sexta-feira, outubro 30, 2009

Grafitis em Almada: um exemplo de 1997


Almada tem, finalmente, um concurso de grafitis. Digo "finalmente" porque a arte não é nova (obviamente) e nesta cidade tem florescido (permitam-me a expressão) desde, pelo menos, a segunda metade da década de '90.

Claro que há - como em todas as artes! - bons e maus grafitis, bons e maus "writers"... (E é claro, também, que a noção de "bom" e de "mau" é sempre subjectiva, está sujeita a modas e/ou ao ambiente cultural de determinada comunidade, ou comunidades, em determinado momento histórico.)

Em 1997, a minha estimada amiga jornalista Marina Caldas fazia, para o jornal almadense Sul Expresso, uma interessante peça sobre esta (então "nova") arte de rua. Foi ouvir as opiniões dos habitantes de Miratejo... E não é que a maioria até apoiava e apreciava o trabalho dos "writers" dessa época?

Eram os anos 90 "do século passado". Havia uma abertura de espírito da população em geral para manifestações culturais "alternativas" como eu não vi nem antes (anos 80) nem - muito menos! - depois (nesta década tristonha em que ainda vivemos).

Entendam-me: agora até há mais espaço para manifestações culturais "alternativas". Mas há, também, mais preconceito. Pelo menos em Almada. Ou não?

quinta-feira, outubro 29, 2009

Debaixo do Bulcão, poemas de 1997



Novidades no blogue Debaixo do Bulcão: poemas da edição número 6, editada em Novembro de 1997.

Para quem não sabe e eventualmente quer saber: Debaixo do Bulcão poezine é uma publicação literária em formato alternativo (um fanzine de poesia - logo, um poezine), publicada em Almada desde Dezembro de 1996.


(A propósito de poesia: está para muito breve o lançamento de "O Ciclo da Serpente", poemas meus de 1989, com prefácio actual de Alexandre Castanheira, numa edição Index Poesis, do projecto Poetas Almadenses. Irei dando notícias.)

segunda-feira, outubro 26, 2009

Correio electrónico faz 40 anos. Com tanta vitalidade (leia-se: spam) nem se nota, pois não?


Do site Ciência Hoje:

«A primeira mensagem de correio electrónico entre dois computadores (e-mail em rede) situados em locais distantes foi enviada em 29 de Outubro de 1969, quase dois meses depois do primeiro nó que deu origem à Internet.

O texto dessa primeira mensagem continha apenas duas letras e um ponto - "LO.". O investigador da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Leonard Kleinrock, queria escrever "LOGIN", mas o sistema foi abaixo a meio da transmissão.

A mensagem seguiu do laboratório de Kleinrock na UCLA para o de Douglas Engelbart no Stanford Research Institute, utilizando como suporte a recém-criada rede da ARPA (Advanced Research Projects Agency), agência financiada pelo governo norte-americano. O primeiro nó de ligação entre dois computadores da Arpanet tinha sido estabelecido pouco tempo antes, em 02 de Setembro de 1969, pelo que a história da Internet e do e-mail em rede se confundem. (...)»

Notícia completa em

sexta-feira, outubro 23, 2009

Música Moderna em Almada...


Este fim de semana decorre, na Incrível Almadense, mais um Concurso de Música Moderna de Almada. É já a 6.ª edição.

As origens do concurso encontram-se nos anos 90 quando a "música moderna" almadense atravessava um período de excepcional crescimento e criatividade. Em 1995, a Câmara de Almada decidiu organizar uma série de espectáculos com bandas do concelho. Um festival ao qual foi dado o nome de "Mostra Zero" - porque era uma experiência para o que viria a seguir.

Convido-vos a conhecer um pouco dessa história, tal como a contei no blogue Almada Cultural (por extenso):


quarta-feira, outubro 21, 2009

Saramago versus Fundamentalismo Lusitano?


Estava eu aqui preocupado com a polémica criada à volta do novo livro do Prémio Nóbel (perdão, Nobel) português, José Saramago. E apetecia-me escrever sobre isso.

