(coisa que, provavelmente,só irá acontecer já em 2008).
sexta-feira, dezembro 28, 2007
quinta-feira, dezembro 27, 2007
Esta Cidade
Esta cidade
Há-de ser uma fronteira
E a verdade
Cada vez menos
Cada vez menos
Verdadeira
Quer eu queira
Quer não queira
No meio desta liberdade
Filhos da puta
Sem razão
E sem sentido
No meio da rua
Nua crua e bruta
Eu luto sempre do outro lado da luta
A polícia já tem o meu nome
Minha foto está no ficheiro
Porque eu não me rendo
porque eu não me vendo
Nem por ideais
Nem por dinheiro
E como eu sou e quero ser sempre assim
Um rio que corre sem princípio nem fim
O poder podre dos homens normais
Está a tentar dar cabo de mim
Cabo de mim
Letra: João Gentil
Música: Xutos e Pontapés
(Do álbum “Circo de Feras”, 1987)
Site oficial da banda:
www.xutos.pt
E aqui, um vídeo dos Xutos, com esta canção.
sábado, dezembro 22, 2007
Uma história (verdadeira) de Natal...
E, como não a conseguia abrir, (pois já alguém se tinha encarregue de impedir que a janela abrisse - porque também já tinha percebido, finalmente, que não era a primeira vez que ele assaltava essa e outras casas), virou-se para mim, o pobrezito, ameaçando que se eu não lhe abrisse a janela a bem, abria a mal.
sexta-feira, dezembro 21, 2007
Jornal D’Hoje (Portalegre, 1999/2000)
Irreverente e desafiador dos poderes instituídos – à imagem do seu criador, aliás – o Jornal D’Hoje tinha tudo para ser um fracasso editorial, numa terra tão conservadora como era então a “capital do Norte Alentejano”.
E, como se previa (e como muitos caciques locais desejaram, e trabalharam para tal), acabou mesmo por ser um fracasso, em termos de viabilidade editorial. Mas foi, também, um grande exemplo do que deve ser a comunicação social local: informativa, atenta, interveniente, sem cedências nem compromissos.
Um jornal que, como se costuma dizer (e porque era feito à imagem do seu criador, repito), chamava os bois pelos nomes. Ou seja: fazia jornalismo. Mesmo correndo o risco de chatear alguns poderes, locais, regionais, ou mesmo nacionais.E era mesmo isso que se pretendia: dizer as verdades (revelá-las) sobre um dois distritos portugueses mais deprimidos e subdesenvolvidos (não porque “não gostássemos de Portalegre”- e, portanto, só tinhamos era que “voltar para a nossa terra”, como nos foi sugerido várias vezes pelos arautos da mentalidade “xenófoba” local – mas apenas porque era esse o âmbito territorial do periódico em questão). E propunha-mo-nos a revelar essas verdades, doesse a quem doesse.
Ora leiam este excerto do editorial do número zero (9 de Dezembro de 1999), assinado pelo director, Rui Vasco Neto:
«Em Portugal já não se usam palavras. Usam-se meias palavras para tudo, do insulto ao elogio, da ordem à sugestão.
A palavra de ordem é não hostilizar, contemporizar, dialogar, negociar, enganar, se for preciso! – mas não agitar.(...)
Ser politicamente correcto é, nos dias de hoje, tão imprescindível como o telemóvel. Quem não é não está contactável. Pior: não é contactável.(...)
Todas as suas perguntas têm cabimento no JornalD’Hoje. A nossa função é essa, perguntar e obter resposta às perguntas. E quando os senhores que se sentam na coisa pública como se fosse só deles torcerem o público nariz de desagrado pela insistência (...) há sempre uns que se calam.
Gostaria de dizer aos leitores deste jornal que há sempre uns quantos outros que perguntam outra vez o que querem saber e mais outra e outra (...) até à resposta final. E que depois vão confirmar a resposta.
Têm um nome, esses. Chamam-se jornalistas. Bem vindo ao mundo da informação regional, com qualidade nacional.»
Claro que, com esta declaração de intenções, o Jornal D’Hoje estava, logo à nascença, em “guerra” com os poderes então instituídos no “norte alentejano”. E que poderes eram esses? Bem, deixa cá ver se me lembro... eram 10 concelhos dominados pelo Partido Socialista (que estava então também no Governo do país), em 15 dos que compõem o distrito de Portalegre (os outros 5 eram “repartidos” pela CDU e pelo PSD – mas o PS tinha os mais importantes: Portalegre, Elvas, Ponte de Sôr, Campo Maior...). E não era apenas a “proporção” ou “desproporção”de forças que estava ali em causa: era uma lógica de concentração de poderes, de hegemonia. E de asfixiamento das vozes eventualmente rebeldes.
Em Portalegre... fiéis ao objectivo de fazer informação rigorosa, sem cedências e ouvido sempre todas as partes interessadas num determinado assunto... sempre que falávamos com a “oposição”, tentávamos ouvir, também, a maioria (entenda-se, os autarcas do PS). Mas era, precisamente, essa maioria (com a própria Câmara de Portalegre à cabeça) quem colocava obstáculos ao nosso dever de informar.
