quinta-feira, maio 31, 2007

Greve Geral? Mas qual Greve Geral???

«A 28 de Março de 1988, durante o Governo de Cavaco Silva, foi convocada outra greve geral. Tratava­-se de um protesto que primordialmente se dirigia contra o “Pacote Laboral” que visava enfraquecer os direitos dos trabalhadores, facilitar os despedimentos e o trabalho precário. Esta greve geral teve a particularidade de reunir a CGTP e a UGT na luta contra o “cavaquismo”.»

Álvaro Arranja (historiador)
em www.esquerda.net

E disse então o senhor primeiro-ministro de Portugal:

«Greve Geral? Não dei por nada! No hotel onde estava serviram-me pão quente logo pela manhã. Liguei o rádio para ouvir as notícias e a rádio estava a funcionar... Fui à janela e vi passar um eléctrico... Que greve geral?»

(Já estão a ver em que "escola" andaram os actuais governantes, e com que "professor" aprenderam...)

«GREVE GERAL: Grande vitória dos trabalhadores!!! Estrondosa derrota do patronato e do Governo!»



Já vos chamei a atenção? Ainda bem. Era isso mesmo que eu queria. Agora que já cá estão:

1 - Não estou nada interessado em debater se esta greve foi mais geral ou menos geral. É claro que foi uma grande greve e é claro que podia ter sido muito melhor.
Se não foi melhor, é pena. Mas não vale a pena chorar sobre o leite derramado.
Havia razões (muitas) para fazer esta greve. Quem não a fez talvez ainda se venha a arrepender (mas aí será com consequências para todos nós).

2 - Não esperem de mim grandes parangonas como as que dão título a este artigo. Era só para "gozar" com certa "comunicação social" autista, de uma certa esquerda que parece viver noutro planeta.
No tempo do saudoso o diário ("a verdade a que temos direito", lembram-se?), um dos passatempos preferidos de quem não era comunista (e, portanto, seria fascista...) era tentar adivinhar qual seria o título desse jornal (matutino) na edição do dia seguinte a cada jornada de luta da CGTP. (Bem, o mesmo se passava com as edições a seguir a jornadas de luta do PCP.)
Aparte isso, o diário era um jornal a sério, feito por jornalistas a sério (verdade seja dita, era informação alternativa e dava-me gosto lê-lo, principalmente a sua edição de fim de semana).
Nada a ver com certa "comunicação social" que anda agora pela internet, portanto...
(A propósito: o diário tem agora uma versão electrónica. Muito diferente do outro, tanto quanto me consigo lembrar...)

3 - Uma televisão mostrava uma senhora numa fila para os transportes públicos. Dizia a senhora (cito literalmente):

«Havia de ser geral. Se é uma greve geral, havia de ser tudo. Paralizar completamente tudo. Agora assim não. Isto assim vai ser uma brincadeira na mesma. Eles continuam com a deles. E quem se lixa é o Zé Povinho».

A referida senhora estava, obviamente, a fazer o frete ao governo e ao grande capital...
Agora a sério: não foi a única pessoa que eu ouvi dizer que "não entendia os motivos desta greve".
E no entanto eles foram anunciados antecipadamente pela CGTP:

«Agravamento do desemprego dá razão à Greve Geral

A evolução do mercado de emprego no 1º trimestre de 2007 fica novamente marcada pelo aumento do desemprego. É o segundo trimestre consecutivo em que se verifica um crescimento do desemprego em termos homólogos e o segundo em que a taxa desemprego é superior à verificada em termos médios na União Europeia a 27. A taxa de desemprego subiu 0,7 pontos percentuais no último ano e 0,2 pontos percentuais em termos trimestrais, sendo agora de 8,4%. A situação é particularmente grave entre os jovens, com uma taxa de desemprego de 18,1%. As mulheres são também particularmente atingidas, com uma taxa de 9,9%. Há mais 40 mil desempregados do que no 1º trimestre de 2006, atingindo o desemprego oficial 469,9 mil pessoas, o que corresponde a um agravamento de 9,4%. O desemprego cresceu mais entre as mulheres (mais 10%), entre os jovens da faixa etária 25-34 anos (15,1%), entre os diplomados com ensino superior (mais 32,2%, atingindo já 55,9 milhares). A taxa de desemprego mais elevada verifica-se no Norte (9,5%), tendo havido aumentos em todas as regiões, excepto no Alentejo. O desemprego de longa duração continua elevado, com um peso de 49,2% no total dos desempregados. Apenas os serviços e a construção criaram emprego (mais 0,1% e 1,6%, respectivamente, em termos homólogos), o que se traduziu num aumento negligenciável do emprego global (0,2%). A taxa de emprego (15-64 anos) teve também uma diminuição face ao trimestre homólogo e ao trimestre anterior, situando-se agora nos 67,4%. A precariedade aumentou 12,6% neste período, atingindo mais de 835 mil trabalhadores e elevando a percentagem de contratos não permanentes para os 21,5%. Os trabalhadores com emprego estável (contrato sem termo) reduziram-se em 2,4%, ao mesmo que houve uma quebra no emprego a tempo inteiro e um aumento de 9,2% do emprego a tempo parcial. Estes dados contrastam com o aumento do crescimento económico divulgado esta semana pelo INE que, além de não ser suficiente para aumentar o emprego e estancar o desemprego, é inferior ao observado na UE27 (2,1% face a 3,2%). E contradizem os dados do IEFP referentes aos desempregados inscritos nos centros de emprego em Abril (bem como dos meses anteriores) que apontam para uma diminuição do desemprego registado em 10,4%. Os dados agora divulgados reforçam as razões que levaram a CGTP-IN a marcar a Greve Geral de 30 de Maio e justificam a exigência de uma mudança de rumo nas políticas que têm vindo a ser seguidas.»

