existem mais pulgas que cães
existem mais ratos que gatos
e
existem mais micróbios que pessoas
muito mais,
aliás.
e ainda bem.
já viram se tivessemos que ser a flora intestinal
de uma bactéria?
e (por outro lado)
já imaginaram
se tivessemos que ser a solução de compromisso
que é um vírus?
(um cobarde de um vírus
que entra sem se anunciar
e só em nós
é vivo
e atroz?...)
António Vitorino
sábado, dezembro 30, 2006
segunda-feira, dezembro 25, 2006
"Problemas técnicos"
Como os que conhecem este blog já devem ter reparado, estou a defrontar-me com aquilo que, por ser quadra festiva, designarei apenas como "problemas técnicos". Problemas que estão a surgir aqui e no Debaixo do Bulcão.
Acontece que eu sou mais teimoso que os fazedores de "problemas técnicos"...
António Vitorino
Acontece que eu sou mais teimoso que os fazedores de "problemas técnicos"...
António Vitorino
Diabo vermelho fazendo de pai natal só para ganhar uns trocos nesta quadra festiva
que bem me fica
ter um chapéu
igual ao teu
que é um barrete
todo encarnado
todo benfica
que bem me fica
esse barrete
de pai natal
da coca-cola:
boa prá tola
e não faz mal
mesmo se arranha
cá a entranha
(que coisa estranha)
Affonso Gallo
(este poema é dedicado ao Miguel Nuno, obviamente...)
ter um chapéu
igual ao teu
que é um barrete
todo encarnado
todo benfica
que bem me fica
esse barrete
de pai natal
da coca-cola:
boa prá tola
e não faz mal
mesmo se arranha
cá a entranha
(que coisa estranha)
Affonso Gallo
(este poema é dedicado ao Miguel Nuno, obviamente...)
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Conversa
já estavam no café todos os tais
de um grupo que à conversa se entrega.
faltava affonso: e eis que ele chega
e senta-se num canto a ler jornais.
isso não parece bem aos demais
que logo lhe dão de conversa achega:
então affonso essa vida vai negra
ou são só os problemas habituais?
mas affonso não pega na conversa
pois ele só queria mesmo ler.
os outros perguntaram só pra ver
se ele falava. não falou. conversam.
e quando não há nada pra dizer
dizem que talvez vá ou não chover
Affonso Gallo
(Publicado em Debaixo do Bulcão poezine, edição nº 23, Dezembro 2003)
de um grupo que à conversa se entrega.
faltava affonso: e eis que ele chega
e senta-se num canto a ler jornais.
isso não parece bem aos demais
que logo lhe dão de conversa achega:
então affonso essa vida vai negra
ou são só os problemas habituais?
mas affonso não pega na conversa
pois ele só queria mesmo ler.
os outros perguntaram só pra ver
se ele falava. não falou. conversam.
e quando não há nada pra dizer
dizem que talvez vá ou não chover
Affonso Gallo
(Publicado em Debaixo do Bulcão poezine, edição nº 23, Dezembro 2003)
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Paralogismo 01
a soda de fócrates não é igual à sopa do sidónio
aliás os gregos não conheciam a soda e nem fócrates
vrrrum...vrrrum...vrrrum...vrrrum...
(o ruído do autocarro entra pelo vidro despolido)
António Vitorino
(este poema é de final da década de 80, mas foi publicado no Debaixo do Bulcão poezine, edição nº7, Dezembro 1997)
aliás os gregos não conheciam a soda e nem fócrates
vrrrum...vrrrum...vrrrum...vrrrum...
(o ruído do autocarro entra pelo vidro despolido)
António Vitorino
(este poema é de final da década de 80, mas foi publicado no Debaixo do Bulcão poezine, edição nº7, Dezembro 1997)
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terça-feira, dezembro 19, 2006
Oniricofagia
uma lagarta da couve surrealista
caminhando, devorava.
e quanto mais chegava ao caule
mais o surrealismo aumentava
no aparelho digestivo da lagarta.
António Vitorino
(publicado em Debaixo do Bulcão poezine, edição nº1, Dezembro 1996)
caminhando, devorava.
e quanto mais chegava ao caule
mais o surrealismo aumentava
no aparelho digestivo da lagarta.
António Vitorino
(publicado em Debaixo do Bulcão poezine, edição nº1, Dezembro 1996)
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Agora, o pasto
um passarinho voador adulterava
o têxtil argumento das planícies de algodão
do mississipi. chegava-se mais e mais
para este lado da escória que herdámos
dos avós americanos.
geometricamente concebida, a pastagem
olhava-o de longe enquanto não era ainda
flor de eucalipto.
António Vitorino
(Publicado em Debaixo do Bulcão poezine, edição nº1, Dezembro 1996)
o têxtil argumento das planícies de algodão
do mississipi. chegava-se mais e mais
para este lado da escória que herdámos
dos avós americanos.
geometricamente concebida, a pastagem
olhava-o de longe enquanto não era ainda
flor de eucalipto.
