Quando eu era ainda uma criança (nos anos 70 do século passado), havia na TV portuguesa um programa sobre cinema de animação. Não era um programa sobre "desenhos animados", não: era mesmo um programa sobre Animação.
Era apresentado, o programa, por um senhor chamado Vasco Granja. Esse senhor dava-nos a conhecer, além de "desenhos animados" de origens várias (desde os americanos da Warner Brothers aos checoslovacos - que terminavam com o inevitável koniec que faz parte do imaginário de muita gente da minha geração...), também expressões vanguardistas, como (por exemplo) as obras de um tal Norman McLaren...
Vasco Granja não se limitava a "apresentar" essas animações. Explicava, enquadrava, ajudava a perceber.
Fazia, em suma, "educação visual" (a que é - ou era... - possível de fazer num programa de televisão).
Em Junho de 1985, Vasco Granja foi a Sesimbra participar numa "semana da educação visual" da Escola Preparatória local. Foi - como lhe competia e tão bem sabia fazer - mostrar cinema de animação. E, porque precisava de um projeccionista (projeccionista é a pessoa que trabalha com a máquina de projectar), pediu um ao Centro Cultural de Almada.
Calhou-me a mim ir fazer essas projecções.
Foi assim que tive a grata oportunidade de conhecer um dos "ídolos" da minha infância.E é claro que, no final (meio envergonhado) lá lhe pedi um autógrafo. Que ele, com a sua simpatia e despretensiosismo, me concedeu.
Vasco Granja faleceu esta segunda-feira. Ficará na memória de todos os que (como eu) aprenderam a gostar e - mais importante - a entender a linguagem do cinema de animação.
Foi, nesse aspecto, professor de uma geração: e assim, e por isso mesmo, da lei da morte se há-de libertar.
Esta é a minha homenagem. Pequena, singela e comovida.
Entrevista com Vasco Granja, por Luis Villalobos:
http://www.amordeperdicao.pt/especiais_solo.asp?artigoid=119
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