quando um gajo se senta frente a uma folha branca de papel
esta obviamente a sofrer de um ai maligno.
quando um gajo se senta e saca da caneta
para sujar a folha que era branca de papel
está ainda mais obviamente a espremer
o pus dessa infecção que a humanidade dispensava
e a que autocomiseradamente o gajo chama literatura.
assim, se não morrer da doença
pode ser que também não morra da cura
até porque este gajo lembra-se de um outro que
quinze minutos antes de morrer ainda estava vivo
e só por esse feito valoroso
da lei da morte lá se foi safando.
António Vitorino
(Maio 2003)
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