Mas vale a pena? Para quê - se a polémica é, afinal, pouco mais que uma tempestade num copo de água (mas que vai, certamente, ajudar a vender muitos livros)?

Saramago disse o que é óbvio: a Bíblia está repleta de cenas cruéis (o Antigo Testamento, então é, nesse aspecto, de bradar aos céus!). O Deus judaico-cristão é ele (ops... Ele) próprio, em muitos momentos, instigador (ou desculpabilizador, no mínimo) dessa violência.

A história de Abel e Caim (na qual se inspira o novo livro de Saramago) é disso um exemplo acabado.

E daí? Porquê tanto alarido?

Notícias sobre este caso na imprensa portuguesa:

(E apetece dizer, como Saramago citado pelo Diário Digital: «Há qualquer coisa de estranho neste país». Não apetece?...)

sexta-feira, outubro 16, 2009

Finalmente, um concurso de graffitis em Almada!


Em Almada existem alguns dos melhores graffitis que conheço. Claro que também há muito lixo (como em todo o lado). Mas, por cá, temos obras de arte, pública e urbana, muito interessantes.

A Câmara de Almada decidiu, finalmente, promover um concurso de graffitis (à semelhança do que existe, por exemplo, no vizinho Seixal).

A partir deste sábado teremos a oportunidade de ver algumas paredes do concelho valorizadas com a criatividade destes artistas...

E já era tempo de fazer uma coisa destas!

quinta-feira, outubro 15, 2009

Derrota de Pedroso ou derrota do PS?


O candidato do PS à Câmara de Almada assumiu o resultado como uma «derrota pessoal». Mas será mesmo? Ou terá sido, o resultado eleitoral do PS, a derrota de uma certa forma de fazer "política"?

De facto, não tenho qualquer informação concreta que me permita avaliar se foi Pedroso ou o PS quem não cativou o eleitorado almadense. Na dúvida, prefiro acreditar que os almadenses penalizaram a política oportunista dos "socialistas" cá do burgo e não o homem que, em 1996, foi o responsável pela criação do Rendimento Mínimo Garantido (medida governamental que teve um dos projectos-piloto na freguesia da Caparica, Almada).

As pessoas têm a memória curta, é certo.

As pessoas devem, no entanto, lembrar-se ainda muito bem do oportunismo político do PS-Almada quando esse partido se "cola" tão descaradamente (permitam-me a expressão) às reivindicações dos comerciantes da zona pedonal da cidade. As pessoas devem lembrar-se, também, do grande descaramento (desculpem lá o qualquer coisinha) que foi, por exemplo, um certo abaixo-assinado sobre estacionamento em Cacilhas, que apareceu anónimo e foi, posteriormente, reivindicado pelo PS ("recuo da Câmara! vitória dos almadenses!", proclamavam então os "socialistas").

E certamente não passou despercebido aos almadenses o esforço feito por alguns apaniguados do PS, anonimamente e em blogues não identificados com o partido (e com uma grande "lata", perdoem-me a franqueza), para apelar ao voto "em Paulo Pedroso". Ou seja, na lista do PS.

Nem todos se enganaram na altura de meter as cruzinhas no boletim de voto! Muitos eleitores não foram na cantiga!

Acredito, pois, que a derrota foi do PS e não de Paulo Pedroso.

Quando o dirigente do Partido Socialista afirma, como afirmou, que "o resultado destas eleições, em que o PS obteve 23.86 por cento dos votos, contra 38.67 da CDU, «foi uma derrota pessoal, que não deve, de modo nenhum, ser atribuída ao PS» (segundo o Diário de Notícias) está, sem dúvida, a ter uma atitude muito digna (nem eu esperava dele outra coisa). Mas, na verdade, não faz mais que lançar uma nuvem de fumo (ou meter um biombo à frente, se preferirmos a expressão usada noutra ocasião pelo próprio) para disfarçar as verdadeiras razões da derrota.

