sexta-feira, maio 29, 2009

"Viva a vida sem tabaco!"... ou uma nova versão da fábula da lebre e da tartaruga (Rádio Baía, Maio 1993)

Em 1993, fui fazer reportagem das comemorações do Dia Mundial Sem Tabaco (31 de Maio).

Havia uma festa no Jardim de Almada - animação que culminou com uma pequena peça de teatro na qual se recriava a fábula da lebre e da tartaruga. A tal corrida que a lebre tem todas as condições para ganhar... e daí... daí não sei: é que a lebre, ultimamente, anda a fumar tanto!...

A piada disto qual é? É que eu, naquela época, fumava que nem uma chaminé. E passei a ser alcunhado pelos meus colegas da rádio como a lebre fumadora... Eles lá sabiam porquê!

Eu já tinha contado antes esta história (sem áudio nem vídeo, mas com mais pormenores). Aqui: http://vitorinices.blogspot.com/2007/11/lebre-fumadora-e-tartaruga-desportista.html

(Obs: na peça refere-se, por lapso, o Dia do Não Fumador - que também existe, mas é comemorado a 17 de Novembro, e não a 31 de Maio)

Obrigado pela preferência e voltem sempre!

Nos últimos 12 meses este blogue teve mais de 10 mil visitas. Quero agradecer a todos os que por aqui passaram, aos que deixaram opiniões e outros comentários - e, especialmente, aos que se tornaram já visitantes habituais.



Depois deste agradecimento politicamente correcto, quero também esclarecer duas ou três coisas.

A saber: sim, é muito agradável verificar que temos quem nos leia - mas eu não vim para a "blogosfera" com a intenção de ser muito popular nem de participar em nenhum "concurso de beleza". Comecei este blogue como uma brincadeira, ou melhor, como uma forma de me incentivar a escrever poesia ou coisas aparentadas com poesia (aliás, o meu "site" principal era - e não deixou completamente de o ser - o Debaixo do Bulcão).

Não queria fazer muita publicidade a mim próprio. Nunca fui muito de o fazer.

No entanto, a partir de certa altura (ou seja: quando certas mentes supostamente muito esclarecidas "descobriram", entre outras coisas, que eu nunca fiz nada de jeito na vida...) achei que não seria má ideia divulgar aqui algumas... coisitas da minha actividade profissional (enquanto jornalista) e artística (em várias áreas).

Espero ter contribuido para esclarecer quem, aparentemente, precisava de ser esclarecido.
E se isso for útil também a todos os restantes leitores deste blogue, melhor ainda!

A avaliar pelo número de visitas, talvez tenha valido a pena. (Desculpem lá a eventual falta de modéstia, ou qualquer outra coisinha).

quarta-feira, maio 27, 2009

Barcelona, viva!!!

Aqui está a minha homenagem à melhor equipa de futebol do mundo na actualidade! O tema original - cantado pelos grandes Freddy Mercury e Montserrat Caballe - é de 1992, e foi composto para celebrar os Jogos Olímpicos desse ano. Mas não resisti a evocá-lo agora... O Barcelona é mesmo o maior!... E esta é uma grande canção! É "show de bola"!

Maio de 1994: estórias de um certo Festival da Liberdade...


Comemoravam-se duas décadas de liberdade e democracia: comemorava-se, pois, o 20º aniversário do 25 de Abril.

A Associação de Municípios do Distrito de Setúbal organizou, nesse ano de 1994, uma grande festa (no terreno da Quinta da Atalaia - propriedade do PCP - o mesmo onde se faz anualmente a Festa do Avante).

E eu, obviamente, não quis faltar - porque, como sabem os que me conhecem, gosto "demais" desse tipo de eventos; e porque era jornalista da Rádio Voz de Almada (não da Voz de Almeida...) e gostava (também "demais") do trabalho que fazia.

Então, no sábado, mesmo fora do horário de serviço (pois esse era o meu dia de folga semanal) lá fui, e aproveitei para entrevistar os participantes (que estavam a trabalhar voluntariamente, como eu, aliás), e os festivaleiros (que, como eu, se estavam a divertir muito voluntariosamente).