Era habitual eu terminar os meus trabalhos com frases como “o Jornal D’Hoje tentou ouvir a Câmara de Portalegre, que não se mostrou disponível para prestar declarações”, ou então “na Câmara de Portalegre, disseram-nos que a única pessoa autorizada a falar sobre o assunto seria o presidente, mas só marcando entrevista, e o senhor presidente não estava disponível para entrevistas”.
Não acreditam? Julgam que estou a exagerar?Leiam, então, a seguinte história real:
Ou esta, não menos verdadeira:
Pois: era assim mesmo que as coisas se passavam!
de cargos políticos, como, por exemplo... ora deixa cá ver... pois, o senhor Governador Civil!... (Uma parte dessa história já foi contada aqui.) E, escusado será dizer – hummm... será mesmo escusado?... – que não nos movia qualquer intuito de “perseguição” a esses titulares de cargos públicos. Era, digo-vos mais uma vez, a nossa obrigação, enquanto jornalistas: informar, fazer serviço público.
Além disso, o Jornal D'Hoje teve ainda o mérito de recuperar - e logo na tão conservadora Portalegre - esta preciosa e esquecida tradição dos "ardinas". Pois, isso mesmo: uns jovens que, expressamente "contratados" para o efeito, e trajados a rigor, abanavam a letargia da cidade, com pregões, tipo "ólhó Jornal D'Hoje!". E isso é outra história que merece ser contada (mas que, por agora, fica aqui apenas brevemente referida, quase como nota de rodapé).
Bem, sobre a minha experiência profissional em Portalegre, havia tantas outras coisas interessantes para contar!...
Mas fica para a próxima, que esta dissertação – e esta série de artigos – já vão longas!
quarta-feira, dezembro 19, 2007
Homenagem a um dos meus poetas preferidos (e uma das minhas maiores influências): Alexandre O'Neill
Quando era cego eu previa
(que freguesia!)
o que ia acontecer.
Era o que se dizia…
Mas agora, que bem vejo,
só agoiro do que vejo
e já ninguém me quer crer…
Porquê,
se todos o podem ver!
Alexandre O’Neill
Mais poemas de O’Neill, no Debaixo do Bulcão:
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Eis que chego, finalmente, a Portalegre
Portanto, chego agora ao ano de 1999 - e a Portalegre, essa belíssima e chatíssima capital do “Norte Alentejano”. (E com isto fica já despachada mais uma parte das “audiências”...)
Ora, andava eu cá por Almada, quando conheço uma mulher portalegrense que me convence a ir morar com ela lá para o sopé da Serra de São Mamede. E eu, tão convencido fiquei que fui mesmo. (Por isso e para ver se me livrava, finalmente, de um certo familiar que me andava a prejudicar, com roubos, destruição de património, ameaças, etc. – e que, nesse tempo, sem que eu o soubesse, era também já, ele, arguido num caso de agressões continuadas... Mas adiante.)
Então, chego a Portalegre, sem nenhum plano a não ser essa lamechice do “amor e uma cabana” – e, como já disse, muita vontede de não aturar mais criminosos.
Ainda pensei (ingénuo que eu era!...) em enviar o meu curriculum para o jornal “de referência” lá da terrinha: o Fonte Nova. (Não sabia eu que, para o Fonte Nova – e para a generalidade dos portalegrenses, como constatei depois – os “estrangeiros” baixam a bolinha, comem e calam, se não estão contentes vão lá para Lisboa, e essas coisas a que o poeta nefelibata Affonso Gallo tão espirituosamente se refere no seu Soneto Portalegrense, que é um bonito poema de 14 versos – duas quadras e dois tercetos -, escrito todo ele em decassílabos, e que podem ler acedendo ao blogue desse autor, ou simplesmente clicando em: affonsogallo.blogspot.com/2007/01/soneto-portalegrense.html.)
Mas, oh meus amigos!... Pelo menos uma vez na vida os deuses, o destino e essas coisas todas, estiveram comigo: assim que lá cheguei havia um novo projecto editorial a pedir jornalistas. E, ainda por cima, era um projecto editorial liderado por um “estrangeirado” (estrangeirado em relação à mentalidade portalegrense), de seu nome Rui Vasco Neto (jornalista que tinha passado antes pelo Tal&Qual, no tempo em que esse periódico tinha alguma qualidade – e que vocês são capazes de conhecer de um produto televisivo que ele fez mais tarde, na TVI, chamado “Vidas Reais”...).
Rui Vasco Neto e eu, António Vitorino... Deve ser difícil conjugar duas personalidades tão opostas, não é? É pois! Garanto-vos eu, que conheço ambos.
Mas (julgo que por isso mesmo, justiça lhe seja feita) ele, Rui Vasco Neto (ou o Senhor Rui, como lhe chamavam os seus empregados...) aceitou a minha candidatura. E mais: convidou-me para ser “coordenador de redacção” do projecto que estava a nascer: o semanário Jornal D’Hoje. Uma parceria (melhor: uma relação suserano-vassalo) algo “contra-natura” que, mais tarde ou mais cedo, teria que dar para o torto.
E deu.
Mas, entretanto, fez-se (fizémos) uma espécie de “revolução” na comunicação social daquela terra.
Não sei se teve consequências. Não sei como está, hoje, o panorama editorial portalegrense.
