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sexta-feira, maio 29, 2009

"Viva a vida sem tabaco!"... ou uma nova versão da fábula da lebre e da tartaruga (Rádio Baía, Maio 1993)

Em 1993, fui fazer reportagem das comemorações do Dia Mundial Sem Tabaco (31 de Maio).

Havia uma festa no Jardim de Almada - animação que culminou com uma pequena peça de teatro na qual se recriava a fábula da lebre e da tartaruga. A tal corrida que a lebre tem todas as condições para ganhar... e daí... daí não sei: é que a lebre, ultimamente, anda a fumar tanto!...

A piada disto qual é? É que eu, naquela época, fumava que nem uma chaminé. E passei a ser alcunhado pelos meus colegas da rádio como a lebre fumadora... Eles lá sabiam porquê!

Eu já tinha contado antes esta história (sem áudio nem vídeo, mas com mais pormenores). Aqui: http://vitorinices.blogspot.com/2007/11/lebre-fumadora-e-tartaruga-desportista.html

(Obs: na peça refere-se, por lapso, o Dia do Não Fumador - que também existe, mas é comemorado a 17 de Novembro, e não a 31 de Maio)

domingo, dezembro 28, 2008

Só durante um bocadinho, vamos fazer de conta que estamos em Dezembro de 1992


Em 1992, ainda não havia internet, não havia telemóveis, não havia televisão por cabo, não havia mesmo televisão em Portugal a não ser os dois canais da RTP... Era tudo um grande aborrecimento, o mundo era pequenino e a preto e branco. Portugal era um país triste, de hábitos pronvicianos, onde não acontecia nada; e era governado por um bando de "velhos do restelo" dos quais hoje já ninguém - felizmente ! - se lembra!...

Era isso, não era?...

Era?
Ou não era, mesmo?

Vejamos, por exemplo, dois noticiários de Dezembro de 1992:

No rescaldo do dia 30 desse mês (desse ano) as notícias (da Rádio Baía, às cinco da manhã já de dia 31) eram estas:
Em Portugal, greve dos ferroviários desconvocada porque a CP aceitou encontrar-se com os representantes dos trabalhadores, mas só em Janeiro de 1993. (Humm... enfim... adiante...)
Na Câmara de Lisboa, os vereadores do PSD criticam o presidente do executivo, Jorge Sampaio. Acusam-no de ter feito uma gestão autárquica a pensar numa futura e muito hipotética candidatura à Presidência da República (nas eleições de 1996) e dizem que, com isso, a edilidade viveu um ano de «euforia pré-eleitoralista». E quem defendia essas posições, e lançava esses ataques isso em nome do PSD? Pois nem mais nem menos que essa reminiscência política do fossilizado e, muito justamente já esquecido século 20 - eminência parda dessas eras obscuras, que dava pelo nome de Marcelo Rebelo de Sousa!
Marcelo, o próprio, não poupava críticas também ao então Presidente da República, Mário Soares (lembram-se? e o primeiro-ministro era Cavaco Silva... lembram-se também desse ilustre cavalheiro?...). Afirmava então Marcelo que «é surpreendente a forma como o Presidente se interessa agora pelas obras em curso na capital».
Mas, entretanto,a mesma autarquia anunciava uma campanha para informar os utentes do eixo rodoviário norte-sul sobre as novas acessibilidades que, no final de 1992, aquela via estruturante da cidade de Lisboa passava a oferecer aos munícipes e outros habitantes da capital. Campanha para evitar, por exemplo, os engarrafamentos ocorridos em Sete Rios quando a nova via abriu
e...
Pois, isto também já é história. Obras no eixo norte-sul, caramba!, é mesmo coisa do passado. Não é?
(Por acaso o eixo norte-sul ficou concluído só este ano mas, claro, isso não interessa nada para o caso, pois não?)
Do resto do mundo chegava a notícia de que uma sondagem realizada em França pelo jornal Le Parisien revelava que a maioria dos cidadãos desse país era favorável a uma intervenção armada na Bósnia-Herzegovina (e sabe-se o resultado que isso deu, mais tarde...).

Mas a grande notícia, a enorme notícia, era a entrada em vigor, a 1 de Janeiro de 1993, do Mercado Único Europeu!!!


