terça-feira, novembro 24, 2009

Evocando o poeta António Gedeão (e o cientista e multifacetado artista Rómulo de Carvalho), no dia do seu nascimento...



«Professor de Química e Física, poeta, investigador, historiador, escritor, fotógrafo, pintor e ilustrador, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, filho de um funcionário dos correios e telégrafos, José Avelino da Gama de Carvalho e de uma dona de casa, Rosa das Dores Oliveira Gama de Carvalho, que tinha como grande paixão a literatura apesar de contar somente com a instrução primária, nasceu a 24 de Novembro de 1906 na Rua do Arco do Limoeiro (hoje Rua Augusto Rosa) na lisboeta freguesia da Sé.» - é assim que começa a nota biográfica no site http://www.romulodecarvalho.net/
(o mais completo e rigoroso entre os que pesquisei na net).


Mas, porque um poeta vale pelos poemas que escreve, e porque a melhor forma de o homenagear é ler a sua obra, aqui fica:




Lágrima de preta


Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio."


António Gedeão, in Máquina de fogo

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