Mas sei que até o Fonte Nova (jornal “oficioso”, alinhado pelos poderes da região) mudou, para melhor, nesse tempo, com a concorrência que “nós”, Jornal D’Hoje, lhe fizémos.
Agora, após estes anos todos, olho para o Fonte Nova e fico com vontade de rir (como podem ver, aquele sou eu, estou – após estes anos todos - a ler o Fonte Nova, e estou a rir-me). Mas é um riso ternurento, garanto-vos. Até porque a minha passagem por Portalegre teve, também, o efeito de me fazer olhar com menos arrogância para coisas que eu anteriormente considerava extremamente pirosas, insignificantes, de mau gosto, próprias de gente sub-desenvolvida... Enfim, aprendi a ter mais calma com essas coisas.
Foi, em suma, o meu “banho” de “país real”.
quinta-feira, dezembro 13, 2007
Charles Chaplin - The Great Dictator
No dia da assinatura do Tratado de Lisboa, Coisitas do Vitorino aproveita para homengear outro grande visionário político, um homem que sonhou com uma Europa unida... (Refiro-me, obviamente a Charles Chaplin!...)
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Eu e os “meus amigos”
Assim, a notícia de primeira página – que era a mais extensa - tinha, salvo erro, três mil caracteres (e não era “no máximo 3 mil caracteres”: era mesmo 3 mil!...) com uma “margem de erro” muito pequena. E a secção “Pessoas”, que aparecia sempre na primeira página, era a mais “rigorosa”: quinhentos caracteres, com “tolerância” de... digamos, meia-dúzia deles.
Era preciso cá uma “ginástica” para escrever assim, ao centímetro!...
Mas eu hoje não venho aqui para me queixar de metros, nem de centímetros. Venho lembrar outra história, muito gira, sobre a minha passagem pelo JR. É que, como já vos disse, havia lá “chefes” que não gostavam de mim, porque eu era comunista, porque “favorecia a Câmara de Almada”, porque “ouvia pouco a sociedade civil”, porque “tinha mau aspecto”, e porque, nessa secção “Pessoas”... “entrevistava muito os meus amigos” – o que, trocado em miúdos, queria dizer que valorizava demasiado “pessoas” que não o mereciam.
Ora bem, é minha honra e meu privilégio (e, porque não dizê-lo, meu prazer) apresentar-vos agora alguns dos “meus amigos” que coloquei nessa secção “Pessoas” do Jornal da Região:
Para o caso de vocês, leitores deste blogue, não conhecerem alguém, aqui vai a informação complementar:
Luísa Trindade, ilustradora e cartoonista; Joaquim Benite, director da Companhia de Teatro de Almada; “Pac Man”, aliás Carlos Nobre, ou Carlão, vocalista dos Da Weasel (que hoje são uma das mais reconhecidas e aplaudidas bandas portuguesas, mas que não eram propriamente uns “desconhecidos” em 1998); Fernando Jorge Lopes, director do Teatro Extremo; Alexandra Sargento, actriz; Rui Tavares, talvez o mais conceituado (e premiado) fotógrafo angolano (mas que tem o terrível “defeito” de ser muito discreto e, por isso mesmo, pouco conhecido em Portugal – e que, a propósito, é o dono do computador em que estou a escrever este texto!); Fernando Rebelo, professor do ensino secundário, actor, cronista na imprensa local e, naquela época, director da Oficina de Teatro de Almada; Rui Cerveira, elemento do Teatro Extremo e director do festival Sementes – Mostra de Artes para o “pequeno público”; Ana Francisco, nadadora que em 1998 era “só” campeã junior da Europa (não me lembro em que especialidade) – mas esta eu, por acaso, até nem conhecia de lado nenhum (a não ser da TV): limitei-me a entrevistá-la, antes de um treino; e...
Bem, o que aqui aparece está longe de ser a totalidade das “notas biográficas” que coloquei naquela secção do JR, mas parece-me que já é o suficiente para vocês verem quem eram, afinal, os “meus amigos”, não?
E, para não dizerem que estou a cuspir na sopa que me deram, eu confesso que sim senhor, fazer este tipo de trabalho foi importante, fez-me “crescer” como redactor (talvez não tanto como jornalista...), fez-me ser mais rigoroso no “acabamento” dos meus trabalhos, e tal... Mas não tenho saudades, nem vontade, de o fazer novamente.
É, mesmo, das tais coisas que, se eu pudesse voltar atrás, só faria se não tivesse alternativas.
(Por acaso, assim de repente até nem me lembro se as tinha... e, se as tinha, quais eram.)
segunda-feira, dezembro 10, 2007
O Jornal da Região: duas ou três coisas que sei sobre ele
Ora, isto não é novidade para ninguém!, dir-me-ão.
Eu sei, porque estive lá, desde 1998. “Ouvi agora, senhores, uma estória de pasmar...” ou, bem vistas as coisas, talvez não!
De terra em terra?
Quando cheguei à redacção do Sem Mais Jornal foi, como é óbvio, para escrever nesse jornal. Mas deram-me, também, a espinhosa tarefa (sem mais, e sem aspas) de fazer, ao mesmo tempo, o Jornal da Região, edição de Almada.
E porquê?
