1.
Se vocês fizerem, ou mandarem fazer, um inquérito sobre mim nas ruas de Almada, com as seguintes opções
a) ele é jornalista e anda muito na rua, a fotografar, porque está em serviço
b) ele é um maluco que fugiu do hospital psiquiátrico e anda com uma
imitação de máquina fotográfica a fingir que faz fotografias porque é maluco
b) ele é um maluco que fugiu do hospital psiquiátrico e anda com uma
imitação de máquina fotográfica a fingir que faz fotografias porque é maluco
certamente vão ter muito mais gente a dizer-vos que a resposta certa é a b)
Mas se fizerem o mesmo inquérito, com as mesmas perguntas, a pessoas que me conhecem, que trabalharam comigo, e que hoje são jornalistas conhecidos, e respeitados, em órgãos de comunicação social nacionais - vão ver que a resposta é bem diferente. Arriscam-se a ouvir que «ele é um jornalista competente, com grande capacidade de trabalho, e alia a isso grande densidade e qualidade naquilo que faz».
Claro que, como vocês não conhecem pessoalmente os jornalistas a que me refiro e, por isso mesmo, não podem saber qual é, de facto, a opinião deles sobre o assunto, talvez prefiram a "versão" das pessoas que me vêm a andar na rua, a recolher imagens de coisas que a elas, se calhar nem lhes passaria pela cabeça fotografar (talvez porque não sejam cenas fixes ou engraçadas e, por isso mesmo, ficariam sem piada nenhuma no Hi5). Ou seja: talvez prefiram a opinião das pessoas que não me conhecem.
Está bem. Estão - como se costuma dizer - no vosso direito.
Se alguém se lembrasse de ter feito uma sondagem à saída do Portugal - República Checa, no Euro 2008, provavelmente poderia concluir que a população da Suíça era, na sua esmagadora maioria, de origem portuguesa, mas contava também com uma minoria significativa de checos.
E pronto: vocês, se quisessem, também podiam acreditar nisso.
Estavam no vosso direito.
Mas (como é óbvio) estariam a acreditar numa mentira.
2.
Isto tudo vem a propósito da seguinte notícia, publicada hoje pelo Destak (http://www.destak.pt/):
Transportes pioram num ano
26 06 2008 09.28H
Entre sete sectores de actividade económica, os operadores de
ransportes públicos de Lisboa e Porto ocupam os últimos lugares e são os que mais pioraram. Inquérito conclui que regrediram mais do que combustíveis, comunicações ou seguros.
ransportes públicos de Lisboa e Porto ocupam os últimos lugares e são os que mais pioraram. Inquérito conclui que regrediram mais do que combustíveis, comunicações ou seguros.
Entre sete sectores da economia portuguesa, os transportes públicos são aquele que tem piores resultados num inquérito feito pela empresa ECSI à satisfação dos clientes portugueses.
Os dados relativos a 2007, a que o Destak teve acesso, demonstram que os transportadores de Lisboa e Porto têm uma avaliação mais negativa do que a banca, os seguros, as comunicações, os combustíveis e o gás em garrafa.
Porque as condicionantes são diferentes, a EPSI optou por separar os transportes de Lisboa dos do Porto, mas estes dois sectores ocupam quase sempre as últimas posições do ranking. A excepção é a lealdade, onde as empresas dacapital obtém o quarto lugar, ficando à frente das suas congéneres do Porto, dos seguros e dos combustíveis.
Piores do que há um ano
O Metropolitano de Lisboa, a Carris, a CP, a Transtejo/Soflusa e outros operadores têm os piores resultados em cinco parâmetros. Em 100 pontos possíveis, ficam-se pelos 61,4 na satisfação dos clientes, 50,9 nas reclamações, 66,1 na imagem, 61,8 na qualidade dos produtos e serviços e 48,6 no valor apercebido.
Já os transportes no Porto - onde se incluem o Metro, a STCP, a CP e outros operadores - têm os piores resultados em duas categorias: 62,7 na lealdade e 61,7 nas expectativas. Nos restantes cinco ocupam sempre a segunda pior posiçãoda tabela.
