terça-feira, dezembro 30, 2008

Janeiras - do Natal aos Reis


Cantar as Janeiras é uma das tradições que em Portugal - felizmente! - ainda se mantêm. Aqui fica uma contribuição (copiada de um caderno editado em 1979 pelo Centro Cultural de Almada) para o conhecimento dessa actividade festiva.

Nas vésperas do Ano Novo (ou Ano-Bom) e na véspera do dia da Festa dos Reis, à noite, bandos de crianças e adultos, com instrumentos de música, e na falta deles, com campaínhas e tambores improvisados com pequenos barris sobre que se ata uma pele, vão pelas portas das pessoas de quem esperam obter algumas dádivas, entoam diversos cantos - chama-se a isto pedir as Janeiras, o Ano Novo ou os Reis.

Os cantos já são romances ou estrofes tradicionais, improvisados no momento.

Canto de Rapazes

Ó da casa dê-nos Reis
Que não somos senão seis;

Bote-nos aqui num proto,
Que não somo senão quatro.

Se n'os podem dar
Bem se podem aviar;
Nós temos muito para andar
E pouco para arrecadar.

Também os adultos cantavam às portas, pedindo às senhoras, e em louvor de alguns santos.

Se os cantores não recebem nada "descantam" da seguinte forma:

Estes Reis que aqui cantamos
Tornemo-los a descantar
Estas barbas de farelos
Não têm nada que nos dar.

(Celourico de Basto)

Na Foz do Dão, entre os dias 3 e 6 de Janeiro, juntam-se rapazes e raparigas em grupos, percorrendo as ruas a pedir as "Janeiras".
Costumam dar-lhes chouriços, batatas, castanhas, maçãs, passas, vinho, etc.
Um deles vai à frente com uma candeia a alumiar, quando se acaba o azeite é costume encherem-lha na casa a que vão pedir.
Outro vai com um saco a recolher esmolas.

Se não recebem esmolas dizem:

Surrão, surrão
Esta casa vai ao chão

Quandos lhes dão dizem:

Ripa, ripa
Esta casa seja rica.

No fim assam as castanhas numa fogueira.

"Materiais para o Estudo das Festas, Crenças e Costumes Populares"
1881 - Adolfo Coelho

(Em "Festa das Janeiras" - edição Centro Cultural de Almada, 1979)


Mais informação (actualizada) sobre Janeiras:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Janeiras

Origens das Janeiras


Citando a publicação de 1979 do Centro Cultural de Almada, "Festa das Janeiras":

As origens das Janeiras perdem-se no tempo. Luís Chaves (conservador do Museu Etnológico) no seu livro "Páginas Folclóricas" - 1941 - diz-nos que a sua génese "entronca nos bailados e pantominas".

José Leite de Vasconcelos, director honorário (fundador) do Museu Etnológico, garante com base em documento histórico que desde o século XIV se cantam as Janeiras em Portugal.

António Feliciano de Castilho que viveu no Caramulo de 1826 a 1834, escreveu de lá que as "pagãs janeiras que ainda alguns se lembram de ter cantado já lá vão...".
Acrescente-se, no entanto, que apesar de tudo, a realidade actual parece contradizer esta afirmação de Castilho.

Com menos frequência, mas mantendo a tradição, cantam-se ainda as Janeiras em várias terras do país.

Assim, se são dados aos Janeireiros chouriços, vinho, etc., entoam cantigas enaltecendo por exemplo a família e a casa:

Quem diremos nós que viva
No grãozinho de arroz?

Viva a família toda
Por muitos anos e bôs.

Se nada lhes é oferecido "descantam":

Esta casa cheira a breu,
Aqui mora algum judeu;

Esta casa cheira a barro,
Aqui mora algum masmarro;

Esta casa cheira a fel,
Aqui mora algum luzbel;

Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto;

Semi-nus, rotos, descalços, às vezes a tiritarem de frio, é rara a noite de entre o Ano Novo e os Reis, que, em algumas freguesias da Beira Baixa, as crianças não andem, aos magotes, pelos balcões e pelas portas, a pedir e a cantar, em toada dolente, as janeiras.

Em Vale de Lôbo assim cantam as Janeiras:

Boas noites, boas noites,
Boas noites de alegria,
Que lhes manda o Rei da Glória,
Filho da virgem Maria.

Coro

Naquela relvinha
C'o vento gelou,
A Mãe de Jesus
Tão pura ficou.

Dominus Excelsis Deo,
Que já é nascido
O que nove meses
Andou escondido.

Em Escalos de Baixo, as Janeiras, cantadas do Natal ao Ano Novo, começam assim:

O Sol já vai raiando
Por cimas das oliveiras.
Erga-se lá, senhora,
Que vamos cantar as Janeiras!

Músicas acompanhadas com pífaro de pau (flauta rústica que usam os pastores)


"Etnografia da Beira" Vol I, 2ª edição - 1944, Dr. Jaime Lopes Dias

segunda-feira, dezembro 29, 2008

A minha primeira exposição de fotografia... (Dezembro de 1990)


Dezembro de 1990: o tal ano em que o "bloco de Leste" se desfez... Álvaro Cunhal ainda era o secretário-geral do PCP, mas havia também Carlos Carvalhas - o homem que teria a difícil tarefa de liderar o Partido Comunista Portugês nesses anos críticos (críticos para o ideal comunista, entenda-se) e que o fez muito bem (digo eu).
Em Dezembro de 1990 estávamos em campanha eleitoral para a Presidência da República Portuguesa, e Carlos Carvalhas era o candidato do PCP.


