Dezembro de 2000. Eu, ainda em Portalegre. A minha relação com a pessoa que me convencera a ir viver para lá, terminara. O meu trabalho na oficina da Opel (foi muito interessante, mas não vem agora para o caso), terminara. (O Jornal D’Hoje, para mim, já tinha terminado em Abril desse ano...). Já não estava a fazer nada naquela terra.Por volta destes dias, perto do Natal... Encontro, no “Jardim do Tarro” (zona central de Portalegre) o Raul Tavares (director do Sem Mais Jornal, semanário em que eu trabalhara anteriormente), que estivera a passar uns dias de férias em Marvão. Mais uma coincidência espantosa: calhou encontrarmo-nos nesse que era o meu último dia em Portalegre.
E, como não a conseguia abrir, (pois já alguém se tinha encarregue de impedir que a janela abrisse - porque também já tinha percebido, finalmente, que não era a primeira vez que ele assaltava essa e outras casas), virou-se para mim, o pobrezito, ameaçando que se eu não lhe abrisse a janela a bem, abria a mal.
(Já estão a adivinhar que, pouco depois, eu voltava a trabalhar para o Sem Mais, não estão? Voltei, sim – e foi o período da minha vida mais produtivo, em termos profissionais. Falarei sobre isso noutra ocasião.)
Combinado, então, o meu regresso ao Sem Mais Jornal, faltava-me combinar o meu regresso... a casa (casa da minha mãe – ou, melhor dizendo, do meu padrasto).Ora, a minha mãe tentou convencer-me a não voltar, porque as coisas estavam “muito más”. Mas, enfim, nunca tinham estado muito boas, pensei eu. E não havia, já, nenhuma volta a dar à minha situação em
Portalegre. (Mal sabia eu, ainda, o que me esperava...)Então, nas vésperas do Natal de 2000, regresso a Almada. E vejo,
na viagem:
Um trémulo grupo de criancinhas e jovens adultos, algures pelo caminho, numa rotunda rodoviária profusamente iluminada, à noite, a “representar” aquilo a que se chama um “presépio humano”. E a palavra “representar” está aqui entre aspas porque, coitados, o que eles faziam era, apenas, acenar aos carros (e autocarros, como foi o caso) que passavam naquela rotunda. Numa noite de Dezembro, com um frio de rachar! Estão a ver a ideia? (Peregrina ideia...! Espero que, ao idiota que a teve, alguém tenha obrigado a participar na mesma “representação” do presépio, em semelhante rotunda rodoviária, e sob condições atmosféricas idênticas! Seria uma questão de justiça, não é?)
E vejo, quando chego a casa:
Um certo familiar que muito me roubou, muito património meu destruiu, muito me prejudicou a vida (etc, etc...), empoleirado nuns andaimes da “casa da minha mãe”(o prédio estava em obras, ou melhor dizendo, em pinturas de fachada...), num quinto andar, a tentar abrir esta janela que ele próprio, com muito jeitinho, tinha previamente partido junto à fechadura.
E, como não a conseguia abrir, (pois já alguém se tinha encarregue de impedir que a janela abrisse - porque também já tinha percebido, finalmente, que não era a primeira vez que ele assaltava essa e outras casas), virou-se para mim, o pobrezito, ameaçando que se eu não lhe abrisse a janela a bem, abria a mal.
Mas vejamos melhor, para não restarem dúvidas:
Claro que ninguém lhe abriu a janela. Nem a bem nem a mal, coitadito.
E o que interessa tudo isso, perguntarão vocês?
Bem... vejamos... se eu fui, há pouco tempo, identificado perla GNR, na rua, quando estava parado, quieto, à espera do autocarro, e fui identificado não com o meu nome, mas com a morada, e só porque moro numa casa onde esse menino se notabilizou pelos seus actos criminosos (foi ele, não fui eu...); e se, com este frio todo, a janela continua na mesma, partida, há 7-sete-7 anos!... (mesmo depois de quem a partiu ter sido aceite novamente naquela casa, lá ter vivido e ninguém o ter obrigado a pagar o que roubou, e a repôr o que destruiu); e se...
Hum, pois, deixem lá, não interessa. Façam de conta que já não está cá quem falou.
Feliz Natal!!!
1 comentário:
O Rei dos Leittões deseja a este blog um Natal cheio do-que-ouves e um Ano Novo cheio de propriedades.
Um abraço da pocilga
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