociedade SadoPress).
No entanto, o primeiro director (embora, suponho eu, fosse pouco mais que um director apenas “nominal”) foi o conhecido advogado setubalense Mariano da Palma Gonçalves. Na “ficha técnica” das primeiras edições da Sem Mais estavam também (como membros do conselho editorial, correspondentes ou colaboradores permanentes) jornalistas, empresários e outras personalidades do distrito de Setúbal. Exemplos: Miguel Roquette, Regina Marques, Viriato Soromenho Marques (que, quatro anos mais tarde, seria o primeiro director do jornal semanário Sem Mais), Carlos Pimenta, Eduardo Carqueijeiro, José Manuel Palma, Nuno Gomes dos Santos, Telmo Correia e Marina Caldas, entre outros. Uma “colecção” de nomes que, convenhamos, era uma maneira de dar credibilidade a um projecto desconhecido que se procurava impor, contra todas as dificuldades que então se apresentavam à imprensa regional.
E porquê o nome Sem Mais? Porque – disse-me um dia o Raul Tavares, quando eu comecei a colaborar com a revista – a intenção era fazer um jornalismo de qualidade, ouvindo todas as partes e, se possível, abordando todos os aspectos de um assunto. De forma a que a informação ficasse completa, assim mesmo, sem mais…
O editorial do primeiro número (Novembro de 1993), que aparece sem assinatura do autor… (mas – deixem-me especular – provavelmente terá sido escrito ou por Mariano da Palma Gonçalves ou, menos provavelmente, por Raul Tavares), referia essas ambições nos seguintes termos:
«Se há coisas que custam na vida dos sonhadores é ter que lutar contra o sonho e contra os profetas da desgraça. O projecto Sem Mais nasceu nestas circunstâncias peculiares, embora do misto de sonho e realidade tenha feito orelhas moucas a tantos “nostradamus” cá do burgo. A ideia de editar, na região de todas as apostas, uma publicação de qualidade, jornalisticamente ousada e atraente às vistas, foi mais forte e motivou um grupo de profissionais com aquela “gema” de Setúbal a torná-la realidade. E, esteja certo, caro leitor, que o produto que tem nas mãos nada tem de fictício. É o zero de muitas edições que se lhe seguirão, a provar que também o distrito de Setúbal pode produzir informação da melhor. A Sem Mais é pois um projecto de apostas e desafios. A aposta contra o sonho – que nem sempre comanda a vida – e contra os que estão contra; desafio de fazer melhor, com mais brio, mais profissionalismo, mais seriedade. Queremos contar ‘estórias’ e dar a conhecer protagonistas daqui, desta outra margem do Tejo. Dar vida e cor à informação, sem escamotear a verdade, o essencial, o facto, num rigoroso e exclusivo compromisso com o público a que nos destinamos e servimos.»
Ora, isto é um editorial cujas intenções eu podia assinar por baixo. E, de facto, tive a sorte de ser “levado” a trabalhar neste projecto, após a minha saída da rádio Voz de Almada. A directora de informação daquela rádio, Ana Isabel Borralho, apresentou-me ao Raul Tavares (já que ambos trabalhavam noutro projecto regional chamado Sul Expresso – mas já lá iremos a seguir…). E eu fiquei, primeiro como colaborador (escrevi a primeira “peça”, sobre um projecto que então existia para a recuperação e valorização do Ginjal, em Fevereiro de 1995).
No entanto, como se dizia no editorial do “número zero” da Sem Mais, «nem sempre o sonho comanda a vida». E a vida, essa mesmo, tratou de trocar as voltas à “pureza” inicial do projecto. A pouco e pouco, a Sem Mais foi ficando menos jornalística (no sentido de privilegiar a reportagem e a investigação) e mais “institucional”. Começou a privilegiar a divulgação empresarial, até se tornar, em definitivo e assumidamente, uma revista de “economia”.
Isso acontece a partir de 1998, quando a SadoPress começa a editar um semanário, Sem Mais Jornal, que se pretendia generalista e “de referência”. E, a propósito, eu também estive na primeira redacção desse jornal.
Terei muito gosto em falar-vos acerca dessa experiência, num próximo artigo deste blogue.
4 comentários:
Gostei de ler o editorial...
é uma pena Almada não ter uma única referência, digna de registo, na Comunicação social dos nossos dias...
Sonhos são a chave mestra da existência. Abraço cordial
Luís:
Não comento a tua opinião sobre a comunicação social em Almada nos dias de hoje.
Mas comento, sim, o facto de a Sem Mais não ser um projecto almadense: é, como se dizia no editorial, setubalense «de gema».
Aliás, na verdade eles até nem simpatizavam muito com Almada, que consideravam ser uma cidadc violenta. No entanto eu chegava à redacção, em Setúbal, e ouvia os meus colegas "sadinos" queixarem-se de que tinham sido assaltados, que lhes tinham roubado o telemóvel, etc.
Vitorino
Phylos:
Obrigado pela visita e pelo comentário. Volte(a) sempre!
Vitorino
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