quarta-feira, dezembro 30, 2009

À espera de 2010...


...e cansado de festas de Natal.

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Vade retro


quando olhas pela janela do metropolitano entre anjos e socorro
desconfias que por trás do veloz muro
lá bem entranhado na laboriosa terra há um resto
de fenícios já tardios que ali na terra tombaram.
deixaste atrás de ti um capitel grego em arroios
e uma bexiga de porco medieval em alvalade.
apontas para pontinha. mas vais suspeitar de mouros no saldanha
e de peste que só mata castelhanos lá no rato.
entopes-te toupeiramente mesmo em baixo do marquês
e sais ofuscado de luz em campo grande.
então finalmente pensas:
no tempo em que alexandre o'neill pisava o chão da cidade
era bem mais pequena a rede: era ridícula
e hoje finalmente já não é.

António Vitorino (eu)


Poema publicado em Debaixo do Bulcão poezine
número 20 - Almada, Dezembro de 2002

recordado agora a propósito do aniversário do Metropolitano de Lisboa
(e sim, foi influenciado pelo "slogan" de Alexandre O'Neill "vá de metro satanás" - proposto pelo poeta/propagandista, mas nunca aceite - vá-se lá saber porquê - pela empresa do Metro de Lisboa; a foto, que documenta a inauguração de uma das primeiras linhas do metro lisboeta, foi recolhida algures na internet - mas infelizmente já não me lembro de onde a tirei)

quinta-feira, dezembro 24, 2009

Do they know it's Christmas?


Há 25 anos éramos todos muito novinhos e cheios de boas intenções, mas vestiamo-nos muito mal e tinhamos penteados ridículos - dirão os parolos que não conseguem ver mais que um palmo à frente do nariz.

Há 25 anos, havia muitos parolos que não conseguiam ver mais que um palmo à frente do nariz - e é, em grande parte, por culpa deles que o mundo está como está. Ou seja: muito pior que há 25 anos atrás!

É por causa dos parolos - de ontem e de hoje - que esta música e este vídeo, apesar de esteticamente "datados" continuam a fazer todo o sentido. Triste sentido...

Não sejamos parolos.

(Ah, pois: feliz Natal para todos vós, se for caso disso.)

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Alexandre Castanheira na apresentação do Ciclo da Serpente:


«
Existe em Almada um homem de que os habitantes interessados pelas coisas da cultura e da literatura ouvem falar, lêem em jornais e revistas, deliciam-se com a leitura do seu blog, escutam-no a dizer poemas seus nas poucas ocasiões a que se dispõe a tal e por quem perguntam muitas vezes "o que é feito dele?" nos variados silêncios a que se entrega e nos diferentes desaparecimentos de que desconhecemos as mais das vezes a razão.

Este homem, é assim, como dizer? Talvez mal comparado, como o concelho de Almada - tem vida própria! Por muito que isso custe a algumas pessoas que, em vez da sua actividade criadora, gostariam era de conhecer em pormenor como ele vive, como se situa nesta terrível sociedade em que todos vivemos livres (segundo a Constituição da República) mas, na realidade, prisioneiros de leis e regras para que não contribuímos nem ninguém nos pede opinião, enclausurados, espiados, constrangidos a uma vivência em que só nos é permitido sobreviver como Humanos. E porque tem vida própria, reage, decide, interroga, recusa, ri, despreza, ajuda, bate-se, fazendo assim parte de um pequeno (pequeno à escala da população global do País, mas que ainda conta talvez com uns milhares) ... de um pequeno número de seres independentes que se mantém fiel à directiva libertária de Ary dos Santos: "podem acusar-me de tudo... mas poeta castrado, NÃO!"

Pois agora esse homem, registado no mundo literário como ANTÓNIO VITORINO, resolveu abrir a arca dos seus segredos, por alguns considerados mistérios, e dar-nos a possibilidade de o conhecer melhor.»

Texto completo em
http://umaefemeridemotivadora.blogspot.com

terça-feira, dezembro 22, 2009

Um círculo de poesia, em Moura


Regressei a Moura, para visitar amigos e fazer a apresentação do meu livrito, O Ciclo da Serpente - premonições deveras líricas. Na Sala da Salúquia (Teatro Fórum de Moura), dia 19, sábado, à noite, aproveitando o acolhedor espaço da exposição/instalação "Objectos da Nossa Casa", de Andreia Egas, reunimos pouco mais de uma dezena de pessoas (alguns/algumas muito jovens!), para falar de poesia - e, principalmente, para ler poesia.




