quarta-feira, setembro 30, 2009

EU NÃO ACREDITO EM VAMPIROS MAS LÁ QUE ELES EXISTEM EXISTEM ou breve relato de como a Câmara de Évora foi indrominada pelo "Príncipe da Transilvânia"

Mais um facto extraordinário, relatado na edição de hoje do Diário de Notícias e aqui reproduzido, com a devida vénia.

Burla

Era o 'príncipe da Transilvânia' que ia investir e acabou preso

por LUÍS MANETA


Tristan Gillot garantia às autarquias que tinha dinheiro para fazer fábrica e oferecer centenas de postos de trabalho. As autarquias acreditaram. A PJ não

Apresentou-se em Évora como o "príncipe da Transilvânia" e com um ambicioso projecto nas mãos: uma fábrica de construção aeronáutica que iria permitir a qualquer português comprar um pequeno avião. A fortuna de milhões de euros, que garantia ser herança de família, serviria de garantia bancária. A autarquia acreditou, motivada pelos futuros postos de trabalho na região.

Mas o banco onde entrou o processo não foi na conversa. E o "príncipe" acabou esta semana por ser preso.

A elegância, a conversa e a suposta fortuna de Tristan Gillot, um belga de 38 anos, foram suficientes para convencer a Câmara de Évora a aprovar, a 13 de Julho de 2005, a cedência de 2688 metros quadrados à Falcon Wings. Esta seria a empresa, de capitais belgas, que iria construir a fábrica.

A autarquia justificou a decisão com o facto de a empresa ir criar 300 postos de trabalho. Um mês depois, na cerimónia de apresentação do projecto, era garantido um investimento ainda maior e uma garantia de 2500 postos de trabalho.

A mesma proposta, segundo a PJ, foi feita posteriormente noutras zonas: Arraiolos, Covilhã e finalmente em Ponte de Sor. A fábrica nunca chegou a ser criada porque "duas entidades bancárias nacionais, aquando da tentativa de ali serem negociadas duas garantias nos montantes
de 500 milhões de euros e de 60 mil euros, respectivamente", expuseram a suspeita à Polícia Judiciária.


Notícia completa aqui:
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1376552&seccao=Sul


Uf... Pronto, já acabei de rir.

E nem vou comentar muito. Só notar que isto aconteceu numa autarquia liderada por um político que até me causou boa impressão, em 2000 - era eu jornalista no Jornal D'Hoje, de Portalegre, e José Ernesto de Oliveira presidente da Comissão Cordenadora Regional do Alentejo. Num
distrito em que o PS tinha 10 de 15 câmaras e - já nesse tempo - muitos tiques de autoritarismo, o presidente da CCR parecia destacar-se pela positiva (e também por ser um político inteligente). Afinal, parece que bastou um "Príncipe da Transilvânia" (terra do Conde Drácula, como se sabe) e um mandatário belga bem vestido e bem falador para que a edilidade caisse no conto do vigário.

Enfim... É o Portugal possivel. ou não?

(Nota final: a imagem é daqui; o título que escolhi para este artigo é, obviamente, uma piada... ou não)

1 comentário:

Debaixo do Bulcão disse...

esclarecimento: "indrominar" é um termo coloquial que corresponde ao coloquial termo "endrominar" - ambos muito populares no Alentejo. a diferença é que um aparece no dicionário que consultei; o outro não. e eu escolhi logo o que não aparece. esclarecidos?