Após 3 meses de cerco castelhano, Almada rendeu-se às tropas sitiantes - mas só depois de receber ordem - ou melhor dito: autorização - do próprio Mestre de Avis. Foi o culminar de um dos episódios mais importantes - e talvez menos conhecidos - da revolução de 1383-85, decisiva para a independência nacional.
Continuando a citar o historiador Alexandre Flores (que, por seu turno, cita a melhor fonte sobre a época: o cronista Fernão Lopes)...
"No evoluir da situação, os almadenses em estado de perigo de vida, devido à falta de água, resolveram enviar uma mensagem ao Mestre de Avis. Entretanto, em Lisboa, um almadense que tinha regressado numa frota proveniente do Porto, ofereceu-se voluntariamente para atravessar o Tejo a nado e levar a missiva se o Mestre o quisesse mandar a Almada.
Nessa mesma noite, o corajoso almadense atravessou o rio, tomando depois um caminho da barroca em direcção ao Castelo. O almadense anónimo realizou seis travessias no rio Tejo a nado, na última das quais transmitiu a ordem de capitulação autorizada pelo Mestre de Avis.
Deste modo, no dia 1 de Agosto de 1384, o rei de Castela acompanhado da mulher D. Beatriz, foram em galés ao porto de Cacilhas e daqui para Almada. O rei recebeu as chaves a vila e nomeou regedor um cavaleiro chamado João Bravo"
D. João, rei de Castela, face às adversidades e à encarniçada resistência almadense, tinha prometido passar todos os habitantes da vila a fio de espada - mas não concretizou a ameaça. Depois de tomar posse da vila, e do castelo, regressou à margem norte, para continuar o cerco a Lisboa.
Almada manteve-se ainda algum tempo sob o jugo das tropas castelhanas. Foi recuperada meses mais tarde por Nuno Álvares Pereira - que, a partir de 1385, com a independência nacional consolidada, recebe em doação, pelos serviços prestados, a vila e termo de Almada - e grande parte do território português a sul do Tejo.
Fontes:
Fernão Lopes, Crónica de el-rei D. João I de Boa Memória e dos reis de Portugal o décimo
Fernão Lopes, Crónica de el-rei D. João I de Boa Memória e dos reis de Portugal o décimo
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Alexandre M. Flores, Almada e a Revolução de 1383-1385 na Crónica de D. João I, de Fernão Lopes
Biblioteca Municipal - Câmara Municipal de Almada
1ª edição, 1984
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