O lançamento do livro era só um pretexto. A ideia - bem concretizada, de resto - era lançar a semente para o que, esperamos, virá a ser um grupo de dinamização de Poesia naquela cidade. Jorge Feliciano, feito anfitrião, dissertou aos jovens sobre a importância do Debaixo do Bulcão (projecto que iniciei, em Almada, há 13 anos) e sobre o exemplo de "democratização dos meios de produção" (leia-se, neste caso, "edição" e "publicação") que tal projecto constitui.


Eu sou suspeito para avaliar se ele tem ou não razão. Mas espero, sinceramente, que o "exemplo" seja seguido, e que os "alunos" de Moura consigam (como é natural) vir a superar este "mestre" de Almada. Não "espero", apenas: estou, convictamente, convosco - e disposto a ajudar, sempre que necessário!


Avante, pois, jovens poetas!

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Earth Song

Este vídeo (esta canção da Terra) é de 1996. Já nesse tempo se adivinhava o que estava aí a vir. Somos todos muito estúpidos (a começar por quem tem o poder de tomar decisões políticas) ou simplesmente suicidas? Alguém me explica?

O Ciclo da Serpente em Almada





Quero agradecer a todos os que fizeram questão de não faltar a este evento. Foram poucos mas bons. E tiveram a oportunidade de assistir a um grande recital de poesia, pelos actores (e poetas, também eles) João Vasco Henriques e José Vaz.
(Fotos de Rui Tavares)

quarta-feira, dezembro 16, 2009

ÍCARO


atormentaste a solidão do impossível e os castigos
da poesia.

muito cedo se fez corpo em teu dia. muito cedo
amaste outro labirinto.

ícaro,
caiste para salvar a humanidade. ora pro nobis.


António Vitorino

O Ciclo da Serpente - premonições deveras líricas (1989)
Edição Poetas Almadenses, colecção Index Poesis.
Almada, Dezembro de 2009

É hoje!


Depois de quase três décadas a guardar papelada em gavetas, publico finalmente um livrito que se veja. Chama-se "O Ciclo da Serpente - premonições deveras líricas". Foi escrito em 1989, mas só vai ser editado em livro agora - muito devido ao incentivo e à insistência (no bom sentido, claro!...) do professor Alexandre Castanheira (que, de resto, escreve um notável prefácio a este livro - e à minha "obra literária" não editada, que ele conhece como poucos).

O lançamento é hoje - quarta-feira, 16 de Dezembro de 2009 - a partir das 21h30, na Sala Pablo Neruda do Fórum Municipal Romeu Correia (biblioteca central de Almada).

A edição é do colectivo Poetas Almadenses (associação informal de autores cá do burgo).

A seguir à apresentação do livro, José Vaz e João Vasco Henriques farão a leitura dos poemas, num recital sonorizado pelo projecto "O Burro e o Cigano". Se os meus estimados amigos e potenciais leitores quiserem, também posso dar autógrafos no final (apesar de não ter jeitinho nenhum para essas coisas). Infelizmente não vos posso oferecer um copito com qualquer coisa dentro. A menos que água vos satisfaça.

Aproveito o ensejo para lembrar que, no sábado à noite, farei a apresentação deste livro em Moura, no Teatro Fórum.

Não quero deixar de agradecer, também, à directora da colecção Index Poesis, Ermelinda Toscano (como e óbvio, sem a sua colaboração e empenho seria impossível publicar este livro), ao Rui Tavares (autor da capa e contra-capa do livro), à Sofia Chanoca (a modelo que, sem saber muito bem como, se viu metida nesta "alhada"), aos actores que vão fazer a leitura dos poemas. E, por último mas não menos importantes, a Andreia Egas e Jorge Feliciano - que me vão receber (receber bem, espero...) em Moura!

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Are "friends" electric? - perguntava Gary Numan, em 1979


Esta música tem 30 anos. É de 1979 - mas, de alguma forma, é também um dos temas "fundadores" dos anos 80. Não dos "míticos" anos 80 - dessa pseudo-"alegre e colorida" década inventada agora, talvez para fazer esquecer as agruras desta em que vivemos... Não: dos anos 80, anos 80 mesmo.