Porque a SadoPress (empresa proprietária das edições Sem Mais) tinha chegado a um muito proveitoso acordo com o “grupo Balsemão” (proprietário das edições do Jornal da Região), que lhes permitia sustentar financeiramente o novo semanário Sem Mais Jornal. Assim, a redacção do Sem Mais fazia também o Jornal da Região (nesse tempo, ainda só o de Almada). E este era “o que nos pagava os salários” (talvez eu devesse ter metido esta também sem aspas, mas enfim...).
“Quase de ponta a ponta” incluia (além da secção das “cartas dos leitores”... como podem verificar, clicando aqui), a mui famigerada secção “De Terra em Terra” – ou seja, a tal dos “correspondentes locais”.
Havia outros, mas não eram tão competentes.
“Moradores indignados com a Câmara”???
Isto de que vos estou a falar passou-se entre 1998 e 1999. Nesse tempo estava eu a morar em Almada e ia a Setúbal apenas para escrever os artigos (para o JR e para o Sem Mais Jornal, bem entendido).
Como a última carreira de autocarros para Cacilhas era, salvo erro, às onze e meia da noite, e como eu não tinha vontade nenhuma de ficar fechado na redacção (onde estava sozinho, algumas vezes) até à manhã seguinte, lá tinha que me despachar a escrever os textos.
Título: «Moradores contra privatização da mata» (o que era verdade, aliás)
Lied: «Numa altura em que muitos querem acabar com os parques de campismo nas matas e dunas da Costa de Caparica, a Câmara vendeu uma parcela de mata na Quinta de Santo António para alargamento do parque de campismo. Os moradores protestam e acusam a edilidade de privatizar a mata. A Associação de Desenvolvimento Turístico da Costa de Caparica apoia o protesto, mas “vai esperar para ver”.»
Quem foi, então? E com que objectivos?
Oh, meus amigos!... Isso seria a pergunta de um milhão de dólares. Mas eu cá não me vou arriscar a responder.
Olhem que não, amigos, olhem que não!
Eu, redactor clandestino
Eu nunca escondi, em lado nenhum, as minhas opções políticas. Sou comunista por convicção política e ideológica, embora não exerça militância em nenhum partido desde que comecei a minha carreira profissional como jornalista (e isto, entenda-se, não é nenhuma crítica aos que tomaram a opção de ser jornalistas mantendo a sua militância partidária).
E isso nunca me causou problemas profissionais. Nunca, a não ser, precisamente, no Jornal da Região.
Pois bem: eu também não gostava dessa senhora, mesmo sem a conhecer. Não gostava das “correcções” que ela fazia às minhas notícias (aquela que refiro acima, sobre a Mata de Santo António, não foi a única, diga-se..); não gostava do modo histérico como ela berrava ao telefone com o Armando Faria (e não só). Não gostava, em suma, da sua arrogância (e da incompetência que demonstrou, em determinadas situações).
Mas eu não a podia despedir. Ela, no entanto, podia fazer com que me “despedissem” a mim. Podia fazer, e fez.!
Não deixei, não senhor! Continuei a escrevê-lo (embora “clandestinamente”) enquanto estive a trabalhar para a empresa que editava também o Sem Mais Jornal. E não me queixei disso, nem queixo!
Eu cá não me chateio com isso.Os artigos que escrevia continuavam a ser publicados - não assinados, mas antes também não o eram.
E, assinando ou não, “clandestino” ou às claras, eu cá ganhava o mesmo!
Ganhava o quê?
Experiência, meus amigos! Experiência!...
(Em 2001 voltei à redacção da Sem Mais e retomei, também, a minha colaboração no JR; mas aí já foi com outra “chefia”, e apenas para fazer entrevistas – e, também, com a devida, e justa, remuneração. Ainda hei-de falar-vos disso, descansem. Não estou aqui para aldrabar ninguém!)
“Cartas ao director” (entre aspas, porque é uma piada)
Mas o espaço tinha de ser preenchido. Sempre. Em cada uma das edições.
Para dizer a verdade, a situação nela descrita é (ou era) bem real. Mas acontece que ninguém se queixou. Foi um “desenrascanço” de última hora.
Isto é, pois, uma de várias “cartas” inventadas, que o JR publicou, durante esse ano de 1998. Eu cá até preferia não ter inventado nada. Um jornalista não é jornalista para andar a inventar coisas. Mas (repito) a paginação daquele jornal era tão rígida que a isso nos obrigava.
sábado, dezembro 08, 2007
Sem Mais Jornal (Setúbal, 1998)
Não contra vocês (não tenho essa pretensão e, se calhar, nem tenho esse direito).
quarta-feira, dezembro 05, 2007
Eu & a minha mochila
Sim, adivinharam: venho, neste artigo, falar acerca da(s) minha(s) mochila(s)!
Então é assim: comecei a usar esse “adereço” precisamente no início da década de 90, quando ainda não se viam muitos trabalhadores eslavos do sector da Construção Civil carregando às costas “adereços” semelhantes. Portanto, não estava ainda “na moda”. E isso causava estranheza. E, como devem calcular, era motivo de chacota (isto, note-se, num tempo pré-gatofedorento – ou seja, num tempo em que o Humor que se fazia em Portugal era, de facto, inteligente... embora, se calhar, não parecesse... mas enfim... hoje até parece e, se calhar, não é, não é?).