António Vitorino
(Publicado em Debaixo do Bulcão poezine, edição nº1, Dezembro 1996)
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quinta-feira, dezembro 14, 2006
Querido diário,
a semana passada estive no Teatro Extremo, convidado que fui para participar numa sessão de Poesia Olímpica sem Piscina. Todo contente da vida, lá fui eu
convenientemente preparadinho para fazer algumas bonitas figuras, como por exemplo estas
ou estas, mais elaboradas pois implicam contracenar com o Jorge Feliciano, o que nem sempre é fácil (ah ah ah)
ou, ainda mais difícil, uma destemida imitação desse grande poeta português chamado Fernando Pessoa. Ei-la, a imitação:
glu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu glu..... ahhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!
Pois bem, querido diário, parece que a coisa foi muito mal feita, porque um senhor que para ali estava, no meio do restante público, decidiu que a coisa estava muito mal feita.
E então, para demonstrar como se fazem as cousas, tomou a liberdade de ler uns poemas do António Gedeão, sem que alguém o tivesse convidado para tal.
Ainda por cima não leu do Gedeão o meu poema preferido. Que, por acaso, é este:
ESTATÍSTICA
Quando eu nasci havia em Portugal
(em Portugal continental
e nas ridentes
verdes e calmas
ilhas adjacentes)
uns seis milhões e umas tantas mil almas.
Assim se lia
no meu livrinho de Corografia
de António Eusébio de Morais Soajos.
Hoje, graças aos progressos da Higiene e da Pedagogia,
já somos quase dez milhões de gajos.
António Gedeão
Se calhar este poema não é do António Gedeão. Ou então não é o verdadeiro Gedeão. Deve ser isso, querido diário, deve ser um Gedeão brincalhão, logo menos digno etc etc etc.
Não sei. O que fiquei a saber, isso sim, é que todos temos direito a imiscuir-nos no trabalho dos outros.
Ora, eu não tenho competência para me intrometer no trabalho do pessoal dos SMAS quando está a reparar uma rotura (ou ruptura, se preferirem: é mais poético) nas canalizações, mas posso talvez fazer outras coisas. Por exemplo, da próxima vez que for ver sei lá o Velho Palhaço Precisa-se posso levar a minha caveira e interromper os actores para lhes pedir que me deixem fazer um bocadinho do Hamlet, vá lá só um bocadinho (ficas já avisado, ó Fernando Jorge Lopes). Ou, se estiver a assistir a uma erudita e douta palestra sobre literatura, posso interromper o palestrante para ler qualquer coisita do Eça sei lá talvez do tempo em que ele se armava em jornalista...
Foi com estes tristes pensamentos na minha mente conturbada que terminei aquela noite no bar do Teatro Extremo
(onde, a propósito, estiveram também outras pessoas que não quiseram fazer figura de parvas, incluindo o Killer da Silva que, embora não estivesse previsto no alinhamento inicial do espectáculo, pelo menos teve a coragem de ler textos escritos por ele próprio, em vez de se armar naquilo que tu, querido diário, já entendeste... ah, pois aquela ali é a Eunice, a nossa convidada especial)
E pronto, depois foram-se todos embora, uns para casa, outros sei lá para onde e outros queriam ir ao Gaveto mas decidiram depois ir até ao Lado Negro.
Eu fiquei com o João Mota, a fazer tempo até ao próximo autocarro, e aproveitando para lhe explicar que existe algo no meu âmago que só ficará apaziguado quando todas as mulheres pequeninas de olhos verdes forem erradicadas da superfície da terra, posto que...
Epá, isto não era para escrever, e agora?... Como é que eu apago isto? O que é que acontece se eu carregar nestes três botões ao mesmo tempo?
(É assim que eu, António Vitorinozito, escrevo... desculpem lá...)
convenientemente preparadinho para fazer algumas bonitas figuras, como por exemplo estas
ou estas, mais elaboradas pois implicam contracenar com o Jorge Feliciano, o que nem sempre é fácil (ah ah ah)
ou, ainda mais difícil, uma destemida imitação desse grande poeta português chamado Fernando Pessoa. Ei-la, a imitação:
glu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu glu..... ahhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!
Pois bem, querido diário, parece que a coisa foi muito mal feita, porque um senhor que para ali estava, no meio do restante público, decidiu que a coisa estava muito mal feita.
E então, para demonstrar como se fazem as cousas, tomou a liberdade de ler uns poemas do António Gedeão, sem que alguém o tivesse convidado para tal.
Ainda por cima não leu do Gedeão o meu poema preferido. Que, por acaso, é este:
ESTATÍSTICA
Quando eu nasci havia em Portugal
(em Portugal continental
e nas ridentes
verdes e calmas
ilhas adjacentes)
uns seis milhões e umas tantas mil almas.
Assim se lia
no meu livrinho de Corografia
de António Eusébio de Morais Soajos.
Hoje, graças aos progressos da Higiene e da Pedagogia,
já somos quase dez milhões de gajos.
António Gedeão
Se calhar este poema não é do António Gedeão. Ou então não é o verdadeiro Gedeão. Deve ser isso, querido diário, deve ser um Gedeão brincalhão, logo menos digno etc etc etc.
Não sei. O que fiquei a saber, isso sim, é que todos temos direito a imiscuir-nos no trabalho dos outros.