Ou melhor dizendo: aquelas que eu considero serem as verdadeiras razões. E que já expliquei acima.

Porque, aqui para nós que ninguém nos escuta, eu penso que Paulo Pedroso foi, até, uma das melhores escolhas que o PS teve até hoje, em Almada. (E estou a lembrar-me, por exemplo, de Torres Couto ou de Leonor Coutinho.)

Em 1996 (no tempo do primeiro governo Guterres) Paulo Pedroso era um dos protagonistas da reviravolta política tão aguardada - e que, esperava-se, iria pôr termo a 10 anos de arrogância e insensibilidade social dos executivos PSD / Cavaco Silva.

Tive, nesse ano, oportunidade de fazer uma extensa entrevista por telefone com Paulo Pedroso (coordenador do então recém-criado Rendimento Mínimo Garantido).

Gostei de conhecer as intenções do dirigente do PS.

«A preocupação é prestar um apoio global. Ou seja, é como o primeiro degrau de uma escada. As pessoas que vão beneficiar do RMG são pessoas que andam aos trambolhões pela escada abaixo: provavelmente perderam o emprego, perderam o subsídio de desemprego, perderam os mecanismos de apoio social, encontram-se numa situação de total carência económica e portanto de inserção social. O RMG é o primeiro degrau. O objectivo último é diminuir a incidência de problemas sociais.» (Sul Expresso, Agosto 1996)

Assim mesmo é que devia ter sido!

Mas parece que não são só "as pessoas" que têm a memória curta. O PS também parece não ter lá muito boa memória.

Esquecem-se das preocupações sociais. Esquecem-se que são (de nome, pelo menos) "socialistas".

E depois dá no que deu, em Almada. Com Pedroso ou sem ele, as políticas do PS têm sido sucessivamente rejeitadas nas eleições autárquicas.

Mas parece que nem assim aprendem...

segunda-feira, outubro 12, 2009

O vencedor das eleições em Almada: PCTP/MRPP!!! (Vá lá, não se riam.... Ou preferiam que eu dissesse que foi o PS, para ter ainda mais piada?)


Em Almada, o PCTP/MRPP obteve uns espantosos 4,55% na votação para a Câmara Municipal. Resultado histórico em escrutínios autárquicos neste concelho. Com esta votação, o PCTP/MRPP foi o principal (para não dizer mesmo o único) responsável pela perda da maioria absoluta (e de um mandato) por parte da CDU.

Então, se o objectivo da "oposição" para estas eleições era tirar a maioria à CDU, e se quem o conseguiu fazer, na prática, foi o PCTP/MRPP - logo é esse o partido vencedor das eleições!


Elementar, meus caros!

Podem os "socialistas" tirar o cavalinho da chuva - desceram (mais uma vez!...) em votos e em percentagem - e agradecer aos camaradas do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado o facto de estes terem conquistado votos que, em circunstãncias normais, iriam para a CDU.

É habitual dizer-se, no futebol, perante resultados inesperados que "só foi surpresa para quem não viu o jogo". Ora neste caso, adaptando a lógica futeboleira a coisas mais sérias, podemos dizer que o resultado do MRPP só foi surpresa para quem não viu o boletim de voto.

E, para quem não é de cá, para quem não viu o boletim de voto, ou para quem viu mas não observou com atenção, (agora já vão tarde, amiguinhos...), eu explico.

Nos boletins para a Assembleia Municipal e para a Assembleia de Freguesia (pelo menos para a minha...) a lista que aparecia em primeiro lugar, no topo, era a da CDU: foice e martelo mais girassol. Nos boletins para a Câmara Municipal, aparecia em primeiro lugar o PCTP/MRPP (foice e martelo, só) e logo abaixo a CDU. Há muitos anos que há quem faça confusão com os símbolos - imagine-se, então, o que terá acontecido agora!

Eu já sei que, por esta altura, haverá leitores a acusar-me de ser falacioso e a dizer que estou à procura de desculpas para a "derrota" (que nem o foi, aliás...) da CDU.