Eu era frequentador do Ritz Club e - por coincidência, ou não - a candidatura de Carvalhas faz uma acção de campanha nesse espaço da noite lisboeta. Eu tive a sorte, o privilégio (e essas coisas todas, etc. etc.) de ser convidado para apresentar alguns trabalhos meus. Pois: eu fazia fotografia (desde os anos 80) a preto e branco, com uma praktika mtl qualquer coisa, e até usava rolos da orwo (marcas da ex-RDA, a máquina e os rolos), e tinha muitas horas de experiência no laboratório do Centro Cultural de Almada... Enfim, tinha algumas fotografias para apresentar!
Então, com o meu amigo Rui Jorge Martins, decidi (decidimos) aceitar a porposta, e apresentar, no dia 29 de Dezembro de 1990, ao cimo da escadaria que dava entrada para as instalações do Ritz Club, alguns painéis com fotografias, aos quais chamámos PortFólios. (Não nos pediram um nome original, está bem? Pediram-nos, só, fotografias).

Aquilo foi uma exposição só de um dia. Soube-me a pouco e, por isso mesmo, propus à Casa Municipal da Juventude de Almada (Ponto de Encontro, em Cacilhas) realizar ali uma versão revista e aumentada. E assim se fez: se não me engano, foi em Janeiro de 1991 que as minhas fotos apareceram, pela primeira vez, numa exposição individual, em Almada.

Mais tarde, durante essa década de 90, fiz outras exposições: de fotografia (PhotoGraphias) no Ponto de Encontro, e de pintura a marcador, no Ponto de Encontro e num bar de Almada Velha que se chamava Alma da Velha... Mas essas coisas perderam-se. (Não fui eu quem as perdeu, não; mas enfim... não falemos de coisas tristes, mais uma vez...)

Mesmo a exposição de 1990/1991, perdeu-se quase toda. Ficou apenas isto:









A minha primeira exposição de fotografia (ou o que dela resta...).





domingo, dezembro 28, 2008

O Ritz Clube, antes de eu o ter conhecido...



O Ritz Club foi, durante anos, das mais míticas salas de espectáculo de Lisboa. Localizado na Praça da Alegria (perto do local onde hoje está o Maxime e mais perto ainda da sede da Federação Portuguesa de Futebol), o Ritz Club era um dos locais carismáticos do "bas-fond" lisboeta... Até que, nos anos 80, um tal de Vitorino Salomé (o famoso cantor, alentejano do Redondo) se interessou pela sala e, com uma pequena ajuda dos seus amigos, resoveu transformá-la em local "de culto", mas para outro tipo de público.


Foi nessa altura que outro Vitorino (pois: eu) a descobriu.

"As" descobriu, aliás: porque o Ritz Club era não uma mas duas salas. Num primeiro piso, um sítio mais recatado (digamos...) e, mais acima, a sala de espectáculos propriamente dita, com plateia de mesas - muito ao estilo "cabaré" - e um balcão e tudo.

Foi lá que vi, pela primeira vez, um concerto dos Ena Pá 2000 e... E não vou falar disso agora. Porque este artigo é sobre o Ritz Clube, mas antes de eu o ter conhecido.

Aqui ficam, então, excertos de uma reportagem feita pela revista Contraste, na sua edição número 3, em Abril de 1986:






E que tal uma página no MySpace sobre o Ritz Club? Sim, existe mesmo uma página no MySpace sobre o Ritz Club! Felizmente:
É aqui:
http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=303114256

Só durante um bocadinho, vamos fazer de conta que estamos em Dezembro de 1992


Em 1992, ainda não havia internet, não havia telemóveis, não havia televisão por cabo, não havia mesmo televisão em Portugal a não ser os dois canais da RTP... Era tudo um grande aborrecimento, o mundo era pequenino e a preto e branco. Portugal era um país triste, de hábitos pronvicianos, onde não acontecia nada; e era governado por um bando de "velhos do restelo" dos quais hoje já ninguém - felizmente ! - se lembra!...

Era isso, não era?...

Era?
Ou não era, mesmo?

Vejamos, por exemplo, dois noticiários de Dezembro de 1992:

