segunda-feira, novembro 23, 2009

"A Invasão Aldebaranesa", de Stanislaw Lem



Eu gosto (muito) de ficção científica. Um dos meus autores preferidos é polaco: Stanislaw Lem.

Talvez o conheçam. Se não da literatura, pelo menos do cinema. Foi ele quem escreveu Solaris, um magnífico livro adaptado depois, em duas ocasiões, por Andrei Tarkovski (ver aqui), e por Steven Sodebergh (informação aqui).


Stanislaw Lem escreveu, também, algumas (enfim, muitas...) "short stories". Julgo eu que não tão boas quanto o já mencionado Solaris ou o Memórias Encontradas numa Banheira - mas, ainda assim, muito interessantes.


Neste caso, estou a referir-me a "A Invasão Aldebaranesa", publicado no volume 113 da colecção policial/FC da Caminho.

A história é mais ou menos esta.

Uma civilização "aldebaranesa" (de Aldebarã, entenda-se) anda à procura de planetas para conquistar e explorar. Interessam-se pelo nosso cantinho (a que chamamos Terra), porque tem um nível de desenvolvimento já aceitável mas não preocupante: seríamos, pois, bons escravos.
Confiantes na sua superioridade, enviam ao noso planeta dois emissários, para preparar terreno. Eles chamam-se NGTRX e PVGDRK.Mas as coisas não lhes vão correr bem e... Enfim, eu não quero estragar a surpresa. Procurem o livro, se etiverem interessados.
Aqui fica um excerto:



«Qualquer coisa que gemia e oscilava violentamente, ora curvando-se, ora erguendo-se, vinha atrás deles. Dir-se-ia uma grande criatura corcunda, de cabeça achatada. Sobre a bossa agitava-se uma espécia de pele flutuante.
- Escuta, não será o Sinctium? - disse NGTRX muito excitado.
A massa negra estava precisamente a ultrapassá-los. Pareceu-lhes aperceber rodas que se agitavam furiosamente como as de uma máquina extraordinária. Preparavam-se para se colocarem em posição de ataque quando ondas de magma projectadas no ar os inundaram. Aturdidos, encharcados dos tentáculos inferiores aos superiores, limparam-se o melhor que puderam e correram para o Telépato para saberem se os bramidos e os ronrons produzidos pelo engenho tinham um carácter articulado.
- Ruído de ritmo irregular de energo-rodopiante a hidrocarboneto e oxigénio primitivo, trabalhando em condições às quais não está adaptado - decifraram eles. Trocaram um olhar e PVGDRK disse:
- Estranho!
Reflectiu por instantes e, propenso a emitir hipóteses demasiado rápidas, acrescentou:
- Trata-se de uma civilização sadicoidal. Alimenta os seus instintos torturando as máquinas que ela própria criou.»



Como prometido, não vos conto o final da estória.


Mas digo-vos, muito inocentemente, que a imagem que ilustra este artigo é do site http://carbusters.org/

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