Está bem. Então vamos lá a factos. Ou seja: aos números oficiais do escrutínio, para Câmara e Assembleia Municipal - disponíveis em http://www.autarquicas2009.mj.pt/ - e vamos comparar as votações para os dois órgãos, e compará-las, também com as de há 4 anos. É assim:

Câmara Municipal:

CDU: 38,67% 27.521 votos 5 mandatos
(em 2005: 42,32%; 28.799; 6 )
PS: 23,86% 16.984 votos 3 mandatos
(em 2005: 25,63%; 17.437; 3)
PSD: 15,42% 10.977 votos 2 mandatos
(em 2005: 17,58%; 11.959; 2)
BE: 7,81% 5.555 votos 1 mandato
(em 2005: 7,03%; 4.785; 0)
PCTP/MRPP: 4,55% 3.237 votos !!!
(em 2005: 1,39%; 948 votos)


Compare-se isto com oa resultados para a Assembleia Municipal:

CDU: 38.33% 27.247; 14 mandatos
(38.81% 26.406; 14)
PS: 25.59% 18.190; 9 mandatos
(26.47% 18.011; 10)
PSD: 16.22% 11.527; 5 mandatos
(17.54% 11.936; 6)
BE: 9.96% 7.078; 3 mandatos
(9.6% 6.534; 3)

(PCTP/MRPP não concorreu à AM em ambos os actos eleitorais)

Como dizia um ex-patrão meu, social-democrata e tudo (para variar um bocado), "contas são contas"!

Como dizia, na noite das legislativas, o líder máximo do PS e primeiro-ministro acabadinho de indigitar, "só não vê quem não quer"!

Houve uma óbvia transferência de votos da CDU para o PCTP/MRPP. Resultado: a CDU ganha a Câmara, desta vez sem maioria absoluta e perde um vereador para o Bloco de Esquerda. Dito de outra forma: ao BE cai-lhe um menino... perdão, um mandato ao colo sem que (bem vistas as coisas) tenha feito muito para o merecer.

Já na Assembleia Municipal, a CDU tem uma vitória inequívoca, ao passo que a "rosinha", mais uma vez, sai meio murcha. Depois de tantos anos a fazer política rasteira.

Parece que nunca mais aprendem, estes "socialistas" em Almada! (Mas provavelmente ainda vão cantar vitória - estou para ver se antes ou depois de dizerem que falaciosos são os comunistas!...)

Enfim, como dizia outro famoso "socialista" - é a vida!
Ou, neste caso, o voto dos eleitores.

domingo, outubro 11, 2009

Autárquicas 2009, Em Almada


Cartoon de Luísa Trindade para o jornal Sul Expresso, em 1996. O contexto é outro, mas a alegoria continua actual. Em Almada, pelo menos...

Dia de votar

já sabem em quem

sábado, outubro 10, 2009

Dia de reflexão...


Dia para pensar. Por exemplo, nas razões apresentadas para a atribuição do Nobel da Paz a Barack Obama.

Ou nos assuntos a que me tenho referido ultimamente neste blogue.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Razões para votar CDU, em Almada




Quatro razões fundamentais para votar CDU este domingo:


Porque a CDU tem um projecto de futuro, alicercado na experiência e nas lições do passado.


Para continuar a fazer de Almada, uma cidade mais saudável - em todos os sentidos da palavra.


Porque conheço a gestão do PS noutras câmaras do país: incompetente, demagógica, hegemónica e mesmo anti-democrática. Não quero esse estilo de "governação" em Almada.


Porque sei do que é capaz este PS almadense: intrigas, calúnias, oportunismo político, e mesmo desrespeito pelas leis do Estado Democrático quando pretendem atingir os objectivos que mais lhes interessam.


Passo a explicar, ponto por ponto:

1 - Quando vim para Almada, em 1973, a cidade terminava onde hoje começa a avenida Bento Gonçalves. Daí para diante, era descampado, barracas, falta de saneamento básico e de abastecimento de água.


