«A leitura que eu faço deste caso é que esta professora era vista pelos alunos como uma professora fragilizada. Porque certamente que este mesmo grupo de alunos não iria ter esta atitude com uma professora que não fosse vista como vulnerável.»
(Fátima Marinho, da Associação Nacional de Professores, em declarações à SIC)
Ora bem: eu até entendo que esta responsável queira, daqula forma, chamar a atenção para a “fragilização” dos professores, em consequência de políticas erradas para o sector da Educação em Portugal. Espero, aliás, que seja mesmo isso o que ela pretendia afirmar.
Porque, dito desta maneira («se a professora não estivesse vulnerável, eles não atacavam»), a coisa pode ter outra leitura.
Que é a seguinte: «os alunos são, naturalmente, uns predadores que atacam em bando as potenciais vítimas, e escolhem-nas (tal como fazem, por exemplo... as leoas) entre as que aparentemente estão incapazes de se defenderem (os professores fragilizados); logo, o que os professores têm a fazer é “não mostrar fraqueza” perante os alunos para que estes não os ataquem assim que tiverem uma oportunidade».
O que, se fosse o caso, significaria, também, que os alunos estariam a fazer apenas aquilo que é “natural” (ser predadores que atacam as presas mais fragilizadas).
E, para evitar ataques, os professores deviam era… sei lá, se calhar andar armados, não?
Que é a seguinte: «os alunos são, naturalmente, uns predadores que atacam em bando as potenciais vítimas, e escolhem-nas (tal como fazem, por exemplo... as leoas) entre as que aparentemente estão incapazes de se defenderem (os professores fragilizados); logo, o que os professores têm a fazer é “não mostrar fraqueza” perante os alunos para que estes não os ataquem assim que tiverem uma oportunidade».
O que, se fosse o caso, significaria, também, que os alunos estariam a fazer apenas aquilo que é “natural” (ser predadores que atacam as presas mais fragilizadas).
E, para evitar ataques, os professores deviam era… sei lá, se calhar andar armados, não?
Quero dizer: na escola (e na sociedade, já agora) o que interessa não é explicar aos jovens que existem normas de conduta que devem ser seguidas para que todos nós possamos coexistir - o que interessa, sim, é que cada um de nós esteja devidamente preparado para não sermos atacados assim que demonstrarmos alguma fraqueza.
(E assim poderíamos, finalmente, retroceder ao tal estado de «selvajaria primordial» que, de acordo com o Marquês de Sade - ou de acordo com um dos seus personagens - seria «útil e vantajoso» para todos.)
Desculpem lá o sarcasmo, mas é que isto, sinceramente, não me cheira nada bem. Fez-me lembrar aquela teoria utilizada nos Estados Unidos da América por alguns testas de ferro da indústria de armamento.
Sim, essa teoria, essa mesmo: se há alunos que aparecem armados na escola e disparam contra os outros, indefesos… a solução será, então… armar todos os alunos.
Assim, não haveria vítimas nem agressores: em último caso, matar-se-iam todos uns aos outros, e resolvia-se o problema.
Assim, não haveria vítimas nem agressores: em último caso, matar-se-iam todos uns aos outros, e resolvia-se o problema.
Mas não deve ter sido nada disto o que aquela responsável quis dizer ao país…
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