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segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Carnaval em Almada - algumas memórias dos anos 80 e 90

O corso carnavalesco de Almada não é, certamente, dos mais famosos do país. Mas tem uma história já com quase 30 anos. Eu, que conheço um pouco dessa história, vou tentar falar-vos do que sei sobre o assunto.Ora então, se bem me lembro...


Os desfiles de Carnaval, tal como os conhecemos hoje em Almada, tiveram a sua génese já perto dos anos 80 do século passado. Não tenho informações que me permitam afirmar com certeza em que ano o corso desfilou pela primeira vez. Mas suponho terá sido ainda antes do início dessa década. Mais exactamente em 1979, quando o Centro Cultural de Almada (CCA) organizou uma "festa de teatro popular" para comemorar o Entrudo desse ano.

O Jornal de Almada referia-se ao evento desta forma:




E o já desaparecido matutino "o diário" documentou assim o acontecimento:


Se foi esse o primeiro dos muitos desfiles que vieram depois - e o meu palpite é que talvez tenha sido mesmo - então podemos dizer que o Carnaval de Almada comemora 30 anos em 2009! Será? (Como não quero ser desonesto, admito que não tenho nehuma certeza sobre o assunto.)

O que sei, com certeza (porque estive lá e participei) é que, em meados dos anos 80, o Carnaval de Almada era organizado pela União de Sindicatos do Concelho de Almada (USCA), apoiado então pelo CCA e pela Companhia de Teatro de Almada (CTA).

A coisa funcionava mais ou menos assim: a USCA mobilizava o pessoal e o CCA e a CTA davam apoio técnico e artístico.

Os carros alegóricos, os gigantones, as fantasias - tudo isso era confeccionado em Cacilhas, nuns armazéns em frente à entrada dos estaleiros da Lisnave (estaleiros hoje desactivados e armazéns hoje em ruinas). Muito mexi eu (colaborador que era do CCA) em colas e esferovite e mesmo fibra de vidro. E muito aprendi com o pessoal dos sindicatos! No dia do desfile, os grupos e associações participantes juntavam-se frente àqueles barracões e começavam a desfilar, a partir de Cacilhas, em direcção ao núcleo urbano de Almada. Eram corsos prolongados, longos e cansativos - mas muito divertidos. E muito carregados de sátira política - afinal, estávamos nos anos 80, tempos de crise, e num concelho operário, lutador, "vermelho"...



Em Fevereiro de 2008 escrevi sobre estes carnavais dos anos 80, neste mesmo blogue: para ler o artigo cliquem aqui.

Também não sei em que momento a Câmara Municipal de Almada (CMA) assumiu a "liderança"dos festejos carnavalescos. Admito que terá sido no princípio da década de 1990 (mas, mais uma vez por falta de fontes documentais, não afirmo: apenas me atrevo a dar o palpite).
Suponho que o maior envolvimento da autarquia foi uma maneira de tentar dar resposta ao desabrochar de um novo movimento associativo, mais "informal" e nascido fora das colectividades "tradicionais". Este novo movimento, muito típico dos anos 90, tinha energia, juventude, ideias e vontade de as concretizar - mas não tinha instalações próprias nem dinheiro. A CMA apoiou, financiou e assumiu, então, a realização do corso, nos moldes em que se efectua até hoje.

Com uma novidade, nos anos mais recentes: o espectáculo de música no final do desfile. (Este ano - 2009 - com os Orixas).

Na década de 90 eu já não estava tão envolvido nessas coisas carnavalescas. Ainda assim aceitei, em 1996, um convite do Pedro Morgado para integrar a "performance" do grupo Toucinho do Céu: um novo e florescente culto religioso, chamado IURDD - Igreja Universal do Ranho do Dinheiro. Infelizmente, não tenho fotos desse ano. Mas tenho aqui umas de de 1995. E olhem, não é que são, também do Toucinho do Céu?


E pois: não há droga, não senhor!