segunda-feira, abril 30, 2007
Coisas do passado (ainda recente), para eventual memória (futura)
Breve cronologia de ataques racistas (leia-se: cometidos por skinheads) em Portugal, entre Novembro de 1989 e Novembro de 1991.
18/11/89 - Dois elementos do Estado Espanhol espancados no Parque Itália, Porto.
19/11/89 - Francisco Faustino é espancado e colocado inconsciente sobre a linha do caminho de ferro (Porto).
31/12/89 - Dois casais negros espancados na R. Júlio Dinis (Porto).
1/1/90 - Jovem negro agredido por duas vezes no C.C. Dallas (Porto). Outro jovem é atacado no Parque Itália.
10/1/90 - Um jornalista do "Primeiro de Janeiro" é ameaçado de morte: tinha entrevistado skins que estariam eventualmente implicados no caso Faustino.
16/1/90 - Ataque a um jovem na R. Ricardo Severo (Porto).
24/1/90 - Ataque ao delegado do Procurador da República de Vila do Conde.
11/3/90 - Dois jovens agredidos na R. Mouzinho da Silveira (Porto).
23/3/90 - Agressão a um grupo punk no Bar Bacalhau (Porto).
24/4/90 - Ataque a um grupo de militantes do PCP que colava cartazes em Espinho.
25/4/90 - Um grupo de anarquistas, que colava cartazes, é agredido na Praça D. João I (Porto).
1/5/90 - Grupo de anarquistas é agredido no centro do Porto.
28/5/90 - Almoço no restaurante "Asa Branca" (Porto), de homenagem ao 28 de Maio. Participação de membros de Lisboa do MAN. (Nota: MAN, Movimento de Acção Nacional, grupo de extrema-direita dos anos 90, que se diziam "não ser fascistas, mas sim nacionalistas" e que admitiam ter entre eles "alguns skinheads" que espontaneamente se teriam juntado à "causa nacionalista". Faz-vos lembrar alguma coisa?).
Outubro 1990 - Skins atacam um jovem negro de 16 anos à saída do Pav. Académico (Porto). São detidos por populares.
- Três dos implicados na morte de José Carvalho (Militante do PSR, assassinado por skinheads) intervêm em confrontos no Bairro Alto, Lisboa.
24/11/90 - Dez skins detidos pela polícia quando provocavam confrontos à entrada da discoteca Johny Guitar (Lisboa).
Fevereiro 1991 - Estudante negro agredido na Praça da República (Porto).
3/2/91 - Oito skins, com tacos de basebol, destruiram parte de um café e espancaram um cidadão africano.
15/6/91 - Director da revista "Cúmplice" (gay) foi agredido por 4 skins.
16/7/91 - Dez skins agrediram 3 jovens negros na discoteca Swing.
18/7/91 - Grupo de skins atacaram um cabo-verdiano (Porto).
Agosto 1991 - Grupo de skins provocam distúrbios em Vila Nova de Milfontes.
Novembro 1991 - Três jovens agredidos por 2 dezenas de skins no Bairro Alto (Lisboa).
Fonte: Guia Anti-Racista, edição SOS Racismo, Abril 1992.
As notas e comentários, a itálico e entre parêntesis, foram acrescentadas por mim.
De referir que esta cronologia, embora seja bastante esclarecedora, peca por defeito. Nota-se, em primeiro lugar, que os autores recolheram mais informação no norte do país e em Lisboa; e percebe-se também que a recolha de dados terá sido feita algo à pressa, pois só assim se entende a falta de referências ao que, já nessa época, estava a acontecer na Margem Sul (e culminou anos mais tarde com um célebre 10 de Junho em que os skinheads se encontraram num restaurante em Cacilhas para irem cometer crimes em Lisboa).
Durante o período mencionado na cronologia, (1989 a 1991) eu próprio assisti por diversas vezes a provocações e mesmo ataques de bandos de skinheads em Almada.
Portanto, voltarei a este assunto (a menos que me caia um meteoro em cima; mas nesse caso cairia também em cima de vocês, os que me estão a ler).
domingo, abril 29, 2007
Mural da JCP em Almada selvaticamente agredido por pinchagens anarquistas blá blá blá blá blá blá blá blá
sexta-feira, abril 27, 2007
Jovens manifestantes antifascistas brutalmente agredidos pela polícia blá blá blá blá blá bla...
No passado Dia da Liberdade, além da habitual manifestação promovida pela Associação 25 de Abril alguns grupos de jovens fizeram, como também já é hábito, manifestações "paralelas". Até aí nenhuma novidade.
Aconteceu, no entanto, que as coisas deram para o torto. E, como acontece sempre que as coisas dão para o torto, aparecem pelo menos duas versões: a manipuladora versão oficial da bófia e dos lacaios do capital, por um lado; e, por outro, a verdade autêntica, veiculada por esse arauto da "contra informação" (é assim que eles próprios se definem) chamado Indymedia.
Como já sabemos que a versão "oficial" é falaciosa e só veicula as mentiras que agradam ao fascimo encapotado no qual estamos desgraçadamente a viver enquanto o povo unido não fizer uma nova revolução mas essa com muitos tiros e muito sangue que de outra forma não vamos lá, observemos, pois, o que diz a "central de informação" (eles também se intitulam assim, não me perguntem porquê).
«Apesar do simbolismo da data, o dia 25 de Abril ficou marcado por uma autêntica campanha de provocação e repressão, protagonizada pelas forças da PSP. A tensão iniciou-se logo pelo início da tarde, quando várias pessoas que se preparavam para percorrer a Avenida da Liberdade, tentaram exprimir o seu repúdio relativamente a um cartaz do partido nacional renovador (que apela à xenofobia). Uma simples acção simbólica (atirar tomates podres a um outdoor) foi imediatamente reprimida, tendo várias pessoas sido violentamente empurradas, agarradas e identificadas por agentes da PSP. Mais tarde, após uma manifestação contra o fascismo (quer o “oficial”, da extrema-direita, quer o “não-oficial” do sistema social e económico) – que decorreu pacificamente, sem quaisquer incidentes –, a PSP decidiu cercar cerca de 50 pessoas, que desmobilizavam em grupo. Conforme um relato publicado “Na altura em que estavam os manifestantes a alcançar as escadas por de baixo do elevador de Sta Justa (a meio da Calçada), começaram eles -manifestantes- a fazer meia volta e a correr calçada acima. Alguém os avisou que tinham sido encurralados. E assim foi. Carrinhas com polícias de choque às largas dezenas desceram em grande velocidade o Chiado, selando o alto da rua do Carmo, enquanto outras com igual força e os referidos polícias de choque subiam a rua do Carmo. Estes últimos desceram imediatamente dos carros, ainda antes destes travarem e começaram a correr em direcção aos manifestantes, agredindo-os à bastonada enquanto estes tentavam escapar desesperadamente. Os que estavam perto, meros espectadores ou pessoas que acompanharam o cortejo de lado, ficaram também encurralados (...). Vi polícias em grupos de cinco ou mais «dar caça» na baixa a manifestantes ou outras pessoas. Uma rapariga que ia a fugir, estava diante da Pastelaria Suiça, quando foi agredida, imobilizada no chão e arrastada sob prisão a 500 metros de distância para ser encurralada nos carros celulares. O mesmo passou-se com outros (eles não fizeram nenhum gesto agressivo, a fuga era para os polícias o «motivo» para perseguirem e baterem selvaticamente nessas pessoas). (..) Se dúvidas havia sobre o sentido de celebrar o que não existe, estas foram dissipadas pela actuação das forças policiais. A sacrosanta inviolabilidade do 25 de Abril foi quebrada, denunciado assim um estado de excepção permanente, em que supostos imperativos securitários legitimam as mais arbitrárias agressões às liberdades das pessoas. »
Tá bem. Mas agora, se não se importam, falo eu. Então é assim:
Desculpem lá, ó jovenzitos, mas eu estive em muitas manifestações, incluindo uma num 25 de Abril - com milhares de pessoas, não apenas duas dúzias - no tempo em que a direita chegou pela primeira vez ao poder através de eleições - e essa foi realmente cercada por vários carros do corpo de intervenção e, nesse caso, sem que realmente alguém os tivesse provocado. (Nessa manifestação a então ex-primeira ministra de Portugal, Maria de Lurdes Pintassilgo, acalmou os ânimos com a frase "não olhemos para o passado, olhemos para o futuro" - esta era um bónus, para ver se vocês acreditam que que eu estive mesmo lá.)