Agora é que ia ser: «um cidadão da Europa que, por exemplo, apanhe um avião em Lisboa com destino a Roma não terá as bagagens revistadas; pode pedir um empréstimo bancário (por exemplo, também) em Amsterdão, mas se ali comprar um carro vai ser obrigado a pagar os impostos respectivos em Portugal». O "mercado único" arrastava «uma série de incógnitas e de vazios jurídicos», mas abria novas possibilidades» (naqueles paleolíticos tempos ainda não estava na moda a expressão "janela de oportunidade: era oportunidade, só, ou posibilidade,... enfim) «aos cerca de 340 milhões de cidadãos do espaço comunitário».







Tudo isto é tão distante, não é?
Isto e isto:

Também em Dezembro de 1992, entre questiúnculas menores - tipo reformas no Ministério da Agricultura, polémica à volta da Lei do Mecenato (apresentada por um secretário de Estado da Cultura que existia nesses paleozóicos tempos, Santana Lopes, de sua graça) e divergências entre PS e PSD sobre a Lei Eleitoral e sobre a regionalização (com Almeida Santos, um ilustre senhor desses arcaicos dias, a defender a posição do PS...) - chegavam notícias de um Presidente da República Federativa do Brasil (Fernando Collor de Melo) que ía ser julgado pelo sistema judicial do seu país, e tentava adiar a sentença... Mas a grande dúvida parecia ser: onde vai George Bush passar o Natal? Em Washington? Ou na Somália, junto das tropas americanas? Sim, os yankees também mandaram tropas para a Somalia, em 1992... Agora são os chineses... Por causa dos piratas.

Mas nesses oh tão distantes tempos, eram os americanos (por causa dos "senhores da guerra") e... pois, o Bush a que me refiro é mesmo o pai do ainda presidente...






E dizia então alguma media norte-americana que o "ainda presidente" pode passar o Natal na Somália! «Ainda presidente», em 1992 - com Clinton eleito, mas não em funções.

(Bush foi, de facto, à Somália, mas só em 1993. E, que eu saiba, não levou com nenhum sapato.Tristes tempos esses, os do início dos anos 90...)

Muito pequenina e discreta nota de rodapé: há quem diga que eu nunca fui jornalista, nem o sou agora. É claro que um jornalista publica o seu trabalho - logo, tem maneira de demonstrar facilmente se foi, ou é, aquilo que diz ser. E isto é tão óbvio que dispensa, ou devia dispensar, explicações. Mesmo assim, há quem insista em dizer que não senhor, eu sou é um grande mentiroso (enfim, dizem mais algumas coisas, mas não aprofundemos isso agora, porque teria de desmontar algumas difamações, e isso levar-nos-ia longe, porque difamação é crime - coisa para ser tratada em tribunal - e além do mais este blogue até é um bocado "show-off",
sim senhor, como quase tudo na internet... mas não tanto, convenhamos!).
No entanto - sem aprofundar muito - concluamos: se eu sou mentiroso (é o que se diz... no mínimo) e se o que fiz, parece que afinal não o fiz (diz-se), e se o que faço agora, parece que afinal não o faço (a sério: já me vieram dizer coisas dessas!)...

Então: as pessoas para quem eutrabalhei, os meus colegas de trabalho, as pessoas com quem contactei profissionalmente, as que entrevistei, aquelas com quem convivi... É tudo mentira? Não aconteceu?
E então (paralogismo, em vez de silogismo - só porque é mais adequado para este caso, entenda-se): estes noticiários não existiram!? E os trabalhos que publiquei neste blogue, não os fiz, nunca!!? Nem os antigos, nem os recentes!!!?
E, se eu sou mentiroso (no mínimo...) as pessoas que comigo trabalham e com quem me relaciono e colaboro são mentirosas (no mínimo) também! Será isso?
Admitir isto seria anedótico, se não fosse grave.
Mas, exactamente por se tratar de um assunto grave, fico-me por aqui, agora. E sim, tenho muita paciência...

(fim de nota de rodapé)