Até aí nada de especial. Embora trabalho não seja conhaque, eu sempre consegui conciliar as duas coisas muito bem.

O problema é que, nesse dia (e nessa noite) parece que "conjuguei" as duas coisas bem demais.

Gravei, sim senhor, uma quantidade de entrevistas, cumprindo assim o tinha prometido à directora do Departamento de Informação da rádio. E bebi copos até mais não - como tinha prometido a mim próprio!

Na manhã seguinte (na rádio trabalhei sempre aos domingos de manhã), bem cedo, lá vou para o estúdio e ponho-me a ouvir as entrevistas que tinha feito na noite anterior. E que davam muito jeito... porque, afinal, o evento era importante (notícia, ainda mais numa rádio local), e porque, aos domingos, quase não havia noticiário de jeito - eram uma seca, os domingos!

Ora então, tinha ali - entre outras coisas curiosas e interessantes - uma entrevista com um jovem que (dizia ele) se ia casar nessa tarde, mas não encontrava a noiva... Bem, dessa lembrava-me eu. Apareceram foi outras que não me cabiam já na alembradura...

Até porque eu era um verdadeiro yuppie:o meu lema era "work hard, party harder"!

Ou seja: na noite anterior a "party" e o "work" tinham sido tão "duros" (eh eh eh...) que uma certa entrevista com o representante da Associação Portugal-Cuba me apareceu já no final da cassete e me deixou intrigado. Que raio, ainda havia mais essa? E era uma entrevista minha? Olha, pois era: a voz do entrevistador era a minha. Empastelada, é certo, mas minha.

Benditos mojitos! E benditas cubas libres!



(Notas de rodapé: o Festival da Liberdade teve apenas essa edição, em 1994. Esteve para se realizar no fim de semana de 14 e 15 de Maio, mas o mau tempo que se fez sentir obrigou a adiar o evento para 28 e 29 do mesmo mês. Eu gostava de disponibilizar aqui informação sobre o festival, mas não a encontrei em lado nenhum. Fica, portanto, apenas o meu testemunho. Ou melhor: o pouco de que me lembro, depois de 15 anos e muitas cubas libres e mojitos. Ah ah ah!)

Fibra óptica, essa novidade... dos anos 90!


Até meados dos anos 90, não havia em Portugal televisão por cabo. Em 1994 apareceu uma empresa chamada TV Cabo (que, diga-se, a talhe de foice, fez a sua grande aposta na Margem Sul e teve a a sua sede regional - TV Cabo Sado - em Almada). Essa empresa prometia fazer chegar a novidade que era a televisão por cabo aos lares dos portugueses, usando para isso uma rede de fibra óptica (nas ligações de média e longa distância) complementada com o "tradicional" cabo coaxial, nas ligações urbanas.

Em 1995, a revista Sem Mais, de Setúbal, dava conta da novidade que era a televisão por cabo em Portugal. E referia a fibra óptica, sem grande alarido sobre o assunto. Sabem porquê?

Porque a fibra óptica não era nada de novo! Tinha sido inventada na década de 70! A novidade era a televisão por cabo - não a fibra óptica!


Em 2009 - quando passaram... deixa cá fazer as contas... 15 anos? já!?... - vem a Portugal Telecom (grupo do qual faz parte a TV Cabo, se não me engano) lançar uma grande campanha de marketing para promover a "nova tecnologia" que é, supostamente, a fibra óptica.

Tecnologia que é nada nova (repito): foi inventada no século passado (nos anos 70) e chegou a Portugal há pelo menos 15 anos!

Temos então luzinhas a brilhar em cabo de fibra óptica? Uau! Que "novidade"! Que bonito!... Que modernos somos nós!... não é?...

Não, não é. É treta e não tem nada de novo. Mas tudo bem: encaremos isso como marketing.