Ora, eu não tenho competência para me intrometer no trabalho do pessoal dos SMAS quando está a reparar uma rotura (ou ruptura, se preferirem: é mais poético) nas canalizações, mas posso talvez fazer outras coisas. Por exemplo, da próxima vez que for ver sei lá o Velho Palhaço Precisa-se posso levar a minha caveira e interromper os actores para lhes pedir que me deixem fazer um bocadinho do Hamlet, vá lá só um bocadinho (ficas já avisado, ó Fernando Jorge Lopes). Ou, se estiver a assistir a uma erudita e douta palestra sobre literatura, posso interromper o palestrante para ler qualquer coisita do Eça sei lá talvez do tempo em que ele se armava em jornalista...
Foi com estes tristes pensamentos na minha mente conturbada que terminei aquela noite no bar do Teatro Extremo
(onde, a propósito, estiveram também outras pessoas que não quiseram fazer figura de parvas, incluindo o Killer da Silva que, embora não estivesse previsto no alinhamento inicial do espectáculo, pelo menos teve a coragem de ler textos escritos por ele próprio, em vez de se armar naquilo que tu, querido diário, já entendeste... ah, pois aquela ali é a Eunice, a nossa convidada especial)
E pronto, depois foram-se todos embora, uns para casa, outros sei lá para onde e outros queriam ir ao Gaveto mas decidiram depois ir até ao Lado Negro.
Eu fiquei com o João Mota, a fazer tempo até ao próximo autocarro, e aproveitando para lhe explicar que existe algo no meu âmago que só ficará apaziguado quando todas as mulheres pequeninas de olhos verdes forem erradicadas da superfície da terra, posto que...
Epá, isto não era para escrever, e agora?... Como é que eu apago isto? O que é que acontece se eu carregar nestes três botões ao mesmo tempo?
(É assim que eu, António Vitorinozito, escrevo... desculpem lá...)
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terça-feira, dezembro 12, 2006
Bye bye Pinochet
Agora que morreu o último dos grandes fascistas, deixem-no lá estar morto. A ele e a todos os outros grandes fascistas mortos.
António Vitorino
António Vitorino
segunda-feira, dezembro 11, 2006
sexta-feira, dezembro 08, 2006
É hoje! É hoje!
VITORINO: O que calhava bem agora era uma sessão de poesia olímpica sem piscina... Se a tanto me ajudar engenho e arte, já dizia o grande zarolho.
Quem, eu?
Não, o Brotas!...
Quem, eu?
VITORINO: Ah! ah! ah! ganda estúpido! Fala-se em Brotas e o gajo percebe Botas!
Azar... Com gente desta, o melhor é comer chocolates...
Ludere me putas?
Quem, eu?
Não, o Brotas!...
Quem, eu?
VITORINO: Ah! ah! ah! ganda estúpido! Fala-se em Brotas e o gajo percebe Botas!
Azar... Com gente desta, o melhor é comer chocolates...
Ludere me putas?
Dia D (De Dado)
alea jacta est:
jactámos o que tinhamos a jactar
será esta para nós a grande sorte
será o grande azar
à hora do jantar
digo-me portanto que:
a bússula perdeu o norte
e o oriente esse pois desorientou-se
e a via láctea para não variar
azedou-se
estou azedo
não sou ninguém
aparte isso sou toda a gente
eu sei que não foi isto que disse o álvaro de campos
mas eu estou-me a cagar para o álvaro de campos
como chocolates
se me apetecer comer chocolates
sou um minúsculo obsessivo
mas isso só quando me chamo baltasar mingo
em tempos ensinaram-me
a jogar póquer de dados
mas agora já esqueci
estão a ver como sou burro?
António Vitorino
jactámos o que tinhamos a jactar
será esta para nós a grande sorte
será o grande azar
à hora do jantar
digo-me portanto que:
a bússula perdeu o norte
e o oriente esse pois desorientou-se
e a via láctea para não variar
azedou-se
estou azedo
não sou ninguém
aparte isso sou toda a gente
eu sei que não foi isto que disse o álvaro de campos
mas eu estou-me a cagar para o álvaro de campos
como chocolates
se me apetecer comer chocolates
sou um minúsculo obsessivo
mas isso só quando me chamo baltasar mingo
em tempos ensinaram-me
a jogar póquer de dados
mas agora já esqueci
estão a ver como sou burro?
António Vitorino
terça-feira, dezembro 05, 2006
Poesia Olímpica Sem Piscina em Moura
No Recluso Bar, dia 25 de Novembro (um sábado à noite) para um público pouco habituado a estas palhaçadas.
Foi bom. Eu gostei...
Os artistas, ei-los:
Jorge Feliciano, António Vitorino, Andreia Egas e Vera Mateus
ou, se preferirem,
Jorge Feliciano, Vera Mateus, Andreia Egas e António Vitorino.
(Existem mais imagens deste recital, mas não estão apresentáveis para um blog decente como este é. No entanto, se tiverem mesmo muita vontade, podem vê-las em As Fotos do Bulcão!!! Não venham é depois dizer que eu não vos avisei...)
A.V.
Foi bom. Eu gostei...
Os artistas, ei-los:
Jorge Feliciano, António Vitorino, Andreia Egas e Vera Mateus
ou, se preferirem,
Jorge Feliciano, Vera Mateus, Andreia Egas e António Vitorino.