Eu vivi num desses bairros de barracas: o Raposo de Baixo. Conheci essa realidade e vi (vejo) como a gestão autárquica resolveu os problemas - e resolveu-os melhor que a generalidade das câmaras que gerem grandes cidades.

A cidade de Almada era um amontoado de prédios, sem ordenamento, quase sem espaços verdes. Ordenar esta urbe, fazer deste território um espaço agradável para se viver, parecia quase a "missão impossível". A CDU não apenas conseguiu fazê-lo, como tornou esta cidade e
este concelho um dos mais reconhecidos em termos de qualidade de vida, no espaço geográfico em que se insere (a Área Metropolitana de Lisboa). "Um dos mais reconhecidos", digo eu? Pois: lembremo-nos, por exemplo, do que disse a esse respeito uma personalidade tão insuspeita de simpatias comunistas como o Professor José Hermano Saraiva, no programa que veio fazer a Almada.

Almada tem, hoje, uma rede de equipamentos culturais, desportivos e educativos que, sem ser já "topo de gama" (como era nos anos 90, com as, nesse tempo, tão denegridas "obras do regime": Complexo Municipal dos Desportos, Fórum Romeu Correia, etc.) é uma rede de
proximidade, servindo cada vez mais as pessoas. E tem uma estratégia para fazer desses equipamentos espaços cada vez mais utilizados.


Tudo isto não é novidade, nem é segredo para ninguém: está no programa eleitoral da CDU - Almada.

2 - Quero ver Almada mais saudável. Menos poluída, mais eco-eficiente. E mais saudável, também, em termos de participação e de cidadania.


A implementação do Metro Sul do Tejo (e a consequente requalificação dos espaços urbanos) é talvez o aspecto mais visível desta estratégia.


Mas há também toda a requalificação prevista, para a cidade e para o concelho, tendo em vista optimizar recursos e consumos de energia, diminuir os impactos negativos das actividades humanas no equilíbro ecológico do território em que vivemos - e, portanto, do planeta inteiro.


Há, por exemplo, a "cidade da água", em Cacilhas - mas isso é, apenas, um dos projectos (talvez o mais "espectacular" - mas só um) dos que podem ser consultados no site da CDU - Almada.



E é importante que, na prática, todas estas alterações na vida da cidade e do concelho sejam debatidas com os principais interessados: os cidadãos, os habitantes deste espaço comum. A lei prevê mecanismos para tal: por exemplo, os períodos de consulta pública de projectos estratégicos. Mas a Câmara de Almada tem levado esse esforço mais longe. Sabem quantos foram os Fóruns de Participação sobre o MST realizados em Almada? Eu não sei, não me lembro - mas foram muitos, e muito divulgados.


Quem lá quis ir, conhecer o projecto e dar a sua opinião, foi, conheceu e contribuiu para o debate.

É assim - e não com "bocas" anónimas e aproveitamento político de propostas alheias - que se promove a cidadania, a participação política, a saúde da democracia portuguesa!


Quantos municípios expõem desta forma aos seus cidadãos os projectos que mexem com a vida da colectividade? Não certamente os do PS, que eu conheci, porque neles estive a trabalhar e a morar: Portalegre e Setúbal... Mas falarei disso, resumidamente. E é já a seguir.


3 - Conheci Setúbal durante os anos 90; Portalegre entre 1999 e 2000. Câmaras geridas, com prepotência e arrogância, pelo PS.

Morei em Setúbal durante todo o ano de 2001. Tempos de gestão autárquica PS, do então presidente de Câmara Mata Cáceres, com um estilo meio caciqueiro, em alguns aspectos não muito diferente de outros "famosos" autarcas portugueses... Eu não tinha grandes razões de
queixa: trabalhava numa empresa de comunicação social gerida por pessoas afectas ao PS e ao PSD. (Afectas significa, neste caso "militantes", mesmo - e, em certos casos, militantes com alguma influência na hierarquia do partido).

