sexta-feira, junho 22, 2007

Buzinão na Ponte 25 de Abril

Foi em 1994. Lembram-se?

13 comentários:

Debaixo do Bulcão disse...

Teria muito a dizer sobre isto.
Foi um "golpe" exemplar, o dos camionistas: correspondeu ao sentimento da população utente da ponte (caso contrário, poderia ter o efeito contrário ao desejado).
Apetece-me dizer: é assim mesmo que se faz. E quando digo isto já sabem a que coisas recentes me estou a referir.
Estas lutas (de 1994, é bom lembrar)tiveram, como última consequência, a derrota eleitoral de um governo que (é bom lembrar...) tinha maioria absoluta.

Se puder, ainda volto ao assunto.
Para falar, por exemplo, da minhas memórias desse dia. (Era jornalista, mas estava de folga e proibido de trabalhar fora das horas de serviço... o que, no contexto em que aconteceu, não deixa de ter a sua piada!).

Vitorino

Debaixo do Bulcão disse...

Para o caso (muito provável) de estar sem acesso à internet este fim de semana, adianto já excertos de um texto, publicado dez anos depois (em 2004) pelo Correio da Manhã:

«A 21 de Junho de 1994, milhares de utentes da que era então a única grande via de travessia do Tejo davam expressão ao seu protesto contra o agravamento das portagens, decretado pelo Governo de Cavaco Silva. A primeira forma de luta encontrada pelos utentes para mostrar a sua indignação frente ao aumento de 50 por cento nas portagens foi o buzinão ensurdecedor. Os quatro dias seguintes motivaram enormes engarrafamentos na Ponte e em todos os seus acessos, quer do lado de Lisboa quer da Margem Sul.
(...)
Face ao explosivo evoluir da situação, que viria a culminar com a criação de uma Comissão de Utentes da Ponte 25 de Abril, o Executivo liderado por Cavaco Silva justifica os aumentos das portagens com a necessidade de criação de fundos de investimento para a construção da nova Ponte Vasco da Gama e para as obras exigidas pela própria ligação ferroviária na Ponte 25 de Abril. Estes argumentos não têm eco na opinião pública e o Governo não levaria muito tempo a perceber estar na presença de algo mais complicado que uma simples onda de descontentamento popular.
No entender das autoridades, vivia-se a desobediência civil a uma deliberação oficial. Cavaco Silva, ausente na Grécia, fala de "aproveitamento político", numa alusão ao PS e ao PCP, enquanto o Presidente da República, Mário Soares, diz-se "preocupado" com o rumo dos acontecimentos.
(...)
Com base na reposição da ordem pública, ordena-se a presença na Ponte 25 de Abril de forças do Corpo de Intervenção da GNR. O ministro da Administração Interna, Dias Loureiro, desloca-se ao local de helicóptero, para declarar ao País que "há uma mão escondida"à procura de "dividendos políticos." O Governo não cede, mas, com o intuito de"arrefecer" a crise, suprime portagens nos meses de Julho e Agosto e concede desconto a quem usa a Ponte diariamente. Os buzinões e os protestos voltariam em Setembro de 1994, mês em que entrariam em vigor novos preços das portagens. O PS e o PCP exigem sem êxito que o Governo revogue tais aumentos. Mas a erosão no Executivo estava feita. »

(Correio da Manhã, 22 de Junho de 2004)
Texto integral em:
www.correiodamanha.pt/noticia.asp?idCanal=0&id=116270

Luis Eme disse...

Também escrevi sobre isto, mas divergi nas datas. A minha fonte ("Visão"), indicou-me sexta-feira, 24 de Junho de 1994, mas se calhar está errada, pelo facto de ser feriado em Almada...

Vou ver se encontro uma terceira e uma quarta fonte, Vitorino...

Teresa Sindicato disse...

Jornalista - António Louçã
Estrela do Video - Alberto Matos

Sim senhor...
aproveito para dizer que a conta Google (associada ao blogger)do Livratemundo foi desactivada sem aviso prévio há quase duas semanas. Assim sendo não podemos aceder nem ao mail nem ao blog. Por isso não teremos livratemundo tão cedo...

Debaixo do Bulcão disse...