"Are "friends" electric?" aparecia no primeiro álbum de Gary Numan. Vinha na sequência de sonoridades desenvolvidas ao longo dos anos 70 por bandas como os Kraftwerk - mas tinha já qualquer coisa muito típica da década seguinte. Qualquer coisa "dark". Algo que podia até fazer lembrar o Blade Runner - não fosse esse filme de 1982...

Confesso que não gostei muito. Eu andava era a ouvir rockalhadas. Essa coisa da "pop electrónica" era, para mim, audível só no "formato" Buggles ou OMD.

Porém, como disse nos idos de quinhentos um grande poeta português, "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança, todo o mundo é composto de mudança". E, como diz o povo, "para melhor muda-se sempre".

A chatice é que a mudança nem sempre é para melhor. Vejam como estamos agora, 30 anos depois desta canção.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

«O mau gosto, o pirosismo, é uma forma de Fascismo!», dizia o maestro Victorino d'Almeida, em 1987


Em Fevereiro de 1987, António Victorino de Almeida veio a Almada participar numa sessão evocativa do poeta Federico Garcia Lorca. Nessa sessão - promovida pela Câmara e pelo Centro Cultural de Almada, no âmbito da Semana do Livro desse ano - participaram também os escritores Olga Gonçalves e José Carlos Gonzalez, bem como o director da Companhia de Teatro de Almada, Joaquim Benite.

Sobre o evento propriamente dito, escreverei noutra ocasião. Porque o que quero mesmo, agora, é realçar um excerto da intervenção de Victorino de Almeida.

Falava-se sobre a Guerra Civil de Espanha. Sobre atitudes mais ou menos revolucionárias, sobre o papel da Arte na Revolução.

O maestro fez questão de lembrar que, na História da Humanidade, muitas revoluções existiram - a menor quantidade das quais na política.

Nas artes, por exemplo, apareceram grandes "revolucionários". Como Schoenberg - que, embora fosse, politicamente, um conservador, foi revolucionário na música. Schoenberg que, sendo essencialmente um "romântico" (de acordo com Victorino de Almeida), sentiu necessidade de lutar contra o "fácil", o "correcto" e o "bonito" - e ficou conhecido, principalmente, por isso mesmo!

Eu estive nessa sessão, a trabalhar para o Centro Cultural de Almada. Tive essa "sorte". Porque as palavras de Victorino de Almeida vinham reforçar as convicções que eu já tinha sobre o que queria fazer (na escrita, sobretudo): recusar o que é fácil e "bonito" - ou, como se passou a dizer mais tarde (e até hoje), politicamente correcto.

Aqui fica o tal excerto da intervenção do Maestro:

«Falou-se aqui em espírito revolucionário, falou-se aqui numa outra possível guerra, a guerra intelectual. (...) Uma guerra que pusesse, por exemplo, em oposição um teatro de Brecht a um teatro de Lorca. Há fazedores de guerra, que fazem essas guerras, que as criam. Está-se aqui a falar fundamentalmente de um revolucionário. Muitas vezes as pessoas têm dos revolucionários uma ideia tão fora daquilo que é a sua realidade. Há um revolucionário da História da música, o Schoenberg. Foi um revolucionário da música. Pessoalmente era um reaccionário, mas na música era um revolucionário. (...) Eu tenho lá em casa praticamente toda a obra do Schoenberg... Se as pessoas soubessem que 60 ou 70 por cento da obra é de um romantismo total, não tem a ver sequer com esta música. Eu até estou convencido que o Schoenberg na realidade até nem gostava deste estilo de música. Eu gosto mais do que ele! Simplesmente, o Schoenberg teve que lutar, como músico, contra o mau gosto, contra o pirosismo, que é uma forma de fascismo no fundo, também. Portanto era o anquilosar das ideias. Era o abastardar, o prostituir do romantismo. Foi contra isso que ele lutou. E portanto perante essa situação em que as coisas estavam a ser degradadas, aviltadas, pois ele teve que reagir e foi para a guerra. A escola de Viena, a grande revolução da escola de Viena (...).»