E comecei a usar esse “adereço” porquê, perguntam vocês?
Bem (respondo eu), porque precisava de uma coisa qualquer onde pudesse transportar as garrafas de uma mistela caseira com vinho, sumo de limão, açúcar e bagaceira (de moscatel ou de cana, dependendo dos dias), à qual eu, jocosamente, chamava “sangria”.
Por isso e porque, andando lá por casa um certo familiar a partir coisas, a berrar com as pessoas, a ameaçar, a roubar o salário dos outros, e essas coisas engraçadas e inteligentes... eu saía de casa antes desse menino chegar, e para não ter que o aturar, metia-me no Ponto de Encontro (Casa Municipal da Juventude de Cacilhas), ficava por lá com os meus amigos daquela época, e só voltava no último autocarro. O que significa que precisava, também, de um sítio onde transportar, por exemplo, uma camisola de manga comprida, ou mesmo um casaco, para o caso de fazer frio à noite, estão a ver?
Claro que, quando estava a trabalhar (e estive quase sempre, durante essa década), acontecia muitas vezes ficar o dia inteiro na rua. De manhã até à hora do tal último autocarro (saída às 2h50, de Cacilhas).
Portanto, a mochila servia para transportar álcool, camisolas e... Bem, algumas vezes serviu para transportar, também, resmas de papel para imprimir o Debaixo do Bulcão. Ou a edição do dito, já dobrada e agrafada, para distribuir.
Mas isso interessa o quê? Cultura? Bah!
Se um gajo se mete nessas coisas, ainda acaba a falar sozinho (como podem ver, é o que estou a fazer naquela foto, não é?), e arrisca-se a ser interpelado, a pedido de uma qualquer autoridade de Saúde concelhia, por uma qualquer força policial, em plena rua, para ser levado a uma urgência psiquiátrica num qualquer hospital de Lisboa.
Portanto, o melhor mesmo é fazer coisas que não dêm nas vistas. Tipo trepar aos terraços das casas para as ir assaltar muito discretamente, ou.. sei lá, deixa cá ver... viver em união de facto com alguma gaja que se sujeite a levar tareias brutais, segundo aquele tão típico princípio luso que manda ninguém meter a colher entre marido e mulher. Isso sim, é de homem! E não faz mal, desde que ninguém saiba!
Não é?
É, pois!...
Nota de rodapé 1: Antes de chamarem os senhores de bata branca para me levar, pensem duas vezes se sou mesmo eu quem devem levar. E depois, pensem ainda mais uma vez. É que eu não digo as coisas só “da boca para fora”. O que afirmo é fundamentado em factos reais, vividos, e (o que é melhor) devidamente documentados. Venham desmentir-me, se puderem.
Nota de rodapé 2: Se, mesmo assim, acharem que estou a disparatar... Epá, é que eu estou em véspera de cumprir mais um aniversário (é a 6 de Dezembro, e faço 44, idade suficiente para já não ter de aturar certas “normalidades”). Portanto, sou pequenino e essas coisas. Gugu dádá... Podem ser simpáticos comigo, oferecer-me um bolo com velinhas, cantar os parabéns a você, e tal...? Notem que nem sequer estou a pedir quinze dias de férias em Tróia! Aliás, para quê... se não fiz mal a ninguém?
segunda-feira, dezembro 03, 2007
SUL EXPRESSO, um projecto editorial almadense, na década de 90
Jornal generalista, de periodicidade quinzenal, o Sul Expresso foi, no seu tempo, um projecto controverso (por não ter medo de incomodar os poderes, se tal fosse necessário) e, no entanto, ignorado da população em geral (porque nunca teve um circuito de distribuição eficaz, e porque os vendedores – ou, se preferirem, as “bancas” de jornais – não o punham à mostra porque “não vendia”... e, é claro, se não o punham à mostra, as pessoas não o conheciam, logo...“não vendia”).
É como vos digo: não sei o que esteve na origem dessas alterações. Mas sei que, de aí em diante, o Sul Expresso teve tudo (bem, quase tudo...) para ser o órgão de comunicação social “de referência” que ambicionava ser (e que merecia ter sido). Teve um director que não pactuava com “arranjinhos” partidários, mas queria fazer jornalismo responsável e sério (sinceramente, fiquei com essa ideia a respeito do Luís Maia, e mantenho-a até hoje). Tinha jornalistas de qualidade (dois exemplos: Raul Tavares e Marina Caldas). Tinha colaboradores como Fernando Rebelo e Artur Vaz. Até tinha, vejam lá, um paginador do Expresso (o original), chamado António José Ribeiro!
Sul Expresso: dois editoriais e um (triste) epílogo
Também já vos disse que o Sul Expresso apareceu conotado com o Partido Socialista (e nunca se livrou do rótulo “jornal do PS”).
No entanto, Luís Maia tentou (e, até certo ponto, conseguiu mesmo) fazer com que o jornal se afastasse de qualquer linha político-partidária. Neste editorial, e a propósito de uma qualquer “trica” política da época, o director deixava um recado aos críticos do jornal e, eventualmente, a quem ainda pretendesse fazer dele uma espécie de “correia de transmissão”: «o Sul Expresso nunca foi muito alinhado pelos poderes da região e apesar de ter surgido com uma determinada coloração política, conseguiu afastá-la e ganhar o seu espaço de pluralidade e aberto às mais variadas ideologias e cores, sejam elas maioritárias ou minoritárias no país ou nos concelhos que pretende abranger. Conseguiu ser um espaço aberto ao debate de ideias e à intervenção (escrita, obviamente) ideológica).»
