quarta-feira, agosto 17, 2011

Motins em Inglaterra: dividir para reinar?


Stephen Lendman, escritor norte-americano, membro do Center for Research on Globalization, defende que os motins em Iglaterra não foram apenas um protesto espontâneo, mas sim uma acção provocada pelos poderes para tentar dividir os movimentos anti-sistema e, ao mesmo tempo, testar a força do Estado em futuras revoltas - que supõe inevitáveis - contra as políticas de austeridade.

"Penso que Cameron conseguiu exactamente o que queria. O assassinato de um jovem negro acontece com demasiada frequência, na América e noutros países ocidentais e normalmente não origina motins de rua, edifícios em chamas, violência extrema, tiroteios... Mas o assasinato de Mark Duggan provocou isso tudo.

Penso que isto foi um incidente provocado pelo Estado. Não foi apenas a polícia assassinar um jovem negro. Penso que isto foi o "incidente de Cameron". Cameron, tal como Obama, é um instrumento político do que podemos chamar a sequência de poder do dinheiro.

O que está a acontecer é que temos terrível depravação social em curso, numa depressão global. Há sofrimento humano, real. Desemprego, probreza a crescer, fome, pessoas sem abrigo... E tudo isso está a piorar cada vez mais. E (os governos) em vez de lidar com a situação, na Europa e na América aplicam a "receita" da austeridade. Isso é como deitar gasolina numa fogueira para aumentar as chamas. O grande medo, na América, no Reino Unido, e em toda a Europa, é que possa realmente acontecer uma erupção social.

Penso que este incidente teve como objectivo separar negros de brancos, incitar motins raciais, separar grupos que, se estiverem unidos, podem ser uma força poderosa para a justiça social. Além disso, distrair a atenção das pessoas da sua miséria económica, assustá-las. E testar sistemas de comando e de controlo para a luta maior que eles esperam que venha a acontecer mais adiante. Porquê? Porque os programas de austeridade que estão a ser implementados vão tornar as condições do dia a dia ainda piores, e as pessoas vão reagir.

A pergunta-chave é quem ganha e quem perde. O Estado vence, derrubando-nos, sugando o máximo de proveitos para a sequência de poder do dinheiro que dirige estes países. Tirando mais ao cidadão comum, às classes trabalhadoras, aos pobres... fazendo-os sofrer mais, encorajando a ira. Precisam de um plano para os abater.

Este foi um teste. Foi para testar o sistema, num nível baixo. Alguns dias de motins, para ver como precisarão de contra-atacar quando os grandes protestos acontecerem. E vão acontecer, e podem ser horríveis, e eles querem estar preparados. É o que estão a preparar em Inglaterra e no resto da Europa."

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