Luís Éme:

O bloqueio foi mesmo no dia 24 de Junho.
Uma das razões porque funcionou tão bem foi precisamente o facto de ser feriado em Almada. Havia muita gente a ir para Lisboa e havia também um número suficiente de pessoas de folga aqui em Almada para apoiar o protesto desencadeado pelos camionistas.

Vitorino

Debaixo do Bulcão disse...

"Zramática":

Eu também preferia ver um vídeo com os verdadeiros protagonistas daqueles dias. Por exemplo, com o José Carlos Lopes (que, para os que não sabem ou não se lembram, era dirigente e porta-voz da Associação de Utentes da Ponta 25 de Abril).
Mas onde existem esses vídeos? Eu procurei e não encontrei nada. Nem vídeos nem outra documentação (excepto alguns - poucos - artigos de opinião sobre o assunto, em alguns blogs).

A verdade é que não me lembro deste Alberto Matos e não conheço o jornalista Alberto Louçã.
No entanto, ó "Zramática", sempre fico a saber que um é o Alberto Matos e o outro é o António Louçã.
Já quanto a "zramática"... isso é o quê?
Não te queres identificar para podermos continuar a ter conversas de homem para homem? (Ou de homem para mulher, se for caso disso?)

Vitorino

Debaixo do Bulcão disse...

A propósito:

Comentários anónimos ou comentários de quem não se identifica... qual é a diferença?
E eu, como administrador deste blog, tenho direito a não os aceitar, não é?

Depois não se queixem. Se eu deixar de aceitar comentários não assinados, não venham cá dizer que é censura, está bem?

(De qualquer forma, fica já um palpite: se "zramática" não é a Andreia Egas;

se "zramática" manda dizer que a "conta Google (associada ao blogger)do Livratemundo foi desactivada sem aviso prévio há quase duas semanas. Assim sendo não podemos aceder nem ao mail nem ao blog. Por isso não teremos livratemundo tão cedo...";

e se a outra pessoa que gere o Livratemundo é o Jorge Feliciano...

é natural que eu fique a pensar que quem escreve com esse nome é o Jorge Feliciano.
Mas tenho de ser eu a dizer isso?)

Vitorino

Teresa Sindicato disse...

sim vitorino, descobriste-me a careca: sou eu o Jorge Feliciano pá!
Mas olha o António Louçã (e não Alberto) é irmão do Francisco Louçã (o lider do BÉ é Francisco não é? Agora deu-me uma branca e acredita que não estou a ironizar)
Já o alberto Matos foi um líder da UDP em Almada (no tempo da ponte ainda era) e neste momento é o lider do BÉ em Beja - o engraçado é que ele é por lá gabado (quem terá espalhado o boato) por ser o homem que derrubou o governo do Cavaco por ter sido o grande timoneiro da luta da ponte. Não tenho nada contra ele como deves calcular, ele até faz um bom trabalho na Solidariedade Imigrante de Beja e lá me deixou pôr um cartaz de uma exposição minha - a anti capitalista. Queria só alertar para a coincidência da relação entre jornalista responsável do video e entrevistado, mais nada.
E também, já que estamos a falar de coincidências, posso falar-te do video que retiraste do site do BÉ (eu meto acento na sigla para na se confundir o BE dos ingleses -que se lê bi - como o BE do partido político) aquando da greve geral, aliás o único video que lá se podia encontrar: e mais uma coincidência, o principal entrevistado era o sindicalista da Autoeuropa Manuel Chora (também do BÉ) a tecer críticas à maneira como a greve tinha sido organizada e tal, e que a isso se devia a fraca adesão dos trabalhadores daquela empresa que até então sempre tinha aderido a 100% à greve. Porque terá sido? Se calhar porque ele e os seus companheiros andaram lá a dividir a malta num momento que se queria de unidade. De resto é revelador o BÉ só ter apresentado essa reportagem, num local onde de facto a greve não correu pelo melhor e desprezando tantos outros casos de sucesso, como foi a inédita adesão total à greve dos trabalhadores de telemarkting da TMN e da Optimus. Mas este e outros exemplos não interesaram ao BÉ assim como não interessaram ao governo. Já no site do PCP (digo-te do PCP não por facciosismo, mas realmente porque foi a única organização a fazê-lo) podias ter recolhido videos noticiosos com reportagens diferentes às 7h, 12h, às 15 e às 17h, em diferentes locais de trabalho ao longo do país.
Mas enfim, a vida faz-se de coicidências não é? Não podemos recolher informação de todo o lado.