Entretanto, Luís Maia sai do jornal (e, neste caso, não sei bem se alguma vez cheguei a entender porquê – por isso mesmo, não comento a sua saída) e, para ocupar o seu lugar, surge Raul Tavares (que já era um dos principais responsáveis pela revista Sem Mais, de Setúbal, e fazia parte da redacção do Sul Expresso).
Não se tratou, contudo, de uma simples mudança de director. As informações de que disponho (enfim, não serão muitas, mas julgo que são credíveis) permitem-me dizer que, nessa fase da vida do Sul Expresso (em meados de 1996) os accionistas (com o empresário almadense Artur Cortez à cabeça) estavam descontentes com o rumo que o jornal estava a tomar e decidiram, por isso mesmo, pôr um ponto final na edição.
Para salvar o Sul Expresso, alguns jornalistas (entre eles, Raul Tavares e Humberto Lameiras) e o paginador (António José Ribeiro – hoje director do jornal Notícias da Zona, de Sesimbra), assumem a edição, comprometendo-se também a viabilizar o projecto, de maneira a que pudesse continuar a ser sustentado pelos accionistas.
É dessa fase o editorial em que Raul Tavares assumia a liderança de «um jornal que quer prosseguir uma linha editorial acima de todas as lógicas políticas, que não aloinha em credos e não se deixa quedar por razões economicistas».
Bem, não deverei ser eu (que, embora apenas como jornalista “assalariado”, estive sem medos e sem reservas com o projecto Sul Expresso) quem vos poderá dizer se esses objectivos foram ou não conseguidos. Até porque já disse que, na minha opinião, o Sul Expresso foi o melhor projecto editorial almadense das últimas décadas.
Digo-vos, sim, que a publicação teve um final inglório. Primeiro, foi assaltada (a redacção ficava num terraço de um prédio na Praceta Capitães de Abril, muito perto da zona que hoje é conhecida como “triângulo da Ramalha” – e, por sinal, era muito fácil de arrombar). Depois, aconteceu um incêndio misterioso (que, felizmente, foi detectado antes de consumir por completo todo o espólio do jornal).
Por fim, já numa fase em que, para salvar o que era (ainda) possível, a publicação tinha passado a mensal, um outro assalto acabou de vez co o projecto.
Por acaso, eu até estava sozinho na redacção pouco antes desse segundo assalto ter sido consumado, e julgo que até sei quem foi o “menino” (um dos “meninos”, aliás) que assaltou: terá sido alguém que me conhecia muito bem, e que já muito me tinha prejudicado (e que eu julgo ter reconhecido), mas, enfim... é apenas uma suspeita e eu não quero levantar falsos testemunhos.
O Sul Expresso acabou, de uma vez por todas, em 1997. Havia ainda a esperança (e uma remota promessa...) de recomeçar, com uma nova redacção (aliás, eu fui, no último número, “chefe” de uma redacção que não existia). Tudo terminou quando, numa reunião em que estava eu, o director demissionário Raul Tavares e o “patrão” Artur Cortez, este nos comunica que o Sul Expresso já era.
Assim, sem mais. Ponto final.
quinta-feira, novembro 29, 2007
A revista SEM MAIS (distrito de Setúbal, anos 90 e início do século XXI)
Sem Mais, a revista, é (ou foi) um projecto de Raul Tavares e Jorge Alegria (parceiros na sociedade SadoPress).
No entanto, o primeiro director (embora, suponho eu, fosse pouco mais que um director apenas “nominal”) foi o conhecido advogado setubalense Mariano da Palma Gonçalves. Na “ficha técnica” das primeiras edições da Sem Mais estavam também (como membros do conselho editorial, correspondentes ou colaboradores permanentes) jornalistas, empresários e outras personalidades do distrito de Setúbal. Exemplos: Miguel Roquette, Regina Marques, Viriato Soromenho Marques (que, quatro anos mais tarde, seria o primeiro director do jornal semanário Sem Mais), Carlos Pimenta, Eduardo Carqueijeiro, José Manuel Palma, Nuno Gomes dos Santos, Telmo Correia e Marina Caldas, entre outros. Uma “colecção” de nomes que, convenhamos, era uma maneira de dar credibilidade a um projecto desconhecido que se procurava impor, contra todas as dificuldades que então se apresentavam à imprensa regional.
