Em 2001, o santuário do Cristo-Rei, em Almada, entrou em obras. Segundo os responsáveis pelo monumento, este estava já algo degradado, devido a vários tipos de poluição, designadamente, os gases de escape provenientes do tráfego automóvel na Ponte 25 de Abril, mas também «combustível dos aviões» que sobrevoam a zona, na aproximação ao Aeroporto de Lisboa.
Era o que aparecia escrito nas informações à imprensa, por responsáveis do Cristo-Rei. Mas aparecia assim a talhe de foice, como informação suplementar. E ninguém ligou muito à coisa.
Por acaso, eu até moro em Almada. E fiquei preocupado com essa eventualidade de haver combustível de aviões a cair por cima da minha cabeça. Se isso fosse verdade, não era "normal" e, além disso, era actualidade e interessava a muita gente - logo, era notícia.
Tentei, então, obter esclarecimentos sobre o assunto. Falei com os responsáveis pelo Cristo-Rei (os que denunciaram o caso), com o vereador da Protecção Civil em Almada, com um especialista em transportes e questões ambientais, com um general da Força Aérea na reserva, e com um piloto de aviação civil. (Fiz, portanto, um trabalho jornalístico, ouvindo as várias partes interessadas no mesmo assunto e que pudessem contribuir para o esclarecer - coisa que se fazia, naquela altura, no jornal Sem Mais - ou seja: um trabalho jornalístico, sem
mais.)
mais.)
Não cheguei a nenhuma conclusão. Até porque não me competia, a mim - enquanto jornalista - chegar a nenhuma conclusão.
Também não vi mais referências ao assunto. Mas, de vez em quando, volto a pensar no caso. Porque, admitindo - como admito - que ninguém estava a tentar enganar ninguém, e que, de facto, não é prática comum fazer descargas de combustível sobre Almada (aliás, mesmo que o façam, os ventos dominantes levariam o combustível na direcção do mar - ou seja, na direcção oposta à rota seguida pelos aviões quando se aproximam da pista de aterragem), então tratar-se-à de um problema de poluição acumulada ao longo do tempo. Ou, simplificando: não seria necessário que os aviões descarregassem combustível na aproximação à pista para que esse combustível se acumulasse na superfície do Cristo-Rei.
Isso aconteceria, então, apenas porque os aviões passam por ali! O que - convenhamos - não é mais tranquilizador.
Eu sei: estou a especular sobre o assunto. Mas ainda não o vi devidamente esclarecido.
Seja como for, parece-me mais uma boa razão para retirar o tráfego aéreo daquele corredor. E, obviamente, mais um bom argumento a favor da construção do novo aeroporto.
Já me referi antes a este assunto e à forma como a notícia foi "negociada" com o Jornal da Região.
4 comentários:
Retirar o tráfego daquele corredor? Para mim era ÓPTIMO, já que os aviões passam precisamente por cima do meu prédio, e como tal e seguindo a mesma linha de racocínio, também é provável que "mijem" JP4 para cima.
Não é que ligue muito a "religiosidades", mas penso que Cristo-Rei não merecia uma coisa dessas, ainda por cima agora que vai comemorar uma data tão especial.
Saudações do Marreta.
Ai, ui, António,
A poluição é uma praga que surge de todos os lados... Nem o Cristo escapou, o que será de nós?
Beijos
Olá, Marreta!
Eu acho que era óptimo para toda a gente: para o Cristo, para quem mora nesta zona, e para quem precisa de emprego nas obras públicas.
Também não sou lá muito católico (leia-se: religioso). Mas respeito quem é.
AV
Pois é, Madalena! Compete-nos a todos poluir menos. Mas há uns que poluem mais do que os outros. E esses deviam ser os primeiros a reduzir.
AV
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