Portanto, fico com vontade de rir sempre que vos vejo fazer queixinhas destes fascistas que estão no poder e nem sequer nos deixam atirar uns tomates podres a um cartaz e por causa disso temos que nos vingar nas montras desses capitalistas do Chiado.
Agora, se isto me dá vontade de rir, dá-me também muito em que pensar. Por exemplo:
Será que estes irreverentes jovenzitos não percebem mesmo o mau serviço que estão a fazer a eles próprios e à causa que dizem defender?
É que, de tanto gritar que vem aí o lobo mau, se algum dia o dito aparece mesmo, papa-os de tal maneira que ninguém já os estará disposto a socorrer.
A seguir a eles, iremos nós. Mas nessa altura já não damos por nada, de tão habituados à banalização da "ameaça fascista" que estes neo- não sei quê agitam sempre que um polícia levanta o bastão.
A menos que não sejamos parvos e saibamos dar às coisas o valor que elas efectivamente têm (ou não).
António Vitorino
Só mais uma coisa: Isto fez-me lembrar tambem outra história, na qual estive envolvido, com três jovens irreverentes (um era eu) e dois polícias, no tempo da "manifestação dos secos e molhados", à saída do Ritz Club, junto à Praça da Alegria, Lisboa. Mas essa história é tão gira, tão gira, que eu não a quero gastar já. Fica para outra oportunidade. Outra coisa: nem toda a "informação alternativa" que anda pela internet é "informação" e "alternativa"; vejam, por exemplo, o resistir.info, comparem os respectivos conteúdos e tirem as vossas próprias conclusões. E, para o caso de terem dúvidas, o "jornalismo que eu defendo" é o que está regulamentado no Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses.
quinta-feira, abril 26, 2007
Tá bem, ganhaste bói, já vimos que és um ganda maluko!
Título original deste vídeo: "President Bush, I Just Wanna Bang My Drums All Day"
Ou, citando a Ângela Ribeiro (Viagens no Mundo das Marionetas): "E pronto... não resisti..."
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deves estar a gozar comigo
Como isto não pode ser só brincadeira, aqui vai um excerto da "Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto:
(leitura altamente recomendada aos candidatos a "nacionalistas", já agora)
«Nesse dia, logo pela manhã, vimos chegar um pequeno barco à ilha pelo que fomos forçados a escondermo-nos no interior do mato para não sermos descobertos. Seriam cerca de trinta homens que decidiram logo fazer aguada e lenha, lavarem a sua roupa e guisarem de comer.
Vendo António de Faria quão descuidados eles andavam e que no barco não havia nenhuma pessoa que o pudesse defender, disse-nos:
- É escusado dizer-vos, senhores e irmãos meus, que importa agora trabalhar para tomarmos esta embarcação que Nosso Senhor milagrosamente aqui nos trouxe, pois nela está a nossa salvação. Logo que eu disser três vezes "Jesus, nome de Jesus", fazei o que me virdes fazer.
Quando António de Faria fez o sinal combinado, corremos juntamente com ele e, chegados ao barco, apoderámo-nos dele sem qualquer resistência e afastámo-nos em direcção ao mar. Os chineses, surpreendidos, acudiram apressadamente à praia mas já era tarde.
Acabrunhados, recolheram ao mato onde choraram a sua má sorte, enquanto nós agradecíamos ao Senhor a sua misericórdia.
Como um menino deu mostras de grande sabedoria e coragem
Depois de bem instalados no barco, pusemo-nos a comer descansadamente o jantar que um velho preparara para os chineses. E que bem que nos soube aquele arroz de aves e toucinho picado! Para além disso, a mercadoria a bordo era valiosa: seda, cetins, damascos e três grandes boiões de almíscar, tudo avaliado em quatro mil cruzados.
Entretanto, António de Faria, vendo um menino de doze a treze anos que também ali estava, perguntou-lhe o que fazia ali.
- Este barco era do infeliz do meu pai que, numa hora perdeu o que lhe custou mais de trinta anos a ganhar.
António de Faria disse-lhe que não chorasse, prometendo que o trataria como filho seu. O moço, olhando para ele com um sorriso de escárnio, respondeu:
- Não penses que sou parvo. Se gostas assim tanto de mim, peço-te por amor do teu Deus que me deixes ir a nado até àquela triste terra onde está quem me gerou, porque esse é o meu pai verdadeiro.
Alguns dos presentes repreenderam-no pela forma como ele respondeu ao capitão. Mas o menino continuou:
- Vi-vos louvar a Deus mas sabei, senhor capitão, que roubar e matar são dois pecados sem perdão.
Espantado com a coragem e sabedoria deste moço, António de Faria perguntou-lhe se queria ser cristão.
Pondo os olhos no céu e as mãos no peito, o menino respondeu:
- Bendita seja, Senhor, a tua paciência, que tanto sofre por haver na terra gente que fale tão bem de ti e use tão pouco a tua lei. Assim procedem estes cegos e miseráveis que pensam que roubar e pregar te pode satisfazer como aos príncipes tiranos que reinam na terra.
Não querendo mais responder a qualquer pergunta foi pôr-se a um canto a chorar.
E nós continuámos peregrinando.»
Fernão Mendes Pinto
"Peregrinação"
(Narrativa adaptada por Fernando Cardoso
Areal Editores, 1999)
Mais sobre Fernão Mendes Pinto:
Na wikipédia
pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Mendes_Pinto
Em Vidas Lusófonas
www.vidaslusofonas.pt/fernao_m_pinto.htm
E a escola secundária onde eu andei, faz já muitos, muitos anos:
www.esfmp.net
(Naquele tempo a escola ainda não tinha uma página na internet.
Aliás, naquele tempo não havia internet...)
«Nesse dia, logo pela manhã, vimos chegar um pequeno barco à ilha pelo que fomos forçados a escondermo-nos no interior do mato para não sermos descobertos. Seriam cerca de trinta homens que decidiram logo fazer aguada e lenha, lavarem a sua roupa e guisarem de comer.
Vendo António de Faria quão descuidados eles andavam e que no barco não havia nenhuma pessoa que o pudesse defender, disse-nos:
- É escusado dizer-vos, senhores e irmãos meus, que importa agora trabalhar para tomarmos esta embarcação que Nosso Senhor milagrosamente aqui nos trouxe, pois nela está a nossa salvação. Logo que eu disser três vezes "Jesus, nome de Jesus", fazei o que me virdes fazer.
Quando António de Faria fez o sinal combinado, corremos juntamente com ele e, chegados ao barco, apoderámo-nos dele sem qualquer resistência e afastámo-nos em direcção ao mar. Os chineses, surpreendidos, acudiram apressadamente à praia mas já era tarde.
Acabrunhados, recolheram ao mato onde choraram a sua má sorte, enquanto nós agradecíamos ao Senhor a sua misericórdia.
Como um menino deu mostras de grande sabedoria e coragem
Depois de bem instalados no barco, pusemo-nos a comer descansadamente o jantar que um velho preparara para os chineses. E que bem que nos soube aquele arroz de aves e toucinho picado! Para além disso, a mercadoria a bordo era valiosa: seda, cetins, damascos e três grandes boiões de almíscar, tudo avaliado em quatro mil cruzados.
Entretanto, António de Faria, vendo um menino de doze a treze anos que também ali estava, perguntou-lhe o que fazia ali.