A chatice é que esse marketing só resulta porque somos um país de fraca literacia e de memória muito curta. E isso é muito triste. Dá vontade de rir, é verdade. Mas dá vontade de rir porque é triste! Só mesmo por isso.

segunda-feira, maio 25, 2009

Nené, o grande goleador!


Amiguinhos: hoje venho aqui falar-vos de futebol. Mais concretamente de um grande jogador, avançado, excepcional goleador, conhecido como Nené.

Mas não, não é o que se sagrou este ano melhor marcador da 1ª Liga portuguesa ao serviço do Nacional da Madeira.

Não senhor: refiro-me aqui a outro, que já arrumou as botas há muito tempo - enquanto jogador, pois continua ligado ao futebol, nos escalões de formação do Benfica.

Tamagnini Nené foi um dos meus "ídolos" de infância. Era o avançado que, como se dizia (como alguns o acusavam, aliás) "não sujava os calções mas marcava golos".

Era jogador de grande técnica, de grande velocidade e, mais importante, de grande inteligência.

Começou a sua carreira em Moçambique - no Ferroviário da Manga - e depois, já em Portugal, jogou sempre no Benfica (embora, a dada altura, estivesse quase para se transferir para o Boavista).

Por ser veloz (com e sem a bola nos pés) começou por ocupar a posição de extremo. Mas foi como ponta-de-lança que se notabilizou, ao serviço do clube da Luz mas também da Selecção Nacional. Já no final da carreira, desempenhou - com muita competência, aliás - as funções de "número 10" (no Benfica, claro!).

Não sei se alguma vez tentou a - ou foi tentado pela - carreira de treinador nos escalões superiores. Suponho que tem a inteligência e o discernimento necessários para tal função. (Ou, pensando melhor, talvez tenha a inteligência e o discernimento necessários para NÃO ocupar tal função - pelo menos no Benfica.)




Mais informação sobre esta "velha glória" benfiquista:


(páginas da Wikipédia em português e inglês, respectivamente - e notem que a versão "inglesa" está muito melhor documentada, vá-se lá saber porquê...)

quinta-feira, maio 21, 2009

"O Praticante": uma revista sobre desportos (e também sobre futebol...)



"O Praticante" é uma revista bimestral, sedeada no Casal do Marco, concelho do Seixal. Divulga um vasto leque de modalidades e apresenta informação diversificada sobre múltiplos aspectos relacionados com a prática desportiva.

Na edição de Abril (comemorativa do seu 1º aniversário), tem artigos sobre modalidades desportivas e actividade físicas diversas. A saber: atletismo, basquetebol, BTT, esgrima, ginástica, hóquei, judo, paraquedismo, kickboxing, lutas amadoras, nautimodelismo, motocross, musculação, natação, orientação, duatlo, yoga, paintball e até mesmo futebol!

No editorial deste número (assinado pela directora, Amália Mendes), explica-se que a publicação «nasceu com o objectivo de divulgar/dinamizar/apoiar as modalidades que têm vindo ao longo dos anos a reclamar um espaço na comunicação social».

É, portanto, uma boa alternativa à "imprensa desportiva" que temos - e que pouco mais divulga a não ser futebol profissional (ou melhor: o folclore o os "fait-divers" à volta do dito).

Ainda por cima é grátis. E tem um site: http://www.opraticante.net/

(Mas é pena serem tão picuinhas no que diz respeito a "direitos de imagem" - aliás, é por isso mesmo que não arrisco divulgar aqui nenhum conteúdo gráfico da dita - só o logotipo, e vamos lá ver se eles não se chateiam... por lhes estar a fazer divulgação à borla.)

Não concordo.



Os comerciantes da zona central de Almada estão descontentes com a Câmara. Através do seu órgão corporativo (delegação local da Associação de Comércio e Serviços do Distrito de Setúbal) deram mostras desse descontentamento, com cartazes afixados em muitas lojas (quase todas, aliás) do núcleo urbano.

Apresentaram formalmente o seu protesto à Câmara de Almada. E deram conta da sua insatisfação a órgãos de comunicação social como, por exemplo, o Jornal da Região.

