quarta-feira, junho 11, 2008

Sobre a luta dos camionistas portugueses:


1 - A reivindicação do "gasóleo profissional" é antiga e - na minha opinião - justa.


2 - Com a actual "crise" dos combustíveis (melhor dizendo: "crise" de especulação financeira sobre o preço dos combustíveis), os camionistas tiveram um "bónus" imprevisto nas suas reivindicações. E fazem muito bem em aproveitá-lo, digo eu.
3 - Os "cidadãos comuns" deste país também ficaram indignados com os abusivos aumentos dos preços dos combustíveis. E, num primeiro momento, manifestaram-se todos (manifestamo-nos todos) a favor da luta dos camionistas. Mas agora, que essa luta está a ter como resultado a falta de combustíveis nas bombas e, em breve, a falta de produtos frescos nos mercados e nas "grandes superfícies comerciais", já se começa a ouvir dizer que "sim, está bem, eles têm razão para esta luta... até certo ponto!". Ou seja: lutem lá, mas não nos incomodem. O "certo ponto" é esse mesmo: a partir do momento em que nós também temos alguma coisa a ver com o asunto, alto e pára o baile! Chateiem lá os políticos, mas não nos incomodem a nós, e deixiem-nos lá fazer a nossa vidinha.
4 - Como se a luta dos camionistas fosse apenas um espectáculo para a gente ver nas notícias da televisão, e para "torcer" por eles - os bons dos camionistaS - na sua luta contra os outrso - os maus do Governo.
5 - Eu - que, como já disse, concordo, na generalidade, com as reivindicações dos camionistas - tenho dúvidas quanto à forma como a luta está a ser feita, e por acaso (enfim, não é nada por acaso...) até alinho pela posição da CGTP sobre o assunto. Explicada aqui num "take" da agência Lusa:
A CGTP defendeu hoje que qualquer compromisso que venha a ser assumido pelo Governo para resolver a situação dos transportadores não pode ser feito à custa das obrigações patronais perante a Segurança Social e o fisco.Em comunicado, a CGTP refere que qualquer compromisso que venha a ser assumido pelo Governo "não pode deixar de ter em conta a necessidade de resolver os problemas laborais e sociais dos trabalhadores do sector".A central sindical considera que as empresas do sector têm sistematicamente recusado a negociação da revisão do contrato colectivo de trabalho.Ressalvando que as razões que assistem aos empresários no sentido de garantir a rentabilidade das empresas "são compreensíveis", a CGTP entende, no entanto, "que as suas reclamações não podem, de forma alguma, pôr em causa os direitos dos trabalhadores"."Está-se, na verdade, perante um lock-out (impedir a entrada), passivamente aceite pelo Governo, que está a negar o direito ao trabalho a muitos trabalhadores ou a levar outros a colaborar em objectivos que nada têm a ver com os seus interesses", afirma a central sindical liderada por Manuel Carvalho da Silva.A CGTP adianta que as consequências da paralisação dos transportes rodoviários de mercadorias são já sentidas em alguns sectores da economia e na vida quotidiana da população, "sem que o Governo tenha atempadamente tomado quaisquer medidas que prevenissem a gravidade da actual situação".As empresas de transportes rodoviários de mercadorias que não se revêem na ANTRAM estão paralisados desde segunda-feira, impedindo a circulação de muitos camiões pelas estradas portugueses, cujas consequências ao nível do abastecimento estão já a fazer-se sentir nalguns postos de abastecimento de combustíveis e supermercados.A paralisação começou às 00:00 de segunda-feira, levando à imobilização de viaturas de mercadorias ou a realização de marchas lentas.O protesto contra o aumento do preço dos combustíveis não conta com o apoio da direcção da Associação Nacional dos Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que argumenta que as "negociações com o Governo ainda não estão esgotadas".As reivindicações da comissão mediadora dos transportadores incluem a criação do gasóleo profissional, com equiparação de preços entre Portugal e Espanha, a diferenciação positiva fiscal, ajudas de custo e o incentivo à renovação das frotas.O governo pediu domingo aos empresários do sector dos transportes que mantenham "uma posição responsável e propiciadora do normal prosseguimento das negociações" que decorrem com a ANTRAM, sobre o preço dos combustíveis.Em Espanha e França protesta-se pelas mesmas razões, mas sob a forma de greve.


TSM.Lusa/fim

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