- Este barco era do infeliz do meu pai que, numa hora perdeu o que lhe custou mais de trinta anos a ganhar.
António de Faria disse-lhe que não chorasse, prometendo que o trataria como filho seu. O moço, olhando para ele com um sorriso de escárnio, respondeu:
- Não penses que sou parvo. Se gostas assim tanto de mim, peço-te por amor do teu Deus que me deixes ir a nado até àquela triste terra onde está quem me gerou, porque esse é o meu pai verdadeiro.
Alguns dos presentes repreenderam-no pela forma como ele respondeu ao capitão. Mas o menino continuou:
- Vi-vos louvar a Deus mas sabei, senhor capitão, que roubar e matar são dois pecados sem perdão.
Espantado com a coragem e sabedoria deste moço, António de Faria perguntou-lhe se queria ser cristão.
Pondo os olhos no céu e as mãos no peito, o menino respondeu:
- Bendita seja, Senhor, a tua paciência, que tanto sofre por haver na terra gente que fale tão bem de ti e use tão pouco a tua lei. Assim procedem estes cegos e miseráveis que pensam que roubar e pregar te pode satisfazer como aos príncipes tiranos que reinam na terra.
Não querendo mais responder a qualquer pergunta foi pôr-se a um canto a chorar.
E nós continuámos peregrinando.»
Fernão Mendes Pinto
"Peregrinação"
(Narrativa adaptada por Fernando Cardoso
Areal Editores, 1999)
Mais sobre Fernão Mendes Pinto:
Na wikipédia
pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Mendes_Pinto
Em Vidas Lusófonas
www.vidaslusofonas.pt/fernao_m_pinto.htm
E a escola secundária onde eu andei, faz já muitos, muitos anos:
www.esfmp.net
(Naquele tempo a escola ainda não tinha uma página na internet.
Aliás, naquele tempo não havia internet...)
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literatura,
mundo,
política
Todagente (Da Weasel)
«Há quem costume falar de revolução
Mas a revolução não vai ser transmitida na televisão
Ela tem que acontecer dentro de cada um
Caso contrário nunca chegaremos a lugar algum
Há quem queira resolver os problemas do mundo inteiro
De uma só vez, confiante, tal e qual um bom escuteiro
Mas enquanto se perseguem tão nobres ideais
Esquecemo-nos de limpar os nossos quintais»
(Concerto de Da Weasel em Tondela. Postado no Youtube por Zukra)
terça-feira, abril 24, 2007
Portugal, Lisboa. Revolução de 25 de Abril de 1974
As coisas tal como elas foram, ou a revolução transmitida na televisão!
sexta-feira, abril 20, 2007
Senhoras e senhores, meninas e meninos, apresento-vos...
a Companhia de Dança Contemporânea de Angola!
(este artigo pode intitular-se também "uma história exemplar de resistência cultural", ou "nacionalismos há muitos, seu palerma, incluindo um certo 'nacionalismo' revanchista africano, em África, que é mau, embora não chegue a ser tão mau como o 'nacionalismo' fascista europeu, na Europa", como hão-de ver, se o lerem)
«Embora esta possa ser apenas a história de mais uma companhia de dança, ela é, no entanto, a história da Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDC), uma das primeiras do género em África com a opção de propor uma linguagem contemporânea para a dança africana; uma história que, aos olhos de quem não a pôde testemunhar, bem poderia parecer uma estória.»
«Em Angola, a presença constante da dança no quotidiano é produto de um contexto cultural apelativo para a interiorização, desde cedo, de estruturas rítmicas.»
«Com o objectivo de divulgar um novo género de dança, que ultrapassasse o âmbito do tradicional e com o propósito e responsabilidade simultâneos de preparar e sensibilizar o público angolano para as novas tendências da dança, esta companhia organizou-se dentro de um país onde as dificuldades são imensas e a cultura nem sempre é interpretada numa dimensão alargada, levando a que a actividade deste colectivo fosse quase de sobrevivência em alguns momentos.»
«A nível institucional verificava-se alguma resistência em relação à dança na sua vertente académica, por ser encarada como uma "herança colonialista" incompatível, portanto, com o conceito de "africanização" da cultura angolana. Mas a obsessão de banir o que pudesse ser conotado com "cultura europeia" manteve-se, apesar das formas de o manifestarem se terem tornado mais subtis.
O facto de Angola ser um país novo e as opções políticas não permitirem grande abertura - vivia-se uma espécie de isolamento cultural decorrente do facto de se privilegiarem as relações com os países do então bloco socialista (...) poderá ser uma das principais justificações para o início tardio de uma actividade profissional em dança e na adesão a novos estilos e correntes.
Todavia, é fundamental referir-se que na sociedade constituída em Angola antes da independência não se havia cultivado a prática nem radicado os meios que veiculassem a dança enquanto arte cénica (...)»
«A partir da década de 90 a cena da dança em Angola conhece uma ruptura em termos de opções estéticas. No ano de 1990, (...) é estreada a obra "A Propósito de Lueji", com base na pesquisa da simbologia, estatuária e elementos das danças tradicionais cokwe, da região nordeste de Angola. Radicalmente afastada da dança clássica, fugindo aos cânones da dança moderna e descentrando-se dos modelos formais de um espectáculo convencional, esta peça marcava o esboçar de uma nova proposta para a dança em Angola.
Com o surgimento da Companhia de Dança Contemporânea, ao trabalho de investigação dentro da cultura tradicional e popular angolanas, aliou-se a vertente da denúncia e crítica social.»
«Por oposição a um regime monopartidarista com um Estado providência, os anos 90 iniciam a transição para o multipartidarismo e para a economia de mercado, mas a instalação da democracia encontra as mais diversas resistências. Aparentemente existe uma maior abertura ideológica, uma maior liberdade de expressão, o que incentiva um maior atrevimento no campo da análise crítica.
(...) Mas a instalação da guerra civil após o período eleitoral (1992), põe a descoberto uma enorme miséria social contrastante com o surgimento de uma poderosa classe que não se coíbe de ostentar a grande riqueza que vai acumulando.»
«A CDC não se alheou a esta violência, reflectindo-a em trabalhos, onde a sociedade angolana é dissecada e onde se fazem surgir todos os personagens que nela habitam.
Sob a entretanto desgastada justificação da guerra, o aparelho estatal continuou a priorizar outros sectores em detrimento da cultura.»
«Dado o contexto social angolano e como estratégia para uma melhor afirmação do seu trabalho, a CDC desenvolveu em paralelo (...) uma ampla acção educativa junto da sociedade, para a qual a dança contemporânea consistia uma proposta praticamente desconhecida. Esta intenção pedagógica esteve presente em todas as acções da CDC(...).
Há a registar o surgimento de um novo público para este tipo de espectáculo. Uma elite que nada tem a ver com extractos sociais elevados, ou seja, um público jovem, interessado e com uma sensibilidade diferente que felizmente se distancia das velhas posições dogmáticas.»
Texto:
Ana Clara Guerra Marques,
directora da Companhia de Dança Contemporânea de Angola
(blog: mwanapwo.blogspot.com)
excertos do livro "A Companhia de Dança Contemporânea de Angola"
Editora Caxinde - Luanda, 2003
(Ah, a propósito, a obra foi também patrocinada pelo Instituto Camões, não sei se conhecem. Se não conhecem, cliquem aqui.)
Fotos:
Rui Tavares
(Já agora, eu nem percebo nada de Dança - a sério!... - e isto tudo foi só para ter um pretexto para colocar neste blog algumas fotos desse fotógrafo luso-angolano - escolham vocês os adjectivos para pôr a seguir a "desse" - que, por acaso, tenho o prazer de conhecer há quase vinte anos...)