(Comunicado da CGTP
em 17 de Maio de 2007.
Dados da CGTP sobre a Greve Geral aqui)

Eram estas as razões (e mais haveria...) para o protesto.
Mas, já se sabe (vem nos livros...), é mais fácil unir as pessoas à volta de reivindicações mais imediatas, mais "parcelares". Mobilizar para uma greve contra toda a política económica e social de um governo é mais difícil do que muitos julgarão.

4 - E pronto, como o governo listou os dados pessoais dos grevistas, como alguns piquetes de greve foram ameaçadas pelas polícias e como as empresas avançam com processos disciplinares... "cuidado, que vem aí o Estado policial" (ou o fascismo?).
Vá lá, pessoal, acalmem-se lá um bocadinho!...
Pensam que este tipo de coisas não aconteceu já nos anos 80, com a AD, e nos anos 90, com os governos do PSD (liderados por Cavaco Silva)?
Pensam que é empolando excessivamente e simultaneamente desvalorizando os resultados da luta que se vai a algum lado? (Empolar para chamar a atenção para "a nossa força" e desvalorizar para dizer que "é necessário recorrer a formas de luta mais radicais", como já andei a ler por aí.)
Pois... há 10 anos a internet era ainda para as elites... e há 20 anos ainda nem existia (mas as pessoas já falavam umas com as outras, já debatiam ideias e também já se fechavam nos seus "groups" - a que, na altura, se chamava "capelinhas"- para não serem incomodadas pela dura realidade da vida).

5 - Nos anos 80, um dos grandes problemas que enfrentavam os comunistas era explicar aos assalariados que, apesar de auferirem salários mais altos que os operários de épocas anteriores, no fundo eram mais explorados, porque produziam lucros como até então não se tinha visto, e recebiam uma parcela mais pequena do que os seus antecessores.
(Nesse tempo ainda havia, apesar de tudo, alguma segurança no emprego.)
Estava-se então, também, a começar a entender que "proletariado" já deixara de ser sinónimo de "classe operária", no sentido tradicional do termo...
Depois, veio a queda do "bloco socialista", veio o "cavaquismo", o dinheiro dos fundos comunitários... O país entrou numa euforia consumista e neo-liberal. Era então (anos 90) uma luta ainda mais difícil.
Agora, com tanta precariedade, com uma taxa de desemprego como não se via há 20 anos, com a banca e as grandes multinacionais a anunciarem lucros fabulosos... Mesmo assim, muita gente diz que não entende as razões para esta greve.
E quem devia explicar, pelos vistos, não conseguiu.
Que se passa?
É só "medo" de perder o emprego, ou de ser perseguido?
Se não se fizer as pessoas perder esse "medo", como é que se pode pensar em realizar lutas mais
grandiosas, alguém me explica? Como é que trabalhadores com "medo" se podem unir numa luta contra o capital? Ou essa luta é feita só por um grupo de "iluminados" (tipo os jovenzitos que fizeram aquela "manifestação anti-fascista" no 25 de Abril)?
Ou é culpa da comunicação social (como sempre, aliás... ai ai)?
E que tal tentarem entender a sério o que se passa, em vez de repetir chavões, que até nos podem fazer sentir mais seguros, mas que não levam a lado nenhum? É que, desculpem lá que vos diga, nem o capitalismo está na defensiva, nem nós estamos na ofensiva.

6 - No início dos anos 90 houve um grande debate na esquerda, para tentar entender as transformações em curso, e tentar entender como devíamos agir.
Hoje, mais do que nunca, as "transformações" aí estão. E o debate?
Não seria boa altura para começar a pensar no(s) assunto(s)?

PS 1 - Sobre o direito à greve, e as limitações que muitos lhe tentam impor, é sempre interessante ver o que diz a esse respeito a Constituição da República Portuguesa (e, já agora, consultá-la no Portal do Governo)

PS 2 - Conheci um militante socialista (com responsabilidades partidárias, diga-se) que se queixava de que o PS nunca tinha obtido maioria absoluta e que era por iso mesmo que não conseguia implementar as suas políticas de esquerda.
E agora, que já têm a maioria absoluta?
Conheci um militante do PSD que, no tempo do governo Guterres dizia mal de todos os ministros mas, afirmava ele "salva-se José Sócrates: é o único que toma decisões".
Nem o militante do PS é um direitista empedernido, nem o do PSD é um porco fascista. O mundo não é a "preto e branco".

PS 3 - Escreve Mário Contumélias, no Jornal de Notícias:

«Diz-se que Sarkozy saiu de Portugal, quando cá esteve há meses, contente por os socialistas franceses não serem como os nossos, porque, se o fossem, teria dificuldades acrescidas para fazer passar as suas mensagens e ser eleito, como foi, presidente da República. Verdadeira ou não, a história vale como indicador da carência de socialismo do PS, que se vai afirmando no terreno. Evidência clara disto mesmo é o desinvestimento crescente no Estado social, especialmente visível em áreas como a Educação e a Saúde, com o encerramento de escolas e serviços e com os frequentes "ajustamentos" avulso do ministro Correia de Campos, que chegam ao ponto de poder agora conduzir a que crianças, com menos de 12 anos, passem a ter de pagar taxas moderadoras. Ou uma política económica que parece entender que os problemas estruturais se resolvem mandando trabalhadores para a rua, entendimento esse que ajuda a explicar o facto de termos, neste momento, a taxa de desemprego mais elevada (8,2%) dos últimos 20 anos. Ao menos uma vez, Marques Mendes tem razão quando diz que o Governo "consegue ultrapassar o PSD pela Direita". O que talvez agrade ao PS. É que à medida que o socialismo vai perdendo identidade, rouba-a também ao PSD, e alarga o seu espaço de influência. Talvez seja isto a "real politic".»

