terça-feira, julho 29, 2008

Somos todos uns drogados?


Notícia lida esta segunda-feira no jornal Destak:

«O cérebro dos anorécticos parece reagir à fome como o dos toxicodependentes, revela a revista Mind. Segundo concluem os estudos mais recentes, em ambos os casos a «droga», seja ela a fome ou a cocaína, age sobre os circuitos cerebrais de recompensa, que por sua vez libertam o químico do prazer, ou seja a dopamina.»

Portanto, deixa cá ver se eu entendi: a fome pode funcionar (para algumas pessoas) como para mim funciona a cerveja e o café (ou o chocolate, admito...), como para alguns meninos funciona o "chuto" na veia, como para algumas senhoras respeitáveis o Xanax e como para alguns grandes artistas (artistas a sério, não artistas de vitorinices) a cocaína ou as metanfetaminas?... Ou como para os "viciados" em exercício físico, a adrenalina e outras hormonas (*) e neurotransmissores associados (entre os quais a dopamina, precisamente - substância que, vá-se lá saber porquê, me lembra sempre a palavra inglesa "doping")?

Pois, parece que é mesmo assim: a anorexia é um comportamento aditivo!

Vejamos a sequência da citada notícia:

«Os anorécticos afirmam que passar fome os deixa mais activos e cheios de eneriga. «Fazer dieta passa então a ser equivalente a um "chuto" que estes doentes aprendem a desejar», diz a Mind.As imagens do cérebro revelam que nos cérebro afectados, na sua maioria de mulheres, este circuito é disfuncional, explicando a recusa em comer. A investigação leva também a crer que as hormonas da puberdades desencadeiam o funcionamento de genes que predispõem para esta perturbação, descartando o papel que a moda ou o mito da magra igual a feliz desempenham neste "jogo". »

Eu confesso: apesar de estar sempre pronto a tentar entender as "anomalias psíquicas" (também, que remédio tenho eu, não é?...) nunca tinha conseguido perceber que raio de "mania" é essa de rejeitar comida. Até hoje!

«Segundo os cientistas, a ansiedade, o perfeccionismo, a obsessão e uma sensibilidade extrema ao olhar critico dos outros, são ingredientes sempre presentes na personalidade anoréctica e levam a acreditar que o objectivo do anoréctico não é ser magro, mas lidar com uma angústia existencial intolerável.»

Mas atenção: problema não é drogarmo-nos (com drogas ilícitas, com medicamentos, com exercício físico ou... com fome). O problema é ficarmos dependentes da droga.

E esse problema evita-se aprendendo a lidar com a angústia existencial.

Como? Fazendo com que essa angústia não se torne intolerável!

E como é que isso se faz? Drogando-nos, obviamente!

E drogando-nos como?

Bem, cada um terá os seus métodos. Há quem "chute" para a veia, há quem snife, há quem fume, há quem se encharque em comprimidos, há quem passe fome, há quem contribua para o ganha-pão dos senhores dos ginásios... e há quem prefira beber uns copos.
A cerveja, meus caros, equivale a um óptimo ansiolítico: faz-nos sentir bem e não emagrece. Vão por mim, que tenho muitos anos de experiência!...

(E não estou "agarrado", e ainda cá ando, by the way...)
(*) Em Portugês do Brasil escreve-se hormônio, mas a substância é a mesma - em Portugal e no Brasil...

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