Eu não tinha razão de queixa dessa gestão PS - mas o povo setubalense tinha, e - nesse mesmo ano - correu com os "socialistas" para dar lugar à CDU. E parece que assim vai continuar. Os eleitores de Setúbal lá saberão porquê.

Foi em Portalegre (cidade e distrito) que vi a gestão autárquica PS em todo o seu esplendor. O PS tinha, então, 10 de 15 Câmaras, e exercia o poder de forma arrogante, sem qualquer respeito pela opinião dos outros, e sem resolver problemas básicos da população.

Eu tive o azar de trabalhar para um jornal independente - o Jornal D'Hoje - não alinhado com qualquer poder local e (pior ainda!) não alinhado com o poder local do PS. Impediram-me (impediram-nos!) o acesso a informação, de forma constante e sistemática. Ser jornalista, em
Portalegre, sob um "regime" autárquico PS? Deu no que já contei anteriormente neste blogue.

Por exemplo, aqui:


Liberdade de expressão? Livre acesso à informação? Sobre tal assunto estamos conversados.

Mas, pelo menos, resolviam os problemas das pessoas? Nem por isso. Em Portalegre cidade, por exemplo, na transição do século passado para este, a autarquia PS ainda não tinha resolvido o problema do abastecimento de água à população. E era difícil fazê-lo, numa cidade tão
pequena, no meio de uma serra, com tantas fontes de água? Não, não era: bastava ligar os canos de abastecimento a partir de uma barragem onde a captação era feita. E porque não o fazia uma câmara PS, num tempo em que até o Governo era PS (António Guterres) e, portanto, não criaria grandes entraves à obra? Não me perguntem... Eu, sinceramente, também tinha alguma dificuldade em entender isso.

Mas havia já muita gente que falava em incompetência. E, em 2001, os eleitores de Portalegre cidade (que também não devem ser assim tão parvos) correram com o PS e elegeram - do mal o menos... - um independente, chamado Mata Cáceres, que se candidatou por uma lista do
PSD. E que ainda lá está.


4 - Claro que, em Almada, somos todos mais civilizados. Aqui os "socialistas" não se comportam dessa forma, pos não? Será? Acham mesmo que sim?... Vejamos.

Veja-se, no artigo abaixo deste, o que escrevi sobre uma certa "Rosinha" que escrevia anonimamente num jornal "do PS" e que era, nem mais nem menos que um deputado municipal "socialista" que agora se recandidata ao mesmo órgão autárquico. A "rosinha" já não
deve ter limões - mas continua com ambições políticas - e é suportado pela estrutura do PS concelhio. E integra a lista de Paulo Pedroso!
Note-se também que muitos dos "socialistas" que agora nos prometem "o fututo" são os mesmos que, na década passada, denegriam as realizações da CDU, com argumentos tipo "a transferência do Mercado de Levante vai acabar com o comércio em Almada" ou o Fórum Romeu Correia "vai ser uma casa para a Maria Emília". Eu ouvi barbaridades destas, ditas por pessoas que agora apoiam as listas PS às autarquias almadenses. É isto uma forma responsável e séria de fazer política?

É isto o "futuro" que o PS nos quer impingir? Esta forma rasteira de fazer política, que - pelos vistos - fez escola (é ver o que se passa numa série de blogues "anónimos", de gente que finge não ter relação nenhuma com o PS)?
Mas pronto: isto é "apenas" falta de educação, falta de maturidade democrática, não é?
Talvez...
Mas eu referi, no início deste artigo, que em Almada há gente do PS que não tem problemas em desrespeitar as Leis da República, do Estado de Direito Democrático, para atingir os seus objectivos. E sei do que falo.

