Eu sempre achei que não tinha grande "jeito" ou "talento" para desenhar. Bem tentava, mas, durante muito tempo, não saía nada que se aproveitasse.
Mesmo depois de vários anos a aprender no atelier de artes gráficas do Centro Cultural de Almada, o melhor que conseguia fazer eram cartazes. Não muitos, mesmo assim. Entre 1981 e 1986, não produzi grande coisa que se visse - exceptuando, talvez, o cartaz da Festa da Amizade de 1985, o do Carnaval de Almada de 1986 e um ou outro sobre cursos que o CCA organizava.
A partir de 1986, já não me lembro como nem porquê (mas suponho que por estar mais em contacto com pessoas que faziam desenho desenho mesmo, e não apenas "trabalhos gráficos") começo a aprender, também, a desenhar. E invento o pseudónimo Sturrefsit Adjukaatrix, que tenho usado desde então.
Este desenho é dessa primeira fornada. Terá uma história, como todos os desenhos. Neste caso, e a esta distância, parece-me que é uma tentativa (tentativa inconsciente) de "retratar" uma época em que Portugal vislumbrava no horizonte um "crescimento" capitalista e a miragem da "modernização" (1986 foi o ano da adesão à CEE). Mas a minha realidade era, ainda, a de um país "suburbano", que olhava o "progresso" de longe e, enquanto sonhava, tinha que fazer pela vida e desenrascar-se com o que tinha à mão. Um país de grandes desigualdades económicas e sociais, ainda com indústria, sustentada pela tal população suburbana, da qual faziam parte muitos imigrantes das ex-colónias.
Julgo que tentei meter isso tudo num desenho...
Mais tarde, a Câmara Municipal de Almada decide incluir no seu boletim municipal um suplemento de 4
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A primeira edição do suplemento de juventude do Boletim Almada Autarquias-Povo sai, então, em Março de 1990 (edição n.º 74 do boletim), e inclui dois desenhos meus. (Outra edição, em Dezembro desse ano, há-de incluir mais um desenho e também um poema - e foram esses, se não me engano, os únicos trabalhos que publiquei, até hoje, em qualquer edição da Câmara Municipal de Almada.)
Entretanto, em 1996, crio o fanzine de poesia (poezine) Debaixo do Bulcão, que chegou agora à sua edição 41 (encontram os poemas dessa edição clicando aqui). Para esta edição faltava-me uma imagem de capa. Lembrei-me, então, do velho desenho. E pronto, aí está ele, de volta.
E qual é o interesse disto tudo? Pois, se calhar não interessa nada. Mas, como já não actualizava este blogue há muito tempo... ;)
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