Palavras que nunca esqueci, e que me têm servido de referência na minha actividade artística. Ao longo de todos estes anos...

terça-feira, dezembro 08, 2009

Gosto de espinafres e às vezes tenho vontade de bater no Google


Mas suponho que a ideia deles não é essa.
Trata-se, sim, de comemorar o aniversário do nascimento (a 8 de Dezembro de 1894) do cartoonista norte-americano Elzie Crisler Segar.
O qual - como já adivinharam - foi o criador do famoso Popeye.
Conheçam-no aqui:

segunda-feira, dezembro 07, 2009

HOPENHAGEN


No dia em que começa a "cimeira do clima", em Copenhaga, aproveito a deixa para evocar aqui uma das (muitas) actividades em curso com o objectivo de pressionar os líderes mundiais a tomar medidas efectivas e rápidas em defesa do Planeta.

Esta iniciativa chama-se Hopenhagen. E tem, além do nome, outra coisa interessante: é promovida por um grupo empresarial, e dos grandes. Parece-me bem: na hora de procurar consensos, é importante reunir todos os apoios, mesmo os mais imprevisíveis.

Sobre esta campanha, no Portal Ambiente Online:

A iniciativa, criada em colaboração com a Ogilvy de Nova Iorque, Paris, Singapura, Londres e Buenos Aires e promovida pelas Nações Unidas (ONU) e pela International Advertising Association (IAA), foi desenvolvida em torno do conceito “esperança” (hope). A campanha centra-se no website www.hopenhagen.org e serve-se das redes sociais para promover o debate sobre as problemáticas ligadas ao aquecimento global e à crise económica. Pessoas de todo o mundo podem aderir a esta causa, partilhando as suas mensagens e opiniões através do site oficial, ou fazendo o download do seu passaporte no Facebook, a fim de se tornarem também “cidadãos de Hopenhagen".

domingo, dezembro 06, 2009

Dia de São Nicolau


Eu não acredito no Pai Natal. Mas ele existe: é o senhor representado no ícone acima. E hoje, 6 de Dezembro, é o seu dia.

O senhor chama-se Nicolau. Santo Nicolau. É (diz a wikipédia, site que raramente tem dúvidas e nunca se engana), "o santo padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega. É o patrono dos guardas noturnos na Armênia e dos coroinhas na cidade de Bari, na Itália, onde estariam sepultados seus restos." Mais: "É aceite que São Nicolau, bispo de Mira, seja proveniente de Petara, na Ásia Menor (Turquia), onde teria nascido na segunda metade do século III, e falecido no dia 6 de dezembro de 342." (Portanto, à boa maneira judaico-cristã, o que se comemora neste dia é uma morte... mas adiante, que isso são contas de outro rosário.)

Durante muitos anos eu, olhava para aqueles calendários que têm referências "canónicas" - e não achava piada nenhuma a essa coisa de ter, no meu aniversário, um obscuro Nicolau, em vez de um popular João, ou Pedro, ou António... Até que percebi que esse Nicolau é, afinal, figura carismática de todas as superfícies comerciais - grandes médias ou pequenas - e é especialmente apreciado por todos quantos têm emprego, e família, e patrões que lhes pagam o subsídio de Natal.

Bem haja, portanto, o Santo Nicolau. É fixe fazer anos neste dia! Desde que não me confundam com o Pai Natal, obviamente...

(E é por isso mesmo que não convém divulgar o que encontrei noutra fonte: "O dia de S. Nicolau era originalmente celebrado no dia 6 de Dezembro, sendo este o dia em que se recebiam os presentes. Contudo, depois da reforma, os protestantes germânicos decidiram dar especial atenção a ChristKindl, ou seja, ao Menino Jesus, transformando-o no “distribuidor” de presentes e transferindo a entrega de presentes para a Sua festa a 25 de Dezembro."

Chhhhhhhhiu!!! Não digam nada a ninguém!

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Campo de refugiados ou campo de concentração?


Os sem-abrigo da Cidade do Cabo, África do Sul, vão estar, durante o Campeonato do Mundo de Futebol, a viver num "campo de refugiados" ao qual não falta nada, nem mesmo arame farpado a toda a volta. Li a notícia no insuspeito Mais Futebol. E é tão interessante (leia-se: indignante) que a transcrevo na íntegra. Com a devida vénia, já se sabe...