Não vou ser muito explícito. Nem devo, porque o caso está entregue à Justiça. Mas já me refri ao assunto, muitas vezes, neste mesmo blogue.
Imaginem que, para fazer um favor pessoal a pessoas que, por acaso, são todas do "partido do Governo", uma pessoa com um cargo de confiança política (do "partido do Governo") aceita uma "cunha" dessas pessoas (do "partido do Governo") e, dessa forma, comete um crime (ou vários - a Justiça decidirá). Mais: demonstra, essa pessoa - que exerce um cargo de confiança política, nomeada pelo "partido do Governo" - que não respeita, nem mesmo conhece, as leis que invoca e que devia fazer respeitar. Reparem: não se trata aqui de uma cunha ao patrão de uma qualquer
empresa. É manipulação do aparelho do Estado por parte do "partido do Governo". O que, em linguagem jurídica, se poderá traduzir (no mínimo) por tráfico de influências.

Isto aconteceu mesmo (repito e insisto, para que fique claro - tanto quanto for possível, por agora) entre gente do "partido do Governo" - ou seja: gente que no PS, em Almada, ocupa cargos de responsabilidade. E que, por isso mesmo, há-de ser responsabilizada, a seu tempo e nos
locais adequados.


E o "partido do Governo" é o PS! É o mesmo PS que, em Almada, promete "o futuro, 35 anos depois".



Mas que futuro podemos esperar desta gente que usa métodos do passado?

Eu não vou na conversa deles. Conheço-os de ginjeira. Não os compro.

Por tudo isto (e por muito mais...), dia 11 de Outubro, voto CDU!

quarta-feira, outubro 07, 2009

Propaganda encapuzada, estilo PS, em Almada


Há um bom par de anos atrás (que é como quem diz, no século passado) havia, em Almada, um jornal "do PS" (e PS neste caso é mesmo Partido Socialista). Era "do PS" porque foi criado por dirigentes desse partido e mantido durante alguns anos (entre 1993 e 1997) por accionistas que eram, também eles, militantes e dirigentes da estrutura local "socialista".


Tinha reportagem, investigação, noticiário qb, artigos de opinião... e um "anónimo" que mandava as suas "bocas" à Câmara de Almada, sem assinar e como se não tivesse nenhuma relação com o PS - embora tivesse, e muita. Qualquer semelhança com blogues que se publicam nos dias de hoje talvez não seja simples coincidência...

Mas vamos por partes.

O periódico chamava-se Sul Expresso. Era um jornal "do PS", porque os patrões eram desse partido. Mas era um jornal feito por jornalistas: um jornal onde se fazia jornalismo, portanto. Na redacção, os patrões não metiam prego nem estopa. E, embora a maior parte dos jornalistas que lá trabalhavam fossem também do PS (nem todos: eu, por exemplo, não era), o jornal mantinha uma assinalável independência editorial.

Havia, no entanto, alguns cronistas especialmente convidados para defender as posições dos seus partidos. E, sobretudo, do PS - como é natural e seria de esperar num jornal "do PS".

Até aí, tudo bem...

Mas havia um, em particular, que gostava muito de "malhar" na Câmara de Almada. Tinha muita piada, mas não assinava os seus textos. Não se assumia: escondia-se atrás do pseudónimo "Rosinha dos Limões".

Claro que no jornal toda a gente (até eu, o "comuna" da redacção) sabia quem era essa "rosinha": era um homem com responsabilidades políticas na estrutura local do PS, deputado na Assembleia Municipal de Almada e, julgo eu (mas já não me lembro e não consegui confirmar) ex-vereador, num dos raros mandatos em que a CDU não teve maioria absoluta.

Isto já faz lembrar alguma coisa da actualidade blogosférica almadense, não é?

Mas a nossa amiga "rosinha" (o nosso "amigo" deputado municipal "socialista") fazia bem mais e melhor.

No exemplo de cima, respondia, muito sarcástico, a quem ousara discordar dele nas páginas do mesmo jornal. E nem tinha problemas em chamar "menino" ao seu oponente - demonstrando, assim, a capacidade de diálogo e maturidade democrática muito típicas de certos "socialistas" almadenses.