No rescaldo do dia 30 desse mês (desse ano) as notícias (da Rádio Baía, às cinco da manhã já de dia 31) eram estas:
Em Portugal, greve dos ferroviários desconvocada porque a CP aceitou encontrar-se com os representantes dos trabalhadores, mas só em Janeiro de 1993. (Humm... enfim... adiante...)
Na Câmara de Lisboa, os vereadores do PSD criticam o presidente do executivo, Jorge Sampaio. Acusam-no de ter feito uma gestão autárquica a pensar numa futura e muito hipotética candidatura à Presidência da República (nas eleições de 1996) e dizem que, com isso, a edilidade viveu um ano de «euforia pré-eleitoralista». E quem defendia essas posições, e lançava esses ataques isso em nome do PSD? Pois nem mais nem menos que essa reminiscência política do fossilizado e, muito justamente já esquecido século 20 - eminência parda dessas eras obscuras, que dava pelo nome de Marcelo Rebelo de Sousa!
Marcelo, o próprio, não poupava críticas também ao então Presidente da República, Mário Soares (lembram-se? e o primeiro-ministro era Cavaco Silva... lembram-se também desse ilustre cavalheiro?...). Afirmava então Marcelo que «é surpreendente a forma como o Presidente se interessa agora pelas obras em curso na capital».
Mas, entretanto,a mesma autarquia anunciava uma campanha para informar os utentes do eixo rodoviário norte-sul sobre as novas acessibilidades que, no final de 1992, aquela via estruturante da cidade de Lisboa passava a oferecer aos munícipes e outros habitantes da capital. Campanha para evitar, por exemplo, os engarrafamentos ocorridos em Sete Rios quando a nova via abriu
e...
Pois, isto também já é história. Obras no eixo norte-sul, caramba!, é mesmo coisa do passado. Não é?
(Por acaso o eixo norte-sul ficou concluído só este ano mas, claro, isso não interessa nada para o caso, pois não?)
Do resto do mundo chegava a notícia de que uma sondagem realizada em França pelo jornal Le Parisien revelava que a maioria dos cidadãos desse país era favorável a uma intervenção armada na Bósnia-Herzegovina (e sabe-se o resultado que isso deu, mais tarde...).

Mas a grande notícia, a enorme notícia, era a entrada em vigor, a 1 de Janeiro de 1993, do Mercado Único Europeu!!!


Agora é que ia ser: «um cidadão da Europa que, por exemplo, apanhe um avião em Lisboa com destino a Roma não terá as bagagens revistadas; pode pedir um empréstimo bancário (por exemplo, também) em Amsterdão, mas se ali comprar um carro vai ser obrigado a pagar os impostos respectivos em Portugal». O "mercado único" arrastava «uma série de incógnitas e de vazios jurídicos», mas abria novas possibilidades» (naqueles paleolíticos tempos ainda não estava na moda a expressão "janela de oportunidade: era oportunidade, só, ou posibilidade,... enfim) «aos cerca de 340 milhões de cidadãos do espaço comunitário».







Tudo isto é tão distante, não é?
Isto e isto:

Também em Dezembro de 1992, entre questiúnculas menores - tipo reformas no Ministério da Agricultura, polémica à volta da Lei do Mecenato (apresentada por um secretário de Estado da Cultura que existia nesses paleozóicos tempos, Santana Lopes, de sua graça) e divergências entre PS e PSD sobre a Lei Eleitoral e sobre a regionalização (com Almeida Santos, um ilustre senhor desses arcaicos dias, a defender a posição do PS...) - chegavam notícias de um Presidente da República Federativa do Brasil (Fernando Collor de Melo) que ía ser julgado pelo sistema judicial do seu país, e tentava adiar a sentença... Mas a grande dúvida parecia ser: onde vai George Bush passar o Natal? Em Washington? Ou na Somália, junto das tropas americanas? Sim, os yankees também mandaram tropas para a Somalia, em 1992... Agora são os chineses... Por causa dos piratas.

Mas nesses oh tão distantes tempos, eram os americanos (por causa dos "senhores da guerra") e... pois, o Bush a que me refiro é mesmo o pai do ainda presidente...






E dizia então alguma media norte-americana que o "ainda presidente" pode passar o Natal na Somália! «Ainda presidente», em 1992 - com Clinton eleito, mas não em funções.

(Bush foi, de facto, à Somália, mas só em 1993. E, que eu saiba, não levou com nenhum sapato.Tristes tempos esses, os do início dos anos 90...)

Muito pequenina e discreta nota de rodapé: há quem diga que eu nunca fui jornalista, nem o sou agora. É claro que um jornalista publica o seu trabalho - logo, tem maneira de demonstrar facilmente se foi, ou é, aquilo que diz ser. E isto é tão óbvio que dispensa, ou devia dispensar, explicações. Mesmo assim, há quem insista em dizer que não senhor, eu sou é um grande mentiroso (enfim, dizem mais algumas coisas, mas não aprofundemos isso agora, porque teria de desmontar algumas difamações, e isso levar-nos-ia longe, porque difamação é crime - coisa para ser tratada em tribunal - e além do mais este blogue até é um bocado "show-off",
sim senhor, como quase tudo na internet... mas não tanto, convenhamos!).
No entanto - sem aprofundar muito - concluamos: se eu sou mentiroso (é o que se diz... no mínimo) e se o que fiz, parece que afinal não o fiz (diz-se), e se o que faço agora, parece que afinal não o faço (a sério: já me vieram dizer coisas dessas!)...

Então: as pessoas para quem eutrabalhei, os meus colegas de trabalho, as pessoas com quem contactei profissionalmente, as que entrevistei, aquelas com quem convivi... É tudo mentira? Não aconteceu?
E então (paralogismo, em vez de silogismo - só porque é mais adequado para este caso, entenda-se): estes noticiários não existiram!? E os trabalhos que publiquei neste blogue, não os fiz, nunca!!? Nem os antigos, nem os recentes!!!?
E, se eu sou mentiroso (no mínimo...) as pessoas que comigo trabalham e com quem me relaciono e colaboro são mentirosas (no mínimo) também! Será isso?
Admitir isto seria anedótico, se não fosse grave.
Mas, exactamente por se tratar de um assunto grave, fico-me por aqui, agora. E sim, tenho muita paciência...

