A minha primeira experiência profissional na imprensa escrita aconteceu em 1990, quando entrei para semanário local Almada Press, dirigido por Leonor Quaresma. O jornal, de 16 páginas, era então escrito e pré-paginado em Almada (se quiserem mais rigor, posso acrescentar que era na rua Manuel de Sousa Coutinho, uma transversal à conhecida Capitão Leitão, junto à Academia Almadense), mas a arte-final era feita numa gráfica em Lisboa, perto do Príncipe Real, e era impresso depois no Dafundo... Ora, isto num tempo em que ainda não existia internet (qual quê!... nem sequer usávamos ainda computadores!...) dava uma trabalheira que os mais novos, certamente, não imaginam!
Mas eu explico (explico, vamos lá ver, tanto quanto me conseguir lembrar...).
Para começar, os textos eram escritos à máquina. Depois, colados (literalmente) em planos de página que, antes, tinham sido desenhados à mão, com régua e esquadro (assim mesmo!...) e que, em cada edição, eram redesenhados de acordo com o texto a inserir... Ou seja, aquilo que se faz hoje com programas de paginação (conhecem?) fazia-se, naquele tempo, com mesas de luz e papel milimétrico.
A minha função nesse jornal era a de secretário de redacção. Mas, também neste caso, “secretário de redacção” não é (não era...) bem o que parece ser. Na maior parte do tempo, apenas eu e a directora estavamos na redacção. Portanto, eu acabava por fazer menos “secretariado” e dar mais apoio a todas as outras tarefas... incluindo essa tal espécie de “pré-paginação” manual...
Depois, era também eu quem levava os “templates” à gráfica onde eram fotocompostos e, em seguida, à oficina onde eram impressos. Estas deslocações eram feitas de táxi e, às vezes, de barco, metro, autocarro... Enfim, o que fosse preciso!
Para me compensar de todo esse trabalho, a directora deixava-me compor a página da secção “agenda”, onde se colocava a informação sobre espectáculos, farmácias de serviço, efemérides, informação genérica sobre as colectividades do concelho, um “curso de violão”, pelo professor Walter Lopes (gentilmente cedido pelo Centro Cultural de Almada...)... E, de vem em quando, uma “gracinha” (ou, se preferirem, um “fait divers”), como a que reproduzo no topo deste artigo. É um texto da própria directora, Leonor Quaresma, para ilustrar uma foto minha (que, a propósito, está melhor que a outra do programa do Grupo de Dança de Almada – mas também não era difícil...).
A minha experiência no Almada Press foi, na altura, muito insatisfatória, devo dizer-vos. (Aliás, fiquei por lá pouco tempo...)
Mas agora, passados estes anos todos, e analisando a coisa com mais serenidade, confesso que me proporcionou, apesar de tudo, uma óptima aprendizagem para a carreira profissional que, dois anos mais tarde, começaria a sério, na Rádio Baía.
6 comentários:
Ah, pois, resta-me acrescentar que não morro de amores pelo actual projecto editorial da senhora que, naquele tempo, era a directora do Almada Press.
É verdade que a minha passagem por aquele órgão de informação me proporcionou uma experiência importante para o futuro. Mas o que digo neste artigo é isso, apenas: foi importante como aprendizagem, embora limitada.
Depois, passei por outros locais, e aprendi outras coisas.
Aprendi, por exemplo, a ser jornalista.
António Vitorino
Com uma "professora" dessas, não te invejo nada o começo...
Tambem conheci a senhora, mas um pouco ao longe e na verdade a idéia que me ficou não foi a mais edificante
Parabéns.
Luís Eme: na verdade, a Leonor não foi "professora", nem a sério nem a brincar. Eu já tinha editado noticiários antes, na Rádio Urbana, e também tinha experiência de paginação e maquetagem, no Centro Cultural de Almada. A experiência nova no Almada Press foi a de trabalhar, pela primeira vez, num jornal. Boa ou má (não é isso que interessa), foi importante.
Almada: Eu não faço comentários sobre a senhora em questão. Apenas digo que não gosto do projecto editorial dela. Estou no meu direito de não gostar...
Armando Rocheteau: Meu caro, deixe lá isso dos parabéns. Isto é uma história banal, e eu não me estou a vangloriar, apenas a defender-me de acusações que algumas pessoas me têm feito e de uma certa tentativa de "apagar" o meu passado, como se isso fosse possível (veja a caixa de comentários do artigo abaixo deste, sff.).
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