Com tanta opinião por aí, eu tinha logo que escolher esta, de um tipo que até é próximo do PS, porquê?
Vocês sabem: eu sou um vendido desavergonhado, um porco fascista, paladino da burguesia e do
grande capital, um sinistro lacaio do imperialismo e das multinacionais que andam a destruir o equilíbrio ecológico do planeta e a fomentar o crescente aumento das desigualdades sociais e do fosso entre ricos e pobres.

António Vitorino

Deixei isto para o fim
(porque, como se sabe, o veneno do escorpião está na cauda...):
vídeos sobre a Greve Geral,
colocados no Youtube pelo PCP:

http://www.youtube.com/watch?v=AGxNuQhJJQg
http://www.youtube.com/watch?v=LnXtoW9LsAA
http://www.youtube.com/watch?v=rnxaHQP2FW0
http://www.youtube.com/watch?v=qw7ZqovaxEw
http://www.youtube.com/watch?v=kIMdHcHV814
http://www.youtube.com/watch?v=d2vekp1d8h4
http://www.youtube.com/watch?v=nPwTiVJhZXo

Greve geral: reportagem à porta da Autoeuropa

UMA VISÃO REALISTA (E SEM DEMAGOGIA) DO QUE FOI A GREVE DE ONTEM

A TV Bloco esteve presente no dia da greve geral à porta da Autoeuropa e ouviu o coordenador da Comissão de Trabalhadores, António Chora, o secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, o deputado Francisco Louçã e outros representantes dos trabalhadores.

Carvalho da Silva:

«Se os trabalhadores só fizessem luta quando os patrões dizem que há condições para fazer luta, até hoje na história da Humanidade, não tinha havido nenhuma luta de trabalhadores. Isso é a lengalenga do costume. Os trabalhadores não têm de ser penalizados: estão a axercer um direito. Só faltava que o exercício dos direitos dos cidadãos levassem a que os cidadãos deste país fossem penalizados.»


(PS: Não, também não sou do Bloco de Esquerda... O vídeo é. E depois?...)

A saga (humorística) continua.

Eu não queria voltar tão cedo a este assunto, até porque o que aconteceu ontem merece ser analisado de maneira séria e rigorosa. Mas vocês, portugueses, já me conhecem: eu sou incapaz
de resistir a uma boa piada...
Por isso, e porque o que se passou ontem merece ser analisado de maneira séria e rigorosa, aqui ficam algumas palavrinhas de Fernando Medina, secretário de Estado do Emprego, na conferência de imprensa governamental para "avaliar" os efeitos da greve de ontem:

«Foi um dia de tranquilidade. (...) Os consumos de energia registados - o melhor indicador que temos sobre a actividade económica no momento - registaram aumentos face ao dia de ontem, e acima dos valores previstos.»


Pronto, está bem. Se o País consumiu mais energia, isso significa, obviamente, que está toda a gente a trabalhar. Brilhante argumento! Como é que nenhum governo tinha pensado ainda nisso?
(Digam-me lá se isto não vos faz lembrar o outro que, confrontado com uma greve geral afirmou o que vou citar, de memória, porque já lá vão cerca de 20 anos: «Greve geral? Qual greve geral? No hotel onde estava hospedado serviram-me pão quente de manhã, liguei o rádio e ouvi as notícias, fui à janela e vi passar um eléctrico... Qual greve geral?». Já adivinharam de quem estou a falar? Não? Uma dica: ele é "social-democrata". Não tem nada a ver, portanto, com estes. Estes são "socialistas". Não são?)

terça-feira, maio 29, 2007


OLHA, OUTRO!...


A Margem Sul, um deserto?
Não pode ser; que raio de ideia!
António Vitorino explica porquê:

«Quando se excluiu a opção de Rio Frio para o novo aeroporto de Lisboa, uma das justificações era evitar o abate de sobreiros. E toda a gente sabe que os sobreiros não se dão bem no deserto. Ah! ah ah! ah! ah!...»(Isto é citado de memória. Mas corresponde ao que ele disse, mais palavra menos palavra, ontem à noite na RTP)

Mas enfim...
Regozijemo-nos!
É que, por este andar ainda nos podemos candidatar a um qualquer livro de recordes como o país com mais políticos vocacionados para a stand up (ou sit down, neste caso) comedy...
Não vos parece?

Mas eu hoje até vinha aqui só para falar de turismo...



Turismo, só turismo...



... turismo, está bem...? ... só turismo...



... só turismo... só turismo, porra...!!!

(Isto é, a menos que a Rússia precise de uma calçadeira para os seus negócios em África. Nesse caso eu podia candidatar-me a dar uma ajudinha e... hã... pronto tá bem, o melhor é calar o bico... parece que já me estou a esticar, não é? Pois, então por hoje retiro-me. Vou até ali ao meu cantinho ver a floribella ou os morangos com açúcar e depois o preço certo em euros... é isso. Até amanhã... Se puder ser... Pois, logo se vê.)