Queixam-se os comerciantes almadenses da nova "zona pedonal", que terá «levado 45 mil potenciais clientes».

Porquê? Porque os potenciais clientes não têm onde estacionar o carro?

Não vou comentar tal argumentação, porque não disponho dos dados - estatísticos ou empíricos? - que permitem aos comerciantes almadenses afirmar com tanta certeza que estão a ser prejudicados pela zona pedonal. Eles lá saberão o que afirmam...

Eu não tenho carro. Mas isso nunca me impediu comprar nas lojas da zona central da cidade. E não é por isso que deixei de fazer as minhas compras naquela zona.

Deixei de fazer compras (e não só naquela zona) porque, desde 2002, não tenho rendimentos como tinha, por exemplo, durante os anos 90. E isto não tem nada a ver com a "zona pedonal", com a falta de lugares de estacionamento (nunca precisei de carro para me abastecer nas lojas do "pequeno comércio" de Almada). Terá a ver, talvez, com a "crise internacional" e, mais provavelmente, com a crise nacional - que, a propósito - não foi provocada nem pela Câmara de Almada nem pelo partido político que a sustenta.

Não me parece que o problema seja a "zona pedonal" ou a falta de lugares de estacionamento. Em duas das cidades onde residi (Portalegre e Setúbal) existem zonas de comércio, em ruas absolutamente vedadas ao trânsito. E eram zonas muito dinâmicas, enquanto houve dinheiro para gastar. Agora talvez não o sejam - porque há menos dinheiro em circulação.

Não me parece que a solução para essas cidades seja criar lugares de estacionamento à porta das lojas.

Não gosto nada da ideia de ter o trânsito automóvel de regresso ao centro da cidade. Há que procurar outras soluções. Com mais diálogo e menos demagogia e populismo, se possível. Mesmo que isso seja mais difícil em ano de eleições... (E todos sabemos que é.)

domingo, maio 17, 2009

Cristo-Rei fez 50 anos. Algumas fotos da festa de aniversário...

Quem acompanha este blogue já percebeu, certamente, que eu não sou católico (nem religioso, propriamente...). Mas respeito a fé de cada um, se for sincera e sentida.
Hoje, o Cristo-Rei comemorou 50 anos. E, naturalmente, muitas pessoas quiseram ir até lá festejar a efeméride. Eu também fui - não para festejar, mas para registar o acontecimento histórico.
Aqui ficam algumas imagens do evento. Fraquinhas, feitas com um telemóvel também fraquinho... Mas, neste caso, o que conta é a intenção.




(Fiz outras, com uma máquina fotográfica a sério, daquelas que usam rolo e tudo... mas precisam de ser ainda reveladas. Ficam para uma próxima oportunidade.)
Mais sobre este assunto no Almada Cultural (por extenso):

quinta-feira, maio 14, 2009

Quando o Cristo-Rei apareceu poluído por combustível de aviões...


Em 2001, o santuário do Cristo-Rei, em Almada, entrou em obras. Segundo os responsáveis pelo monumento, este estava já algo degradado, devido a vários tipos de poluição, designadamente, os gases de escape provenientes do tráfego automóvel na Ponte 25 de Abril, mas também «combustível dos aviões» que sobrevoam a zona, na aproximação ao Aeroporto de Lisboa.

Era o que aparecia escrito nas informações à imprensa, por responsáveis do Cristo-Rei. Mas aparecia assim a talhe de foice, como informação suplementar. E ninguém ligou muito à coisa.

Por acaso, eu até moro em Almada. E fiquei preocupado com essa eventualidade de haver combustível de aviões a cair por cima da minha cabeça. Se isso fosse verdade, não era "normal" e, além disso, era actualidade e interessava a muita gente - logo, era notícia.