Mais sobre a CDC de Angola:
www.balletcompanies.com/contemporarydancecompanyofangola/index.htm
www.balletcompanies.com/contemporarydancecompanyofangola/index2.htm
www.cdcangola.com
António Vitorino
(este artigo pode intitular-se também "uma história exemplar de resistência cultural", ou "nacionalismos há muitos, seu palerma, incluindo um certo 'nacionalismo' revanchista africano, em África, que é mau, embora não chegue a ser tão mau como o 'nacionalismo' fascista europeu, na Europa", como hão-de ver, se o lerem)
«Embora esta possa ser apenas a história de mais uma companhia de dança, ela é, no entanto, a história da Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDC), uma das primeiras do género em África com a opção de propor uma linguagem contemporânea para a dança africana; uma história que, aos olhos de quem não a pôde testemunhar, bem poderia parecer uma estória.»
«Em Angola, a presença constante da dança no quotidiano é produto de um contexto cultural apelativo para a interiorização, desde cedo, de estruturas rítmicas.»
«Com o objectivo de divulgar um novo género de dança, que ultrapassasse o âmbito do tradicional e com o propósito e responsabilidade simultâneos de preparar e sensibilizar o público angolano para as novas tendências da dança, esta companhia organizou-se dentro de um país onde as dificuldades são imensas e a cultura nem sempre é interpretada numa dimensão alargada, levando a que a actividade deste colectivo fosse quase de sobrevivência em alguns momentos.»
«A nível institucional verificava-se alguma resistência em relação à dança na sua vertente académica, por ser encarada como uma "herança colonialista" incompatível, portanto, com o conceito de "africanização" da cultura angolana. Mas a obsessão de banir o que pudesse ser conotado com "cultura europeia" manteve-se, apesar das formas de o manifestarem se terem tornado mais subtis.
O facto de Angola ser um país novo e as opções políticas não permitirem grande abertura - vivia-se uma espécie de isolamento cultural decorrente do facto de se privilegiarem as relações com os países do então bloco socialista (...) poderá ser uma das principais justificações para o início tardio de uma actividade profissional em dança e na adesão a novos estilos e correntes.
Todavia, é fundamental referir-se que na sociedade constituída em Angola antes da independência não se havia cultivado a prática nem radicado os meios que veiculassem a dança enquanto arte cénica (...)»
«A partir da década de 90 a cena da dança em Angola conhece uma ruptura em termos de opções estéticas. No ano de 1990, (...) é estreada a obra "A Propósito de Lueji", com base na pesquisa da simbologia, estatuária e elementos das danças tradicionais cokwe, da região nordeste de Angola. Radicalmente afastada da dança clássica, fugindo aos cânones da dança moderna e descentrando-se dos modelos formais de um espectáculo convencional, esta peça marcava o esboçar de uma nova proposta para a dança em Angola.
Com o surgimento da Companhia de Dança Contemporânea, ao trabalho de investigação dentro da cultura tradicional e popular angolanas, aliou-se a vertente da denúncia e crítica social.»
«Por oposição a um regime monopartidarista com um Estado providência, os anos 90 iniciam a transição para o multipartidarismo e para a economia de mercado, mas a instalação da democracia encontra as mais diversas resistências. Aparentemente existe uma maior abertura ideológica, uma maior liberdade de expressão, o que incentiva um maior atrevimento no campo da análise crítica.
(...) Mas a instalação da guerra civil após o período eleitoral (1992), põe a descoberto uma enorme miséria social contrastante com o surgimento de uma poderosa classe que não se coíbe de ostentar a grande riqueza que vai acumulando.»
«A CDC não se alheou a esta violência, reflectindo-a em trabalhos, onde a sociedade angolana é dissecada e onde se fazem surgir todos os personagens que nela habitam.
Sob a entretanto desgastada justificação da guerra, o aparelho estatal continuou a priorizar outros sectores em detrimento da cultura.»
«Dado o contexto social angolano e como estratégia para uma melhor afirmação do seu trabalho, a CDC desenvolveu em paralelo (...) uma ampla acção educativa junto da sociedade, para a qual a dança contemporânea consistia uma proposta praticamente desconhecida. Esta intenção pedagógica esteve presente em todas as acções da CDC(...).
Há a registar o surgimento de um novo público para este tipo de espectáculo. Uma elite que nada tem a ver com extractos sociais elevados, ou seja, um público jovem, interessado e com uma sensibilidade diferente que felizmente se distancia das velhas posições dogmáticas.»
Texto:
Ana Clara Guerra Marques,
directora da Companhia de Dança Contemporânea de Angola
(blog: mwanapwo.blogspot.com)
excertos do livro "A Companhia de Dança Contemporânea de Angola"
Editora Caxinde - Luanda, 2003
(Ah, a propósito, a obra foi também patrocinada pelo Instituto Camões, não sei se conhecem. Se não conhecem, cliquem aqui.)
Fotos:
Rui Tavares
(Já agora, eu nem percebo nada de Dança - a sério!... - e isto tudo foi só para ter um pretexto para colocar neste blog algumas fotos desse fotógrafo luso-angolano - escolham vocês os adjectivos para pôr a seguir a "desse" - que, por acaso, tenho o prazer de conhecer há quase vinte anos...)
Mais sobre a CDC de Angola:
www.balletcompanies.com/contemporarydancecompanyofangola/index.htm
www.balletcompanies.com/contemporarydancecompanyofangola/index2.htm
www.cdcangola.com
António Vitorino
quinta-feira, abril 19, 2007
Mais Vale Nunca?
Ora bem, eu sou um fanático dos GNR (do Grupo Novo Rock, que dos outros nem tanto...) e, quanto a isso, não há nada a fazer.
Por isso quando soube que os gajos vinham (vêm) às celebrações do 25 de Abril em Almada, imediatamente decidi postar neste blog qualquer coisita sobre eles. É o que faço agora.
Portanto, amigos, isto hoje é pessoal (embora transmissível, espero eu...). Quem não gostar, pode ir dar uma volta lá por fora. Afinal, a blogosfera é tão grande, não é?
E então, aqui vai aquele que, durante muito tempo, foi um dos "meus hinos":
Mais Vale Nunca
Há um lixo novo pra limpar ao nascer
Um grito surdo que tentam calar
Vais ouvir e ver
Mais vale nunca
Nunca mais saber
Mais vale nada
Nunca mais querer
Mais vale nunca mais crescer
Éme tê e vê cérebro em fuga a dominar
Gene preguiçoso e letal
Olha pró que eu faço
Mais vale nunca
Nunca aprender
Mais vale nada
Nunca mais querer
Mais vale nunca mais crescer
Ficas a aprender
Mais vale nunca
Nunca mais saber
Mais vale nada
Nunca mais beber
Mais vale nunca mais crescer
Agora é a doer
Mais vale nunca
Nunca apetecer
Mais vale nada
Nunca escolher
Mais vale nunca mais crescer
Vais ouvir e ver...
A propósito: há alguma alma caridosa que coloque vídeos dos GNR na internet? Eu sei que já somos todos velhotes, mas enfim... alguém há de conseguir fazê-lo, não?...
(Imagem lá de cima: GNR nos seus primórdios.
Recolhida em
anos80.no.sapo.pt/gnr.htm)
PS. Ah, pois, parece que a Judiciária "catou" alguns fascistas e eu não comentava. Mas comentar o quê? Se são casos de polícia, acho bem que a polícia os resolva! Só isso.
quarta-feira, abril 18, 2007
Tudo o que eu queria
Queria poder sentar-me com todos à mesa
E conversar tranquilamente, falar do tempo,
dos amigos, da cidade, tomar um copo
e um pires de caracóis (esta rodada é minha)
e assim, sem gritar, irmo-nos entendendo,
descobrirmos, todos juntos, por que sofremos
as moléstias do tempo em partes iguais,
e não achamos abrigo quando chove, que é quase sempre.
Queria, depois de jantar (claro que um bom jantar)
acender um charuto, abrir um livro
de verdes da paisagem ou do mar do retorno
(cor de vinho dizem-me, eu acho que tanto faz)
e lavar o meu olhar com o vaivém
da luz, da noite e do mar.