(Existem mais imagens deste recital, mas não estão apresentáveis para um blog decente como este é. No entanto, se tiverem mesmo muita vontade, podem vê-las em As Fotos do Bulcão!!! Não venham é depois dizer que eu não vos avisei...)
A.V.
domingo, dezembro 03, 2006
FEBRE DE SÁBADO À NOITE!!!
(esta posta é de ontem à noite, pobre de mim...)
a esta hora os góticos estão a ver na sala 2: excalibur
e eu deitado na minha caminha
muito sossegadinho
a ouvir as irmãs tesouras
e a procurar no teletexto do canal vê
(canal vê escreve-se com ponto de exclamação)
se hoje há casa na raposa e não há
ora bolas!
tenho uma vida chatinha mas pelo menos
sou subtil
como se viu por aquele verso ou lá o que é ali em cima
e muito mas mesmo muito engraçadinho
até dá dó
ver que não tenho o meu próprio talk show
(... ai ai pobre de mim, etc. etc. etc.)
António Vitorino
a esta hora os góticos estão a ver na sala 2: excalibur
e eu deitado na minha caminha
muito sossegadinho
a ouvir as irmãs tesouras
e a procurar no teletexto do canal vê
(canal vê escreve-se com ponto de exclamação)
se hoje há casa na raposa e não há
ora bolas!
tenho uma vida chatinha mas pelo menos
sou subtil
como se viu por aquele verso ou lá o que é ali em cima
e muito mas mesmo muito engraçadinho
até dá dó
ver que não tenho o meu próprio talk show
(... ai ai pobre de mim, etc. etc. etc.)
António Vitorino
Jorge e Andreia estão perdoados
Estou há mais de uma semana à espera que me enviem, via email, as fotos da Poesia Olímpica Sem Piscina em Moura (coisa que, entendo agora, é muuuuuuuuuito difícil...).
Julgava eu que me ía chatear com vocês, eis senão quando recebo na caixa de correio da casa onde estou a morar (no Bairro Amarelo, Monte de Caparica), o Boletim Municipal de Almada referente ao mês de Novembro.
Hoje, dia 3 de Dezembro, domingo, recebo na caixa de correio o boletim municipal referente ao mês de Novembro. Perceberam? É que eu não entendi lá muito bem.
Mas pronto, toca a ler o boletim e fico a saber coisas interessantes, como por exemplo: "A Tarifa de Conservação de Saneamento está a pagamento até 30 de Novembro de 2006", ou numa vertente mais recreativa, "a partir do dia 18 de Novembro o Natal vai chegar às ruas, praças, avenidas, rotundas e igrejas do concelho de Almada", o que é fixe, porque eu adoro as iluminações de Natal, principalmente se estiverem nesses sítios todos e, não fora esta preciosa informação, ainda poderia arriscar-me a não reparar nas ditas.
Na verdade, a incompetência é uma coisa que não me dá vontade nenhuma de rir.
António Vitorino
Julgava eu que me ía chatear com vocês, eis senão quando recebo na caixa de correio da casa onde estou a morar (no Bairro Amarelo, Monte de Caparica), o Boletim Municipal de Almada referente ao mês de Novembro.
Hoje, dia 3 de Dezembro, domingo, recebo na caixa de correio o boletim municipal referente ao mês de Novembro. Perceberam? É que eu não entendi lá muito bem.
Mas pronto, toca a ler o boletim e fico a saber coisas interessantes, como por exemplo: "A Tarifa de Conservação de Saneamento está a pagamento até 30 de Novembro de 2006", ou numa vertente mais recreativa, "a partir do dia 18 de Novembro o Natal vai chegar às ruas, praças, avenidas, rotundas e igrejas do concelho de Almada", o que é fixe, porque eu adoro as iluminações de Natal, principalmente se estiverem nesses sítios todos e, não fora esta preciosa informação, ainda poderia arriscar-me a não reparar nas ditas.
Na verdade, a incompetência é uma coisa que não me dá vontade nenhuma de rir.
António Vitorino
quinta-feira, novembro 30, 2006
Ando muito contente / Com minha boa gente
ultimamente
há muita gente
a conseguir realizar alguns dos meus sonhos antigos:
um cd de poesia
e na fnac um recital
(ideias que este grande idiota
terá tentado já bulcanizar)
um programa de rádio
poético-marado
que o jorge feliciano espera fazer mas lá em moura
e poesiolímpica mas sem piscina
(qué uma coisássim quase c'alexandrina)
fico contente
com tanta gente
que vejo labutar em prol da poesia
fico estridente
evidente-
mente
e
até já segredei cá ao gallo affonso:
ena pá
ó affonso
agoréquevaiser!
António Vitorino
há muita gente
a conseguir realizar alguns dos meus sonhos antigos:
um cd de poesia
e na fnac um recital
(ideias que este grande idiota
terá tentado já bulcanizar)
um programa de rádio
poético-marado
que o jorge feliciano espera fazer mas lá em moura
e poesiolímpica mas sem piscina
(qué uma coisássim quase c'alexandrina)
fico contente
com tanta gente
que vejo labutar em prol da poesia
fico estridente
evidente-
mente
e
até já segredei cá ao gallo affonso:
ena pá
ó affonso
agoréquevaiser!