(fim de nota de rodapé)

terça-feira, dezembro 23, 2008

Boas festas... e boas leituras!


Entre a tonelada e meia de cartões de boas festas que a gente recebe nesta ocasião (e aproveito para agradecer e retribuir a todos a amabilidade), há alguns que nos tocam particularmente.

Neste caso, o enviado pela marionetista Ângela Ribeiro.
E é o escolhido porque:
eu gosto de fantoches (e de marionetas, também - mas mais de fantoches)
é uma produção original
e apela à leitura - uma coisa boa para fazer nestes tempos, especialmente se não formos muito dados a celebrações litúrgicas e/ou consumistas.

Boas Festas, amigos da Frente Anti-Racista!


Com este postal, a Frente Anti-Racista (FAR) desejava, há uma década atrás, um bom Natal de 1998. Reproduzo aqui o postal, mas a ideia é mesmo chamar a atenção para o novo "site" da FAR (http://www.frenteantiracista.pt/). E apetece-me dizer: finalmente!

É que a FAR existe desde o princípio dos anos 90 (nasceu de uma cisão no seio do SOS-Racismo português), tem actividade regular e continuada junto das associações de imigrantes (a propósito, encontram uma entrevista com dois responsáveis da organização no meu blogue de entrevistas), mas andava pouco visível neste grande meio de comunicação social que é a internet.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Poetas "vadios" e festa de Natal na rua

Sábado, dia 20 de Dezembro de 2008. A "poesia vadia" faz, finalmente, uma sessão no espaço principal da biblioteca municipal de Almada.

Foi uma sessão diferente: com as cantadeiras da Alma Alentejana, com a apresentação de um novo grupo de jovens poetas (Jovens Poetas Vadios) que lançaram um caderno Index Poesis - Uma dúzia de páginas de poesia, com poemas seus (mas querem, e muito bem, captar novos colaboradores); e com a distribuição do Debaixo do Bulcão poezine número 34 e meio, edição especial uma dúzia de anos.

Bem... devia ser aqui que eu entro (enquanto "inventor" desta coisa que não me larga há 12 anos...) mas não: é aqui que eu saio.

Porque, por muito interessante que seja uma sessão de "poesia vadia" na biblioteca, lá fora estava a acontecer outra coisa melhor: é que o povo (hummm... uma parte dele...) estava na rua, a comemorar o Natal!

É que eu gosto é de ver o meu povo na rua a divertir-se, a... enfim, a vadiar.
Por sorte, aquele fim de tarde e aquela noite até nem estavam tão frios como acontecera nos dias anteriores. E, apesar de as pessoas já não se darem ao incómodo de sair à rua, nesse dia (e nessa noite), Almada estava assim:

E até havia disto:



(Coisa que me faz ter uma inveja do caraças, porque no meu tempo o Natal era uma seca. Ainda é. Mas com "performances" destas, torna-se mais suportável. Eu é que já não tenho idade para estas coisas... Pois não?)

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Tomem lá mais este!


O Debaixo do Bulcão comemora 12 anos de edições alternativas com a publicação do poezine número 34 e meio...

É um número especial, só com textos de autores convidados. Mas isso acontece, como se costuma dizer, uma vez sem exemplo. Assim, a próxima edição será aberta à participação de todos os interessados. Como é costume, aliás.

Deste número 34 e meio (chama-se assim por sugestão do Jorge Feliciano, que é um dos colaboradores mais antigos e é quem paginou esta edição) temos, por agora, apenas 50 exemplares, que podem ser adquiridos, à borla (isso - é ponto assente - não muda!) na próxima sessão de Poesia Vadia, que acontece sábado, dia 20, a partir das 17h30, no Fórum Municipal Romeu Correia (biblioteca central de Almada).

quarta-feira, dezembro 17, 2008

UHF regressam a Almada... em 2008!

Os UHF são uma das bandas históricas da musica moderna portuguesa. Eu fui fã deles, nos anos oitenta; depois, já nos noventa, cansei-me de os ouvir; agora quero prestar-lhes a minha pequenina homenagem, em forma de artigo blogueiro.

Mas antes de mais nada, aqui vai alguma informação - que copiei do boletim municipal de Almada - sobre a banda.


«A Academia Almadense é palco, a 20 de Dezembro, pelas 22h00, do último concerto da digressão "30 Anos Ligados à Corrente" dos UHF. É o regresso à cidade de onde os UHF partiram um dia, num concerto carregado de simbologia e emoção.Os UHF foram fundados em 1978 e a formação inicial era composta por Américo Manuel (bateria), Carlos Peres (viola-baixo), Renato Gomes (guitarra) e António Manuel Ribeiro (voz e guitarra).O primeiro concerto dos UHF aconteceu a 20 de Novembro de 1978 no Bar É, em Lisboa. No ano seguinte, os UHF já percorriam o país inteiro, chegando mesmo a fazer a primeira parte dos concertos de Dr. Feelgod e Elvis Costello.»
Estão, portanto, apresentados a quem eventualmente não os conheça.

Agora - porque isto é um blogue pessoal, meu, do Vitorino - vou entrar numa de confissões e dizer-vos que, no princípio dos anos 80, eu era mais do que um fã dessa banda: era um verdadeiro fanático!