António Vitorino
(eu, não o meu homónimo)

Imagens do site
www.sergeicartoons.com

segunda-feira, maio 28, 2007

BRAVO RAPAZES!!! AXIM MMO É K É!!!

Para responder às "declarações infelizes" do ministro Mário Lino, a JSD do distrito de Setúbal resolveu, e muito bem, não alinhar em piadas fáceis. Portanto, e para elevar o tom do debate político, avançou com a colocação deste cartaz (ou outdoor, se preferirem), em diversos e estratégicos locais desta nossa margem sul.
(Bem, antes que perguntem: sim, estou a ironizar...)


(Se quiserem, cliquem na imagem, que ela não morde. Pode cuspir. Mas não morde.)

Claro que, dizem os jovenzitos social-democratas, isto NÃO É um insulto ao ministro.
Nãããããããooooo!!!!, que ideia!
É "humor inteligente".
Nós é que somos todos estúpidos.
(Suponho que a página inicial do site da JSD de Setúbal também é humor inteligente... mas eu cá não percebo nada dessas coisas.)

Na minha opinião, se há algo que isto vem demonstrar (como se ainda fosse preciso) é que temos pouco sentido de humor. Ou melhor: confundimos sátira e crítica social com anedota, achincalhamento e insulto. Deve ser por isso que programas televisivos medíocres, como aquela coisa dos gatos fedorentos, têm tanto sucesso entre nós.
Nós até podemos ser o melhor povo do mundo a inventar piadas (está bem, pronto, somos os segundos, logo atrás dos brasileiros...). Mas isso - julgo eu - é apenas o reverso da medalha da nossa crónica lamechice lusa: "tudo isto existe, tudo isto é triste...".

Tudo isto é fado !!!

Um pouco de humor inteligente, de vez em quando, e para variar, não faz mal nenhum a ninguém... ou faz? (Repararam que desta vez não escrevi humor inteligente entre aspas?)

sexta-feira, maio 25, 2007

Bem-vindos ao deserto!

Estão a ver? Lá ao fundo é Lisboa e, cá deste lado, é Almada... na Margem Sul.
Portanto, o deserto a que se referia o ministro Mário Lino deve ser aquele planalto que se vê ali pelo meio.
Parece até que o que temos ali é terreno menos acidentado que o da Ota.
Mas não, não dá para encaixar naquele sítio o novo aeroporto internacional de Lisboa.
Em primeiro lugar, porque o espaço, ainda assim, é mais exíguo que o da Ota.
(Desculpem lá, mas isto é verdade, e as verdades são para ser ditas.)
Em segundo lugar, porque é uma estação arqueológica fenícia.
É a Quinta do Almaraz - que foi "descoberta" quando alguém se preparava para fazer ali uma das (raras... raríssimas) urbanizações desta tão desertificada Margem Sul. Considerado de interesse arqueológico, o terreno ficou assim, sem prédios nem nada.
Ora, com medidas proteccionistas destas, como é que este país há-de avançar?
E como há-de a Margem Sul deixar de ser um deserto?

Uma BD política (de 1991)

Já que se fala tanto de Margem Sul...


...é sempre bom lembrar...


... que os problemas não são de agora!
(e podem ver também um poema meu,
mais ou menos sobre o mesmo assunto,
no blog Debaixo do Bulcão
)

quinta-feira, maio 24, 2007

As saudades que eu já tinha da típica notícia "à Jornal da Região"!...



Ora vejam:Na edição mais recente (semana de 22 a 28 de Maio), a manchete é "Vigilância apertada nas zonas florestais" e, no interior, ficamos a saber que a limpeza das matas ainda não começou, e só começa em Junho.

Mas está bem, pronto, estamos no final de Maio, o tempo até tem estado esta porcaria que se vê... assim, é perfeitamente natural que, este ano, em Junho ainda exista mata para limpar.Então e a tal notícia "à Jornal da Região"?, perguntam vocês...Ei-la: "Sustos junto à linha - Metro aumenta perigo nas paragens de autocarro". Diz uma senhora Marta Lemos, ouvida pelo JR, que "as pessoas distraem-se à espera do autocarro e não reparam no perigo". E acrescenta uma senhora Maria Josefina que o Metro é "muito silencioso" e surge de surpresa. (Comentário meu: pois, os autocarros pelo menos fazem barulho e deitam fumo...)

Mas eu chamo a isto isto uma típica notícia "à Jornal da Região" porquê? Porque, segundo o mesmo jornal, até existe um Plano de Emergência do Metro da Margem Sul, mas este, assegura o Comandante Alcino Marques, ainda "não deu entrada" nos serviços municipais de Protecção Civil, o vereador responsável pela mesma área também diz não conhecer o documento e... bem, leiam o resto e digam-me lá se isto não merece ser melhor explicado (e investigado jornalisticamente)?
Agora fico à espera que, como manda a tradição, o Sem Mais Jornal agarre naquilo que para o JR são só umas gotinhas - e faça aquilo que melhor sabe (ou sabia, pois foi com essa intenção que surgiu, em 1998) fazer.
Que é: reportagem (mas reportagem a sério, por favor!...) e investigação.
Acho que desta vez até vou comprar esse jornal.
Chama-se (repito) Sem Mais Jornal. Faz parte do grupo Sado 2000.
E pronto. Calo-me. Já chega de publicidade à borla.
A.V.