Tentei, então, obter esclarecimentos sobre o assunto. Falei com os responsáveis pelo Cristo-Rei (os que denunciaram o caso), com o vereador da Protecção Civil em Almada, com um especialista em transportes e questões ambientais, com um general da Força Aérea na reserva, e com um piloto de aviação civil. (Fiz, portanto, um trabalho jornalístico, ouvindo as várias partes interessadas no mesmo assunto e que pudessem contribuir para o esclarecer - coisa que se fazia, naquela altura, no jornal Sem Mais - ou seja: um trabalho jornalístico, sem
mais.)

Não cheguei a nenhuma conclusão. Até porque não me competia, a mim - enquanto jornalista - chegar a nenhuma conclusão.
Também não vi mais referências ao assunto. Mas, de vez em quando, volto a pensar no caso. Porque, admitindo - como admito - que ninguém estava a tentar enganar ninguém, e que, de facto, não é prática comum fazer descargas de combustível sobre Almada (aliás, mesmo que o façam, os ventos dominantes levariam o combustível na direcção do mar - ou seja, na direcção oposta à rota seguida pelos aviões quando se aproximam da pista de aterragem), então tratar-se-à de um problema de poluição acumulada ao longo do tempo. Ou, simplificando: não seria necessário que os aviões descarregassem combustível na aproximação à pista para que esse combustível se acumulasse na superfície do Cristo-Rei.

Isso aconteceria, então, apenas porque os aviões passam por ali! O que - convenhamos - não é mais tranquilizador.

Eu sei: estou a especular sobre o assunto. Mas ainda não o vi devidamente esclarecido.

Seja como for, parece-me mais uma boa razão para retirar o tráfego aéreo daquele corredor. E, obviamente, mais um bom argumento a favor da construção do novo aeroporto.


Já me referi antes a este assunto e à forma como a notícia foi "negociada" com o Jornal da Região.

quarta-feira, maio 13, 2009

Errare humanum est?


«O vírus da Gripe A H1N1 pode ter sido desenvolvido por força de um erro humano ao testar uma nova vacina. O caso está a ser investigado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) após declarações de um investigador australiano que participou nas pesquisas que conduziram à criação do antiviral Tamiflu.»(rtp.pt)




Não sei se é verdade. Não sei se é credível (há quem considere a hipótese "absurda"). Mas é fixe. E deu-me o pretexto para partilhar convosco estas imagens, pirateadas ao blogue Rei dos Leittões (que, por seu lado, lá as terá pirateado a outros sítios).

terça-feira, maio 12, 2009

A 13 de Maio...


Teresa Câmara Pestana, em Gambuzine n.º4 - Maio 2000

segunda-feira, maio 11, 2009

Algumas considerações sobre os acontecimentos no Bairro da Bela Vista, em Setúbal



1 - Em 1998, quando comecei a conviver com jornalistas que residiam em Setúbal, ouvia falar muito de um bairro chamado Bela Vista. Diziam, nessa época, algumas das pessoas que então conheci, que era desse bairro que saiam os criminosos que assaltavam e roubavam. Essas pessoas, de Setúbal, achavam que Almada era uma cidade muito violenta. Mas sempre que eu ia a Setúbal ouvia alguns deles queixarem-se de que tinham sido roubados. E eu, aqui em Almada, não via nada disso. Via alguns desacatos nos autocarros, com gente dos subúrbios - mas já não tantos, nem tão graves, como acontecera durante anos anteriores da década de 90. Em Almada, os problemas foram-se resolvendo (ou minorando). E em Setúbal?


2 - Em 2001, fui morar para Setúbal. Para a zona do Bonfim, muito longe da Bela Vista. Mas continuei a ouvir as mesmas histórias de delinquência relacionadas com jovens da Bela Vista. Por acaso (ou talvez não por acaso) também tive a oportunidade de conhecer pessoas de associações que trabalhavam nesse bairro (ou com pessoas desse bairro). Diziam, essas pessoas, que não se podia avaliar os moradores da Bela Vista em função de meia dúzia de delinquentes que por lá andavam. E eu acredito: morei muitas vezes noutros bairros, de muito má fama, e sei que a fama é sempre maior que o proveito (porque há muita gente que mora nesses bairros e não tem que ser confundida com os merdosos que por lá andam).