Num tempo em que o rock estava na moda (com muita influência da "new wave" que nos ia chegando aos ouvidos em programas de rádio como o Rock em Stock, de Luís Filipe Barros, ou o Rolls Rock, de António Sérgio (que, mais tarde, fez também o Som da Frente), o "rock português" aproveitava a boleia e, com alguns anos de atraso (como era habitual nesse tempo no nosso país...) lançava-se à conquista dos ouvidos (e do mercado...) dos jovens lusos.



Eu já conhecia bandas interessantes, como os Corpo Diplomático (onde estava, por exemplo, um senhor "chamado" Dedos Aires - Pedro Aires Magalhães) ou a Go Graal Blues Band (que tinha um vocalista que respondia pelo nome de Paulo Gonzo). Mas uma banda assumidamente de "rock português", que cantava na língua de Camões e essas coisas todas e que, ainda por cima, era de Almada... pois, esses eram os UHF!



Portanto, estava eu fascinado com os Cavalos de Corrida, e eles a prometer um grande álbum chamado "À Flor da Pele"... E eu a ir, todos os dias, a uma loja de discos no Centro Comercial de Almada, para ter esta conversa: "o disco dos UHF já saiu?... ah, ainda não foi hoje...! Tá bem, volto amanhã..." (era um puto, ok?)
Entretanto, entre o segundo single (Cavalos de Corrida) e o primeiro álbum (À Flor da Pele), os UHF vêm à Incrível Almadense fazer um concerto... E eu (obviamente!) lá estava a curtir.
Foi nesse espectáculo (numa sexta-feira, 13 de Fevereiro de 1981) que os UHF voltaram a Almada "na Maior"... e que outra banda desta cidade (Roquivarius), fez o seu primeiro concerto, e...
Bem, em vez de vos tentar descrever esse concerto, deixo-vos um artigo de jornal, publicado no semanário Musicalíssimo, assinado pelo jornalista José Salvador.
Aqui está:







Site oficial dos UHF:
http://www.uhfrock.com/

terça-feira, dezembro 16, 2008

O que está a acontecer na Grécia?


Leio, no blogue exarchialx, isto:

«No dia 9 de Dezembro um fotógrafo pediu a publicação duma imagem que mostra um oficial de polícia apontando a sua pistola para a multidão, uma provocação que decorreu um dia após o homicídio do adolescente que levou as multidões a protestos em todo o país. Inicialmente o jornal “Eleftheros Typos” – que ironicamente em grego significa “Imprensa Livre”– publicou a foto numa página interior. Mas o fotógrafo não guardara a determinação e no dia seguinte, possivelmente depois da gerência ter recebido queixas importantes por personalidades de alto grau, perdeu seu emprego.»


Ora, isto é o género de informação que não chega até nós pelos canais televisivos (ou pelos outros canais) do "centrão" político que nos governa a todos (se calhar devia ter posto governa entre aspas, mas adiante, que vocês certamente entenderam a ideia).

Eu não concordo com tudo o que se diz nesse blogue, note-se.
Não acredito assim logo à primeira na versão "anti-oficial" (o rótulo sou eu que o ponho, não está nesse blogue) segundo a qual o jovem que foi morto pela polícia era um inocente que até nem estava a fazer nada de mal. Pode ser verdade. Mas pode não o ser. Se esse jovem estivesse, como diz a polícia grega, a atacar um carro-patrulha, qual é o problema de o admitir?
Não deixaria de ser um jovem corajoso que, à sua maneira, terá tentado lutar contra o "sistema". (Se o método usado é ou não o mais correcto e admissível, isso é outra questão.)

O problema fundamental é, na minha opinião, outro. É que tudo isto não se resume a uma pequena revolta contra "o sistema" (e o "sistema" tem as costas largas, como se sabe), mas parece-me ser, sim, um grande levantamento popular contra políticas capitalistas anti-sociais (escrevi sociais e não socialistas, ok?) que o "centrão" que nos governa (Grécia incluída) tem desenvolvido, desde os anos 80 - com governos mais ou menos "conservadores" ou mais ou menos "socialistas".

De resto, quem escreve nesse blogue tem opinião que não parece ser muito diferente da minha:

«O movimento social na Grécia protesta contra a violência que a polícia exerce sobre os cidadãos, cujo caso mais recente foi o assassinato de um jovem de 16 anos. Mas os protestos são também contra as crescentes desigualdades sociais.

Neste mundo, quase todos os gregos com menos de 25 anos sabem que pertencem ao que é chamado por todo o lado como "a geração 700 euros", a primeira geração depois da segunda guerra mundial que cresce com a certeza que vai viver uma situação pior que a dos seus pais. Uma geração com poucas perspectivas de um futuro melhor e ainda menos esperança nesse futuro.»

E, mais adiante, depois de criticar uma visão "cinematográfica" e folclórica dos gregos como gente com «uma vaga tendência “histórica” (...) de se rebelarem contra a autoridade – como se os manifestantes furiosos e os cocktais Molotov atirados às esquadras nas últimas noites estivessem de alguma maneira directamente relacionados com a cultura de guerra dos Espartanos ou até, segundo a opinião fundamentada de John Carr, com as guerras dos Troianos» (toma lá, digo eu...) lê-se ainda:

Neste mundo, os gregos sofrem ironicamente de uma elite política e económica corrupta, que, nos últimos anos, esteve constantemente ligada a escândalos de dinheiro público e até terra pública; elite esta que, no entanto, se recusa, sem vergonha, a sequer pedir desculpa, muito menos a aceitar reformas.

