sexta-feira, julho 24, 2009

A "Capelinha das Andorinhas" (Almada, 1980) - actual Igreja do Mártir São Sebastião


A Igreja de São Sebastião é reaberta este sábado e devolvida ao culto religioso católico. Tem agora o nome de Igreja do Mártir São Sebastião, mas anteriormente - durante muitos anos, mesmo - foi conhecida como a "capelinha" das Andorinhas. Por estar localizada no "Largo das Andorinhas", em Almada. E por ter estado a funcionar como taberna ("capelinha", portanto).

Em 1980, o jornalista João Paulo Velez, do (extinto) jornal "o diário" veio a Almada conhecer os esforços que se faziam então para tentar salvaguardar o património cultural da cidade. E, na sua peça deu (natural?) destaque à tal "capelinha".

Note-se, porém, que o jornalista de "o diário" baseou o seu texto em informações prestadas pelo Centro Cultural de Almada - associação que teve, na década de 80 e início da de 90, um trabalho relevante, mas discreto e hoje praticamente desconhecido (e na qual tive o privilégio de trabalhar entre 1981 e 1987).

A peça jornalística faz uma interessante (mas necessariamente breve) caracterização da Almada na transição da década de 70 para a de 80 do século passado. Esta era, então, de acordo com o texto, «a quarta maior cidade do país», em evidente crescimento demográfico, mas também com um passado (recente) de «total falta de planificação e critério de desenvolvimento do espaço urbano» que as autarquias tentavam contrariar, apesar da «falta de verbas».

A "capelinha" seria, pois, o exemplo acabado da degradação a que chegara o património cultural almadense.

Em 2009 (quase 30 anos passados...) a capela (ermida ou igreja, como se preferir) está recuperada e pronta para entrar ao serviço...

Há, no entanto, quem considere que a opção que a Câmara de Almada tomou (entregar a capela à Igreja) não é a melhor. Dizem as vozes críticas que existem já no centro da cidade muitos locais de culto católico e que aquelas instalações deviam servir agora, depois de recuperadas, para serviços sociais, ou culturais. E eu até acho que sim. Deviam, sim senhor!

Mas a verdade é que a Câmara de Almada - que é a proprietária do edifício desde 1993 - há muito tinha avisado que iria entregar aquelas instalações ao clero católico. "Há muito" significa, neste caso, há mais de 10 anos: na década de 90 (não me lembro exactamente quando), numa das entrevistas que fiz com o vereador António Matos (do pelouro da Cultura), coloquei-lhe a questão; e ele respondeu-me que (cito de memória) a política da Câmara de Almada nestes casos é «respeitar os locais de culto religioso como tal, e entregá-los à Igreja».

Eu não concordo. Mas não posso dizer que a Câmara não tinha anunciado essa intenção já há muito tempo. (Acontece que, estranhamente, há quem o diga... Será que nós, almadenses, temos memória curta?)

quarta-feira, julho 22, 2009

Metro Sul do Tejo - o projecto de 1995


O Metro Sul do Tejo (MST) foi proposto pela Câmara de Almada em meados da década de 80, mas foi 1995 o ano decisivo para o arranque do projecto. Nesse ano, as autarquias de Almada, Seixal e Barreiro assinaram com o Ministério das Obras Públicas (liderado então pelo social-democrata Ferreira do Amaral) um protocolo para implementar o projecto - dizia-se que seria até 1999.

A primeira representação gráfica das linhas (reproduzida aqui segundo a versão que publiquei no semanário Sul Expresso, em 29 de Março de 1995) anunciava já que o MST iria passar, à superfície, pelas zonas onde está, actualmente, em funcionamento (cliquem na imagem para ampliar e confirmar isso mesmo).

Assumia-se desde logo não como "o metro de Almada" - há quem, hoje, lhe chame isso - mas como um "projecto estruturante para o arco ribeirinho do Tejo, ligando os concelhos de Almada Seixal e Barreiro, com posterior extensão ao concelho da Moita". (Hoje existe apenas no concelho de Almada, e no Seixal só até Corroios...)

O estudo de viabilidade técnica e económica foi apresentado ao Governo de então no dia 20 de Março de 1995. Em Almada, foi aprovado - por unanimidade e aclamação - numa reunião pública da Câmara, a 5 de Abril (fonte: Sul Expresso, 12 de Abril de 1995, "Almada aprova protocolo do Metropolitano", artigo de Ana Isabel Borralho). Finalmente, o protocolo de colaboração entre os poderes central e local foi assinado no Barreiro, a 18 de Abril de 1995, com a presença do ministro e dos presidentes de câmara.

