Ou não era, mesmo?
Na Câmara de Lisboa, os vereadores do PSD criticam o presidente do executivo, Jorge Sampaio. Acusam-no de ter feito uma gestão autárquica a pensar numa futura e muito hipotética candidatura à Presidência da República (nas eleições de 1996) e dizem que, com isso, a edilidade viveu um ano de «euforia pré-eleitoralista». E quem defendia essas posições, e lançava esses ataques isso em nome do PSD? Pois nem mais nem menos que essa reminiscência política do fossilizado e, muito justamente já esquecido século 20 - eminência parda dessas eras obscuras, que dava pelo nome de Marcelo Rebelo de Sousa!
Marcelo, o próprio, não poupava críticas também ao então Presidente da República, Mário Soares (lembram-se? e o primeiro-ministro era Cavaco Silva... lembram-se também desse ilustre cavalheiro?...). Afirmava então Marcelo que «é surpreendente a forma como o Presidente se interessa agora pelas obras em curso na capital».
Mas, entretanto,a mesma autarquia anunciava uma campanha para informar os utentes do eixo rodoviário norte-sul sobre as novas acessibilidades que, no final de 1992, aquela via estruturante da cidade de Lisboa passava a oferecer aos munícipes e outros habitantes da capital. Campanha para evitar, por exemplo, os engarrafamentos ocorridos em Sete Rios quando a nova via abriu
e...
Tudo isto é tão distante, não é?
Isto e isto:
Também em Dezembro de 1992, entre questiúnculas menores - tipo reformas no Ministério da Agricultura, polémica à volta da Lei do Mecenato (apresentada por um secretário de Estado da Cultura que existia nesses paleozóicos tempos, Santana Lopes, de sua graça) e divergências entre PS e PSD sobre a Lei Eleitoral e sobre a regionalização (com Almeida Santos, um ilustre senhor desses arcaicos dias, a defender a posição do PS...) - chegavam notícias de um Presidente da República Federativa do Brasil (Fernando Collor de Melo) que ía ser julgado pelo sistema judicial do seu país, e tentava adiar a sentença... Mas a grande dúvida parecia ser: onde vai George Bush passar o Natal? Em Washington? Ou na Somália, junto das tropas americanas? Sim, os yankees também mandaram tropas para a Somalia, em 1992... Agora são os chineses... Por causa dos piratas.
Mas nesses oh tão distantes tempos, eram os americanos (por causa dos "senhores da guerra") e... pois, o Bush a que me refiro é mesmo o pai do ainda presidente...
E dizia então alguma media norte-americana que o "ainda presidente" pode passar o Natal na Somália! «Ainda presidente», em 1992 - com Clinton eleito, mas não em funções.
(Bush foi, de facto, à Somália, mas só em 1993. E, que eu saiba, não levou com nenhum sapato.Tristes tempos esses, os do início dos anos 90...)
Muito pequenina e discreta nota de rodapé: há quem diga que eu nunca fui jornalista, nem o sou agora. É claro que um jornalista publica o seu trabalho - logo, tem maneira de demonstrar facilmente se foi, ou é, aquilo que diz ser. E isto é tão óbvio que dispensa, ou devia dispensar, explicações. Mesmo assim, há quem insista em dizer que não senhor, eu sou é um grande mentiroso (enfim, dizem mais algumas coisas, mas não aprofundemos isso agora, porque teria de desmontar algumas difamações, e isso levar-nos-ia longe, porque difamação é crime - coisa para ser tratada em tribunal - e além do mais este blogue até é um bocado "show-off",
sim senhor, como quase tudo na internet... mas não tanto, convenhamos!).
No entanto - sem aprofundar muito - concluamos: se eu sou mentiroso (é o que se diz... no mínimo) e se o que fiz, parece que afinal não o fiz (diz-se), e se o que faço agora, parece que afinal não o faço (a sério: já me vieram dizer coisas dessas!)...
Então: as pessoas para quem eutrabalhei, os meus colegas de trabalho, as pessoas com quem contactei profissionalmente, as que entrevistei, aquelas com quem convivi... É tudo mentira? Não aconteceu?
E então (paralogismo, em vez de silogismo - só porque é mais adequado para este caso, entenda-se): estes noticiários não existiram!? E os trabalhos que publiquei neste blogue, não os fiz, nunca!!? Nem os antigos, nem os recentes!!!?
E, se eu sou mentiroso (no mínimo...) as pessoas que comigo trabalham e com quem me relaciono e colaboro são mentirosas (no mínimo) também! Será isso?
Admitir isto seria anedótico, se não fosse grave.
Mas, exactamente por se tratar de um assunto grave, fico-me por aqui, agora. E sim, tenho muita paciência...
(fim de nota de rodapé)
3 comentários:
epá! a nota de rodapéficou grande!...
bom ano para ti, Vitorino, apesar das nuvens que andam por ai...
O que me incomoda não são as nuvens: é o nevoeiro que algumas pessoas paecem ter dentro da cabeça.
Bom ano para ti também, Luís
A.V
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