segunda-feira, novembro 03, 2008

O nosso mundo (ou uma parte dele) em Novembro de 1992

Estando eu, como estou, a comemorar 16 anos de actividade jornalística, apeteceu-me compartilhar convosco um dos primeiros noticiários que editei (profissionalmente - porque já tinha experimentado antes fazer essas coisas numa rádio "pirata").
Ora bem: o que se segue é a edição de notícias às 16 horas na Rádio Baía, terça-feira, dia 3 de Novembro de 1992.
Destaques?
Eleições nos Estados Unidos da América (a essa hora já se votava, havia 2 candidatos "tradicionais" e Ross Perot, um milionário direitista (mas que eu até gostei de ver na corrida, porque era novidade); Bill Clinton era o favorito nas sondagens e tudo apontava para que esse saxofonista conseguisse tirar do poder o papá George Bush, que cumprira só um mandato, como sucessor do "grande actor" Ronald Reagan).
De Angola as notícias que chegavam não eram nada agradáveis: a guerra civil continuava, e recrudescia. Timor-Leste era ainda um país ocupado e Xanana Gusmão apresentava propostas para a negociações entre Portugal e a Indonésia.
E aqui, neste cantinho (neste oásis) à beira-mar plantado, o governo de Cavaco Silva mostrava as suas preocupações sociais ao aumentar os valores das reformas de dois milhões de pensionistas (e se vocês, caros leitores, pensam que, algures neste texto, estou a ser irónico, talvez tenham alguma razão para o pensarem - mas eu cá não confirmo nem desminto).
Aqui fica, então, o registo desse noticiário:



Eu sei que, tecnicamente, este noticiário deixa algo a desejar. Mas notem que não fazia rádio (rádio a sério, pelo menos) desde 1988. E este era o meu segundo dia de trabalho na Rádio Baía. Estava ainda meio atrapalhado. Cometi algumas "gafes". Mas notem também que dizer (como disse) "cônjugues a prazo" não é necessariamente um erro: todos os cônjugues são a prazo.

Encontram mais vídeos como este em
http://www.youtube.com/bulcanico

segunda-feira, novembro 19, 2007

A RÁDIO BAÍA, onde estive durante nove meses e depois saí

Do tempo em que a rádio era uma coisa fascinante, guardo esta catrefada de cassetes, e algumas recordações – umas mais agradáveis, outras menos... como tudo na vida, não é?
Lembro-me, por exemplo, da Rádio Baía, onde estive entre Novembro de 1992 e Julho de 1993
.

Já aqui me tenho referido à minha experiência como jornalista. Mas, para ser justo (e rigoroso, como se pede a um jornalista), devo afirmar que a minha primeira experiência profissional nesta área, tive-a no Departamento de Informação da Rádio Baía.

Em Novembro de 1992, estava eu já decidido a tentar a carreira jornalística, mas só lá para um futuro ainda incerto. O que queria mesmo era fazer um programa de rádio. É nessa altura que a Rádio Baía coloca no ar um spot em que se dizia qualquer coisa do tipo “Gostavas de fazer rádio? A Rádio Baía está à procura de locutores. Vem ter connosco!” (era mais ou menos isto, parece-me...).
Ora, eu gostava de fazer rádio (e queria ser locutor), portanto enviei-lhes o meu curriculum (que ainda era pequenino, naquele tempo), fui chamado para testes e fiquei a saber que eles precisavam mesmo era de gente para o Departamento de Informação.
Meio desiludido (porque queria muito fazer um programa) lá agarrei a oportunidade.

Fiquei a fazer o turno da manhã... entre as sete e as 16 horas.

Naquela rádio, só havia dois turnos: um entre as sete da manhã e as quatro da tarde; o outro, entre as quatro da tarde e a uma... da manhã (como se costuma dizer).
Foi, para mim, um desafio muito interessante começar logo com esse turno. É que (e atenção, que vou dizer isto sem qualquer ironia), era estimulante começar o dia acordando às 5 da madrugada, apanhar um autocarro no Bairro Amarelo uma hora mais tarde, e depois ir beber um café a Cacilhas, antes das 6 e meia, hora a que apanhava o autocarro que me ia deixar praticamente à porta da rádio (se não era iso, era às seis e vinte, mais coisa menos coisa).
E era estimulante porque – como aprendi então – em rádio aquela frase feita “é de manhã que começa o dia” é duplamente verdadeira. De manhã é que as notícias começavam a aparecer (quando passei a fazer turnos à tarde, parecia que estava a trabalhar com informação “requentada”). E, depois, havia ainda a informação de trânsito (que fazia entrando em diálogo com o locutor de serviço na programação da manhã: um jovem então muito promissor, chamado Marco Ribeiro), que proporcionava uma dose extra de adrenalina.

Claro que não me posso esquecer de referir três jornalistas que conheci naquele tempo. Dois deles (elas, aliás) a começar a carreira; outro, pelo contrário, já muito rodado.