António Vitorino
terça-feira, novembro 28, 2006
SE OS TUBARÕES FOSSEM HOMENS
Depois do Alentejo, o Teatro Fórum de Moura irá representar em digressão o seu primeiro trabalho. Trata-se de Se Os Tubarões Fossem Homens de Jorge Feliciano que irá estar dia 3 (16h) no Auditório do Mercado de Fernão Ferro (Festival de Teatro do Seixal), dia 7 (21h30) na Casa Amarela (Laranjeiro) e dias 8, 9 e 10 de Dezembro (sempre às 21h30 e no dia 10 também às 16h) no Teatro Extremo em Almada Velha.
As actuações na Casa Amarela e Teatro Extremo serão únicas pois terão também como motivo de alto interesse a colaboração dos LA DUPLA & D.J. x-ACTO no fluir do espectáculo. Este agrupamento tem vindo a destacar-se na cena musical da Grande Lisboa pelo seu rap incisivo disparado pelos MC´s Espanhol e Nessa, numa mistura de voz masculina e feminina onde se fundem duas línguas ibéricas, o Português e o Castelhano.
No dia 8, à noite, a seguir ao teatro, teremos também um recital de Poesia Olímpica sem Piscina, no bar do Teatro Extremo. Com Jorge Feliciano, Andreia Egas, Eunice Martins, Vera Monteiro e, muito provavelmente, António Vitorino. Mais informações em breve neste blog e em Debaixo do Bulcão poezine.
Vejam lá se não é assim:
participar num recital de poesia
é como andar na montanha russa
(sim que eu sou do tempo em que os divertimentos de feira se resumiam quase só à montanha russa, portanto, etc):
muito giro muito giro
até ao princípio da primeira descida a pique
aí borramo-nos de medo
mas já não há volta a dar
e temos mesmo de ir até ao fim.
António Vitorino
Props: Andreia Egas, Jorge Feliciano, Vera Mateus e todos os que tornaram possível a Poesia Olímpica Sem Piscina, no Recluso Bar, em Moura
é como andar na montanha russa
(sim que eu sou do tempo em que os divertimentos de feira se resumiam quase só à montanha russa, portanto, etc):
muito giro muito giro
até ao princípio da primeira descida a pique
aí borramo-nos de medo
mas já não há volta a dar
e temos mesmo de ir até ao fim.
António Vitorino
Props: Andreia Egas, Jorge Feliciano, Vera Mateus e todos os que tornaram possível a Poesia Olímpica Sem Piscina, no Recluso Bar, em Moura
segunda-feira, novembro 27, 2006
terça-feira, novembro 21, 2006
ARRRAÇA
(entre as várias opções que tínhamos
optámos pela seguinte)
bem. sejamos do género
do género que nos fica bem
do género que engole a sopárrrir
come a carne e come o peixe também
come tudo tudo tudo
come o pai e come a mãe
come tudo sem colher
chega a casa e dá porrada na mulher.
António Vitorino
optámos pela seguinte)
bem. sejamos do género
do género que nos fica bem
do género que engole a sopárrrir
come a carne e come o peixe também
come tudo tudo tudo
come o pai e come a mãe
come tudo sem colher
chega a casa e dá porrada na mulher.
António Vitorino
domingo, novembro 19, 2006
Um Tipo, Tipo Capaz
capaz de comer um churro
capaz de montar um burro
capaz de moldar um barro
capaz de acender um charro
capaz de cuspir no chão
capaz de morder a mão
capaz de catar macacos
capaz de matar diabos
capaz de engatar garinas
capaz de cavar nas minas
capaz de cravar uns trocos
capaz de capar uns porcos
capaz de roubar uns carros
capaz de enganar uns parvos
rapaz dado à brejeirice
capaz de tudo o que disse
capaz de tudo o que fez
capataz da estupidez.
António Vitorino
(Abril 2004)
capaz de montar um burro
capaz de moldar um barro
capaz de acender um charro
capaz de cuspir no chão
capaz de morder a mão
capaz de catar macacos
capaz de matar diabos
capaz de engatar garinas
capaz de cavar nas minas
capaz de cravar uns trocos
capaz de capar uns porcos
capaz de roubar uns carros
capaz de enganar uns parvos
rapaz dado à brejeirice
capaz de tudo o que disse
capaz de tudo o que fez
capataz da estupidez.
António Vitorino
(Abril 2004)
quinta-feira, novembro 16, 2006
Poema com muita lógica
quando um gajo se senta frente a uma folha branca de papel
esta obviamente a sofrer de um ai maligno.
quando um gajo se senta e saca da caneta
para sujar a folha que era branca de papel
está ainda mais obviamente a espremer
o pus dessa infecção que a humanidade dispensava
e a que autocomiseradamente o gajo chama literatura.
assim, se não morrer da doença
pode ser que também não morra da cura
até porque este gajo lembra-se de um outro que
quinze minutos antes de morrer ainda estava vivo
e só por esse feito valoroso
da lei da morte lá se foi safando.