E porquê o nome Sem Mais? Porque – disse-me um dia o Raul Tavares, quando eu comecei a colaborar com a revista – a intenção era fazer um jornalismo de qualidade, ouvindo todas as partes e, se possível, abordando todos os aspectos de um assunto. De forma a que a informação ficasse completa, assim mesmo, sem mais…
O editorial do primeiro número (Novembro de 1993), que aparece sem assinatura do autor… (mas – deixem-me especular – provavelmente terá sido escrito ou por Mariano da Palma Gonçalves ou, menos provavelmente, por Raul Tavares), referia essas ambições nos seguintes termos:
«Se há coisas que custam na vida dos sonhadores é ter que lutar contra o sonho e contra os profetas da desgraça. O projecto Sem Mais nasceu nestas circunstâncias peculiares, embora do misto de sonho e realidade tenha feito orelhas moucas a tantos “nostradamus” cá do burgo. A ideia de editar, na região de todas as apostas, uma publicação de qualidade, jornalisticamente ousada e atraente às vistas, foi mais forte e motivou um grupo de profissionais com aquela “gema” de Setúbal a torná-la realidade. E, esteja certo, caro leitor, que o produto que tem nas mãos nada tem de fictício. É o zero de muitas edições que se lhe seguirão, a provar que também o distrito de Setúbal pode produzir informação da melhor. A Sem Mais é pois um projecto de apostas e desafios. A aposta contra o sonho – que nem sempre comanda a vida – e contra os que estão contra; desafio de fazer melhor, com mais brio, mais profissionalismo, mais seriedade. Queremos contar ‘estórias’ e dar a conhecer protagonistas daqui, desta outra margem do Tejo. Dar vida e cor à informação, sem escamotear a verdade, o essencial, o facto, num rigoroso e exclusivo compromisso com o público a que nos destinamos e servimos.»
Ora, isto é um editorial cujas intenções eu podia assinar por baixo. E, de facto, tive a sorte de ser “levado” a trabalhar neste projecto, após a minha saída da rádio Voz de Almada. A directora de informação daquela rádio, Ana Isabel Borralho, apresentou-me ao Raul Tavares (já que ambos trabalhavam noutro projecto regional chamado Sul Expresso – mas já lá iremos a seguir…). E eu fiquei, primeiro como colaborador (escrevi a primeira “peça”, sobre um projecto que então existia para a recuperação e valorização do Ginjal, em Fevereiro de 1995).
No entanto, como se dizia no editorial do “número zero” da Sem Mais, «nem sempre o sonho comanda a vida». E a vida, essa mesmo, tratou de trocar as voltas à “pureza” inicial do projecto. A pouco e pouco, a Sem Mais foi ficando menos jornalística (no sentido de privilegiar a reportagem e a investigação) e mais “institucional”. Começou a privilegiar a divulgação empresarial, até se tornar, em definitivo e assumidamente, uma revista de “economia”.
Isso acontece a partir de 1998, quando a SadoPress começa a editar um semanário, Sem Mais Jornal, que se pretendia generalista e “de referência”. E, a propósito, eu também estive na primeira redacção desse jornal.
Terei muito gosto em falar-vos acerca dessa experiência, num próximo artigo deste blogue.
segunda-feira, novembro 26, 2007
Olha que boa surpresa!
Ora, isto é uma boa supresa porque:
a) A histórica embarcação (que foi desencalhada do lodo, no Tejo, no início dos anos 90, e é hoje propriedade da Marinha Portuguesa) já devia ter vindo para Cacilhas em 1998, após a Exposição Mundial de Lisboa (Expo 98).
b) Depois de tanto tempo, finalmente estava tomada a decisão de a trazer mesmo para esta banda... mas (segundo fontes credíveis, contactadas pelo Coisitas do Vitorino), tal devia acontecer só lá para Fevereiro...
É, portanto, uma excelente surpresa, ver (finalmente!, repito) nesta margem do rio a “últma embarcação que fez a carreira da Índia” (é essa a sua importância histórica).
Mais informação sobre este assunto:
História da fragata, no site do Museu da Marinha:
http://www.museumarinha.pt/museu/pt/templates/canal.aspx?idc=31useumarinha.pt/museu/pt/templates/canal.aspx?idc=31
Sobre a fragata e a longa e interessantíssima história sua recuperação:
www.prof2000.pt/users/avcultur/Fragata_D_Fernando/index.htm
Notícia da assinatura do protocolo (em 2005) para a docagem da fragata em Cacilhas, a fim de se proceder a “trabalhos de manutenção” (publicada na Revista da Armada)
www.marinha.pt/extra/revista/ra_nov2005/pag_28.html
sexta-feira, novembro 23, 2007
Olhem pra mim, no terraço da Uninova, a trabalhar para a Voz de Almada...
Como demonstra esta foto (publicada no semanário Actual, edição de 10 de Fevereiro de 1994), nesse dia estava uma ventania assinalável. No terraço da Uninova, Mira Amaral até nem perdia a compostura, mas a presidente da Câmara de Almada, Maria Emília de Sousa (sim, ainda é a mesma...) encolhia-se, levantava a gola do casaco e, enfim, lá se defendia como lhe era possível de tamanha rajada de vento. E o repórter da Voz de Almada tentava fugir ao clique do fotógrafo (porque um jornalista não deve ser notícia, não é?...), porém debalde: como se pode ver, não se safou de aparecer na fotografia.
E ainda bem.
É que esta foto é a única imagem que guardo da minha passagem pela rádio Voz de Almada. Alguém (por sinal, alguém da minha família – mas ainda não está na altura de falar nisso) fez o favor de me roubar até os autocolantes que a rádio oferecia aos seus colaboradores. Por isso não tenho um logotipo que vos possa mostrar.