Escrevi anteriormente sobre as origens do MST - num artigo com mais conteúdo (e melhor documentado, até), mas também mais opinativo.Encontram-no aqui:http://vitorinices.blogspot.com/2008/11/o-metro-sul-do-tejo-contribuies-para.html

Metro Sul do Tejo e zona pedonal de Almada (em Maio de 2002)


O Metro Sul do Tejo (MST) é projecto que está no papel desde 1995 e que, desde logo, definia o traçado actual, assumindo-se como um "metro ligeiro de superfície ou eléctrico rápido" (ver artigo acima deste, sobre o estudo de viabilidade do MST).

Sabia-se, portanto, que autarquias e Governo(s) queriam que o MST passase, como metropolitano de superfície, nos locais por onde hoje passa efectivamente (a única excepção a esse entendimento será - suponho - a zona do "triângulo da Ramalha").
No entanto, só em 2002 se ficaram a conhecer os projectos para a criação de uma zona pedonal (ou zona de trânsito condicionado, como alguns lhe preferem chamar) na cidade de Almada. Só em 2002... Ou melhor: desde 2002. Há sete anos, portanto, que o projecto é público, e tem vindo a ser publicitado pela edilidade almadense.
Veja-se o que foi publicado a este respeito no boletim municipal, em Maio de 2002. E compare-se com a realidade actual (o que foi feito e o que ficou por fazer).













Duas notas de rodapé:

Nota 1 - Não posso deixar de estranhar a exigência dos comerciantes, que querem reabrir ao trânsito automóvel a "zona pedonal" de Almada. Conheci cidades com zonas pedonais (Viseu, nos anos 80; Setúbal e Portalegre, em tempos mais recentes) e em nenhuma delas o facto de não haver trânsito desfavorecia o comércio - antes pelo contrário. E porquê esta contestação só agora? Andaram distraídos durante todo este tempo?

Nota 2 - É que, durante todo este tempo, não foi só a Câmara de Almada a falar sobre este assunto. A comunicação social também o fez. Eu, por exemplo, publiquei algumas coisitas, nos órgãos de comunicação onde trabalhei. Por exemplo, aqui.
http://vitorinices.blogspot.com/2007/05/ateno-vou-opinar-sobre-o-metro-sul-do.html

sexta-feira, julho 03, 2009

Há por aí um psiquiatra baratinho? Ou uma autoridade de saúde?

Mais uma vez, encontro-me sem internet, sem computador e sem local para trabalhar. Mais uma vez porque há quem - com mais poder que juízo - julgue que tem direito a interferir na minha vida e a impedir-me de trabalhar, alegando que... não trabalho (olha a lógica da alegação, não é?)!!! Mas, melhor ainda: alegando que nunca trabalhei, nunca fui jornalista, não o sou, nunca ganhei dinheiro, sou um vagabundo que apenas escreve poesia! (etc. etc. etc: estão a ver porque escrevi acima que tal gente tem mais poder que juízo, não estão?)

Pois... Em relação à vagabundagem, enfim, lá terão as suas razões para o dizer. Agora, que me fizeram perder o trabalho que tinha e que, aparentemente, muito se empenham em conseguir que eu continue sem meios para trabalhar - pois claro, vagabundeio! Mas esperam o quê? Que vá arrumar carros?

A sério: não há quem faça ver a essas pessoas que a realidade é diferente da história que inventaram a meu respeito naquelas cabecinhas? E, uma vez que estou a ser prejudicado por gente que, aparentemente, perdeu a noção da realidade, não há aí uma autoridade de saúde que
tome conta da ocorrência?

Estou só a perguntar. Perguntar não ofende, não é?

E não posso ser mais explícito. Se digo a verdade toda (com os nomes das pessoas incluídos no relato) ainda me acusam de difamação. Livra!

Portanto, o melhor é - mais uma vez - comer e calar.

Esqueçam lá isto e isto. E, já agora, também isto.

Não se passa nada. Eu sou só um maluquinho que anda na rua de mochila às costas porque não sabe fazer mais nada.

Pois. Deve ser isso, deve.