3 - Em 2002 estive novamente a trabalhar em Setúbal. E foi então - mas só então - que conheci um pouco do bairro da Bela Vista. Fui lá beber uns copos, com um colega de redacção, a um barzito de uma associação local. Mas a Bela Vista é muito grande. Eu fui ao bairro amarelo da Bela Vista. Há também o cor de rosa. E há o azul. A esses não fui.

4 - Em todos estes anos, sempre ouvi dizer que a Bela Vista é um refúgio para gente ligada ao tráfico de droga e à criminalidade violenta. Sempre ouvi dizer que, dentro da Bela Vista, há zonas onde a polícia não entra (caso do bairro azul) sem ser recebida a tiro. Sei - e afirmei-o já aqui - que não se pode meter tudo no mesmo saco. Mas, caramba!, toda a gente falava já da Bela Vista, há bem mais de uma década! Toda a gente sabia que aquele bairro era um "barril de pólvora" (desculpem lá a expressão meio marada, mas não me lembro agora de outra melhor), mas fizeram o quê para melhorar a vida daquelas pessoas e para identificar os criminosos (evitando, assim, que eventualmente paguem, agora e daqui para a frente, os justos pelos pecadores)?


5 - E admiram-se agora de quê?

(foto: SemMais Jornal, 2001 - editada, para não identificar ninguém)



quarta-feira, maio 06, 2009

Deve-me o PS um pedido de desculpas?


Alguém que ocupa um cargo descentralizado da Administração Central, escreveu, a meu respeito, entre outras difamações, a que transcrevo:
«Apresenta comportamentos desajustados, isolamento social, desadaptação ás» (sic) «regras, que tem levado a despedimentos sucessivos».


Aparte a trapalhada ortográfica (esqueçamos isso), a frase é caluniosa por, pelo menos, duas razões:

1 - «Desadaptação às regras» - a que regras se refere? E como pretende demonstrar essa suposta "desadaptação"? Ou não pretende demonstrar nada?

2 - «Despedimentos sucessivos»?. A sério? Eu fui despedido sucessivamente dos locais onde trabalhei?

Não seria aconselhável, antes de escrever coisas tais, informarem-se sobre a pessoa a quem se referem? Podiam, por exemplo, consultar o meu trabalho (que é público e está publicado). E podiam também, por exemplo, falar com as pessoas que comigo trabalharam. E com os patrões, já agora - para ver quantos deles me despediram (ainda por cima "sucessivamente"!).

Também não perdiam nada em falar com as pessoas que comigo têm convivido, em circunstâncias diversas. Podia ser uma forma de obterem informações sobre essa tal suposta "desdaptação às regras". Até para - já agora, não é? - definirem quais as "regras"a que se queriam referir.


Mas quem escreveu tal coisa não me conhece (ou melhor: não me conhecia) de lado nenhum! (E, pelos vistos, não tinha nenhuma informação a meu respeito!)


Estas duas linhas (com afirmações taxativas sobre alguém cujo autor não conhece de lado nenhum) constam, pois, de um documento emitido por uma pessoa que tem responsabilidades num órgão descentralizado do aparelho estatal português. Logo, uma pessoa que, ou é do partido que está no poder (o PS - Partido Socialista), ou terá, pelo menos, confiança política por parte desse partido.


Mas há mais: as duas linhas que aqui apresento são, por sua vez, transcrição quase literal de uma carta, enviada a esse titular de cargo público, por uma outra pessoa, que é militante do PS (e que, nesse caso, até me conhece - logo, sabia muito bem estar a cometer crime de difamação).

Há mais, ainda: é que quem teve a ideia de escrever tal carta (logo, quem tem a autoria moral da difamação) foi uma terceira pessoa - que, por acaso, ocupa até um cargo de alguma importância na estrutura local do PS.
Ora eu, que desde 1992 exerci a profissão de jornalista, sempre com avaliações positivas e elogiosas da parte de quem comigo trabalhava (patrões incluídos), sinto-me (como é natural) injuriado e ofendido na minha honra e consideração por tais afirmações.

