sexta-feira, setembro 25, 2009

«A JCP não concorre às eleições, não é? Portanto...»


Se não me engano, isto passou-se há pouco mais de 20 anos - nas eleições de 1989 para o Parlamento Europeu (realizadas a 18 de Junho desse ano).

Sábado, dia de reflexão após a campanha eleitoral. Sérgio Godinho fez um concerto no Parque Urbano de Almada - espaço verde da cidade, mais tarde rebaptizado como Parque Urbano Comandante Júlio Ferraz. (Para os mais novinhos: é a relva, em frente ao M. Bica.)

Eu e o pessoal da JCP (para os mais "velhinhos": é a Juventude Comunista Portuguesa) não queriamos perder aquele concerto. Mas uma dúvida existencial instalara-se nas nossas pobres cabecinhas de jovenzitos inconscientes.


Estávamos motivados, queriamos continuar a campanha - mas sabíamos que não era possível, pois era o tal dia de reflexão. Que fazer?

Que fazer? Tudo se resolve, amigos: no caso, resolveu-se levando bandeiras da JCP, sem qualquer suporte (só memo o tecido), que fomos atirando alegremente uns aos outros (atitude que mereceu do também já muito "alegre" Sérgio Godinho o comentário: «tenho de mandar vir uma guitarra de Bruxelas» - porque a dele estava com... problemas técnicos, digamos assim).

E agora, ok... Se alguém considerar que estou a dar ideias, esteja à vontade e nem precisa sequer de agradecer. Porque o que fiz(emos) então é legítimo (embora "espertinho" - atitude que, com a idade, fui deixando de apreciar).

É que - entenda.-se - a JCP não concorria, nem concorre, a nenhuma eleição. Os elementos da JCP podem ter, ou não, idade para votar - mas quem concorre às eleições é, no caso em apreço, o PCP, integrado na coligação CDU.

Nós assumimos a nossa opção política, a nossa ideologia, mostrando-nos a toda a gente que ali estava. Corremos esse risco. Assumimo-nos.

E isto tudo era só para dar o seguinte recadito: assumam-se! Mostrem as vossas opções políticas e a vossa ideologia (se as tiverem). Não se escondam atrás de "nicknames" e, se forem militantes de algum partido político (ou se estiverem de alguma forma comprometidos com algum) não finjam ser "apenas" uns "cidadãos anónimos e indignados".

Assumir atitudes, dar a cara pelas ideias que defendemos - isso sim, é democrático. E ético. E é responsável.

Mandar bocas anónimas é irresponsável. E, em última análise, não passa de cobardia.

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