O outro exemplo é ainda mais interessante. Veja-se como o senhor deputado municipal se fazia passar por um cidadão anónimo que, fingindo não saber de nada, fazia perguntas a um funcionário da Câmara de Almada. E veja-se, a talhe de foice, a brilhante conclusão a que o cronista chega.


Pois, eu sei: os jornalistas também usam muitas vezes esse tipo de expedientes. Principalmente quando fazem investigação. Mas os jornalistas assumem o que dizem e assinam os seus textos... (enfim, nem todos - mas isso dará outro "post" numa ocasião apropriada).

Parece, em suma, que este "género" de "crónica política" e de "opinião" que se praticava em alguns jornais do século passado fez escola, em Almada - mas transitou para este admirável mundo novo da internet. Não sei se a ex-"rosinha" (e ainda dirigente político do PS almadense) tem alguma coisa a haver com isso. Tenha ou não, eu - como se costuma dizer- tiro-lhe o meu chapéu (e nem me importo que me vejam a careca, se já tanta gente a tem visto).


Mas uma coisa vos garanto: é que não voto nele no próximo domingo!

sexta-feira, outubro 02, 2009

Férias em Marte?


Este cartoon é de 1996. O Professor Cavaco Silva era primeiro-ministro de Portugal e esteve de férias no Pulo do Lobo, "Alentejo profundo".

O cartoon é da minha amiga Luísa Trindade. Foi publicado no semanário Sul Expresso.

Não sei porquê, fez-me lembrar qualquer coisa da actualidade política de 2009.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Vampiros bem vestidos e bem falantes

Às vezes penso que este país (Portugal) ficou à mercê de "vampiros". Muito apresentáveis, é certo: bem vestidos e bem-falantes. Mas vampiros.

Vem isto a propósito, ainda, da notícia do DN que nos deu a conhecer: o caso de um belga que, apresentando-se como "Príncipe da Transilvânia" (província romena, mundialmente famosa por ser a "terra do Conde Drácula") vigarizou três câmaras do Alentejo. Entre elas, a de Évora (presidida pelo muito prestigiado - porque competente, suponho) autarca do PS, José Ernesto Oliveira.

Escrevi sobre isso um texto de reflexão, para o "meu" Facebook. Decidi partilhá-lo com todos. Está na caixa de comentários deste "post".

Tão competentes e atenciosos que eles estão!


Precisava de renovar o meu passe social. Fui ao novo balcão dos TST em Cacilhas, onde estava afixado o seguinte (cito de memória): "informamos os nossos clientes que desde Julho de 2009 aceitamos o cartão Lisboa Viva".

Eu tenho o cartão Lisboa Viva desde Março do ano passado. E o meu passe social (emitido e mal plastificado pelos TST no Laranjeiro, há 4 anos) estava mais que nas lonas. Andei com ele, neste estado, ainda durante uns meses. E agora, finalmente, fico a saber (mas só porque passei pelo novo balcão dos TST, em Cacilhas), que afinal podia estar a usar o Lisboa Viva. Há 2 meses!

Não encontrei essa informação, antes, em local mais visível. Tipo, deixa cá ver... olha, por exemplo nas paragens, ou nos painéis informativos que existem dentro dos próprios autocarros... Enfim, já não me atrevo a sugerir que metam essa informação na TST TV (a TV dos TST). Deve ser muitíssimo complicado fazê-lo. E eu penso que, de facto, é sempre boa ideia manter as coisas simples.

Eu cá - que sou utente dos TST desde que a empresa existe - tenho a impressão que, para eles, "simples" significa sempre na mesma. Ou com tendência a piorar. Mas deve ser só impressão minha.

(Esclarecimento de rodapé: não quero, com isto, acusar as funcionárias da empresa que prestam serviço aos balcões de Cacilhas - pelo contrário, e espantosamente para o que é habitual naquela empresa, essas até são competentes e simpáticas. Fossem os outros assim - competentes; dispenso o simpáticos - e eu não reclamava tantas vezes.)