Queria, sem olhar para o norte
encontrar uma esperança sobre esta terra que é a minha
e a de todos; ver um amanhã melhor
conseguível no meu trabalho e no dos outros;
encontrar o amor; um pouco de paz se ainda há
e uma moral que não nos leve à morte, mas à vida.
Já terão adivinhado do que se trata,
o que eu queria dizer
é que me lixa ter de escrever versos.
Jaume Pomar
(Traduzido do catalão por Miguel de Seabra)
em "Antologia da Novíssima Poesia Catalã"
Editorial Futura. Lisboa, Julho de 1974
Mais sobre este autor, em
MallorcaWeb
Associação de Escritores de Língua Catalã
E um excerto de uma entrevista, em 2006:
www.jpq.es/Euro/index.php/Babel/2006/06/11/p220#more220
E conversar tranquilamente, falar do tempo,
dos amigos, da cidade, tomar um copo
e um pires de caracóis (esta rodada é minha)
e assim, sem gritar, irmo-nos entendendo,
descobrirmos, todos juntos, por que sofremos
as moléstias do tempo em partes iguais,
e não achamos abrigo quando chove, que é quase sempre.
Queria, depois de jantar (claro que um bom jantar)
acender um charuto, abrir um livro
de verdes da paisagem ou do mar do retorno
(cor de vinho dizem-me, eu acho que tanto faz)
e lavar o meu olhar com o vaivém
da luz, da noite e do mar.
Queria, sem olhar para o norte
encontrar uma esperança sobre esta terra que é a minha
e a de todos; ver um amanhã melhor
conseguível no meu trabalho e no dos outros;
encontrar o amor; um pouco de paz se ainda há
e uma moral que não nos leve à morte, mas à vida.
Já terão adivinhado do que se trata,
o que eu queria dizer
é que me lixa ter de escrever versos.
Jaume Pomar
(Traduzido do catalão por Miguel de Seabra)
em "Antologia da Novíssima Poesia Catalã"
Editorial Futura. Lisboa, Julho de 1974
Mais sobre este autor, em
MallorcaWeb
Associação de Escritores de Língua Catalã
E um excerto de uma entrevista, em 2006:
www.jpq.es/Euro/index.php/Babel/2006/06/11/p220#more220
terça-feira, abril 17, 2007
O que tenho andado a ler:
Uma antologia de poetas catalães, editada em Portugal no ano de 1974. Poetas que, nesse tempo eram "novíssimos" - hoje, muitos são consagrados, outros já nem são vivos... - e enfrentavam uma feroz ditadura. (Não foi Franco quem disse que quando lhe falavam de Cultura tinha vontade de sacar da pistola mas, pelo que se conhece do personagem, podia muito bem ter sido.)
Em Portugal, tinhamos já saído do pesadelo da ditadura salazarenta. Os espanhóis (e estes catalães, obviamente), teriam ainda de esperar mais um ano para saber «qual a cor da liberdade» (como dizia Jorge de Sena, num famoso poema).
Deixo-vos um excerto prefácio desta obra, escrito por Manuel de Seabra, onde o organizador da antologia explica o critério aplicado:
«Um poema vale por si, e pronto.
Segundo este critério (...) ainda que um poeta escreva só vinte poemas e seja empregado bancário ou cozinheiro o resto da vida, o que há para julgar são esses 20 poemas e não uma "carreira" tantas vezes feita sobre compadrios.
Por outro lado, uma antologia deste tipo tem ainda um valor sociológico que reputo de importante.
Na presente, pretendo apresentar uma panorâmica o mais possível eficaz do que se está fazendo hoje poeticamente na Catalunha. E, a aceitarmos a definição de Pound de que os poetas são antenas da raça ou do seu tempo (sociológico), através dessa antologia poderá certamente o leitor apreender o que se pensa, o que se vive presentemente na Catalunha, independentemente do valor artístico da poesia seleccionada.»
E eu estou tão de acordo com isto, que quase o adopto como um manifesto para o Debaixo do Bulcão!
(Aproveito para agradecer ao Henrique Mota, que me emprestou o livro, e ao Rui Tavares, que digitalizou a capa.)
Em Portugal, tinhamos já saído do pesadelo da ditadura salazarenta. Os espanhóis (e estes catalães, obviamente), teriam ainda de esperar mais um ano para saber «qual a cor da liberdade» (como dizia Jorge de Sena, num famoso poema).
Deixo-vos um excerto prefácio desta obra, escrito por Manuel de Seabra, onde o organizador da antologia explica o critério aplicado:
«Um poema vale por si, e pronto.
Segundo este critério (...) ainda que um poeta escreva só vinte poemas e seja empregado bancário ou cozinheiro o resto da vida, o que há para julgar são esses 20 poemas e não uma "carreira" tantas vezes feita sobre compadrios.
Por outro lado, uma antologia deste tipo tem ainda um valor sociológico que reputo de importante.
Na presente, pretendo apresentar uma panorâmica o mais possível eficaz do que se está fazendo hoje poeticamente na Catalunha. E, a aceitarmos a definição de Pound de que os poetas são antenas da raça ou do seu tempo (sociológico), através dessa antologia poderá certamente o leitor apreender o que se pensa, o que se vive presentemente na Catalunha, independentemente do valor artístico da poesia seleccionada.»
E eu estou tão de acordo com isto, que quase o adopto como um manifesto para o Debaixo do Bulcão!
(Aproveito para agradecer ao Henrique Mota, que me emprestou o livro, e ao Rui Tavares, que digitalizou a capa.)
Mais poemas de autores catalães em: perso.wanadoo.es/lipmic/Pluricat/por/index.htm
A Elionor
A Elionor tinha
catorze anos e três horas
quando começou a trabalhar.
Estas coisas ficam
registadas para sempre no sangue.
Ainda usava tranças
e dizia : «sim senhor» e «boas tardes».
As pessoas gostavam dela,
da Elionor, tão meiga,
E ela cantava enquanto
fazia correr a vassoura.
Os anos, porém, dentro da fábrica,
diluem-se no opaco
griséu das janelas,
e ao fim de pouco a Elionor não teria
sabido dizer de onde lhe vinha
a vontade de chorar,
nem aquele irreprimível
aperto de solidão.
As mulheres diziam que aquilo
era porque estava a crescer e que aqueles males
se curavam com marido e filhos.
A Elionor, de acordo com a mui sábia
predição das mulheres,
cresceu, casou-se e teve filhos.
O mais velho, que era uma rapariga,
só havia três horas
fizera os catorze anos
quando começou a trabalhar.
Ainda usava tranças
e dizia: «sim senhor» e «boas tardes».
Miquel Martí I Pol
(Traduzido do catalão por Miguel de Seabra)
em "Antologia da Novíssima Poesia Catalã"
Editorial Futura. Lisboa, Julho de 1974
Site sobre o autor (Biografia, poemas, imagens, etc.)
www.martiipol.com/martipol_es.html
E aqui podem ler também este poema em catalão:
www.barceloca.com/data/details.aspx?ID=4434
catorze anos e três horas
quando começou a trabalhar.
Estas coisas ficam
registadas para sempre no sangue.
Ainda usava tranças
e dizia : «sim senhor» e «boas tardes».
As pessoas gostavam dela,
da Elionor, tão meiga,
E ela cantava enquanto
fazia correr a vassoura.
Os anos, porém, dentro da fábrica,
diluem-se no opaco
griséu das janelas,
e ao fim de pouco a Elionor não teria
sabido dizer de onde lhe vinha
a vontade de chorar,
nem aquele irreprimível
aperto de solidão.
As mulheres diziam que aquilo
era porque estava a crescer e que aqueles males
se curavam com marido e filhos.
A Elionor, de acordo com a mui sábia
predição das mulheres,
cresceu, casou-se e teve filhos.
