Assim, a notícia de primeira página – que era a mais extensa - tinha, salvo erro, três mil caracteres (e não era “no máximo 3 mil caracteres”: era mesmo 3 mil!...) com uma “margem de erro” muito pequena. E a secção “Pessoas”, que aparecia sempre na primeira página, era a mais “rigorosa”: quinhentos caracteres, com “tolerância” de... digamos, meia-dúzia deles.
Era preciso cá uma “ginástica” para escrever assim, ao centímetro!...
Mas eu hoje não venho aqui para me queixar de metros, nem de centímetros. Venho lembrar outra história, muito gira, sobre a minha passagem pelo JR. É que, como já vos disse, havia lá “chefes” que não gostavam de mim, porque eu era comunista, porque “favorecia a Câmara de Almada”, porque “ouvia pouco a sociedade civil”, porque “tinha mau aspecto”, e porque, nessa secção “Pessoas”... “entrevistava muito os meus amigos” – o que, trocado em miúdos, queria dizer que valorizava demasiado “pessoas” que não o mereciam.
Ora bem, é minha honra e meu privilégio (e, porque não dizê-lo, meu prazer) apresentar-vos agora alguns dos “meus amigos” que coloquei nessa secção “Pessoas” do Jornal da Região:
Para o caso de vocês, leitores deste blogue, não conhecerem alguém, aqui vai a informação complementar:
Luísa Trindade, ilustradora e cartoonista; Joaquim Benite, director da Companhia de Teatro de Almada; “Pac Man”, aliás Carlos Nobre, ou Carlão, vocalista dos Da Weasel (que hoje são uma das mais reconhecidas e aplaudidas bandas portuguesas, mas que não eram propriamente uns “desconhecidos” em 1998); Fernando Jorge Lopes, director do Teatro Extremo; Alexandra Sargento, actriz; Rui Tavares, talvez o mais conceituado (e premiado) fotógrafo angolano (mas que tem o terrível “defeito” de ser muito discreto e, por isso mesmo, pouco conhecido em Portugal – e que, a propósito, é o dono do computador em que estou a escrever este texto!); Fernando Rebelo, professor do ensino secundário, actor, cronista na imprensa local e, naquela época, director da Oficina de Teatro de Almada; Rui Cerveira, elemento do Teatro Extremo e director do festival Sementes – Mostra de Artes para o “pequeno público”; Ana Francisco, nadadora que em 1998 era “só” campeã junior da Europa (não me lembro em que especialidade) – mas esta eu, por acaso, até nem conhecia de lado nenhum (a não ser da TV): limitei-me a entrevistá-la, antes de um treino; e...
Bem, o que aqui aparece está longe de ser a totalidade das “notas biográficas” que coloquei naquela secção do JR, mas parece-me que já é o suficiente para vocês verem quem eram, afinal, os “meus amigos”, não?
E, para não dizerem que estou a cuspir na sopa que me deram, eu confesso que sim senhor, fazer este tipo de trabalho foi importante, fez-me “crescer” como redactor (talvez não tanto como jornalista...), fez-me ser mais rigoroso no “acabamento” dos meus trabalhos, e tal... Mas não tenho saudades, nem vontade, de o fazer novamente.
É, mesmo, das tais coisas que, se eu pudesse voltar atrás, só faria se não tivesse alternativas.
(Por acaso, assim de repente até nem me lembro se as tinha... e, se as tinha, quais eram.)
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