(Este texto - cuja autora desconheço - já circula há algum tempo na net. De tudo o que li até agora, parece-me ser o que explica de forma mais objectiva e escorreita as razões para votar Sim no referendo de domingo. Aqui vai)
«Não faço parte de nenhum movimento partidário ou oficial nesta campanha, pelo SIM ou pelo NÃO, no referendo sobre a DESPENALIZAÇÃO da Interrupção Voluntária da Gravidez.
Depois de ver e ouvir muitas opiniões sobre este assunto, e depois de muito resmungar contra o ecrã de televisão, resolvi desabafar e partilhar a minha opinião sobre este referendo e peço-vos apenas 5 minutos de atenção para que ponderem um pouquinho, antes do dia 11 de Fevereiro, sobre o que vos apresento aqui.
Ninguém nos está a perguntar, no referendo, se somos a favor ou contra o aborto!
Ninguém nos está a perguntar, no referendo, se algum dia vamos ou não fazer (ou apoiar) um aborto!
Este referendo pergunta, apenas se achamos que as mulheres portuguesas devem continuar a ser criminalmente acusadas (e até presas) e PENALIZADAS por fazerem um aborto.
Este referendo pergunta, se concordamos com a alteração de uma lei, que não é mais do que um sol tapado com uma peneira.
Em Portugal fazem-se abortos! (e muitos)
E vão continuar a fazer-se mesmo que a lei não seja alterada.
A questão é:
Hoje uma mulher decide fazer um aborto e (actualmente) faz no mesmo dia.
Com a despenalização uma mulher decide fazer um aborto e antes de o praticar, vai ser acompanhada e informada sobre outras opções e provavelmente algumas até desistem.
E mesmo que mantenha a mesma decisão, será melhor informada para que a situação não se repita.
Para mim não é claro, que com a despenalização, o nº de abortos vá aumentar, pelo contrário penso que vão diminuir.
Para nenhuma mulher é fácil decidir pelo aborto, e se, se sentir apoiada provavelmente muda de opinião.
E se o NÃO defende a vida, porque não defende a vida destas mulheres?
(já ouvi o nº de 5000 mulheres que morrem, por ano, vitimas de abortos mal feitos).
Para mim os criminosos não são as mulheres que se sentem num beco sem saída, com uma gravidez indesejada e decidem fazer um aborto.
Mas sim os verdadeiros criminosos, são aqueles que ganham fortunas a praticar abortos mal feitos e sem condições, pondo em risco a vida destas mulheres e deixando (em alguns casos) outras crianças órfãs.
Criminosos, somos todos nós que ao taparmos o sol com a peneira, permitimos que isto aconteça todos os dias.
Não está em causa no referendo a questão moral do aborto. Como dizia noutro dia um juiz, também é moralmente condenável o incesto e não é crime.
Para si pode ser moralmente condenável o aborto, e nunca o praticar
, mas a questão é se as mulheres devem ser presas e condenadas por fazê-lo, até porque estamos apenas a condenar mulheres de classes sócio/culturais baixas, porque as outras vão a Espanha.
Está em causa APENAS o enquadramento criminal desta questão.
Não PENALIZAR quem faz um aborto!
NINGUEM VAI OBRIGAR NINGUEM A FAZER UM ABORTO!
Pelo contrário, os abortos não se vão fazer por dinheiro e portanto os profissionais de saúde vão tentar dissuadir estas mulheres, em alguns casos.
Na minha opinião, este assunto não seria uma temática para referendo, não é um tema social mas sim criminal.
Não é uma questão de comunidade, mas sim uma questão pessoal e uma decisão de cada um!
Como alguém muito conhecido disse:Não atires a primeira pedra!
Eu provavelmente nunca farei um aborto, mas quem sou eu para condenar, para julgar ou compreender as histórias de mulheres desesperadas.
E agora tocando um bocadinho na demagogia das campanhas pelo NÃO, com a falta de argumentos credíveis, vem com imagem obscenas e estudos manipulados para que se consigam fazer ouvir. Ainda ontem alguém pelo NÃO dizia que nos países que o aborto é despenalizado o nº de abortos aumentou, mas que não sabiam qual era o nº de abortos praticados antes da despenalização. Por favor
.
Pelo SIM à vida,
pelo SIM aos direitos humanos,
pelo SIM à saúde pública,
pelo SIM aos direitos individuais da mulher
.
Deverá ser o SIM, à despenalização voluntária da gravidez até as 10 semanas, a resposta a este referendo.»
(Texto reproduzido do blog
http://allmyindependentwomen.blogspot.com/)
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