eu sou um escarro de polvo
tu és o escárnio do povo
(discurso de ibn salamaleikun
- nome fictício, para proteger a nossa fonte -
enquanto tentava derrubar à cabeçada
mais uma estátua do grande timoneiro
do sério encantador que terá encantado sinbad o marinheiro
do apócrifo apocalíptico génio da lâmpada eléctrica
daquele que lá se babava enquanto dava de comer aos quarenta ladrões
daquele que se pudera axadrezara xerazade
e abocanharia nabucodonosor o grande rei da babilónia
e que por ser herói e erudito
retiraria a côdea do pão codificado de hamurábi
para dar ao verdadeiro povo eleito
o coiro e a carcaça do corão
a caspa e a casta do autêntico profeta
o coro e o coral da vera kalashnikov aliás ak47.
mas para sermos mais rigorosos ibn salamaleikun
bebe vinho come porco e fuma ópio
e em pequeno sofreu um ataque de asma
sarin antrax varíola e gás mostarda
que aliás é o único condimento que ele põe
por baixo e por cima dos hamburguers do mac donalds
- que a paz do verdadeiro deus seja com ele
pois - afirma a gente ímpia - é só dos pobres de espírito
a mais certa reservation para esse reino dos céus
que talvez já não seja o antigo jardim do éden
mas é sem qualquer dúvida um paraíso novo
chamado the land of the brave and the home of the free.)
António Vitorino
(Publicado no Debaixo do Bulcão nº22, Julho 2003)
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