a semana passada estive no Teatro Extremo, convidado que fui para participar numa sessão de Poesia Olímpica sem Piscina. Todo contente da vida, lá fui eu
convenientemente preparadinho para fazer algumas bonitas figuras, como por exemplo estas
ou estas, mais elaboradas pois implicam contracenar com o Jorge Feliciano, o que nem sempre é fácil (ah ah ah)
ou, ainda mais difícil, uma destemida imitação desse grande poeta português chamado Fernando Pessoa. Ei-la, a imitação:
glu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu gluglu glu glu glu glu..... ahhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!
Pois bem, querido diário, parece que a coisa foi muito mal feita, porque um senhor que para ali estava, no meio do restante público, decidiu que a coisa estava muito mal feita.
E então, para demonstrar como se fazem as cousas, tomou a liberdade de ler uns poemas do António Gedeão, sem que alguém o tivesse convidado para tal.
Ainda por cima não leu do Gedeão o meu poema preferido. Que, por acaso, é este:
ESTATÍSTICA
Quando eu nasci havia em Portugal
(em Portugal continental
e nas ridentes
verdes e calmas
ilhas adjacentes)
uns seis milhões e umas tantas mil almas.
Assim se lia
no meu livrinho de Corografia
de António Eusébio de Morais Soajos.
Hoje, graças aos progressos da Higiene e da Pedagogia,
já somos quase dez milhões de gajos.
António Gedeão
Se calhar este poema não é do António Gedeão. Ou então não é o verdadeiro Gedeão. Deve ser isso, querido diário, deve ser um Gedeão brincalhão, logo menos digno etc etc etc.
Não sei. O que fiquei a saber, isso sim, é que todos temos direito a imiscuir-nos no trabalho dos outros.
Ora, eu não tenho competência para me intrometer no trabalho do pessoal dos SMAS quando está a reparar uma rotura (ou ruptura, se preferirem: é mais poético) nas canalizações, mas posso talvez fazer outras coisas. Por exemplo, da próxima vez que for ver sei lá o Velho Palhaço Precisa-se posso levar a minha caveira e interromper os actores para lhes pedir que me deixem fazer um bocadinho do Hamlet, vá lá só um bocadinho (ficas já avisado, ó Fernando Jorge Lopes). Ou, se estiver a assistir a uma erudita e douta palestra sobre literatura, posso interromper o palestrante para ler qualquer coisita do Eça sei lá talvez do tempo em que ele se armava em jornalista...
Foi com estes tristes pensamentos na minha mente conturbada que terminei aquela noite no bar do Teatro Extremo
(onde, a propósito, estiveram também outras pessoas que não quiseram fazer figura de parvas, incluindo o Killer da Silva que, embora não estivesse previsto no alinhamento inicial do espectáculo, pelo menos teve a coragem de ler textos escritos por ele próprio, em vez de se armar naquilo que tu, querido diário, já entendeste... ah, pois aquela ali é a Eunice, a nossa convidada especial)
E pronto, depois foram-se todos embora, uns para casa, outros sei lá para onde e outros queriam ir ao Gaveto mas decidiram depois ir até ao Lado Negro.
Eu fiquei com o João Mota, a fazer tempo até ao próximo autocarro, e aproveitando para lhe explicar que existe algo no meu âmago que só ficará apaziguado quando todas as mulheres pequeninas de olhos verdes forem erradicadas da superfície da terra, posto que...
Epá, isto não era para escrever, e agora?... Como é que eu apago isto? O que é que acontece se eu carregar nestes três botões ao mesmo tempo?
(É assim que eu, António Vitorinozito, escrevo... desculpem lá...)
1 comentário:
Oh Jorge Feliciano, não fiqueis zangado comigo, pois eu estava a brincar... É mais difícil contracenardes vós comigo que contracenar eu com vosotros.
Já quanto a extreminar gajas pequeninas de olhos verdes, não sei não...
(António Vitorino, em Almada, dia 22 de Dezembro de 2006)
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