Às vezes penso que este país (Portugal) ficou à mercê de "vampiros". Muito apresentáveis, é certo: bem vestidos e bem-falantes. Mas vampiros.
Vem isto a propósito, ainda, da notícia do DN que nos deu a conhecer: o caso de um belga que, apresentando-se como "Príncipe da Transilvânia" (província romena, mundialmente famosa por ser a "terra do Conde Drácula") vigarizou três câmaras do Alentejo. Entre elas, a de Évora (presidida pelo muito prestigiado - porque competente, suponho) autarca do PS, José Ernesto Oliveira.
Escrevi sobre isso um texto de reflexão, para o "meu" Facebook. Decidi partilhá-lo com todos. Está na caixa de comentários deste "post".
1 comentário:
Vampiros bem vestidos e bem falantes
Às vezes penso que este país (Portugal) ficou à mercê de "vampiros". Muito apresentáveis, é certo: bem vestidos e bem-falantes. Mas vampiros.
Vem isto a propósito, ainda, da notícia do DN que nos deu a conhecer: o caso de um belga que, apresentando-se como "Príncipe da Transilvânia" (província romena, mundialmente famosa por ser a "terra do Conde Drácula") vigarizou três câmaras do Alentejo. Entre elas, a de
Évora (presidida pelo muito prestigiado - porque competente, suponho) autarca do PS, José Ernesto Oliveira.
Esta notícia que, numa primeira leitura, me pareceu só mais um "fait-divers" (à semelhança da outra, a do candidato do CDS apanhado a roubar palha em Moura), acaba no entanto por revelar uma situação mais séria e mais preocupante.
Que alguém se apresente com propostas de criação de emprego e mereça a atenção de uma câmara municipal, tudo bem. Ofertas de criação de emprego são sempre bem-vindas. Se a pessoa em questão for bem-falante e tiver boa apresentação - sim senhor, é atitude profissional de
quem tem de convencer os outros que o "peixe" que vende é mesmo bom.
Agora, que a câmara se deixe levar pela conversa e pela "boa apresentação", é que já não me parece ser atitude lá muito avisada. E se, ainda por cima, o bem-falante e bem apresentado vendedor se apresenta como "príncipe da Transilvânia" (ou representante do dito), já é caso para, no mínimo, torcer o nariz.
Torcer o nariz significa, neste contexto, tentar saber se é mesmo verdade. Cruzar informações. Não se deixar endrominar. Algo que, hoje em dia, com as "novas tecnologias de informação" é cada vez mais possível e até mais fácil de fazer. Basta procurar, procurar e continuar a procurar, até encontrar "sites" credíveis - vários, de preferência - e depois comparar essas informações com outras que se podem obter, por
exemplo falando com várias pessoas (e tudo isto são "fontes", como se diz em Jornalismo). Temos cada vez mais ferramentas para isso: o
e-mail, os "chats", as "redes sociais", a videoconferência - e, já agora, a velhinha rede telefónica.
Se isto tivesse acontecido numa terra de parolos, governada por uma câmara de parolos (por exemplo... olha, assim de repente não me lembro de nenhuma), ainda vá que não vá: a gente ria-se mas não dava muita importância.
Agora, isto aconteceu em Évora, Alentejo, Portugal. Numa terra onde, tradicionalmente, as gentes não se deixam levar com duas cantigas. E aconteceu numa câmara que, apesar de ser governada por um partido com o qual não simpatizo particularmente - e não simpatizo especialmente com o que fazem (melhor: com o que não fazem) nas autarquias locais - tem, pelo menos, um presidente que aprendi a respeitar, em 1999/2000, durante a minha estadia no Jornal D'Hoje, de Portalegre (era eu "coordenador de redacção" e José Ernesto Oliveira presidente da Comissão de Coordenação Regional do Alentejo).
Quando, em Portugal, neste glorioso século XXI, até importantes órgãos de gestão autárquica, presididos por tão conceituados políticos, se
deixam levar por tretas tão inverosímeis, apresentadas vigaristas bem-falantes e bem vestidos... Que dizer?
Desconfiar, como Hamlet, que «há algo de podre no reino da Dinamarca?».
Mas isto não é o "reino da Dinamarca"!
Ou é?
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