O mais velho, que era uma rapariga,
só havia três horas
fizera os catorze anos
quando começou a trabalhar.
Ainda usava tranças
e dizia: «sim senhor» e «boas tardes».
Miquel Martí I Pol
(Traduzido do catalão por Miguel de Seabra)
em "Antologia da Novíssima Poesia Catalã"
Editorial Futura. Lisboa, Julho de 1974
Site sobre o autor (Biografia, poemas, imagens, etc.)
www.martiipol.com/martipol_es.html
E aqui podem ler também este poema em catalão:
www.barceloca.com/data/details.aspx?ID=4434
segunda-feira, abril 16, 2007
Portanto, o que interessa mesmo é saber se o Sócrates é engenheiro, não é?...
Lê-se no site do Supremo Tribunal de Justiça:
«Por acórdão do dia 8 de Março de 2007, a secção cível do Supremo Tribunal de Justiça decidiu atribuir uma indemnização a pessoa colectiva por ofensa ao bom nome, resultante do modo como foram divulgados determinados factos em órgão de comunicação social relativos à situação fiscal da pessoa em causa.»
E, no mesmo site, o sumário do referido acórdão:
«1. A capacidade de gozo das pessoas colectivas abrange os direitos de personalidade relativos à liberdade, ao bom-nome, ao crédito e à consideração social.
2. A eficácia dos meios de publicação informativa deve ter por contraponto os máximos rigor e cautela na averiguação da realidade dos factos que divulgam, sobretudo quando essa divulgação, pela natureza do seu conteúdo, seja susceptível de afectar aqueles direitos.
3. O conflito entre o direito de liberdade de imprensa e de informação e o direito de personalidade - de igual hierarquia constitucional - é resolvido, em regra, por via da prevalência do último em relação ao primeiro.
4. Ofende o crédito da pessoa colectiva a divulgação jornalística de facto susceptível de diminuir a confiança nela quanto ao cumprimento de obrigações, e o seu bom-nome se for susceptível de abalar o seu prestígio ou merecimento no respectivo meio social de integração.
5. Ofende ilícita e culposamente o crédito e o bom-nome do clube de futebol, que disputa a liderança da primeira liga, sujeitando os seus autores a indemnização por danos não patrimoniais, a publicação, em jornal diário citadino conceituado e de grande tiragem, da notícia de que resulta não ser o visado cumpridor das suas obrigações fiscais e a conduta dos dirigentes ser passível de integrar o crime de abuso de confiança fiscal. *
* Sumário elaborado pelo Relator.»
(Ver aqui o texto completo, no mesmo site)
Existe em Portugal, uma Lei de Imprensa, disponível no site do Instituto da Comunicação Social:
www.ics.pt/verfs.php?fscod=88
E existe também um Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses (ver mais abaixo neste blog).
Mas o que importa mesmo é saber se o nosso primeiro é engenheiro, ou não.
Ou não?
(Rolha furtada ao blog
Grande Loja do Queijo Limiano
e
Macacos adquiridos no blog
Troll Urbano)
Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses
Os jornalistas portugueses regem-se por um Código Deontológico que aprovaram em 4 de Maio de 1993, numa consulta que abrangeu todos os profissionais detentores de Carteira Profissional.
O texto do projecto havia sido preliminarmente discutido e aprovado em Assembleia Geral realizada em 22 de Março de 1993.
1.O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.
2.O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.
3.O jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do jornalista divulgar as ofensas a estes direitos.
4.O jornalista deve utilizar meios leais para obter informações, imagens ou documentos e proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja. A identificação como jornalista é a regra e outros processos só podem justificar-se por razões de incontestável interesse público.
5.O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos e actos profissionais, assim como promover a pronta rectificação das informações que se revelem inexactas ou falsas. O jornalista deve também recusar actos que violentem a sua consciência.
6.O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se o tentarem usar para canalizar informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.
7.O jornalista deve salvaguardar a presunção da inocência dos arguidos até a sentença transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, directa ou indirectamente, as vítimas de crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.
8.O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor, raça, credos, nacionalidade ou sexo.
9.O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas.
10.O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional. O jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesses.
Copiado do site do Sindicato dos Jornalistas
(Consultem também a Lei de Imprensa:
www.ics.pt/verfs.php?fscod=88)
O texto do projecto havia sido preliminarmente discutido e aprovado em Assembleia Geral realizada em 22 de Março de 1993.
1.O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.
2.O jornalista deve combater a censura e o sensacionalismo e considerar a acusação sem provas e o plágio como graves faltas profissionais.
3.O jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do jornalista divulgar as ofensas a estes direitos.
4.O jornalista deve utilizar meios leais para obter informações, imagens ou documentos e proibir-se de abusar da boa-fé de quem quer que seja. A identificação como jornalista é a regra e outros processos só podem justificar-se por razões de incontestável interesse público.
5.O jornalista deve assumir a responsabilidade por todos os seus trabalhos e actos profissionais, assim como promover a pronta rectificação das informações que se revelem inexactas ou falsas. O jornalista deve também recusar actos que violentem a sua consciência.
6.O jornalista deve usar como critério fundamental a identificação das fontes. O jornalista não deve revelar, mesmo em juízo, as suas fontes confidenciais de informação, nem desrespeitar os compromissos assumidos, excepto se o tentarem usar para canalizar informações falsas. As opiniões devem ser sempre atribuídas.
7.O jornalista deve salvaguardar a presunção da inocência dos arguidos até a sentença transitar em julgado. O jornalista não deve identificar, directa ou indirectamente, as vítimas de crimes sexuais e os delinquentes menores de idade, assim como deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor.
8.O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor, raça, credos, nacionalidade ou sexo.
9.O jornalista deve respeitar a privacidade dos cidadãos excepto quando estiver em causa o interesse público ou a conduta do indivíduo contradiga, manifestamente, valores e princípios que publicamente defende. O jornalista obriga-se, antes de recolher declarações e imagens, a atender às condições de serenidade, liberdade e responsabilidade das pessoas envolvidas.
10.O jornalista deve recusar funções, tarefas e benefícios susceptíveis de comprometer o seu estatuto de independência e a sua integridade profissional. O jornalista não deve valer-se da sua condição profissional para noticiar assuntos em que tenha interesses.
Copiado do site do Sindicato dos Jornalistas
(Consultem também a Lei de Imprensa:
www.ics.pt/verfs.php?fscod=88)
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sexta-feira, abril 13, 2007
Timor - Leste na internet: algumas sugestões de pesquisa
A propósito do processo eleitoral que decorre em Timor - Leste, aqui ficam algumas ligações para sítios na internet sobre esse que é o mais recente país de língua oficial portuguesa (é, não é...?).
Timor Online (blog de informação, de e sobre Timor Leste)
Site do Parlamento Nacional da República Democrática de Timor Leste
Constituição da República Democrática de Timor Leste (Aprovada em Março de 2002)
Sítio com informações diversas e links sobre Timor Leste
Forças Políticas em Timor Leste (artigos assinados por José Ramos Horta)
Diáspora Timorense (página pessoal)
Um Brazuca no Timor Leste (blog)
Poemas do Timor Lorosae
Blue Mountains East Timor Sisters (Uma das instituições australianas a operar naquele país)
... e isto foi o que se conseguiu encontrar numa busca não exaustiva. Se procurarem bem, encontrarão, certamente, muito mais.
Boas pesquisas!
António Vitorino
Para os que pensam que as minhas piadas são grosseiras, aqui vai um naco de "humor inteligente"
Túnel do Marquês abre dia 25 de Abril
O presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, anunciou esta quinta-feira que o túnel do Marquês vai abrir ao tráfego no dia 25 de Abril, mais de dois anos depois da data prevista, escreve a Lusa.
«O túnel do Marquês vai abrir finalmente no dia 25 de Abril», disse Carmona Rodrigues, durante a inauguração do espaço Toyota, da Salvador Caetano, na Avenida da República, em Lisboa.