António Vitorino
(Maio 2003)
esta obviamente a sofrer de um ai maligno.
quando um gajo se senta e saca da caneta
para sujar a folha que era branca de papel
está ainda mais obviamente a espremer
o pus dessa infecção que a humanidade dispensava
e a que autocomiseradamente o gajo chama literatura.
assim, se não morrer da doença
pode ser que também não morra da cura
até porque este gajo lembra-se de um outro que
quinze minutos antes de morrer ainda estava vivo
e só por esse feito valoroso
da lei da morte lá se foi safando.
António Vitorino
(Maio 2003)
terça-feira, novembro 14, 2006
A PERCEPÇÃO DA REALIDADE ou discurso do pré-socrático
uma coisa é o que é
o que é é, o que não é não é
a é a
uma coisa é igual a si mesma
logo
uma coisa não é o que não é
o que não é não é, o que é é
b não é a
uma coisa não é igual a outra coisa
ludere me putas?
Joãozito Seabra
o que é é, o que não é não é
a é a
uma coisa é igual a si mesma
logo
uma coisa não é o que não é
o que não é não é, o que é é
b não é a
uma coisa não é igual a outra coisa
ludere me putas?
Joãozito Seabra
domingo, novembro 12, 2006
Como Azedar um Poema
"a cidade amanheceu cinzenta" escreve um poeta
que só escreve (pouco) aos domingos
quando esse dia por estúpida coincidência é a sua folga semanal.
"depois o sol lá resolveu espreitar por entre as nuvens"
o que (importa dizer-se) não aconteceu com a inspiração do poeta
por isso saiu de casa fechou a porta à chave
foi ao café beber mais um café.
"o sol agora queima" no guardanapo de papel
e "torna tórridos os símbolos e o pensamento"
no guardanapo de papel.
quando chegou a casa sentiu logo o cheiro do poema
que azedara.
António Vitorino
(Maio 2003)
que só escreve (pouco) aos domingos
quando esse dia por estúpida coincidência é a sua folga semanal.
"depois o sol lá resolveu espreitar por entre as nuvens"
o que (importa dizer-se) não aconteceu com a inspiração do poeta
por isso saiu de casa fechou a porta à chave
foi ao café beber mais um café.
"o sol agora queima" no guardanapo de papel
e "torna tórridos os símbolos e o pensamento"
no guardanapo de papel.
quando chegou a casa sentiu logo o cheiro do poema
que azedara.
António Vitorino
(Maio 2003)
Não se goza com a goza
o meu camagada e amigo magtins gamalho avisou-me:
cuidado ó vitogino! com a goza não se goza!
olha que o sócgates não é o alegge
nem o joão soagues (o soagues até é fixe
quando tegmina os discugsos dizendo
viva pogtugal camagadas!). olha que o sócgates
quando em 2000 uma jognalista lhe pegguntou
se a seca que então se vivia podia compgometeg
o enchimento da bagagem do alqueva
o gajo (que ega ministgo do aombiente) nem pestanejou
pegante o guidículo da peggunta
e um gajo sem a noção do guidículo
é um gajo peguigoso, avisou-me
o meu camagada e amigo magtins gamalho.
ps: eu sigo o seu conselho avisado
e recuso-me a escrever sobre o c0ngresso do ps.
António Vitorino
cuidado ó vitogino! com a goza não se goza!
olha que o sócgates não é o alegge
nem o joão soagues (o soagues até é fixe
quando tegmina os discugsos dizendo
viva pogtugal camagadas!). olha que o sócgates
quando em 2000 uma jognalista lhe pegguntou
se a seca que então se vivia podia compgometeg
o enchimento da bagagem do alqueva
o gajo (que ega ministgo do aombiente) nem pestanejou
pegante o guidículo da peggunta
e um gajo sem a noção do guidículo
é um gajo peguigoso, avisou-me
o meu camagada e amigo magtins gamalho.
ps: eu sigo o seu conselho avisado
e recuso-me a escrever sobre o c0ngresso do ps.
António Vitorino
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sexta-feira, novembro 10, 2006
Greve? Qual greve?
acordei de manhã e a televisão estava a funcionar.
fui à janela e vi passar um carro eléctrico.
fui ao café e serviram-me um café.
fui comprar pão e havia pão.
apanhei um autocarro porque havia autocarros.
à hora em ponto estava no ponto
para não me juntar aos 11,74 por cento que (números do governo)
se baldaram vergonhosamente ao trabalho na minha repartição.
qual greve?
Daniel Urtigas
fui à janela e vi passar um carro eléctrico.
fui ao café e serviram-me um café.
fui comprar pão e havia pão.
apanhei um autocarro porque havia autocarros.
à hora em ponto estava no ponto
para não me juntar aos 11,74 por cento que (números do governo)
se baldaram vergonhosamente ao trabalho na minha repartição.
qual greve?
Daniel Urtigas
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quinta-feira, novembro 09, 2006
Meditação de um funcionário público não informatizado em directo num programa da manhã da TVI
às vezes penso que a solução para a minha vida
seria desistir agora a meio, arquivá-la
numa pasta de arquivo morto e abrir
a segunda gaveta do lado direito a contar de cima
de onde tiraria uma outra vida essa novinha em folha
como um formulário ainda por preencher.
às vezes penso estas coisas
mas o pensamento é tão concreto tão vago tão banal
e tão absurdo
que logo o arquivo na pasta dos pensamentos mortos
e desisto de pensar.
