

Vamos lá ver: eu penso que raptar uma criança ou, de uma qualquer forma (chamem-lhe rapto ou outra coisa qualquer) forçá-la a separar-se dos pais, com maior ou menor violência, é um dos crimes mais graves que alguém pode cometer, e merece castigo severo e exemplar.
Eu sei do que falo: quando tinha 5 anos fui levado, com violência, de casa de meus pais para um local onde não conhecia ninguém e onde fui forçado a viver durante cerca de um ano junto de desconhecidos para quem eu não era propriamente o elemento mais querido da "família" (e não contei, nem conto, essa história em público, por natural pudor).
Se a isso acrescer alguma forma de violência sexual sobre a criança, então o castigo para o(s) criminoso(s) devia ser qualquer coisa muitíssimo dura, assim a modos que tipo Pena de Talião, não sei se me faço entender. (E antes que se ponham com ideias: não isso não aconteceu comigo - fui "simplesmente" raptado.)


Dito isto, deixem-me acrescentar que estou FARTO de todo o "circo mediático" que se instalou à volta do caso Madeleine McCann.


Claro que é preciso fazer tudo para encontrar a menina, para a devolver aos pais e para castigar os culpados. Claro que é importante noticiar o assunto.
E mais (chego ao cerne da questão a que me quero referir aqui): se eu estivesse em reportagem no local das investigações, certamente tentaria não deixar escapar um único pormenor do que acontecesse no terreno. Mas seria então necessário que alguém refreasse o meu "entusiasmo". Entendem o que quero dizer?
Mas o que vemos é, exactamente o contrário: à "fome" (leia-se: a natural "adrenalina" do repórter") junta-se, desgraçadamente, a "vontade de comer" (a ideia de vender jornais ou aumentar as audiências à custa da dor alheia). E isso é tanto ou mais obsceno que o crime que está a ser investigado.

Não vou, sequer, "suspeitar" que, se não se tratasse de uma criança inglesa, filha de pais ricos, o caso não teria tanta exposição mediática e talvez mesmo tanto "empenho" por parte dos responsáveis pela investigação. Sabe-se o que há de verdade e de mentira nesse tipo de "acusações", julgo eu.
Vou, sim, sugerir que vejam os seguintes sites, onde poderão encontrar dados (e não exploração de sentimentalismos) sobre o assunto:
Lista de crianças desaparecidas em Portugal
Polícia Judiciária portuguesa
Globalmissing.com
e, naturalmente, um dos muitos sites só sobre a pequena Madeleine, que não tem culpa nenhuma de tudo o que estão a fazer "em nome dela"
Bringmadeleinehome.com
Por fim, se algum inglês (pior ainda, se algum inglês jornalista-tablóide) vos vier falar da falta de segurança deste país terceiro-mundista que é o nosso, façam-lhe uma visita guiada a
www.nationmaster.com/cat/cri-crime
onde poderão verificar como o Reino Unido, esse farol da civilização ocidental, aparece como o sexto país com maior índice de criminalidade per capita (em todo o mundo) e está excelentemente posicionado no que diz respeito, por exemplo, a fraudes ou violações.
A seguir, podem mandá-lo bugiar.
António Vitorino
1 comentário:
Olá Vitorino tens razão em tudo o que dizes.Se fosse uma criança «normal» portuguesa nada disto acontecia.Veja-se as crianças desaparecidas portuguesas, quem fala delas?
Também anexei ao meu blogue o site da polícia judiciária.
beijocas
Enviar um comentário