A saída do túnel na avenida António Augusto de Aguiar não irá abrir porque falta escavar uma extensão de cem metros na avenida Fontes Pereira de Melo, um trabalho condicionado pelas obras necessárias de reforço da estrutura da galeria da Linha Amarela do Metropolitano de Lisboa.
O responsável camarário pela obra, Vítor Damião, afirmou, no final de Março, não saber ainda quando a saída poderá ser aberta, acrescentando que depende do Metropolitano, que já lançou concurso para as obras. Vítor Damião adiantou que feitas as obras no metro, que deverão demorar «um mês e meio ou dois meses», o trabalho no Túnel do Marquês deverá estar pronto em «quatro ou cinco meses».
Na altura, o vereador com o pelouro das obras municipais, Pedro Feist (PSD), afirmou que «não houve derrapagem» nos custos da obra em si, mas um atraso de «dois anos e meio» na construção, motivado pela providência cautelar interposta por José Sá Fernandes e por atrasos do empreiteiro.
Hoje a Câmara de Lisboa também começou a agradecer aos comerciantes da zona do Marquês de Pombal e aos automobilistas pela «compreensão» durante os trabalhos do túnel, entregando panfletos informativos sobre a obra. Reconhecendo as «perturbações causadas pela complexidade e morosidade da obra», os panfletos informam sobre as características do túnel, mas não adiantam ainda a data exacta de abertura.
Fonte do gabinete do vereador das Obras Municipais, Pedro Feist, disse à agência Lusa que até ao fim do mês, data esperada para a abertura ao público do túnel, vão fazer-se outras acções de sensibilização para as novas regras de circulação e velocidade.
A Câmara quer também levar comerciantes e moradores da zona, bem como estudantes, em visitas ao túnel antes da sua abertura, para que fiquem a conhecer a obra.
Para já, os panfletos que começaram hoje a ser distribuídos aos comerciantes e automobilistas, numa acção que decorrerá até à próxima semana, apenas informam dos sentidos do túnel e das suas saídas.
Segundo a mesma fonte, trata-se de «um primeiro contacto» entre a Câmara e os futuros utentes de uma obra que atraiu críticas e suscitou polémica.
«O túnel do Marquês vai abrir finalmente no dia 25 de Abril», disse Carmona Rodrigues, durante a inauguração do espaço Toyota, da Salvador Caetano, na Avenida da República, em Lisboa.
A saída do túnel na avenida António Augusto de Aguiar não irá abrir porque falta escavar uma extensão de cem metros na avenida Fontes Pereira de Melo, um trabalho condicionado pelas obras necessárias de reforço da estrutura da galeria da Linha Amarela do Metropolitano de Lisboa.
O responsável camarário pela obra, Vítor Damião, afirmou, no final de Março, não saber ainda quando a saída poderá ser aberta, acrescentando que depende do Metropolitano, que já lançou concurso para as obras. Vítor Damião adiantou que feitas as obras no metro, que deverão demorar «um mês e meio ou dois meses», o trabalho no Túnel do Marquês deverá estar pronto em «quatro ou cinco meses».
Na altura, o vereador com o pelouro das obras municipais, Pedro Feist (PSD), afirmou que «não houve derrapagem» nos custos da obra em si, mas um atraso de «dois anos e meio» na construção, motivado pela providência cautelar interposta por José Sá Fernandes e por atrasos do empreiteiro.
Hoje a Câmara de Lisboa também começou a agradecer aos comerciantes da zona do Marquês de Pombal e aos automobilistas pela «compreensão» durante os trabalhos do túnel, entregando panfletos informativos sobre a obra. Reconhecendo as «perturbações causadas pela complexidade e morosidade da obra», os panfletos informam sobre as características do túnel, mas não adiantam ainda a data exacta de abertura.
Fonte do gabinete do vereador das Obras Municipais, Pedro Feist, disse à agência Lusa que até ao fim do mês, data esperada para a abertura ao público do túnel, vão fazer-se outras acções de sensibilização para as novas regras de circulação e velocidade.
A Câmara quer também levar comerciantes e moradores da zona, bem como estudantes, em visitas ao túnel antes da sua abertura, para que fiquem a conhecer a obra.
Para já, os panfletos que começaram hoje a ser distribuídos aos comerciantes e automobilistas, numa acção que decorrerá até à próxima semana, apenas informam dos sentidos do túnel e das suas saídas.
Segundo a mesma fonte, trata-se de «um primeiro contacto» entre a Câmara e os futuros utentes de uma obra que atraiu críticas e suscitou polémica.
Notícia no site Portugal Diário
Fotos da Câmara Municipal de Lisboa
Adivinhem quem faz anos hoje
Pois é, o Jerónimo de Sousa!
Digam lá que eu não sou amiguinho, a lembrar-vos assim estas efemérides, hã?
(Nota: este não é um blog de opinião política ou de comentários políticos, nem um blog de humorismo. Aliás, e para que conste, está catalogado no directório Paralaxe como um blog de poesia. Só que, ai de mim, às vezes a poesia não chega...)
Digam lá que eu não sou amiguinho, a lembrar-vos assim estas efemérides, hã?
(Nota: este não é um blog de opinião política ou de comentários políticos, nem um blog de humorismo. Aliás, e para que conste, está catalogado no directório Paralaxe como um blog de poesia. Só que, ai de mim, às vezes a poesia não chega...)
Sobre Jerónimo de Sousa:
Biografia oficial (no site do PCP)
e a "oficiosa" (na Wikipédia)
quarta-feira, abril 11, 2007
Ó MEUS AMIGOS!!!
Pensavam então que eu deixava passar assim sem dizer nada essa perniciosa lei para a liberalização do abor... abo... ou seja da ivêgê, hum?
Ora, como poderia eu assistir impavidamente, hum, a esse desencaminhar de jovens moçasje em idade fértil que, desconhecendo que as consequências serão sempre irreversíveisje, decidem levianamente cometer um abo... hã... um tão nefando acto, hum?
A meu ver,estando as moças tão desprotegidasje por esta nefasta lei, deve caber ao médico ajuizar sobre a sua, a sua delasje, capacidade de emitir consentimento informado.
E mais: afigura-se-me razoável que o progenitor masculino, hum, possa estar presente na consulta obrigatória e no acompanhamento psicológico e social durante o período de reflexão. Isto sem prejuízo de a decisão final pertencer exclusivamente à mulher, mas só porque a lei assim o determina, hã?
Importa sobretudo que a moça prestesje a cometer um acto tão imoral e violento, hum, seja devidamente informada, hum, nomeadamente mostrando-se-lhe a respectiva ecografia. E isto porque é necessária uma política de promoção de uma sexualidadeje responsável e de apoio à natalidade, hum, e não essas parvoeirasje, nitidamente endemoinhadas e promovidas peles comu.. comu... nasje je.
É que o referendo até foi um bom referendo. Mas, como não teve carácter vinculativo... ó meus amigosje, não havia necessidadeje!
Como sabeis, eu já há muito tempo defendo estes pontos de vista, familiares e cristãos, como a melhor forma de resolver os males deste mundo tão desvairado. Só me falta agora que me venham acusar de estar imitando os pontos de vista de outros provedores, valhamedeus.
Se me acusarem, mesmo que fosse verdade, que não o é, seria um atentado ao meu bom nome e à minha honra. E, como tal, teria de ser derimido nas instânciasje competentes, hum?
E como se sabe, neste nosso querido Portugal, as instâncias competentesje dão mais valor à honra do que à verdade... como aliás lhes compete fazer, ih ih ih.
Portanto, tende cuidadinho. E, se tiverdes mesmo tentados a liberalizar, lembrai-vos das criancinhasje e metei a mão na consciência, hum?
Portanto, vamos lá legislar, hum, mas com juizinho!
