anda por aí tudo feito num virote
diz a senhoria do poeta ao poeta que lhe paga 30 contos
de aluguer de um quarto. uma frase assim não tem descontos
pensa o poeta (que além disso também pensa que é quase o dom quixote).
e a senhoria tem razão: lá fora o vento bate forte
nos transeuntes que só por causa disso andam tontos:
o vento é mais astuto: não os derruba mas bate-os aos pontos.
felizmente agora não há moscas: no verão não sei quem as enxote
isto pensou o poeta muito atento à sua simbologia
do vento forte e dos moinhos que com ele se movem.
depois pensa que talvez se fosse mosca poderia entrar na fria
realidade da sua dulcineia cujos suspiros encobrem
outra secreta paixão. por isso mesmo há quem (lá fora) ria
do quixotesco poeta e dos versos que o envolvem.
António Vitorino, Outubro 2003
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