Ai ai pobre de mim, e essas tretas. Ou então: ena pá, sou mesmo bom! (e essas tretas...)

Não sei se já repararam, mas este blog tem, nos últimos tempos, andado em obras de remodelação (quase) permanentes. É que (não sei se deram por isso), andaram por aqui uns efeitos especiais que não foram convidados para a festa - e andaram principalmente naquela barra ali do lado direito, embora afectassem o funcionamento de todo o blog.
Bom, parece que, por agora, essas pestes (trazidas por nojentas ratazanas intrusas, evidentemente) foram erradicadas.
Claro que eu poderia aproveitar para dizer qualquer coisa tipo ai ai pobre de mim que, derivado às minhas atitudes irreverentes, sou um descriminado, um pereseguido, um incompreendido (e essas coisas).
Ou então, poderia dizer-vos estão a ver como eu sou incómodo para os poderes instituidos, tão incómodo que até tentaram acabar com este blog, estão a ver? (e essas coisas).
Podia. Mas não estou para isso. Narizes empinados, campeões da moralidade, ilustres irreverências e convencidos em geral, há muitos, e muitas (seu palerma!), por essa blogosfera fora. Pois, continuem a ser assim; que isso lhes traga muita felicidade e tenham muito bom proveito.
Eu cá penso que as interferências externas vieram apenas de putos que não têm nada de interessante para fazer na vida e/ou não levaram um par de estalos dos papás quando deviam ter levado. A esses hackerzitos de meia-tigela só lhes digo: amiguinhos, cresçam e apareçam, que eu cá já comi muito pão duro e não sou levado a desistir de fazer este bloguezito por gente tão parvinha como vocês.
Mas se, por acaso (como não quero acreditar), a interferência veio de alguém com outras intenções...
Bem, meus caros, não pensais mesmo que, com isso, me fareis deixar de dizer aquilo que me der na real gana, pois não?
É que, se pensais tal cousa, estais redondamente enganados - como aliás, em breve podereis verificar.
(Ou, como se dizia no meu tempo, esperai pela pancada...)

Aceitai as mais sinceras saudações democráticas, deste vosso mui nobre e sempre leal amigo,

António Vitorino

quarta-feira, maio 23, 2007

Uma pequenina estória, contada por Oscar Niemeyer:

Este é para os que gostam de dizer mal do Brasil porque "é um país subdesenvolvido, terceiro-mundista, violento, onde nem sequer as crianças escapam à extrema miséria", etc.

Pois tomem lá:


«Certa manhã, chegava ao prédio onde trabalho quando um menino me fez parar. Queria vender umas tabletes de chocolate; parecia tão franzino, tão triste e humilhado que lhe dei algum dinheiro, antes de entrar no edifício.
Do térreo ao meu andar, sua história tomou outra dimensão. Já não era somente o seu desamparo a me afligir, mas essa miséria imensa que se multiplica e da qual ele era apenas um exemplo doloroso. Poucos a levam a sério, mesmo quando ela se faz global, como ocorre na África, a correrem as multidões famintas em busca dos víveres que do alto lhes enviam, como se um contacto mais humano, mais próximo e permanente não fosse ajuda indispensável.
E, não sei se pela idade, não consegui conter a minha emoção: pedi a um auxiliar que o fosse buscar na rua.
Conversámos. Perguntei-lhe de onde vinha. Respondeu-me ser de Minas, de Caratinga. Fugira de casa, passando a viver pelas ruas, a dormir nas calçadas junto aos Arcos da Lapa. Tinha onze anos.
Indaguei-lhe o que gostaria de ser: "Músico ou cantor", foi a sua resposta. E fiquei a olhá-lo, pensativo. Quantos, pobres como ele, se tornaram homens da maior importância, nas mais diversas profissões! E lembrava Camus, Chagall e o nosso Machado de Assis... Quantos talentos perdemos no Brasil por força desse desprezo permanente pela infância abandonada!
Disse-lhe que gostaria de ajudá-lo, mas que ninguém iria retê-lo, poderia ir embora quando bem entendesse. Pedi a alguém que comprasse roupas para ele: calças, camisas, sapatos. E com o menino de volta, de banho tomado, vestido decentemente, comecei a avaliar os problemas que me esperavam.
"Você inventa cada uma!", foi o que ouvi de minha filha Ana Maria, ao saber do que ocorria.
A cozinheira do meu escritório, Maria das Graças, logo se prontificou para tê-lo a dormir no seu apartamento. De dia, combinámos: ele ficaria pelo escritório e à tarde ela o levaria consigo.
A questão da moradia estava provisoriamente resolvida, mas o problema era complexo de mais. A primeira coisa a fazer seria que frequentasse uma escola. Não tinha documentos para isso.
Falei com um amigo. Sua mulher, generosa, prometeu-me cuidar do assunto. Geraldão, meu camarada do Partidão, sugeriu uma escola em Mangueira.
Durante quatro dias vivemos este romance angustiante. Sentia que o menino estava em dúvida: voltar para casa ou continuar com os seus companheiros a viver e dormir pelas ruas da cidade.
Duas vezes ele desapareceu, surgindo no dia seguinte, quase nu, sujo, só de calção. Tudo lhe haviam roubado. Da primeira vez ele parecia decidido a permanecer fora de casa: "Vou ficar na Lapa". Da segunda, para surpresa nossa, passou a dizer que preferia ir embora.
Com os trocados que lhe dei, comprou uma pequena máquina fotográfica; pediu-me que tirasse um retrato a seu lado. E depois de um dia inteiro a tentar obter a permissão da Polícia para voltar à sua cidade, pois era menor, lá seguiu o garoto para Caratinga.
É claro que conseguir tirá-lo das ruas foi para nós um desfecho feliz, mas que pouco, muito pouco, conta diante desse abandono inconcebível em que vivem milhares de crianças entre nós.
Lembrar essa pequena história, a pobreza a crescer por toda a parte, é o pouco que posso fazer, nessa luta contra os donos do poder e do dinheiro, que tanto desmerecem o nosso país.»


