sexta-feira, abril 04, 2008

E a culpa é… dos jornalistas, como sempre!


Ainda a propósito do famoso “caso do telemóvel”, diz esta senhora, Margarida Moreira – directora regional da Educação do Norte -, num debate promovido pela RTPn, que há ali matéria para incriminar alguém, mas não são os alunos: são os jornalistas.

E porquê?

Porque, de acordo com esta senhora, Margarida Moreira - directora da DREN -, a divulgação, nos canais de TV portugueses, daquele vídeo em que uma turma inteira “enxovalha” a professora, demonstra uma enorme falta de respeito pela privacidade - dos alunos, e da professora.

E, por expor dessa forma tão despudorada, a “privacidade” dos “protagonistas” do vídeo, tal acção (a divulgação, pelos jornalistas, nos noticiários televisivos) merece ser criminalizada.

Portanto (concluo eu), enquanto a coisa passou “apenas” no Youtube, “só” como uma piada, e enquanto, no Youtube, a humilhação da profesora foi vista por “não mais” que “alguns, poucos” milhares de pessoas – aí não havia problema nenhum; e, se o houvesse, seria resolvido na própria escola, como um caso pontual, e ficava tudo na paz dos anjos.

A partir do momento em que esses malandros dos jornalistas, alertados pelo “sucesso” que o vídeo estava a obter na internet, agarram no caso e o transformam em notícia, dando assim o pretexto para um debate (que está a decorrer, a nível nacional) sobre a violência nas escolas portuguesas… aí passa a ser um caso de polícia – em que o infractor não é quem agride, mas quem mostra a agressão.

Ou seja (digo eu): quando as coisas correm mal, a gente disfarça; se não der para disfarçar, mata-se o mensageiro das más notícias – e pronto, com isso disfarça-se na mesma o problema!

E tudo isto até seria perfeitamente ridículo se quem defende esta posição não fosse uma responsável de um organismo do Estado, não eleita mas nomeada pela Administração Central, logo, com evidentes responsabilidades, se não na definição das políticas para o sector (que são o que se sabe, com os resultados que estão à vista), pelo menos na sua aplicação prática.

Isto é o que eu penso. Mas, se calhar, é melhor guardar começar a guardar estes pensamentos só para mim.

É que, como sou jornalista, faço parte dos suspeitos do costume, já se sabe…

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