É neste mundo – e não no mundo dos comentadores com inclinações arqueológicas – que uma única bala pode incendiar uma raiva que tinha vindo a crescer num ritmo constante nos últimos anos; e, numa nota positiva mas cautelosa, a incendiar também uma alma pública, de que tanto se precisa, à procura de um país.

Claro está, não faz sentido pedir-vos que façam alguma coisa por isto. Mas faz sentido pedir-vos que façam alguma coisa.
A próxima vez que lerem sobre “protestos sem sentido” noutro país, por favor, parem por um segundo a pensar no que o olho jornalístico é incapaz de ver.

E, por favor, lembrem-se que as pessoas não queimam as suas próprias cidades só porque têm mau humor nacional.»

Embora, no que diz respeito a "olho jornalístico" e às razões que levam as pessoas a queimar as suas cidades, eu até tenha algumas objecções, recomendo vivamente este blogue.

Eu vou acompanhá-lo: será uma das minhas fontes de informação sobre este levantamento popular na Grécia.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

O mural do Centro Cultural de Almada: não se pode preservá-lo?


O antigo edifício do Centro Cultural de Almada (em Almada Velha, bairro de São Paulo) foi demolido para abrir espaço a um novo e muito necessário parque de estacionamento e a um novo e talvez não menos necessário estabelecimento de ensino (que, no caso, vai substituir, com vantagens, a escola que anteriormente ali existia).

Eu, que estive no Centro Cultural de Almada (CCA) durante a primeira metade da década de oitenta, até nem tenho nada contra essa demolição - em primeiro lugar, porque o edifício do CCA não era, efectivamente, nada de especial; e depois porque entendo muito bem a necessidade de fazer ali novos lugares de estacionamento (e, já agora, uma nova escola).

Mas parece-me, também, que é sempre possível "melhorar a vida sem destruir o património". E o património, neste caso, é a pintura mural que ainda lá permanece.

É património (ou tem importância histórica, o que vem a ser o mesmo) porque será talvez a primeira coisa do género que se fez em Almada (e das primeiras coisas do género que se fizeram em Portugal). No princípio dos anos 80 - muito antes de qualquer manifestação artística tipo grafiti!
E é, também, uma obra de arte: olhem para essa pintura e digam-me se o é ou não! Uma obra de arte que (parece-me, e julgo que não estou enganado) podia muito bem ser preservada, restaurada (não deve ser muito difícil...) e enquadrada no limite exterior do futuro complexo. Afinal, trata-se de um muro que delimita o perímetro da zona a ser intervencionada, junto a uma zona residencial. Suponho, portanto, que não há necessidade de o demolir.






Para que se perceba melhor o que digo, aqui fica, também, a maquete publicada pela autarquia no boletim municipal.


O mural do CCA está, mais ou menos, no topo do campo de jogos (que ali aparece como uma parede branca). Ficava bem, não? O desporto de mãos dadas com a memória cultural da cidade...

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Manoel de Oliveira: 100 anos!

O mais irreverente dos grandes realizadores portugueses de cinema comemora hoja 100 (cem!) anos de vida, e muitos - não sei quantos... - de cinema!

Nesta data, muito se terá já dito sobre o homem e o cineasta.
E eu, que não tenho nenhuma competência para acrescentar o que quer que seja de relevante, apresento, então, uma muito singela homenagem: o fac-simile de uma publicação do Instituto Português de Cinema, datada de 1979, com texto de um outro cineasta, também ele dos melhores que temos (António-Pedro Vasconcelos), a propósito do "escandaloso" Benilde ou a Virgem Mãe.




(E sim, considero mesmo que Manoel de Oliveira é o mais irreverente dos cinestas portugueses.)
Para conhecer melhor Manoel de Oliveira:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Oliveira

segunda-feira, dezembro 08, 2008

joão vasco henriques em São Petersburgo!


Pois é: o poeta almadense joão vasco henriques bazou mesmo prá Rússia, onde se foi reunir com a trupe dos Mr. Pejo's Wandering Dolls! Parece que havia por cá quem ainda tivesse dúvidas - e é por isso mesmo que Coisitas do Vitorino se orgulha de apresentar, em rigoroso exclusivo mundial, a foto-reportagem da chegada do artista ao aeroporto de Pulkovo (devidamente acolhido por um entusiástico comité de recepção) e de alguns momentos do poeta na "sua" "nova" cidade.







(Em breve, poderemos ler as crónicas de São Petesburgo, de joão vasco henriques, no Almada Cultural por extenso. Não é, vasco?)

sábado, dezembro 06, 2008

Sérgio Godinho - O elixir da Eterna Juventude




Ah que estou arrependido
De ter feito e de ter tido
Ai oração, ora seja
Como a que ouvi na igreja

Mea culpa, mea culpa
Minha máxima desculpa
É ter vindo p'ro presente
Conservado em aguardente

Quero ser p'ra sempre jovem
As munhas células movem
Uma campanha eficaz
Água benta e água-raz

O elixir da eterna juventude
Esse que quer que tudo mude
P'ra que tudo fique igual
Estava marado
Falsificado
É desleal!