Oscar Niemeyer
"As Curvas do Tempo - Memórias"
Edição portuguesa: Campo das Letras. Porto, 2000
Cf: poemas de Oscar Niemeyer no blog Debaixo do Bulcão


Ainda estive com vontade de acrescentar algum comentário sobre este texto, mas desisti de o fazer.
Cada um que tire as suas próprias conclusões (e faça as suas próprias comparações com o que acontece em Portugal).

terça-feira, maio 22, 2007

Piada filosófica...

Ou, como dizia quem enviou o mail com esta imagem:
"há coincidências do caraças na vida!..."


segunda-feira, maio 21, 2007

Profeta?

não te baste afirmá-lo
melhor é mesmo sê-lo
e ainda que o sejas
melhor é calá-lo.
a tua verdade
te deve bastar:
afirma tão-só
a tua verdade.
sê para o tempo presente
um poeta
(o que já não é pouco
no tempo presente)
e deixa que o tempo
se encarregue de mostrar
e demonstrar
se a tua verdade
além de ser hoje a tua verdade
(o que já não é pouco)
virá também a ser uma outra
verdade.

ninguém é profeta
no seu próprio tempo.



António Vitorino
poema publicado em Index Poesis,
colecção dirigida por Ermelinda Toscano
(caderno nº14 - Cacilhas, 2003)

um pequenino poema - "prosaico", como são quase todos os meus poemas - que hoje decidi meter neste blog só para desenjoar de tanta "realidade"...

sexta-feira, maio 18, 2007

"Almada, Gente Nossa" - novo livro de Artur Vaz

Lançamento da obra: sábado, 18 de Maio, às 21 horas, na Sala Pablo Neruda do Fórum Municipal
Romeu Correia (Almada). O autor, Artur Vaz, é jornalista e escritor, com vasta obra publicada. (Ver nota biográfica no blog Poetas Almadenses e mais informação sobre o livro em epígrafe no blog da associação O Farol.)
Estão convidados!

quinta-feira, maio 17, 2007

"São só umas gotinhas!"


Lembram-se desta imagem?
Sim, é o Cristo-Rei em obras de limpeza e reabilitação, há quase seis anos.
Sabem porque me lembrei eu desta imagem? Por ter sido anunciada a realização de um estudo com vista a tornar aquele sítio (ou monumento, se preferirem... eu trato-o por outro nome, mas a minha opinião não é para aqui chamada) um verdadeiro local de turismo religioso?
Podia ser. Mas não foi.
Melhor: não foi por causa disso.
Lembrei-me porque, quando os responsáveis pelo monumento anunciaram a então ainda prevista acção de limpeza, apontaram como causas para a degradação do monumento, entre outras, os vestígios de combustível de avião que lá ficavam depositados. E ficavam lá depositados porque, diziam os mesmos responsáveis, as aeronaves, quando necessitavam de se livrar de excesso de combustível na aproximação ao Aeroporto de Lisboa, largavam-no exactamente naquela zona.
Ora eu, que trabalhava nesse tempo para um certo jornal regional cujo nome não vou referir, achei - como me competia "achar" - que a coisa merecia ser tratada com algum cuidado.
Quer dizer, se o Cristo Rei anda a ser "regado" com combustível de aviões, então o que acontece a quem está cá um bocadinho mais abaixo? (Note-se que aquela é uma zona habitada e tem até um hospital nas imediações).
Seria caso para se fazer um pouco de investigação jornalística (ainda por cima numa época em que se acusam os jornalistas de se "estarem nas tintas", e tal...). Parece natural, não é?
Errado!
Quando o assunto foi exposto ao responsável editorial do tal órgão de comunicação social local cujo nome não vou referir, o homem concluiu rapidamente (e em força) que não valia a pena darmo-nos ao trabalho porque...

«se isso for verdade, são só umas gotinhas» (sic)!!!

Claro que tão esclarecida frase ficou no anedotário da redacção.
É que, naquele jornal, se uma pedrinha de calçada estivesse fora de sítio e isso pudesse ser imputado à Câmara ou à Junta de Freguesia... era logo notícia. (Não exagero: fizeram coisas desse tipo, e piores.)
Mas umas descargas de combustível...? Como é que podemos com isso chatear os autar... hã.. quer dizer... o que é que isso interessa, em termos jornalísticos?
A minha sorte é que trabalhava também para uma empresa que fazia jornalismo a sério. Nessa, fizemos mesmo alguma investigação (a que foi possível, com os meios disponíveis).
Lembro-me que, embora os responsáveis do Cristo Rei continuassem a afirmar que sim senhor, havia vestígios de combustível, o representante dos pilotos de linha aérea com quem falei desmentiu categoricamente. Segundo ele, quando é necessário proceder a essas descargas, a coisa é feita no mar, pelo que nunca poderia afectar aquela zona, Cristo Rei incluído.

