Os comerciantes da zona central de Almada estão descontentes com a Câmara. Através do seu órgão corporativo (delegação local da Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal) deram mostras desse descontentamento, com cartazes afixados em muitas lojas (quase todas, aliás) do núcleo urbano.
Apresentaram formalmente o seu protesto à Câmara de Almada. E deram conta da sua insatisfação a órgãos de comunicação social como, por exemplo, o Jornal da Região.
Queixam-se os comerciantes almadenses da nova "zona pedonal", que terá «levado 45 mil potenciais clientes».
Porquê? Porque os potenciais clientes não têm onde estacionar o carro?
Não vou comentar tal argumentação, porque não disponho dos dados - estatísticos ou empíricos? - que permitem aos comerciantes almadenses afirmar com tanta certeza que estão a ser prejudicados pela zona pedonal. Eles lá saberão o que afirmam...
Eu não tenho carro. Mas isso nunca me impediu comprar nas lojas da zona central da cidade. E não é por isso que deixei de fazer as minhas compras naquela zona.
Deixei de fazer compras (e não só naquela zona) porque, desde 2002, não tenho rendimentos como tinha, por exemplo, durante os anos 90. E isto não tem nada a ver com a "zona pedonal", com a falta de lugares de estacionamento (nunca precisei de carro para me abastecer nas lojas do "pequeno comércio" de Almada). Terá a ver, talvez, com a "crise internacional" e, mais provavelmente, com a crise nacional - que, a propósito - não foi provocada nem pela Câmara de Almada nem pelo partido político que a sustenta.
Não me parece que o problema seja a "zona pedonal" ou a falta de lugares de estacionamento. Em duas das cidades onde residi (Portalegre e Setúbal) existem zonas de comércio, em ruas absolutamente vedadas ao trânsito. E eram zonas muito dinâmicas, enquanto houve dinheiro para gastar. Agora talvez não o sejam - porque há menos dinheiro em circulação.
Não me parece que a solução para essas cidades seja criar lugares de estacionamento à porta das lojas.
Não gosto nada da ideia de ter o trânsito automóvel de regresso ao centro da cidade. Há que procurar outras soluções. Com mais diálogo e menos demagogia e populismo, se possível. Mesmo que isso seja mais difícil em ano de eleições... (E todos sabemos que é.)
3 comentários:
ainda não escrevi sobre isso (e provavelmente não vou escrever), mas concordo contigo.
o problema chama-se "Almada Fórum", mas as pessoas têm medo de chamar "os bois pelos nomes"...
e não me apetece nada voltar a ter os carros mal estacionados em cima do passeio, quase sem espaço para passarmos, Vitorino...
ó Luís, eu sinceramente não sei se o problema é só o Almada Fórum. pode haver mais problemas, mesmo a nível local. não me parece é que a pedonalização seja um deles. nunca vi uma zona pedonal prejudicar o comércio tradicional. e, faço minhas as tuas palavras sobre não voltar a ter carros estacionados nos passeios...
Eu gosto mais de Almada assim. Aliás mesmo quando o carro podia circular em todas as ruas era rarissimo eu "apanhar" um lugar nas avenidas principais. nem me ralava com isso pois normalmente estaciono nos parques. E não é por isso que deixo de ir ao centro fazer compras. Talvez o Luis Eme esteja muito mais certo do que os comerciantes: Almada Forum.
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