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deves estar a gozar comigo,
politiquice
terça-feira, abril 10, 2007
Faço minhas as palavras dele
Herman José opinando, de forma muitíssimo diplomática, sobre os Gato Fedorento (em entrevista a António Manuel Pinho, no jornal "Conversas de Café")
«Eles são maravilhosos, mas não desafiam, o trabalho deles é muito dentro daquilo que as pessoas estão à espera. São rapazes novos e inteligentes, que fazem bem um tipo de brincadeiras que as pessoas reconhecem como sendo as mesmas que se fazem nas empresas, pelo Natal.
Às vezes dizia na brincadeira: vocês parecem um grupo de finalistas de Direito, que se juntaram para fazer uma festa no escritório de advogados onde estão a estagiar.
Eles são bons, muito bons, são muito giros, mas muito abrangentes. Nesse aspecto, não vêm cortar com nada.»
Para quem já não se lembra, Herman José será, provavelmente, o maior humorista português de sempre.
Pelo menos, é isso que indica uma sondagem que realizei junto dos elementos que arduamente trabalham neste blog e no Debaixo do Bulcão.
Eis os resultados:
Herman José recolhe os votos de António Vitorino, Affonso Gallo e Baltasar Mingo.
O Doutor Abreu Santinho votou nos Gato Fedorento.
O Wiguelnuno absteve-se à força, porque, se eu lhe perguntasse alguma coisa, ele ainda seria capaz de votar nos fedorentos e isso estragava-me os resultados da sondagem.
Já o Daniel Urtigas considerou que o maior humorista português de sempre é o Hugo Chavez; mas eu suponho que ele estava distraído e não entendeu bem a pergunta.
«Eles são maravilhosos, mas não desafiam, o trabalho deles é muito dentro daquilo que as pessoas estão à espera. São rapazes novos e inteligentes, que fazem bem um tipo de brincadeiras que as pessoas reconhecem como sendo as mesmas que se fazem nas empresas, pelo Natal.
Às vezes dizia na brincadeira: vocês parecem um grupo de finalistas de Direito, que se juntaram para fazer uma festa no escritório de advogados onde estão a estagiar.
Eles são bons, muito bons, são muito giros, mas muito abrangentes. Nesse aspecto, não vêm cortar com nada.»
Para quem já não se lembra, Herman José será, provavelmente, o maior humorista português de sempre.
Pelo menos, é isso que indica uma sondagem que realizei junto dos elementos que arduamente trabalham neste blog e no Debaixo do Bulcão.
Eis os resultados:
Herman José recolhe os votos de António Vitorino, Affonso Gallo e Baltasar Mingo.
O Doutor Abreu Santinho votou nos Gato Fedorento.
O Wiguelnuno absteve-se à força, porque, se eu lhe perguntasse alguma coisa, ele ainda seria capaz de votar nos fedorentos e isso estragava-me os resultados da sondagem.
Já o Daniel Urtigas considerou que o maior humorista português de sempre é o Hugo Chavez; mas eu suponho que ele estava distraído e não entendeu bem a pergunta.
Caríssimos amigos, eis-me de volta
depois de remover o(s) troiano(s) e a outra merda - desculpem o vernáculo - que este computador apresenta sempre que me afasto dele durante algum tempo.
Eu sei que prometi explicações sobre a minha ausência forçada, mas desta vez (sem exemplo,como diz o povo) não vou cumprir o prometido.
Este blog chama-se Coisitas do Vitorino, não se chama Muro das Lamentações (embora seja quase a mesma coisa, como os meus amigalhaços sabem muito melhor do que eu).
Explicações, dá-las-ei mais tarde, se necessário, de forma mais abrangente e completa, com provas e talvez mesmo testemunhos, sobre, por exemplo, quem foram (e ainda são) as pessoas que me impediram (e como me impediram) de prosseguir uma carreira profissional na área do Jornalismo (ver aqui nota biográfica muito resumida), ou daquilo que agora se chama "escrita criativa" (refiro ou não que, por exemplo, em 1994 escrevi um texto para Teatro chamado "O Quarto Minguante"...?...não, deixa lá, é melhor não dizer nada, porque pode parecer mal e..ops, já disse... e agora, como é que eu apago isto?... pois, não apago.)
Enfim, não há pachorra, já desisti de ser "bonzinho", etc. etc. etc.
Diz o povo, quem semeia ventos, colhe tempestades. Eu prefiro dizer: quem semeia filhadaputice, receberá o mesmo e em abundância.
(Só mais uma coisita: quero agradecer imenso aos grandes amigos que, com as suas manifestações de solidariedade, me ajudaram a passar por esta fase difícil. Só mais outra coisita: obviamente, isto que acabei de dizer é uma ironia.)
António Vitorino
(aproveitando a internet para me diriger em público a algumas pessoas em particular. Aos outros peço desculpa pelo incómodo e prometo não abusar mais da vossa paciência.)
Eu sei que prometi explicações sobre a minha ausência forçada, mas desta vez (sem exemplo,como diz o povo) não vou cumprir o prometido.
Este blog chama-se Coisitas do Vitorino, não se chama Muro das Lamentações (embora seja quase a mesma coisa, como os meus amigalhaços sabem muito melhor do que eu).
Explicações, dá-las-ei mais tarde, se necessário, de forma mais abrangente e completa, com provas e talvez mesmo testemunhos, sobre, por exemplo, quem foram (e ainda são) as pessoas que me impediram (e como me impediram) de prosseguir uma carreira profissional na área do Jornalismo (ver aqui nota biográfica muito resumida), ou daquilo que agora se chama "escrita criativa" (refiro ou não que, por exemplo, em 1994 escrevi um texto para Teatro chamado "O Quarto Minguante"...?...não, deixa lá, é melhor não dizer nada, porque pode parecer mal e..ops, já disse... e agora, como é que eu apago isto?... pois, não apago.)
Enfim, não há pachorra, já desisti de ser "bonzinho", etc. etc. etc.
Diz o povo, quem semeia ventos, colhe tempestades. Eu prefiro dizer: quem semeia filhadaputice, receberá o mesmo e em abundância.
(Só mais uma coisita: quero agradecer imenso aos grandes amigos que, com as suas manifestações de solidariedade, me ajudaram a passar por esta fase difícil. Só mais outra coisita: obviamente, isto que acabei de dizer é uma ironia.)
António Vitorino
(aproveitando a internet para me diriger em público a algumas pessoas em particular. Aos outros peço desculpa pelo incómodo e prometo não abusar mais da vossa paciência.)
quinta-feira, abril 05, 2007
«Até daqui a uns dias... espero eu»
A frase está entre aspas porque é uma citação.
Foi proferida pelo antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, antes de ser submetido a uma intervenção cirúrgica ao coração.
Eu não vou ser, por agora, submetido a nenhuma intervenção cirúrgica (espero eu...) mas, como não sei quando posso regressar aqui.. olha, faço minhas as palavras dele.
Se quiserem entender melhor, leiam o que eu já disse no poema (ou não, chamem-lhe o que quiserem) De pequenino se troce o pepino. O que eu não digo agora é a continuação do que ali disse.
Ou, como diria o outro, é a primeira vez que se repete a asneira desde a última vez que a asneira se repetiu.
Está bem, esperem pelo meu regresso, que logo explicarei melhor.
Até "já".
António Vitorino
Foi proferida pelo antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, antes de ser submetido a uma intervenção cirúrgica ao coração.
Eu não vou ser, por agora, submetido a nenhuma intervenção cirúrgica (espero eu...) mas, como não sei quando posso regressar aqui.. olha, faço minhas as palavras dele.
Se quiserem entender melhor, leiam o que eu já disse no poema (ou não, chamem-lhe o que quiserem) De pequenino se troce o pepino. O que eu não digo agora é a continuação do que ali disse.
Ou, como diria o outro, é a primeira vez que se repete a asneira desde a última vez que a asneira se repetiu.
Está bem, esperem pelo meu regresso, que logo explicarei melhor.
Até "já".
António Vitorino
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