Passado este tempo todo, quem sou eu, para desmentir essa autoridade?
Hoje, quando olho para cima e vejo uns "vapores" a sair das asas dos aviões que se dirigem ao
aeroporto de Lisboa (e vejo-o muitas vezes), fico a pensar com os meus botões que devo estar mesmo a precisar de óculos, pá!
Ou então... Pois, como é que eu nunca tinha pensado nisso?
Mas é óbvio! Só podem ser os pequeninos duendes que vivem dentro das asas dos aviões (toda a gente sabe que há duendes a viver dentro das asas dos aviões), que decidem dar uma mija, todos ao mesmo tempo, só para gozar com o pessoal que está cá em baixo.
Afinal o outro tinha razão: são só umas gotinhas!
Mas olhem que muitas gotinhas juntas, ainda dão uma grande descarga...
Já viram isto!? Sacanas dos duendes!...

António Vitorino

Mais informação sobre os projectos actuais para o Cristo Rei: no Diário de Notícias e no site da Câmara Municipal de Almada.

quarta-feira, maio 16, 2007

Atenção, que vai ter início mais uma edição do Festival de... Cans?

Pois é! Festival de Cinema de Cans!

Cans é uma localidade com cerca de 500 habitantes, localizada no concelho de O Porrinho - que fica aqui mesmo ao lado, na Galiza. E é nessa insignificante aldeola que, desde 2003, um grupo de cinéfilos realiza o Festival de Curtas Metragens cujo programa pode ser consultado em www.festivaldecans.com.
Este ano (coincidindo, como sempre, com datas do Festival de Cannes - não me perguntem porquê...), o festival apresenta, por exemplo, e só para abrir o apetite, "Coffee and Cigarrettes", de Jim Jarmusch.

Estão convidados: vão até lá e, como eu não posso ir, contem-me depois como foi.

Enquanto nós, portuguesinhos, ficamos no nosso cantinho a lamuriar-nos e a choramingar por sermos tão pequeninos, tão perifericozinhos e tão pobretanas a nível cultural - ...ai ai... - os nossos vizinhos galegos agarram em meia dúzia de projectores, montam salas de cinema improvisadas em barracões campestres, mostram o seu cinema, divertem-se, promovem a sua terra e ainda ganham uns trocos com isso.


E nós, coitadinhos práqui a queixar-nos e... Mas espera aí, temos o Cristiano Ronaldo, e a selecção... epá!, afinal somos mesmo bons!!! Aliás, somos os maiores do mundo!!! (Ou como, diria alguém que conheço - "pois pois, o esquizofrénico sou eu...")

Mais sobre este "invento":
apeneira.com
La voz de Galicia
Academia Galega do Audiovisual
Mais Ala
Abuse Magazine

e vídeos, em
www.youtube.com/watch?v=FkSmwdzBy5U
www.youtube.com/watch?v=mzyf6Cr9BVc

terça-feira, maio 15, 2007

SHOW OFF !!!!!!


Vamos lá ver: eu penso que raptar uma criança ou, de uma qualquer forma (chamem-lhe rapto ou outra coisa qualquer) forçá-la a separar-se dos pais, com maior ou menor violência, é um dos crimes mais graves que alguém pode cometer, e merece castigo severo e exemplar.
Eu sei do que falo: quando tinha 5 anos fui levado, com violência, de casa de meus pais para um local onde não conhecia ninguém e onde fui forçado a viver durante cerca de um ano junto de desconhecidos para quem eu não era propriamente o elemento mais querido da "família" (e não contei, nem conto, essa história em público, por natural pudor).
Se a isso acrescer alguma forma de violência sexual sobre a criança, então o castigo para o(s) criminoso(s) devia ser qualquer coisa muitíssimo dura, assim a modos que tipo Pena de Talião, não sei se me faço entender. (E antes que se ponham com ideias: não isso não aconteceu comigo - fui "simplesmente" raptado.)

Dito isto, deixem-me acrescentar que estou FARTO de todo o "circo mediático" que se instalou à volta do caso Madeleine McCann.

Claro que é preciso fazer tudo para encontrar a menina, para a devolver aos pais e para castigar os culpados. Claro que é importante noticiar o assunto.
E mais (chego ao cerne da questão a que me quero referir aqui): se eu estivesse em reportagem no local das investigações, certamente tentaria não deixar escapar um único pormenor do que acontecesse no terreno. Mas seria então necessário que alguém refreasse o meu "entusiasmo". Entendem o que quero dizer?

Mas o que vemos é, exactamente o contrário: à "fome" (leia-se: a natural "adrenalina" do repórter") junta-se, desgraçadamente, a "vontade de comer" (a ideia de vender jornais ou aumentar as audiências à custa da dor alheia). E isso é tanto ou mais obsceno que o crime que está a ser investigado.

Não vou, sequer, "suspeitar" que, se não se tratasse de uma criança inglesa, filha de pais ricos, o caso não teria tanta exposição mediática e talvez mesmo tanto "empenho" por parte dos responsáveis pela investigação. Sabe-se o que há de verdade e de mentira nesse tipo de "acusações", julgo eu.

Vou, sim, sugerir que vejam os seguintes sites, onde poderão encontrar dados (e não exploração de sentimentalismos) sobre o assunto:

Lista de crianças desaparecidas em Portugal

Polícia Judiciária portuguesa


Globalmissing.com

e, naturalmente, um dos muitos sites só sobre a pequena Madeleine, que não tem culpa nenhuma de tudo o que estão a fazer "em nome dela"

Bringmadeleinehome.com

Por fim, se algum inglês (pior ainda, se algum inglês jornalista-tablóide) vos vier falar da falta de segurança deste país terceiro-mundista que é o nosso, façam-lhe uma visita guiada a

www.nationmaster.com/cat/cri-crime

onde poderão verificar como o Reino Unido, esse farol da civilização ocidental, aparece como o sexto país com maior índice de criminalidade per capita (em todo o mundo) e está excelentemente posicionado no que diz respeito, por exemplo, a fraudes ou violações.