António Vitorino
seria desistir agora a meio, arquivá-la
numa pasta de arquivo morto e abrir
a segunda gaveta do lado direito a contar de cima
de onde tiraria uma outra vida essa novinha em folha
como um formulário ainda por preencher.
às vezes penso estas coisas
mas o pensamento é tão concreto tão vago tão banal
e tão absurdo
que logo o arquivo na pasta dos pensamentos mortos
e desisto de pensar.
António Vitorino
quarta-feira, novembro 08, 2006
Homenagem à Alternância Democrática
1.
um congressista dos burros eleito sei lá pelo tennessee
prometeu-me não esquecer de prometer
mais álcool e tabaco para as nossas tropas no iraque.
(calma. não chega para todos. para os outros
mantemos a mesma dose de álcool
e a mesma dose de tabaco)
prometeu.
logo logo ripostou um elefante:
às nossas tropas no iraque tudo tudo
(e às outras também tudo também tudo)
mas o que nós aqui queremos é mais bucha
mais motores generais
e menos conversa.
2.
acho bem diz o adolfo. e por falar em coisas sérias
(diz adolfo) desta vez ganha o cena ou ganha o edge?
eu cá gosto mais do cena (diz a cinha)
eu curto mais do edge (afirma fáfá).
está bem estão empatadas
mas não faz mal (conclui adolfo) porque afinal
afinal isto era tudo só a brincar
e ainda é.
António Vitorino
um congressista dos burros eleito sei lá pelo tennessee
prometeu-me não esquecer de prometer
mais álcool e tabaco para as nossas tropas no iraque.
(calma. não chega para todos. para os outros
mantemos a mesma dose de álcool
e a mesma dose de tabaco)
prometeu.
logo logo ripostou um elefante:
às nossas tropas no iraque tudo tudo
(e às outras também tudo também tudo)
mas o que nós aqui queremos é mais bucha
mais motores generais
e menos conversa.
2.
acho bem diz o adolfo. e por falar em coisas sérias
(diz adolfo) desta vez ganha o cena ou ganha o edge?
eu cá gosto mais do cena (diz a cinha)
eu curto mais do edge (afirma fáfá).
está bem estão empatadas
mas não faz mal (conclui adolfo) porque afinal
afinal isto era tudo só a brincar
e ainda é.
António Vitorino
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QUE HORROR, UM SANDINISTA!
já não me bastavam as lulas
e os chaves
e os morais
e aquele gajo lá de cuba que não morre
e nunca mais cai
e sei lá o que há-de vir ainda mais
agora chega este que se chama daniel
e que eu bem gostava de poder mandar às
urtigas
(perceberam a piada?)
estou mui malferido de tragédias
existenciais
e aparecem-me estes gajos a incomodar com coisas
tipo a realidade
e a justiça social
irra que é demais!
Daniel Urtiga
e os chaves
e os morais
e aquele gajo lá de cuba que não morre
e nunca mais cai
e sei lá o que há-de vir ainda mais
agora chega este que se chama daniel
e que eu bem gostava de poder mandar às
urtigas
(perceberam a piada?)
estou mui malferido de tragédias
existenciais
e aparecem-me estes gajos a incomodar com coisas
tipo a realidade
e a justiça social
irra que é demais!
Daniel Urtiga
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terça-feira, novembro 07, 2006
Hoje o poeta não vai sair de casa
anda por aí tudo feito num virote
diz a senhoria do poeta ao poeta que lhe paga 30 contos
de aluguer de um quarto. uma frase assim não tem descontos
pensa o poeta (que além disso também pensa que é quase o dom quixote).
e a senhoria tem razão: lá fora o vento bate forte
nos transeuntes que só por causa disso andam tontos:
o vento é mais astuto: não os derruba mas bate-os aos pontos.
felizmente agora não há moscas: no verão não sei quem as enxote
isto pensou o poeta muito atento à sua simbologia
do vento forte e dos moinhos que com ele se movem.
depois pensa que talvez se fosse mosca poderia entrar na fria
realidade da sua dulcineia cujos suspiros encobrem
outra secreta paixão. por isso mesmo há quem (lá fora) ria
do quixotesco poeta e dos versos que o envolvem.
António Vitorino, Outubro 2003
diz a senhoria do poeta ao poeta que lhe paga 30 contos
de aluguer de um quarto. uma frase assim não tem descontos
pensa o poeta (que além disso também pensa que é quase o dom quixote).
e a senhoria tem razão: lá fora o vento bate forte
nos transeuntes que só por causa disso andam tontos:
o vento é mais astuto: não os derruba mas bate-os aos pontos.
felizmente agora não há moscas: no verão não sei quem as enxote
isto pensou o poeta muito atento à sua simbologia
do vento forte e dos moinhos que com ele se movem.
depois pensa que talvez se fosse mosca poderia entrar na fria
realidade da sua dulcineia cujos suspiros encobrem
outra secreta paixão. por isso mesmo há quem (lá fora) ria
do quixotesco poeta e dos versos que o envolvem.