Mundial: sem-abrigo escondidos em «campo de refugiados»

Autoridades da África do Sul «limpam» Cidade do Cabo
Por Vítor Hugo Alvarenga

A Cidade do Cabo veste fato de gala para o sorteio da fase final do Campeonato do Mundo de 2010. Celebridades, ligadas ao desporto e não só, concentram-se na capital da África do Sul para abrilhantar um evento que serve de cartão-de-visita para o torneio. A 20 quilómetros da cidade, empilham-se os sem-abrigo afastados do centro da Cidade do Cabo nos últimos tempos.

As autoridades da capital da África do Sul criaram a «Symphony Way Temporary Relocation Area» em 2007. Localizada em Delft, a área tem cerca de 1.500 estruturas com uma única divisão, feitas com paredes de lata e tectos de zinco. 18 metros quadrados cada. Os locais encontraram um nome mais apropriado. Esta é a Blikkiesdorp, «Cidade de Lata», na língua nativa.

Jerome Daniels, activista da Western Cape Anti-Eviction Campaign, garante ao Maisfutebol que os sem-abrigo da Cidade do Cabo estão a ser deslocados compulsivamente para a Blikkiesdorp, criando uma situação insustentável para os seus habitantes. «E isto é só agora para o sorteio. Lá para Maio, um mês antes do início do Mundial, serão milhares de pessoas a serem atiradas para cá, escondidas do Mundo», começa por dizer.

«Isto parece um campo de refugiados, parecemos judeus na época nazi. Na semana passada, retiraram 20 famílias que estavam em casas (ndr. habitações devolutas e sem condições) perto do estádio há 25 anos e colocaram-nas aqui. As autoridades chegam sem ordens do tribunal mas não querem saber disso. E como disse, em Maio vão limpar a cidade em peso, vai ser uma desgraça», alerta.

«Querem esconder estas pessoas do Mundo»

Delft é uma localidade próxima da Cidade do Cabo, bem perto do aeroporto internacional. As selecções que chegarem à África do Sul poderão vislumbrar, no momento da aterragem, esse cenário grotesco. Depois, virá a imagem de luxo, os estádios e hotéis, o retrato perfeito pintado pelos organizadores do Mundial e pela FIFA.

«Apesar de estar localizada a cerca de 20 quilómetros do estádio, a 15 dos limites da Cidade do Cabo, a verdade é que a Blikkiesdorp está longe de tudo. Não temos transportes, temos de fazer vários quilómetros a pé para chegar a algum lado. Já percebemos a intenção dos políticos: querem esconder estas pessoas do Mundo. Mas esta também é a realidade da África do Sul», alerta Jerome Daniels.

Os residentes da Blikkiesdorp e aqueles que montam as suas tendas nas imediações (Os Symphony Way Pavement Dwellers preferem ficar no exterior, em tendas, face à onda de criminalidade no local) procuram lutar contra o esquecimento e a exclusão. «Não há condições sanitárias, multiplicam-se os vírus, não há escolas, nada. Agora, que estão a trazer os sem-abrigo para cá, isto está a tornar-se cada vez mais um paraíso para os criminosos, os traficantes de droga. As pessoas têm medo de sair à rua, até durante o dia.»

A Blikkiesdorp tem arame farpado a toda a volta. Naquele descampado transformado em «campo de concentração», ninguém se move sem o consentimento dos policiais colocados na única entrada, em dois veículos de controlo de multidões. No fundo, constroem-se mais estruturas de lata, para os que estão a chegar. Eles não farão parte do Mundial.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Com a saúde não se brinca

"Com a saúde não se brinca", é uma série informativa, que passa na televisão pública portuguesa (na RTPN o programa completo, e excertos na RTP2). Apresentado pela jornalista Marina Caldas, presta especial atenção à prevenção de comportamentos de risco com vista a travar a disseminação do vírus HIV. Aqui, a entrevistada é outra jornalista: Patrícia Gallo.

Hoje é o "Dia Mundial da Sida".

"Portugal é o país da Europa ocidental e central com mais novos casos de infecção pelo VIH, revela relatório da ONUSida. Em 2008, o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge notificou 2688 novos infectados, mais do dobro que em igual período de 2007, 887. Eleva-se para 34 888 o número de pessoas com a doença no País nos diferentes tipos de infecção." - leio no Diário de Notícias.

Comentários para quê? Factos são factos! Tristes factos, mas factos!