Tenho agora a honra e o prazer de vos apresentar aquele que foi (na minha modestíssima opinião) o melhor projecto editorial (pelo menos da imprensa escrita) que existiu em Almada nas últimas décadas: o Sul Expresso.
Jornal generalista, de periodicidade quinzenal, o Sul Expresso foi, no seu tempo, um projecto controverso (por não ter medo de incomodar os poderes, se tal fosse necessário) e, no entanto, ignorado da população em geral (porque nunca teve um circuito de distribuição eficaz, e porque os vendedores – ou, se preferirem, as “bancas” de jornais – não o punham à mostra porque “não vendia”... e, é claro, se não o punham à mostra, as pessoas não o conheciam, logo...“não vendia”).
Jornal generalista, de periodicidade quinzenal, o Sul Expresso foi, no seu tempo, um projecto controverso (por não ter medo de incomodar os poderes, se tal fosse necessário) e, no entanto, ignorado da população em geral (porque nunca teve um circuito de distribuição eficaz, e porque os vendedores – ou, se preferirem, as “bancas” de jornais – não o punham à mostra porque “não vendia”... e, é claro, se não o punham à mostra, as pessoas não o conheciam, logo...“não vendia”).
Eu não acompanhei o nascimento do Sul Expresso (estava, então, ainda a trabalhar na rádio). Mas sei que as primeiras edições sairam em 1993. Posso dizer-vos, também, que o primeiro director foi Óscar Soares. E que as pessoas que estavam na origem deste projecto eram quadros e dirigentes do Partido Socialista em Almada. Talvez por essa razão, o Sul Expresso ficou rapidamente conhecido como “um jornal do PS”... e (desculpem lá a franqueza) talvez esse epíteto fosse adequado, nos seus primeiros tempos.
(Aliás, ninguém me tira da cabeça a ideia de que o Sul Expresso apareceu como “resposta” a outro semanário – também de qualidade, editado no vizinho concelho do Seixal – chamado Outra Banda, e geralmente apontado como “simpatizante” do PCP. De resto - e simpatias à parte - em termos puramente jornalísticos, esses dois títulos foram, no decorrer dos anos 90, o melhor que se fez na região. Aliás, faziam concorrência um ao outro. E, no que diz respeito a qualidade, não tinham quem lhes fizesse frente.)
Depois dessa primeira fase, que não acompanhei, o Sul Expresso foi objecto de uma “remodelação” já no ano de 1995. Por razões que desconheço, Óscar Soares sai da direcção do jornal, que passa então a ter um novo director (curiosamente, também ele professor do Ensino Secundário), chamado Luís Maia.
É como vos digo: não sei o que esteve na origem dessas alterações. Mas sei que, de aí em diante, o Sul Expresso teve tudo (bem, quase tudo...) para ser o órgão de comunicação social “de referência” que ambicionava ser (e que merecia ter sido). Teve um director que não pactuava com “arranjinhos” partidários, mas queria fazer jornalismo responsável e sério (sinceramente, fiquei com essa ideia a respeito do Luís Maia, e mantenho-a até hoje). Tinha jornalistas de qualidade (dois exemplos: Raul Tavares e Marina Caldas). Tinha colaboradores como Fernando Rebelo e Artur Vaz. Até tinha, vejam lá, um paginador do Expresso (o original), chamado António José Ribeiro!
É como vos digo: não sei o que esteve na origem dessas alterações. Mas sei que, de aí em diante, o Sul Expresso teve tudo (bem, quase tudo...) para ser o órgão de comunicação social “de referência” que ambicionava ser (e que merecia ter sido). Teve um director que não pactuava com “arranjinhos” partidários, mas queria fazer jornalismo responsável e sério (sinceramente, fiquei com essa ideia a respeito do Luís Maia, e mantenho-a até hoje). Tinha jornalistas de qualidade (dois exemplos: Raul Tavares e Marina Caldas). Tinha colaboradores como Fernando Rebelo e Artur Vaz. Até tinha, vejam lá, um paginador do Expresso (o original), chamado António José Ribeiro!
E, a partir de 1995, passou a ter também este vosso humílimo servo, chamado António Vitorino.
Com o objectivo de informar, sem concessões, sem ceder a pressões, políticas ou económicas, o Sul Expresso investiu (enquanto foi possível) em reportagem, em actualidade política e social, e na investigação de assuntos relevantes para os concelhos-alvo (Almada, Seixal e Sesimbra).
Quando, em resposta a acções de bandos da extrema-direita (resposta desporporcionada e tão estúpida quanto a provocação, digo eu), os grupos de “negros” dos subúrbios de Almada fizeram da cidade uma das mais inseguras do país, o Sul Expresso não escamoteou essa realidade, e tentou entender as origens do “fenómeno”, os seus “motivos” e as eventuais soluções para o problema.Quando o Asilo 28 de Maio ruiu, causando vítimas entre a população que morava (de forma precária, para não dizer miserável) naquele espaço, o Sul Expresso acompanhou sde perto o problema, e os esforços que foram feitos para o resolver.
E quando, durante um inverno rigoroso, as escarpas de Porto Brandão e do eixo ribeirinho Ginjal-Arealva cederam (provocando, também, vítimas mortais) o Sul Expresso não poupou esforços para fazer a reportagem, mas também para, ouvindo as “partes” envolvidas no prtocesso, tentar entender os porquês do problema então criado e, mais uma vez, quais as soluções apontadas.
O Sul Expresso conseguiu mesmo, embora em ocasiões pontuais, chagar a notícias de grande relevância antes dos órgãos de comunicação social nacionais. Um exemplo (e - deixem-me lá ser vaidoso - um dos meus triunfos como jornalista) foi a divulgação, em primeira mão e em exclusivo, de um “pacote” de medidas governamentais para minorar os incómodos que as obras de reforço da Ponte 25 de Abril iriam causar na mobilidade das populações da Margem Sul. É verdade: o Sul Expresso foi o primeiro a divulgar essa notícia. E não foi por encomenda de nenhum ministro: foi mesmo por insistência e persistência (e alguma “ratice” jornalística), deste vosso amigo.
3 comentários:
Amigos: eu estou a escrever estas coisas num computador que não tem corrector ortográfico. Por isso, às vezes deixo passar alguns disparates.
Emendo agora o erro que me parece mais "chato" (há outros, mas não me incomodam tanto).
Onde se lê "chagar a notícias" deve ler-se "chegar a notícias", no sentido de sermos os primeiros a obter a informação referida - embora, na verdade, a gente até "chagasse" um bocado algumas instituições... mas não é disso que aqui se trata.
António Vitorino
Outro esclarecimento:
o artigo (reproduzido na última imagem) que tem como título "Lisboa Mais Perto" não corresponde à tal notícia "em primeira mão" sobre acessibilidades, a que me refiro no "post".
O que aqui aparece é também escrito por mim, mas já depois do anúncio oficial dessas "novidades".
O outro (escrito uns meses antes) existe, sim, mas não o consegui digitalizar a tempo de o incluir aqui.
A. V.
Estes dois projectos que falas, perderam-se, muito pela sua colagem aos partidos políticos de que falas, da qual nunca se conseguiram afastar (por muitos esforços que tenham feito...).
E a pluralidade é um posto na comunicação social.
E perderam-se também porque as pessoas de Almada, têm passado ao lado da imprensa regional, ao longo dos anos, não sei muito bem porquê...
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