António Vitorino, Outubro 2003
PREVISÃO METEOROLÓGICA DE MESA seguida de masturbação
ping
água
pong
bátega
ping
água
pong
bátega
ping
água
pong
bate-a
António Vitorino, Abril 2004
(obviamente, dedicado a São Feliciano)
água
pong
bátega
ping
água
pong
bátega
ping
água
pong
bate-a
António Vitorino, Abril 2004
(obviamente, dedicado a São Feliciano)
segunda-feira, novembro 06, 2006
Ich Bin Ein Iraquiano
eu sou um escarro de polvo
tu és o escárnio do povo
(discurso de ibn salamaleikun
- nome fictício, para proteger a nossa fonte -
enquanto tentava derrubar à cabeçada
mais uma estátua do grande timoneiro
do sério encantador que terá encantado sinbad o marinheiro
do apócrifo apocalíptico génio da lâmpada eléctrica
daquele que lá se babava enquanto dava de comer aos quarenta ladrões
daquele que se pudera axadrezara xerazade
e abocanharia nabucodonosor o grande rei da babilónia
e que por ser herói e erudito
retiraria a côdea do pão codificado de hamurábi
para dar ao verdadeiro povo eleito
o coiro e a carcaça do corão
a caspa e a casta do autêntico profeta
o coro e o coral da vera kalashnikov aliás ak47.
mas para sermos mais rigorosos ibn salamaleikun
bebe vinho come porco e fuma ópio
e em pequeno sofreu um ataque de asma
sarin antrax varíola e gás mostarda
que aliás é o único condimento que ele põe
por baixo e por cima dos hamburguers do mac donalds
- que a paz do verdadeiro deus seja com ele
pois - afirma a gente ímpia - é só dos pobres de espírito
a mais certa reservation para esse reino dos céus
que talvez já não seja o antigo jardim do éden
mas é sem qualquer dúvida um paraíso novo
chamado the land of the brave and the home of the free.)
António Vitorino
(Publicado no Debaixo do Bulcão nº22, Julho 2003)
tu és o escárnio do povo
(discurso de ibn salamaleikun
- nome fictício, para proteger a nossa fonte -
enquanto tentava derrubar à cabeçada
mais uma estátua do grande timoneiro
do sério encantador que terá encantado sinbad o marinheiro
do apócrifo apocalíptico génio da lâmpada eléctrica
daquele que lá se babava enquanto dava de comer aos quarenta ladrões
daquele que se pudera axadrezara xerazade
e abocanharia nabucodonosor o grande rei da babilónia
e que por ser herói e erudito
retiraria a côdea do pão codificado de hamurábi
para dar ao verdadeiro povo eleito
o coiro e a carcaça do corão
a caspa e a casta do autêntico profeta
o coro e o coral da vera kalashnikov aliás ak47.
mas para sermos mais rigorosos ibn salamaleikun
bebe vinho come porco e fuma ópio
e em pequeno sofreu um ataque de asma
sarin antrax varíola e gás mostarda
que aliás é o único condimento que ele põe
por baixo e por cima dos hamburguers do mac donalds
- que a paz do verdadeiro deus seja com ele
pois - afirma a gente ímpia - é só dos pobres de espírito
a mais certa reservation para esse reino dos céus
que talvez já não seja o antigo jardim do éden
mas é sem qualquer dúvida um paraíso novo
chamado the land of the brave and the home of the free.)
António Vitorino
(Publicado no Debaixo do Bulcão nº22, Julho 2003)
Nada de Novo
quase sempre que penso naquilo que tenho para dizer ao mundo
chego à conclusão que não tenho nada de meu
ou de novo para dizer ao mundo.
mas eu não sei se isto que digo é verdade
ou se é apenas consequência de ter bebido muita cerveja
(coisa a que já não estou habituado ah ah ah) esta tarde
e assim ter adiado mais uma vez
algo que já devia ter feito há muito tempo
e que esta manhã decidi fazer esta noite
mas não consegui porque esta tarde bebi demasiada cerveja
coisa que (ah ah) já não
e cheguei a casa bêbado.
também não sei se tudo isso aconteceu por acidente
ou se eu (ah) mais uma vez quis adiar
inconscientemente
aquilo que já deveria ter feito há muito tempo.
o que sei é que de facto isto não é nada que interesse
dizer ao mundo.
mas vocês também não são o mundo.
António Vitorino
(publicado no Debaixo do Bulcão nº26, Junho 2004)
chego à conclusão que não tenho nada de meu
ou de novo para dizer ao mundo.
mas eu não sei se isto que digo é verdade
ou se é apenas consequência de ter bebido muita cerveja
(coisa a que já não estou habituado ah ah ah) esta tarde
e assim ter adiado mais uma vez
algo que já devia ter feito há muito tempo
e que esta manhã decidi fazer esta noite
mas não consegui porque esta tarde bebi demasiada cerveja
coisa que (ah ah) já não
e cheguei a casa bêbado.
também não sei se tudo isso aconteceu por acidente
ou se eu (ah) mais uma vez quis adiar
inconscientemente
aquilo que já deveria ter feito há muito tempo.
o que sei é que de facto isto não é nada que interesse
dizer ao mundo.
mas vocês também não são o mundo.
António Vitorino
(publicado no Debaixo do Bulcão nº26, Junho 2004)
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