O “maduro” era, devo dizer-vos, um autêntico “cromo”. De seu nome José Manuel Alves, trabalhava para várias rádios (às vezes até se enganava no final dos RMs a designar a rádio para a qual tinha feito a gravação), estava “em todas” (era um verdadeiro “free-lancer”), e foi também o primeiro jornalista que eu vi funcionar “a álcool” (o primeiro de muitos que conheci mais tarde – e posso incluir-me também nessa lista, vá lá...). Mas era, como se diz agora “um senhor”! (Além de repórter, fazia também um programa de entrevistas, nas manhãs de sábado da Baía).

Depois, apareceu por lá também a competente Susana André (a jornalista da SIC, de quem já vos falei). Mas a primeira jornalista que conheci (com quem trabalhei nos noticiários das manhãs), chamava-se então Carla Ribeiro (hoje parece-me que tem um Alves no meio do nome e trabalha na Revista Visão). Estava também a começar a sua carreira profissional e, tal como a Susana André, destacava-se já pela sua competência e seriedade, num tempo em que o jornalismo começava a estar “na moda”, e muitos jovenzitos iam para os cursos de comunicação social convencidos que sairiam de lá “vedetas da TV”. Alguns (e algumas) que eu vi passar por essa rádio (e por outros órgãos de comunicação social, mais tarde) eram dessa “fornada”. Mas não estas duas.

Bem, eu estive na Rádio Baía “apenas” nove meses. Mas nove meses são tempo suficiente para coleccionar estórias interessantes (e conhecer pessoas interessantes). Eu até tenho vontade – muita - de vos contar algumas dessas estórias (e de vos falar acerca dessas pessoas), mas deixo isso para outra ocasião.

Saí ingloriamente (como saio quase sempre, de quase tudo), depois de me cansar um bocado de ser sempre atirado do turno da tarde para o turno da manhã, e do turno da manhã para o turno da tarde (sair da Arrentela à uma da manhã para me levantar no dia seguinte às cinco não era lá muito agradável). Está bem, não foi só isso: tive também problemas “de coração” (neste caso, em sentido figurado, tipo coraçãozinho cor-de-rosa, estão a ver) e – já nessa altura – começava a ter um certo elemento da minha família a fazer desaparecer o meu salário.

Falaremos disso um destes dias.




A terminar, digo-vos (para o caso de não saberem) que a Rádio Baía é das poucas emissoras regionais que se mantém em actividade desde a década de 80 do século passado. Quando lá trabalhei, tinha os estúdios instalados no espaço de um vulgaríssimo apartamento, na rua João Martins Bandeira, na Quinta da Boa-Hora, por cima da zona ribeirinha da Arrentela, a caminho do Seixal. E, bem... tinha os estúdios, a redacção (uma secretária ao fundo do corredor, junto à janela, com uma máquina de escrever e um painel de cortiça para afixar mensagens e outros papéis), tinha uma sala em cuja porta se lia “não entrar: perigo de radiação”... enfim, tinha isso tudo, no exíguo espaço de um apartamento.

Ah, ainda não vos disse como é que faziamos informação de qualidade já profissional, ali onde não tínhamos telex, nem fax, nem tão pouco estas modernices da internet, pois não?

Voltem, então a olhar para aquela catrefada de cassetes no topo desta posta. Conseguem ler numa das etiquetas “notícias CMR”? Ora bem: CMR era a sigla do Correio da Manhã Rádio. É que nós gravávamos as notícias de outras rádios (cada jornalista tinha as suas preferências - as minhas eram o CMR e a TSF) e trabalhávamos a partir daí.
(Na Voz de Almada, onde estive a seguir, era a mesma coisa, diga-se... Aliás, isso era a regra, e não só em rádios locais, segundo me informaram).

E os noticiários da madrugada (a Rádio Baía orgulhava-se de ter informação 24 horas por dia), que eram previamente gravados, a partir das “sobras” do dia anterior, e evitando sempre notícias de actualidade, que pudessem sofrer actualizações entre a uma e as sete da manhã?...

Estão a ver, então, a quantidade de estórias que ficam para contar numa próxima oportunidade?

sábado, novembro 17, 2007

A lebre fumadora e a tartaruga desportista


Hoje, dia em que se assinala uma data qualquer contra o tabaco, eu (que sou um ex- fumador, mas ainda não muito convicto) lembrei-me de uma estória, passada num outro dia contra o tabaco (porque existem dois, sabiam?), neste caso, em 31 de Maio de 1993.
Aviso já que a estória não é nada de especial, nem sequer tem muita piada (logo, talvez não dê para rir - desculpa lá, ó Luís Milheiro...).


Então... era uma vez...