Teresa Sindicato disse...

E mais uma coincidência, no outro dia vi o Manuel Chora (agora também não me lembro se é Manuel se é António - mas Chora é de certeza) a tecer largos elogios à administração da Autoeuropa pelos planos de formação que oferece aos trabalhadores - se não foi no telejornal da rtp1, foi na sic ou na tvi, não me recordo - enfim...
P.S :)Já estou a ver-te a dizeres-me que não há problema nenhum em um sindicalista elogiar os patrões se for caso disso.

Debaixo do Bulcão disse...

Olá, Jorge Feliciano!

Estás melhor informado que eu sobre essas coisas, admito. Escolhi o video do BE porque estava bem feito e sintetizava bem a informação, em vez de mostrar só uma árvore e dizer que ali à frente está a floresta, acreditem (técnica que eu, por acaso, também aprendi quando era pequenino, mas que hoje não me interessa nada).

E só para o caso de realmente não teres reparado nisso: eu deixei ligações para os vídeos do PCP no artigo sobre a greve geral. Se não foi para todos eles, é porque me terá escapado um ou outro. É verdade: não tenho lá as imagens. Mas se clicares nas ligações os videos aparecem.
Já quanto ao conteúdo dos ditos, e à maneira como a informação lá é tratada, prefiro não falar nisso em público.

(Essa dos sindicalistas elogiarem os patrões não percebi. Alguma vez disse isso, ou dei a entender, sequer?)


Vitorino

Debaixo do Bulcão disse...

Epá e desculpa lá outra coisa. Mas essa dos parentescos (Louçã; Chora) não lembra nem ao Mao Tse Tung!
O Paulo Portas é irmão do Miguel Portas e vê lá onde está um e onde está o outro... Ou... o quê, é a mesma coisa?
Bem, eu lembro-me de dois irmãos Judas: um era do PCP e o outro era um "traidor"... Era a mesma coisa?
Ah, pois, mas isso já foi há muito tempo, não foi?
Foi no tempo em que os comentadores políticos do PCP eram quadros políticos, não funcionários do "aparelho" (se quiseres explico-te isto em privado, ok?)

Vitorino

Teresa Sindicato disse...

Não, neste caso o António Louçã está no mesmo campo político do irmão (basta uma pequena pesquisa na net para confirmares), não tem nada a ver com os irmãos Portas, nem eu fazia uma afirmação dessas se não fizesse sentido - não era preciso chamares-me Mao Tsé Tung.

Aquela dos patrões é uma ironia ao teu "espírito de abertura", mais nada, um gajo faz criticas que são óbvias a jornalistas, comunicação social, etc, e tu vens sempre com aquele discurso do não é bem assim, temos de ver todos os lados - foi por isso aliás que deste destaque ao video do BÉ sobre a greve geral, porque te pareceu "UMA VISÃO REALISTA (E SEM DEMAGOGIA) DO QUE FOI A GREVE DE ONTEM" - enfim depois do que já te disse sobre o Chora e companhia penso que a coisa fica esclarecida. Volta a ler aquele poema da Multiplicação da Mentira.

(quanto há boca dos quadros politicos e do aparelho não apanhei, não é mesmo do meu tempo.)

Debaixo do Bulcão disse...

Não é "espírito de abertura": é o código deontológico dos jornalistas que obriga os profissionais do sector a ouvir todas as partes com interesse num determinado assunto. O que é mau é a maior parte das vezes não o fazerem. Eu estou de acordo com o código: como diz o povo, quem não deve não teme.
O que disse naquela altura, com os dados de que dispunha, e confrontado com as outras coisas que vi, mantenho: pareceu-me a visão mais realista e sem demagogia (entre todas as que encontrei na net, naquele momento).
Mas às vezes engano-me. Se perceber que me enganei, não terei nenhum problema em reconhecê-lo.

Vitorino