sábado, dezembro 08, 2007

Sem Mais Jornal (Setúbal, 1998)

Em Abril de 1998, nascia em Setúbal o semanário Sem Mais Jornal. Liderado por Raul Tavares - e também por Jorge Alegria – o novo projecto editorial reunia jornalistas da redacção da revista Sem Mais (que estava em actividade desde 1993) e do extinto Sul Expresso.
Eu, que tinha participado na “aventura” que foi o almadense Sul Expresso, tive a honra de ser convidado, por Raul Tavares, para a primeira equipa redactorial daquele que era então um novo (e muito ambicioso) projecto.
A “filosofia” do Sem Mais Jornal não me era estranha: jornalismo de investigação e reportagem, num esforço constante para informar com credibilidade, tentando sempre não deixar “pontas soltas” e transmitir, assim, não só o “essencial da informação” (como se dizia, e se tentava praticar, nos meus tempos de jornalista da rádio), mas “toda a informação” que fosse possível recolher sobre um determinado assunto. Ou seja: o que, já anteriormente, se tinha tentado (e, às vezes, conseguido) no Sul Expresso e na revista Sem Mais.
Para concretizar esses objectivos, não faltava “mão-de-obra” qualificada (não se esqueçam, se fazem favor, que os jornalistas são, em geral, trabalhadores assalariados, ou seja,“mão-de-obra” como qualquer outra – embora especializada e com responsabilidades sociais acrescidas). Estavam, nessa primeira redacção, jornalistas como Humberto Lameiras, Etelvina Baía, Armando Faria (que era o chefe de redacção e – não por ser chefe, mas porque sim – era, também, um dos jornalistas mais competentes, e com maior capacidade de trabalho, que tive o gosto de conhecer)... e, como já vos disse, este vosso amigalhaço, António Vitorino, fazia parte dessa mesma redacção.
Estava por lá, também, o director, Viriato Soromenho-Marques...
Pronto, está bem... O director “de facto” passou a ser, muito rapidamente, Raul Tavares (e a ideia era mesmo essa). No entanto, vi muitas vezes Viriato Soromenho-Marques nos fechos de edição dos primeiros números do jornal, levando muito a sério o seu papel de director: acompanhando o trabalho dos jornalistas, dando sugestões para melhorar os conteúdos e esclarecendo dúvidas (lembro-me, por exemplo, da explicação científica que ele me tentou dar sobre hidrocarbonetos, quando eu apenas queria encontrar uma expressão mais “acessível” ao público, como, deixa cá ver... “produtos derivados do petróleo”, que tal?...).
O Sem Mais Jornal é, ainda hoje, um projecto de sucesso: continua a ser publicado (e só isso, numa publicação de âmbito regional, é obra) e, aparentemente, está até numa fase de expansão. Ora, eu saí desse jornal em 1999, regressei em 2001 e voltei a sair nesse mesmo ano. Quero dizer: a minha relação com esse projecto é (foi) de grande afectividade, com períodos muito produtivos e fases mais depressivas e mesmo de algum litígio. É por isso que não me sinto muito à vontade para falar de maneira mais desenvolta sobre este assunto.
Que mais posso dizer, então?
Aprendi muita coisa por lá. Fiz alguns (poucos) amigos. Tenho a agradecer ao Raul Tavares (e ao Jorge Alegria, e ao Armando Faria) a confiança que depositaram em mim (ou, para ser mais rigoroso, na minha capacidade de trabalho). Mas também, deixem-me dizer-vos, alguma incompreensão, na maneira como acabei por ser “dispensável” no final da minha segunda passagem por lá. É que, caros Raul Tavares e Jorge Alegria, não conheço ninguém que, na situação em que eu então me encontrava (por questões familiares, mais uma vez...) conseguisse fazer melhor. Estive, então, quase dois meses sem conseguir trabalhar. É verdade. Mas isso aconteceu porque os problemas que me foram criados eram, então, ainda mais graves que o habitual.
Eu sei que vocês tinham dificuldade em acreditar nisso. E sei que a empresa não tinha culpa nenhuma dos meus problemas. Mas gostava que percebessem, finalmente, que eu não me queixava por ninharias. Tudo o que disse era verdade.
E cá estou, ainda, para o demonstrar.
Não contra vocês (não tenho essa pretensão e, se calhar, nem tenho esse direito).
Mas, finalmente, a meu favor.

5 comentários:

Madalena Barranco disse...

António, adorei conhecer tua história como jornalista do "Sem Mais Jornal" (gostei do título original). Tu escreves muito bem e nós, teus leitores, temos a oportunidade de ler teus textos que correm pelo mundo Web. Beijos.

Luiz Alberto Machado disse...

Parabens pelo espaço, excelente. Estarei indicando nas minhas páginas.E quando puder confira as novidades da semana na minha home page abaixo: Tataritaritatá, Música, Blogs, Guia de Poesia, Entrevistas, Pesquisa & muito mais. Vou adorar sua visita e comentários.
Beijabrações, maravilhosa semana & tataritaritatá!!!
www.luizalbertomachado.com.br
PS: já está circulando o nº 2 do zine impresso Tataritaritatá. Para recebê-lo gratuita e mensalmente na comodidade do seu lar, é só devolver este mail com o seu endereço. Beijabrações & tataritaritatá!!!

Debaixo do Bulcão disse...

Mdalena:

Obrigado pelo elogio. Mas, na verdade, já escrevi melhor. Estou, ainda, a tentar recompor-me de uma fase de menor actividade.

Já vi as suas sugestões (poemas da semana) na Revista Amigos Web, com a referência àquele excelente poema do Nelson Rossano.

E já tenho, também, a edição impressa do Debaixo do Bulcão.

Assim que puder (quando estiver com mais tempo para utilizar um computador) envio-lhe um mail.

António Vitorino

Debaixo do Bulcão disse...

Luiz Alberto Machado:

As suas novidades são sempre bem vindas. E são sempre divulgadas no Almada Cultural.

(almada-cultural.blogspot.com)

Um abraço

A.V.

Teresa disse...

Olá Vitorino,
Que bom é relembrar os tempos do Sem Mais. Também eu por lá passei, tenho orgulho de ter feito parte daquela equipa e aí ter ganho o direito a minha carteira profissional. A vida encarregou-se de me afastar das lides jornalísticas...mas o bichinho nunca morre...