Claro que isso (o roubo dos autocolantes) ainda é o menos. O pior é que, além de materiais de promoção da rádio, esse alguém tratou de me prejudicar também a carreira profissional.
Já tinha começado antes, quando eu estava na Rádio Baía. Continuou quando trabalhei na Voz de Almada. E agravou-se nos anos seguintes.
E estou, ainda hoje, a pagar as favas (como se a culpa afinal fosse minha).
Não acreditam?
Está bem, não acreditem.
Mas, ainda assim, continuem a ler este blogue.
É que “a verdade vem sempre ao de cima.”
Obrigadinho pela preferência.
Notas de rodapé:
Na Voz de Almada – rádio local, filiada na Associação de Rádios de Inspiração Cristã - estive entre Janeiro e Agosto de 1994. Depois, ainda lá voltei, em Agosto de 1995, a convite, para substituir uma colega (Gertrudes Guerreiro) durante o seu período de férias. Quando entrei, foi para substituir uma jornalista que ía para a “concorrência” (a Rádio Capital, que ficava no mesmo edifício, umas portas mais à frente). E, na Voz de Almada, tive o privilégio de conhecer pessoas como o Paulo Rolão (que era, nesse tempo, um jovem muito promissor.. e tanto “prometeu” que é hoje o correspondente da RTP no distrito de Coimbra), o Vítor Burgo (um jornalista pouco “ortodoxo” – e, talvez por isso mesmo, mal-amado naquela rádio - mas competente) ou a directora de informação, Ana Isabel Borralho (que foi, aliás, quem me levou a seguir para a imprensa escrita).
Ah, conheci também o padre Ricardo (o carismático “chefe” daquela rádio). E, pela primeira vez (e única, que me lembre) fui alvo de uma muito subtil tentativa de silenciamento... Isso aconteceu quando, após uma explosão de gás no Bairro Amarelo (eu avisei na hora, porque morava nesse bairro, e vi a explosão, e telefonei logo para a redacção - mas, mesmo assim, a Voz de Almada foi das últimas a chegar) um certo responsável local de uma instituição eclesiástica do Bairro Amarelo se lembrou de criticar o Bispo de Setúbal (que, naquele tempo, era o famoso D. Manuel Martins). Alguém da direcção da rádio disse-me, então, que aquelas críticas não eram para levar muito a sério, e que a pessoa que falou à reportagem o fez porque queria protagonismo. E sabem que mais?: depois destes anos todos, bem vistas as coisas, se calhar, até era mesmo isso.
(E, sim, tenho muitas mais histórias para contar... Mas encerremos, por agora, este “capítulo” das minhas experiências radiofónicas. A seguir, vou falar-vos de um jornal, muito bom, mas muito desconhecido, publicado em Almada durante os anos 90. Era quinzenário e chamava-se Sul Expresso.)
quinta-feira, novembro 22, 2007
Se ler notícias, não beba!
No meu primeiro dia de trabalho na Rádio Baía (fazia turnos de nove horas, com uma hora de intervalo para almoço, mas, enfim... esse “intervalo” era entre dois noticiários, pelo que não dava mesmo para usar a hora inteira, estão a ver?) fui almoçar e - como estava habituado a fazer até então - bebi uma “imperial” para acompanhar a refeição. Notei logo a diferença: e era uma diferenssssssssa... entendem?
Portanto, na rádio (na rádio a sério, não nas experiências anteriores, nos estúdios móveis e nas "piratas"), nada de beber em horário de serviço. Nem mesmo uma cervejola! (Eu bebi essa, nesse dia, e nunca mais repeti a dose!)
Mas, espera aí... mais abaixo neste blogue eu disse-vos que, em determinada altura da minha vida, era um jornalista que “funcionava a álcool”?
Disse, não disse?
Ooopss!!!
O que eu fui dizer!...
Eu retracto-me: o “funcionar a álcool” (que é, como devem entender, uma figura de estilo, até porque a álcool ninguém funciona) veio mais tarde, num jornal, quando o fecho de edição se prolongava pela noite dentro (às vezes era mesmo até à manhã do dia seguinte), depois de jantares habitualmente bem “regados”. Eram “maratonas” muito cansativas, que lá iamos aguentado, com umas garrafitas de “combustível”... E era de quinze em quinze dias. Duas vezes por mês... Vinte e quatro vezes num ano! Só! (As outras "bezanas" eram fora do horário de serviço, ok?)
Mas isso (pois, o “combustível”...) não nos impedia de fazer um trabalho sério e de qualidade (há provas do que digo: o meu trabalho é público – será necessário repeti-lo?). Até porque, na imprensa escrita, temos sempre mais do que uma possibilidade de corrigir eventuais erros.
Na rádio, não.
Na rádio, se for ler notícias, não beba... por favor!
Ah, se for num blogue (como este), está bem, faça de conta que está em sua casa, pronto! Beba à vontade! Eu, por exemplo, estou a beber daquela garrafa de Grants (passe a publicidade), que – como devem calcular – não estava ali só para servir de enfeite... Mas, lá está, isto é apenas um blogue... E nos blogues (a avaliar pelo que tenho visto por aí, em blogues de pessoas que, aparentemente, são muito mais responsáveis que eu), a gente não precisa de se preocupar muito com o rigor das coisas que escreve...