Eu sei que isto é um caso para ser tratado na Justiça.

No entanto, depois de ver um candidato do PS a exigir um pedido de desculpas a outro partido porque - alegadamente - teria sido insultado por militantes desse outro partido, fiquei aqui com uma dúvida.

Fui difamado por pessoas ligadas ao PS e à Administração Central (gerida por um governo PS).


Deverei eu, portanto - em defesa do meu bom nome e por respeito à verdade dos factos -, exigir ao PS um pedido de desculpas? Ou devo esperar que os intervenientes neste caso assumam, individualmente, as responsabilidades pelos actos ilícitos que cometeram?

O que é que vocês acham?

terça-feira, maio 05, 2009

Vasco Granja, grata lembrança - e singela homenagem


Quando eu era ainda uma criança (nos anos 70 do século passado), havia na TV portuguesa um programa sobre cinema de animação. Não era um programa sobre "desenhos animados", não: era mesmo um programa sobre Animação.

Era apresentado, o programa, por um senhor chamado Vasco Granja. Esse senhor dava-nos a conhecer, além de "desenhos animados" de origens várias (desde os americanos da Warner Brothers aos checoslovacos - que terminavam com o inevitável koniec que faz parte do imaginário de muita gente da minha geração...), também expressões vanguardistas, como (por exemplo) as obras de um tal Norman McLaren...

Vasco Granja não se limitava a "apresentar" essas animações. Explicava, enquadrava, ajudava a perceber.

Fazia, em suma, "educação visual" (a que é - ou era... - possível de fazer num programa de televisão).

Em Junho de 1985, Vasco Granja foi a Sesimbra participar numa "semana da educação visual" da Escola Preparatória local. Foi - como lhe competia e tão bem sabia fazer - mostrar cinema de animação. E, porque precisava de um projeccionista (projeccionista é a pessoa que trabalha com a máquina de projectar), pediu um ao Centro Cultural de Almada.

Calhou-me a mim ir fazer essas projecções.

Foi assim que tive a grata oportunidade de conhecer um dos "ídolos" da minha infância.E é claro que, no final (meio envergonhado) lá lhe pedi um autógrafo. Que ele, com a sua simpatia e despretensiosismo, me concedeu.

Vasco Granja faleceu esta segunda-feira. Ficará na memória de todos os que (como eu) aprenderam a gostar e - mais importante - a entender a linguagem do cinema de animação.

Foi, nesse aspecto, professor de uma geração: e assim, e por isso mesmo, da lei da morte se há-de libertar.

Esta é a minha homenagem. Pequena, singela e comovida.


Entrevista com Vasco Granja, por Luis Villalobos:
http://www.amordeperdicao.pt/especiais_solo.asp?artigoid=119

domingo, maio 03, 2009

1º de Maio de 2009: o incidente com Vital Moreira

Estava eu a fazer uma cobertura fotográfica do habitual desfile promovido pela CGTP no Primeiro de Maio e noto grande agitação junto a um dos passeios da Almirante Reis, já perto do Martim Moniz.

Assim que percebi que eram vaias, apupos e mesmo insultos dirigidos a Vital Moreira fiz, instintivamente, o que qualquer jornalista faria: fotografei e gravei.
Isto é o registo do que consegui ver e ouvir. No local onde estava não vi nenhuma agressão (a não ser verbal, obviamente). Por isso (por respeito aos factos que presenciei) chamo-lhe apenas incidente.


Comentário meu? Está bem. Em duas palavras: lamentável (mas) previsível. O cabeça de lista do PS num aglomerado de trabalhadores em luta? Ainda por cima, trabalhadores afectos à CGTP? De facto, não foi boa ideia. (Ou terá sido?)

Este vídeo, e outros do Primeiro de Maio de 2009, disponível no meu canal:

http://www.youtube.com/bulcanico