A manifestação de 8 de Março levou às ruas, em protesto, muitos professores que nunca antes tinham participado em contestações de rua. É o caso desta docente, entrevistada em directo, na RTPn, por uma jornalista aparentemente deslumbrada.
Lembrou-se, a jornalista (e não despropositadamente, diga-se), de fazer a “ligação” entre a data da manif e o Dia da Mulher, porque «a maior parte dos professores são mulheres, e a maioria dos manifestantes também o são», justificava.
Lembrou-se, a jornalista (e não despropositadamente, diga-se), de fazer a “ligação” entre a data da manif e o Dia da Mulher, porque «a maior parte dos professores são mulheres, e a maioria dos manifestantes também o são», justificava.
Aqui vos deixo um pedaço dessa “entrevista de rua”, com o texto integral das perguntas e das (lúcidas e muito assertivas, digo eu) respostas:
- Boa tarde. Não fuja. É professora de quê?
- Primeiro ciclo.
- Está aqui para se manifestar contra esta política. Hoje é o dia da mulher. Esta é uma forma diferente de comemorar o dia da mulher?
- Não. Os casos são independentes. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Somos mulheres o ano inteiro. Estamos aqui pela nossa causa, pelo futuro das nossas crianças.
- Muitos professores em Portugal são do sexo feminino, uma percentagem maior que do sexo masculino. Esperava, como professora, passar aqui o seu dia, digamos assim, enquanto mulher?
- Não, não esperava. São 16 anos de ensino e é a primeira vez que aqui estou.
- Nunca se tinha manifestado desta forma, participado numa grande manifestação?
- Não, nunca.
- Isso significa que chegou ao seu ponto de rotura? Acha que é importante mudar?
- Infelizmente os professores chegaram a um ponto de rotura. É muito triste chegarmos à nossa posição, termos dado tantos anos do nosso empenho e não sermos considerados.
- A questão da avaliação, para si, é uma questão que a incomoda, ou não se importa de ser avaliada, desde que noutros termos?
- Como professora, o que menos me incomoda é a minha avaliação. Não tenho medo de avaliação. Qualquer pessoa que me queira avaliar, com competência, poderá fazê-lo. O que me incomoda, e muito, é este processo há muitos anos se ter vindo a degradar..
E a entrevistada começou a dar exemplos do seu descontentamento: «não haver condições nas escolas», «não se facilitar a integração de crianças com deficiência», e mais algumas coisas... que já não consegui ouvir (nem mesmo depois de visionar várias vezes a gravação que fiz) porque, entretanto, passou por ali uma grupo mais barulhento de manifestantes, que cantavam «está na hora, está na hora, de a ministra se ir embora»...
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