Posição inversamente contrária à banca e ao gás em garrafa, que dividem entre si a primeira posição em seis parâmetros. Refira-se, ainda, que os transportes de Porto e Lisboa são também o sector cujos resultados no ano passado mais pioraram em relação a 2006
Não duvido do que está escrito nessa notícia.
A questão não é essa.
É esta: se os transportes públicos de Lisboa são os que têm piores resultados - "entre sete sectores da economia portuguesa", note-se - então que dizer do(s) da Margem Sul?
É que, como toda a gente sabe (ou devia saber), a Carris e o Metropolitano de Lisboa são, de longe, muito melhores que o operador que tem a hegemonia do transporte de passageiros nesta banda.
Pois, os TST.
(A Fertagus faz apenas a ligação norte-sul, os Transportes Colectivos do Barreiro abrangem uma área geográfica pequena, e o Metro Transportes do Sul está ainda a "entrar" no mercado.)
Bem... os TST têm um inquérito à qualidade do serviço.
E o que diz tal inquérito?
Resumidamente, o mais recente, de 2007, diz isto:
No estudo realizado em 2007 junto 3.665 clientes, podemos referir que o índice de satisfação global situou-se em 5,54 pontos, contra 6,60 em 2006 (escala de 1 a 10).
Os aspectos avaliados no âmbito do estudo dividiram-se em vários pontos de reflexão, de entre os quais destacamos os seguintes:
1 - Perfil do Cliente
1 - O cliente tipo da TST é composto essencialmente por pessoas do sexo feminino (61,61%), situando-se numa faixa etária com idade média de 37,26 anos.
2 - A maioria dos inquiridos são operários (40,95%) ou estudantes (24,75%).
3 - O agregado familiar é composto por 3,18 pessoas e possui em média
1,3 veículos por lar.
4 - Cerca de 56,00% utilizam a TST há menos de 10 anos.
5 - O grau de escolaridade situa-se ao nível do 10º. / 12º. Anos.
2 - A maioria dos inquiridos são operários (40,95%) ou estudantes (24,75%).
3 - O agregado familiar é composto por 3,18 pessoas e possui em média
1,3 veículos por lar.
4 - Cerca de 56,00% utilizam a TST há menos de 10 anos.
5 - O grau de escolaridade situa-se ao nível do 10º. / 12º. Anos.
2 -Grau de Fidelidade
Neste estudo constatamos que 97,33% dos nossos clientes afirmaram que pretendem continuar a utilizar os serviços da TST, enquanto 70,43% recomendam os serviços da empresa a familiares e amigos, transmitindo-nos um sinal de fidelidade para com a empresa e de continuidade como clientes.
3 -Motivos de Utilização da TST
A maioria dos nossos clientes utiliza-nos pelos motivos consignados no gráfico seguinte:
A maioria dos nossos clientes utiliza-nos pelos motivos consignados no gráfico seguinte:
Quem, como eu, utiliza diariamente os autocarros dos TST e, por isso mesmo, conhece a "qualidade do serviço" que essa empresa presta, fica com vontade de perguntar: onde é que eles fizeram esse inquérito?
Uma coisa eu vos garanto: ando, há anos, nos TST (mais propriamente, desde 1995 - porque foi nesse ano que eles apareceram: antes quem fazia estas carreiras era a Rodoviária Nacional). Vejo, muitas vezes, anúncios sobre a realização desses inquéritos à qualidade. Mas nunca vi ninguém a fazê-los.
Mas pronto, se calhar sou eu que tenho azar. Apanho motoristas que pensam podem tratar-me por tu e dizer-me que o isso de o passe estar dentro do prazo para eles é grupo (se calhar, porque acham que a resposta certa é alínea a), coitados...) - mas nunca nenhum funcionário da empresa me veio perguntar qual a minha opinião sobre a "qualidade do serviço".
É a vida. O que é que havemos de fazer?
(Obs: os gráficos são, como se percebe, do site dos TST; mas as fotos são minhas: são aquelas coisas que eu ando a fazer na rua porque... enfim, vocês lá sabem porquê)
2 comentários:
És fixe e simpático!
Ana Maria Costa: obrigado pelo comentário.
Não sei se sou realmente fixe e simpático, mas o comentário é!
Volta sempre!
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