sexta-feira, janeiro 09, 2009

Israel ataca o Hamas!?... Pois... Mas sabemos nós o que é, afinal, o Hamas?


Para o Estado hebraico, o Hamas é um grupo terrorista que usurpou o poder na Faixa de Gaza e bombardeia constantemente as cidades israelitas. Para os palestinianos (particularmente para os que residem nessa superpovoada Faixa de Gaza), o Hamas é, além de um Governo eleito, uma instituição de solidariedade social, que apoia e protege os mais desfavorecidos da sociedade.

E é. As duas coisas: amigo do seu amigo e inimigo do seu inimigo.

Apesar de estar no poder, o Hamas não tem uma lógica de "partido político", tal como nós o entendemos, nem mesmo (julgo eu) de "movimento de libertação" tal como, por exemplo a OLP, entendia. Declarou a Israel uma guerra sem tréguas e, aparentemente, não aceita nenhuma solução diplomática para a criação de dois Estados (Israel e Palestina) com relações de boa vizinhança (contrariamente ao que acabou por fazer, por exemplo, Iasser Arafat).


Mas - ironia que já cá faltava - este encarniçado inimigo de Israel foi apoiado, no início, por quem? Exactamente: pelo Estado de Israel. E para quê? Pois claro: para enfraquecer a OLP.

Entretanto, vamos recebendo notícias da ofensiva militar israelita sobre a Faixa de Gaza. Mas - como habitualmente - a história nunca é bem contada. Há sempre omissões, incorrecções e "pontas soltas" (para não falar de casos em que há apenas manipulação dos factos...).

É importante - sempre! - diversificar as nossas fontes de informação.

Aqui ficam três artigos - encontrados, respectivamente, num blogue de um jornalista brasileiro a residir nos EUA, num portal brasileiro e num órgão de comunicação social alemão - onde se tenta perspectivar o actual conflito, olhando para o passado recente de Israel, da Palestina e do Hamas:


"Uma História do Hamas", por Pedro Dória


A indignação de parte a parte é importante. E compreensível. Mas há vários sinais ocorrendo em Gaza que boa parte da cobertura jornalística não está pegando.
Por que, por exemplo, o Hizbolá não está atacando Israel do Líbano?
Por que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que por muito menos já ameaçou Israel das piores formas, anda tão ameno em seus discursos das últimas semanas? (Diz que o Hamas está ficando mais forte e não passa disso.)
Precisamos compreender o Hamas: de onde vem, e o que é hoje.
Israel informa que está atacando o Hamas, em Gaza, neste momento. As vítimas, no entanto, são palestinos. Morrem às centenas.
Alguns – muitos – não têm qualquer ligação com o Hamas. Mas como declaradamente o ataque é ao Hamas, aqueles que tomam as dores das vítimas defendem o Hamas; e aqueles cujo coração bate por Israel sugerem que quase todos os mortos são do grupo.
O Hamas, no entanto, não representa todos os palestinos. A se contar as pesquisas eleitorais de dezembro, em 2009 46% dos eleitores em Gaza planejavam votar no Fatah e apenas 32% no Hamas. Levando-se em conta também os eleitores na Cisjordânia, a outra parte da futura Palestina, a derrota eleitoral do Hamas seria de acachapantes 42 a 28%.
O que é, então, o Hamas?
É o grupo que, durante muito tempo, recebeu dinheiro da Arábia Saudita. É o grupo que durante anos foi parcialmente financiado por Saddam Hussein. São aqueles que se sustentam, hoje, com o dinheiro do Irã.
Mas, antes de tudo isso, é o grupo financiado de nascença por Israel. E esta que segue é sua história.




"A história do conflito entre Hamas e Fatah", em Último Segundo


O Fatah do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e os islamitas do Hamas no poder têm uma longa história de rivalidade e conflitos. As tensões e os conflitos armados entre os partidários dos dois campos nos últimos tempos marcam o auge de quase 20 anos de desentendimentos.
(...)
Os problemas atuais têm sua origem no combate mais amplo que opôs, durante quase meio século, uma corrente nacionalista pan-árabe, liderada por Jamal Abdel Nasser, a um movimento islamista, dominado inicialmente pelos Irmãos Muçulmanos Egípcios.
Nos territórios palestinos, a batalha começou no início dos anos 1980 nos campus das universidades, entre membros dos Irmãos Muçulmanos, que vão criar no fim de 1987 o Hamas, e os nacionalistas do Fatah, fundado em 1959 pelo líder histórico dos palestinos, Yasser Arafat.
A primeira intifada (1987-1993) lançou os dois campos numa primeira luta pelo poder e em confrontações diretas, o Hamas contestando a supremacia da Organização para a Libertação da Palestina (OLP, que agrupa todos os movimentos nacionalistas) na luta pela libertação nacional.
O jovem Hamas, criado pelo xeque Ahmed Yassin, que pregava a destruição de Israel, realizou nesta época seus primeiros ataques contra Israel, recusando o combate ao lado de outros movimentos e, sobretudo, a ajuda do Fatah.
A verdadeira ruptura ocorreu em 1988, quando a OLP reconheceu o princípio de dois Estados, um israelense e outro palestino, vivendo lado a lado. A divisão entre os grupos tornou-se ainda mais evidente em 1993, quando da assinatura dos acordos de Oslo sobre a autonomia palestina, criticados pelo Hamas.



"Saiba o que é o Hamas", em DW-world


O Hamas é, ao mesmo tempo, um partido político e um movimento militar, as Brigadas Qassam. São elas que organizam os ataques com mísseis contra Israel.
Para muitos palestinos, entretanto, trata-se de uma organização beneficente, que presta ajuda e assistência nos lugares onde a Autoridade Nacional Palestina (ANP) falha.
Foi também graças à atuação do Hamas que foram inaugurados hospitais, jardins-de-infância, escolas e pontos de distribuição de sopa nos territórios em conflito, o que permitiu que a organização ganhasse amparo junto à parte pobre da população palestina.
O Hamas virou um partido político em 2005. Em janeiro do ano seguinte, venceu as eleições parlamentares palestinas, derrotando o Fatah e ficando com a maioria das cadeiras.
Em junho de 2007, a chamada Batalha de Gaza resultou na expulsão do Fatah da Faixa de Gaza, que passou a ser controlada pelo Hamas. Em resposta, o presidente palestino, Mahmud Abbas, retirou representantes do Hamas do governo da Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia.




Mais algumas fontes de informação:
Hamas, Democracia e Paz
Imagens da Palestina, actualizadas, num canal árabe israelita noYoutube:
http://br.youtube.com/user/tvcabo777
Al Jazeera, em inglês, no Youtube:

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