Vou implorar aos apóstolos
Mas é pior, que desgoto-os
Com tanto pecado junto
Não lhes pega nem o unto

Vou recorrer aos meus santos
Esses, ao menos, são tantos
Que há-de haver um que me acuda
Senão ainda tenho o Buda

Maomé vai à montanha
O Papa, ninguém o apanha
Na Rússia, o rato rói a rolha
Venha o diabo e escolha

O elixir da eterna juventude
Esse que quer que tudo mude
P'ra que tudo fique igual
Estava marado
Falsificado
É desleal!

Misticismo agora à parte
Envelhecer é uma arte
"Arte nova", "arte final"
Numa luta desigual

Só me vou pôr de joelhos
Ante o mais velho dos velhos
E perguntar-lhe o segredo
De p'ra ele ainda ser cedo

Quando o espelho me mira
Já nem o chapéu me tira
Deito-lhe a língua de fora
Pisco o olho e vou-me embora

O elixir da eterna juventude
Esse que quer que tudo mude
P'ra que tudo fique igual
Estava marado
Falsificado
É desleal!

Estou velho!
Dói-me o joelho
Dói-me o antebraço
Dói-me a parte interna
De uma perna
A parte amiga
Da barriga
Que fadiga
O que é que eu faço?
Escolho o baço ou o almoço?
Vira o osso
Dói pescoço
É do excesso
Do ex-sexo
Alvoroço
Reboliço
Perco o viço

Já soluço
Já sobroço
Esmiuço
Os meus sintomas
E já agora, do meu médico
Os diplomas

Esmiuço
A consciência
E já agora, apresento a penitência


Sérgio Godinho

http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_Godinho
http://www.myspace.com/sergiogodinhooficial

(a propósito do meu 45º aniversário... "estou velho, dói-me o joelho"... eh eh eh!... queriam!)

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Poesia Vadia, no Almada Cultural (por extenso)


As sessões mensais de "Poesia Vadia" (dinamizadas por Ermelinda Toscano e pelo projecto Poetas Almadenses) estão a decorrer no último sábado de cada mês, no Le Bistro Café.

Fotografias da última sessão - feitas por Rui Tavares -estão já disponíveis no Almada Cultural (por extenso):

quarta-feira, novembro 26, 2008

O Metro Sul do Tejo: contribuições para a sua história


No dia em que o Metro Sul do Tejo chega (finalmente!) a Cacilhas, decidi armar-me em pretensioso e publicar aqui no meu cantinho algumas "contribuições para a história" do dito.

Parece que a ideia vinha já dos anos 80. Mas as referências documentais mais antigas que tenho nos meus arquivos pessoais remontam a 1995. Por exemplo, nesta publicação de propaganda política da CDU...



... ou neste jornal, o Sul Expresso, conotado com o Partido Socialista (embora não fosse assim tão "socialista" entre aspas: eu trabalhava lá - e, apesar de me chamar também António Vitorino, não sou o dirigente do PS, como certamente já repararam...).




Portanto, em 20 de Março de 1995, o estudo de viabilidade técnica e económica (entregue ao ministério liderado por Ferreira do Amaral) era apresentado publicamente. E, como se pode ver, já previa o actual traçado dentro da cidade de Almada. Previa ligações à Costa de Caparica (façam o favor de confirmar) e ao Seixal e Barreiro, com a possibilidade de posterior extensão até à Moita (é o que está no mapa, não é?).Claro que os prazos eram muito"optimistas". Mas em Portugal os prazos são sempre "optimistas", certo?



No mesmo ano, a 5 de Abril, a Câmara de Almada aprovava em reunião pública o protocolo do MST, "por unanimidade e com direito a palmas", como reportava então a jornalista do Sul Expresso Ana Isabel Borralho.


A 18 de Abril de 1995, o Governo e as quatro autarquias envolvidas no projecto (Almada, Seixal, Barreiro e Moita) assinavam um protocolo de colaboração. O ministro das Obras Públicas, Ferreira do Amaral, fazia então uma notável "declaração de intenções" na qual considerava ser a ferrovia o "transporte do futuro" (não sei, mas parece-me que ouvi recentemente alguém do actual Governo dizer qualquer coisa semelhante...).





Claro que, já nesse tempo, se levantavam algumas vozes de esclarecidos (e anónimos) cidadãos, indignando-se contra o projecto e avisando as gerações futuras quanto às nefastas consequências do "comboio". Por exemplo, este cronista residente do "socialista" (entre aspas) Sul Expresso, que assinava como "rosinha dos limões":




Entretanto, a antiga Rodoviária Nacional era privatizada, passando a chamar-se então (e até hoje) TST - Transportes Sul do Tejo. Quem nesse tempo chefiava os TST garantia ao Sul Expresso que a empresa estava preparada para "enfrentar a concorrência".




Note-se que os TST pertenciam então ao Grupo Barraqueiro, actual "patrão" do Metropolitano da Margem Sul; e hoje pertencem ao grupo britânico Arriva (que os adquiriram ao Grupo Barraqueiro, pois claro); e note-se também que, há poucos anos, os dois grupos tentaram criar uma "holding" de transportes, numa operação de concetração que foi chumbada pela Autoridade da Concorrência; note-se, por último, que o grupo Arriva é accionista de empresas do grupo Barraqueiro e que este, por seu lado, é accionista de empresas do outro... Confusos?