... o António Vitorino, ainda modesto aprendiz de jornalista, na Rádio Baía. Que, precisamente por ser um modesto aprendiz de jornalista, queria fazer coisas que lhe dessem experiência. Vai daí, oferece-se para, fora do horário de serviço, ir ao Jardim de Almada fazer a reportagem de uma iniciativa anti-tabagista, no “Dia Mundial do Não Fumador”, 31 de Maio desse ano de 1993.

E foi mesmo.

Assim, nesse dia, entra em directo no noticiário da Rádio Baía (às 17 horas), editado a partir do estúdio por uma jornalista, ainda “tenrinha” mas já competente, chamada Susana André (esclareço já que sim, é a Susana André que está agora na SIC – e não, não estou a brincar quando digo que ela já era competente, apesar de ainda profissionalmente “tenrinha”). E entra com a seguinte estória (a tal que não tem piada), tque aqui transcrevo, quase literalmente, a partir dos registos magnéticos dessa época (alguns dos – poucos – que consegui salvar...):

Depois de explicar - tipo lied da notícia, como lhe tinham ensinado a fazer - que aquela actividade reunia no Jardim de Almada crianças e jovens dos ATL do município almadense, das escolas secundárias e preparatórias de Almada, e também a Escola Secundária de Amora e técnicos do CIAC (Centro de Informação Autárquica ao Consumidor) de Almada, o aprendiz de jornalista afirma (e passo a citar):

«A doutora Graziela» (acentuando bem o Graziela, que é um nome bonito e agradável de dizer em rádio...) «do Centro de Saúde Ocupacional de Almada, pôs esta questão: se fumar faz mal,e toda a gente sabe, então, porque é que se começa? E a resposta poderá ser mesmo esta:»

(entra então um RM – abreviatura usada em rádio para “registo magnético” - ou, se preferirem, uma gravação, com a voz da doutora Graziela a dizer o seguinte)

«Um dia interroguei à volta de quinhentos jovens e perguntei-lhes porque é que fumavam. Esses jovens tinham entre 14 e 19 anos. Eles sabiam que o tabaco causava problemas de saúde. A maior parte deles, à medida que iam crescendo, tinham-se esquecido desses problemas e tinham sido vencidos pelos seus grupos, pelos pares, pelos pseudo-amigos, que os levavam a fumar. A maior parte deles diziam que fumavam única e simplesmente porque os amigos fumavam, e não era possível pertencerem ao grupo se não fumassem.
Mais uma vez vos digo: é acima de tudo necessário muita coragem, muita inteligência. Demonstrem-no não fumando, mesmo junto daqueles que fumam.
Viva a vida sem tabaco!»

(O RM acabava aqui. A seguir, entra novamente, em directo, o Vitorino)

«
Ora aí está: “viva a vida sem tabaco!” (...) Depois, subiram ao palco jovens dos ATLs da Câmara de Almada, recriando a fábula da lebre e da tartaruga. A tal corrida que a lebre tem todas as as condições para vencer, e... E daí, não sei... É que a lebre, ultimamente, anda a fumar tanto!..»

E pronto, o Vitorino calava-se aqui. Dava por concluída a sua hããã... “reportagem”, não?

Estranhamente, do estúdio só saiu silêncio, durante alguns momentos.

Fiquei a saber, depois, que a coisa deu-lhes para rir. É que, nessa altura, o Vitorino fumava que nem uma chaminé (só não fumava no estúdio porque não podia, mas na redacção fazia dos outros pobres fumadores passivos). E a jornalista de serviço achou melhor não se rir em directo – portanto, desligou o microfone enquanto dava a tal gargalhada.

E é claro que, durante algum tempo, eu fiquei conhecido, na Rádio Baía, como a “lebre fumadora”.

Portanto a propósito do dia não sei quantos contra o tabagismo (um dos pelo menos dois que existem), não me lembrei de coisa melhor que esta estória insonssa (mas eu avisei que não tinha piada, não avisei?).
E podia ser pior: podia não ter nada para contar, e limitar-me... sei lá, a criticar os outros.... Há gente assim, e eu até conheço alguns. Vocês não conhecem?

(Para esclarecer eventuais confusões, sobre datas de iniciativas anti-tabagistas, esta página talvez ajude:
www.minerva.uevora.pt/publicar/wq_fumar/ )

Foto: estátua em Boston, EUA, retirada daqui:
ja.northrup.org/photos/boston/turtle-and-rabbit-statues.htm