Uma reflexão sobre a(s) violência(s), para ler e digerir muito bem:

A agressividade, defende, é uma coisa boa. Muito boa mesmo. Ajuda-nos a ser mais aquilo que somos, em lugar de camuflarmos os nossos sentimentos, com medo de que nos julguem uma pessoa má, ou incapaz de dar a outra face. Mas a maioria de nós esconde-a mesmo, e sofre as consequências, porque quando a guardamos para dentro, faz-nos mal, corrói-nos o estômago, e ataca o nosso sistema imunitário. Além disso, torna-nos azedos e zangados, e acabamos por explodir no dia mais inoportuno, no sítio errado, contra um inocente qualquer, que inadvertidamente fez entornar o copo já demasiado cheio. Eduardo Sá está mesmo preocupado, porque acredita que estamos a domesticar a agressividade dos nossos filhos e alunos, impedindo-os até de andar à pancada nos recreios, ou proibindo os irmãos de uma luta à maneira, no chão da sala. Simplesmente, defende, quando é reprimida, e toda a gente assobia para o ar fingindo que não existe, perde-se uma oportunidade única de educar para uma «agressividade com boas maneiras». E então sim, dá-se pano à violência, que depois todos se queixam de ter invadido as ruas, as escolas e as famílias, como um tsunami incontrolável.
Ontem (12 de Março de 2008) foram revelados dados que indicam que o número de queixas registadas nos Livros de Reclamações aumentou muito no último ano. Talvez haja esperança, e num esforço autodidacta estejamos a aprender a fazer valer os nossos direitos. O ideal não é «comer e calar», mas saber protestar com boa-educação, que aliás só aumenta a eficácia. Se é dos que têm pouco treino nesta matéria, é altura de começar a praticar.
Isabel Stilwell
(Editorial do “Destak” de 13 Março 2008)
Só para esclarecer eventuais dúvidas: lá por citar em dois artigos consecutivos o Destak, isso não significa que tenha algo a ver com esse jornal (tenho um compromisso, sim, mas é com outro, e ainda nem vos falei sobre ele); e sim, teria muito a dizer sobre o tal caso do tal vídeo – mas, porque o que tenho a dizer é muito, fica para outra oportunidade: para quando aqui voltar, de preferência com mais tempo para escrever.
Sem comentários:
Enviar um comentário