Citando a publicação de 1979 do Centro Cultural de Almada, "Festa das Janeiras":
As origens das Janeiras perdem-se no tempo. Luís Chaves (conservador do Museu Etnológico) no seu livro "Páginas Folclóricas" - 1941 - diz-nos que a sua génese "entronca nos bailados e pantominas".
José Leite de Vasconcelos, director honorário (fundador) do Museu Etnológico, garante com base em documento histórico que desde o século XIV se cantam as Janeiras em Portugal.
António Feliciano de Castilho que viveu no Caramulo de 1826 a 1834, escreveu de lá que as "pagãs janeiras que ainda alguns se lembram de ter cantado já lá vão...".
Acrescente-se, no entanto, que apesar de tudo, a realidade actual parece contradizer esta afirmação de Castilho.
Com menos frequência, mas mantendo a tradição, cantam-se ainda as Janeiras em várias terras do país.
Assim, se são dados aos Janeireiros chouriços, vinho, etc., entoam cantigas enaltecendo por exemplo a família e a casa:
Quem diremos nós que viva
No grãozinho de arroz?
Viva a família toda
Por muitos anos e bôs.
Se nada lhes é oferecido "descantam":
Esta casa cheira a breu,
Aqui mora algum judeu;
Esta casa cheira a barro,
Aqui mora algum masmarro;
Esta casa cheira a fel,
Aqui mora algum luzbel;
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto;
Semi-nus, rotos, descalços, às vezes a tiritarem de frio, é rara a noite de entre o Ano Novo e os Reis, que, em algumas freguesias da Beira Baixa, as crianças não andem, aos magotes, pelos balcões e pelas portas, a pedir e a cantar, em toada dolente, as janeiras.
Em Vale de Lôbo assim cantam as Janeiras:
Boas noites, boas noites,
Boas noites de alegria,
Que lhes manda o Rei da Glória,
Filho da virgem Maria.
Coro
Naquela relvinha
C'o vento gelou,
A Mãe de Jesus
Tão pura ficou.
Dominus Excelsis Deo,
Que já é nascido
O que nove meses
Andou escondido.
Em Escalos de Baixo, as Janeiras, cantadas do Natal ao Ano Novo, começam assim:
O Sol já vai raiando
Por cimas das oliveiras.
Erga-se lá, senhora,
Que vamos cantar as Janeiras!
Músicas acompanhadas com pífaro de pau (flauta rústica que usam os pastores)
"Etnografia da Beira" Vol I, 2ª edição - 1944, Dr. Jaime Lopes Dias
As origens das Janeiras perdem-se no tempo. Luís Chaves (conservador do Museu Etnológico) no seu livro "Páginas Folclóricas" - 1941 - diz-nos que a sua génese "entronca nos bailados e pantominas".
José Leite de Vasconcelos, director honorário (fundador) do Museu Etnológico, garante com base em documento histórico que desde o século XIV se cantam as Janeiras em Portugal.
António Feliciano de Castilho que viveu no Caramulo de 1826 a 1834, escreveu de lá que as "pagãs janeiras que ainda alguns se lembram de ter cantado já lá vão...".
Acrescente-se, no entanto, que apesar de tudo, a realidade actual parece contradizer esta afirmação de Castilho.
Com menos frequência, mas mantendo a tradição, cantam-se ainda as Janeiras em várias terras do país.
Assim, se são dados aos Janeireiros chouriços, vinho, etc., entoam cantigas enaltecendo por exemplo a família e a casa:
Quem diremos nós que viva
No grãozinho de arroz?
Viva a família toda
Por muitos anos e bôs.
Se nada lhes é oferecido "descantam":
Esta casa cheira a breu,
Aqui mora algum judeu;
Esta casa cheira a barro,
Aqui mora algum masmarro;
Esta casa cheira a fel,
Aqui mora algum luzbel;
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto;
Semi-nus, rotos, descalços, às vezes a tiritarem de frio, é rara a noite de entre o Ano Novo e os Reis, que, em algumas freguesias da Beira Baixa, as crianças não andem, aos magotes, pelos balcões e pelas portas, a pedir e a cantar, em toada dolente, as janeiras.
Em Vale de Lôbo assim cantam as Janeiras:
Boas noites, boas noites,
Boas noites de alegria,
Que lhes manda o Rei da Glória,
Filho da virgem Maria.
Coro
Naquela relvinha
C'o vento gelou,
A Mãe de Jesus
Tão pura ficou.
Dominus Excelsis Deo,
Que já é nascido
O que nove meses
Andou escondido.
Em Escalos de Baixo, as Janeiras, cantadas do Natal ao Ano Novo, começam assim:
O Sol já vai raiando
Por cimas das oliveiras.
Erga-se lá, senhora,
Que vamos cantar as Janeiras!
Músicas acompanhadas com pífaro de pau (flauta rústica que usam os pastores)
"Etnografia da Beira" Vol I, 2ª edição - 1944, Dr. Jaime Lopes Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário