Um privilégio de jornalista é ter oportunidades para falar com muita gente (e com algumas pessoas, também); mas uma das chatices de fazer jornalismo na rádio é não poder aprofundar as conversas.
Enquanto jornalista "de rádio" - entre 1992 e 1995 - tive, então, a oportunidade de falar com muita gente, e com algumas pessoas interessantes. Em Abril de 1994 (estava eu na rádio Voz de Almada), liguei para o Teatro São Luís, à procura do grande Mário Viegas - que estreava, nessa noite, o que viria a ser um dos seus espectáculos de maior sucesso: "Portugal Não! Europa, Nunca!" (título que glosava o "slogan" do PSD nas eleições desse ano para o Parlamento Europeu...). Ele não enjeitou a oportunidade de falar para um órgão de comunicação social (pois, pudera!), e fez muito bem, porque me proporcionou esta pequena conversa.
Mário Viegas - actor, grande divulgador da poesia, figura incontornável da cultura portuguesa do último quartel do século 20, "poeta com as palavras dos outros", como alguém lhe chamou - nasceu em Santarém, a 10 de Novembro de 1948, e deixou-nos, fisicamente, no dia 1 de Abril de 1996, em Lisboa.
Vi-o em palco apenas uma vez, nos anos 80, num Festival de Teatro de Almada, a fazer os "Contos do Gin-Tonic", de Mário Henrique Leiria. Enquanto declamador é, para mim, "o" modelo a seguir. Tive a (pouca?) sorte de falar com ele uma vez (só) e à pressa.
E isto é tudo verdade (apesar de hoje ser o dia das mentiras...).
4 comentários:
António!Que bom voltar ao seu blog e com uma história tão bonita. Imagino como essas boas lembranças lhe fazem bem.
Beijos
Aqueles em quem a morte não teve poder...
Abraço
Olá, Madalena!
É verdade: lembranças dessa primeira metade dos anos 90 são, para mim, muito grafiticantes.
Mas a inteção aqui era, principalmente, homenagear um artista de que eu fui grande admirador. E (para ser sincero) lembrar o meu trabalho de jornalista a algumas pessoas que parecem ter-se esquecido dele...
Concordo, Paulo Sempre!
Ou, como diria um autor de que muito gosto (acredito que você também) aqueles que "se vão da lei da morte libertando".
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