Enfim, eu em 1996 ainda não sabia de nada disto. Nem desconfiava. Daí as minhas tão "cândidas" perguntas sobre a concorrência entre os dois meios de transporte.

Alguns anos mais tarde - em 2002, para ser mais preciso - voltei a falar com responsáveis dos TST, do grupo Barraqueiro (e, nesse caso, também com a Transtejo). Deixo isso para outro artigo. Mas, se quiserem, podem espreitar o que já escrevi sobre o assunto clicando aqui:
http://vitorinices.blogspot.com/2007/05/ateno-vou-opinar-sobre-o-metro-sul-do.html

quinta-feira, novembro 20, 2008

Brasil-Portugal? Para mim dá (quase) sempre empate!


O que eu quero dizer com o título desta crónica é que, entre selecções de Portugal e do Brasil, pode vencer uma ou a outra que, normalmente, eu fico satisfeito. Se Portugal vencer, melhor. Se vencer o Brasil, não fico triste.

(Lembro-vos que nasci no Rio de Janeiro, mas a minha família vive toda em Portugal. E só recentemente adquiri a nacionalidade portuguesa. Logo, "torço" pelos dois países. E não apenas nestas coisas do futebol.)

Asim sendo, gostei muito do jogo de ontem. Portugal fez asneiras das que se pagam caro e o Brasil deu "show de bola" (ou, como se dizia antigamente em terras lusas, "deu um baile").

Claro que, não fosse um jogo "a feijões" talvez eu estivesse a apoiar mais a selecção das quinas. Como aconteceu, por exemplo, em 1991, no Mundial Sub-20, em Lisboa. Lembro-me que estava a trabalhar, a passar som nas Festas do Barreiro, a ouvir o relato do jogo na rádio - mas quando chegou a vez dos penáltis, qual trabalho qual quê: larguei tudo, fui a um café ali perto ver a coisa na TV e fartei-me de pular de alegria.

Já em 1994, nessa chatíssima final do Mundial entre o Brasil e a Itália, estava a torcer incondicionalmente pelo Brasil - e, em particular pelo goleiro Taffarel.

Em 1998 foi para esquecer... Aliás, nem vi o jogo: estava em Setúbal, na redacção da Sem Mais, sozinho, a fechar a edição do Jornal da Região, com um olho no écran do computador e o outro no écran da TV. Mas parece que não perdi grande coisa (humpf!...).

Enfim, a minha intenção não é estar aqui a maçar-vos com episódios da minha monótona vidinha.

O que eu quero mesmo é chamar a atenção para o "fair-play" e sentido de humor manifestado pela Embaixada de Portugal no Brasil. Lê-se no blogue da instituição (de onde, a propósito, retirei a imagem que encabeça este artigo):

«Confirmando a tradição de ser sempre o primeiro no Brasil, Portugal fez o golo inaugural na história no novo Estádio Bezerrão, na cidade do Gama, nos arredores de Brasília, no jogo amigável entre as selecções de futebol dos dois países, que inaugurou aquela instalação desportiva.»

O texto completo econtra-se aqui:

quarta-feira, novembro 19, 2008

A P'Almada fez cinco anos! Parabéns à P'Almada.


Ela chama-se P'Almada, mas não representa violência: representa, quando muito, uma palmadinha amigável no ombro (ou nas costas, se preferirem..)

Ela é uma revista publicada pela Câmara Municipal de Almada, feita por jovens e para os jovens (o que não significa, necessariamente, que seja a revista dos jovens...).

Existe há 5 anos. E, para comemorar, lançou uma edição especial de aniversário, no Ponto de Encontro (Casa da Juventude, Cacilhas), durante a Feira Internacional do Fanzine.





Como se pode ver, o evento contou com a presença da presidente da Câmara, Maria Emília de Sousa, e do vereador da Cultura, António Matos. E de muitos colaboradores da publicação (que estavam lá, embora nestas fotos apareçam apenas os que estavam na mesa: Vanessa Fernandes e Miguel Nuno Vargas).


Ah, pois: houve também um concerto com a banda almadense Skalibans. E foi só nessa altura que o "ponto" ficou repleto de jovens.




Ainda há muito a fazer no nosso país para incentivar os hábitos de leitura, não é?

Edições da revista (disponíveis em pdf) no site da Câmara Municipal de Almada:http://www.m-almada.pt/portal/page/portal/CMA/INFORMACAO_MUNICIPAL/P_ALMADA/?1=1&actualmenu=4162989
E, já agora...
Notícia do lançamento do primeiro número da revista, no site da Escola Secundária Anselmo de Andrade:http://www.esec-anselmo-andrade.rcts.pt/Noticias/N4/n4.htm


PS (abreviatura que, que, como vos tenho dito, não significa Partido Socialista, mas sim post scriptum): se alguém achar que estas fotos dão jeito para... sei lá... olhem, para dizer mal da Câmara de Almada, não se acanhem, usem-nas à vontade. Mas não se esqueçam de mencionar o blogue de onde as copiaram. Fazem-me esse obséquio? É que, além do mais, a atitude é democrática e fica bem a quem a pratica. Pode ser? Obrigadinho, pá.