A seguir, podem mandá-lo bugiar.

António Vitorino

sexta-feira, maio 11, 2007

Uma "lição" de jornalismo, vinda de Timor - Leste


A propósito das recentes eleições presidenciais etm Timor-Leste, não quero deixar passar a oportunidade de aconselhar uma visita ao blog Timor Online - Em directo de Timor-Leste.
O autor e editor desse blog, supostamente jornalista (assina como Malai Azul; desconheço a identidade verdadeira) nunca escondeu a sua simpatia pela Fretilin. Aliás, em diversos artigos, não se limitou a transmitir a notícia (com o rigor que se exige), mas acrescentou a sua opinião - deixando sempre visível a linha de fronteira entre o que é notícia e o que é opinião.
Procurem bem no referido blog: há por lá diversos exemplos do que acabei de referir.
E, por último, mas não menos importante, "Malai Azul", apoiante confesso da Fretilin, não veio (até ao momento) apresentar "desculpas esfarrapadas" para a derrota eleitoral do seu candidato.
É um exemplo de como o jornalista pode ser politicamente empenhado e continuar a ser jornalista.
Oxalá aprendessem com ele, aqui em Portugal!

A.V.

Ora, sejam muito bem-vindos a...

Santarém!




Sim, Santarém!
Santarém, no Município do Pará, na Amazónia.
Santarém, sim, no Brasil!

É por isto que eu gosto cada vez mais da internet!!!

Passo a explicar.
Andava a fazer pesquisa para complementar os dois poemas de Oscar Niemeyer que estão publicados no Debaixo do Bulcão (já foram lá espreitar?) e, não me lembro como, nem porquê, encontro um blog sobre a cidade de Santarém, com diversa informação sobre o local e, também, poemas de autores "santarenos", tais como este:

Labor

Meu poema chora
Chora porque demora,
a luz dos versos.
Um grito
Um anúncio
Um Prenúncio
São versos derramando
Poema choramingando, choraminguando, fases do poema.
Sons rastejando as páginas, paredes do ventre,
Rastros, passos para adentrar a selva
Conhecer o mundo
Poema é seiva que escorrer no outro

O poema luta
Lutas
Luas
Vozes tuas
Gritos do poema
Sons dissonantes,
Lágrimas que não servem
Não constroem poema
Esforço de corpo, corpus, aos poucos, o poema, aos versos, aos berros de quem quer sair
Entrar na glória da leituras, releituras das construções,
desconstruções,
da sobrevivência,
o sentir sempre, a abstração do poema
O grito
inocência na culpa de ser
Ser o que não é
E querer ser.
Ser
Poesia é Floresta densa
Intensa
Tensa tensa
Inspiração é conspiração da poesia
escrever é apagar pegadas,
Rascunhar versos
Refazer os versos
Lamber os versos
Luta vã de Drummond!!??

O poema chora
Chora porque demora, a luz dos versos.


Neucivaldo Moreira, poeta santareno.

Pronto, que mais dizer sobre o assunto?
Olhem, aproveitem para visitar virtualmente a cidade (fotos aqui) e depois os arredores deste Santarém. Por exemplo, Almeirim, Alter do Chão, ou mesmo Óbidos.

Eu não digo mais nada. Estas coisas deixam-me comovido. Portanto, retiro-me antes que comece a sair pieguice...

quinta-feira, maio 10, 2007

Quem me manda a mim, Vitorino, ver programas parvos na televisão?

Ora bem, liguei há bocado o aparelhómetro e sai-me, na TVI, a seguinte pérola de sabedoria:

Pergunta:
Quem construiu o Castelo de Almada?

Hipóteses de resposta:

1 - Árabes
2 - Visigodos
3 - Mouros

Responde a concorrente: Árabes.

Errado, obviamente (a resposta é Mouros). No entanto, esse brilhante apresentador chamado Manuel

(tcharaaam!!!...)













Luís Goucha considera que árabes e mouros é tudo a mesma coisa e "corrige" a resposta, dando o respectivo prémio à concorrente.

É que, explica o Goucha, "a culpa é de quem escreve estas perguntas: são pessoas que lêem pouco".

Pergunto eu, que leio pouco: não há por aí uma alma caridosa que ofereça a esse senhor uma viagem só de ida até Abu Dhabi, essa terra mundialmente famosa pela sua grande comunidade de "mouros"?

É que, caso contrário, CUIDADO SINTRENSES, ele tem andado por aí, e pode ser que não tenha entretanto mudado de ideias, valhavosdeus!!! (Também, se já tiveram a Edite Estrela... enfim, deve estar bem preparados intelectualmente, né?!)

segunda-feira, maio 07, 2007

A pedido de várias famílias...

... aqui ficam mais algumas imagens das obras do Metro Sul do Tejo, em Cacilhas, captadas pelo fotógrafo Rui Tavares:









... e sobre este assunto podem consultar a minha opinião aqui.
(Mas é claro que, no que diz respeito a estas malfadadas obras, a minha opinião não conta, porque até sou a favor. Não é?)

sexta-feira, maio 04, 2007

Agora sim, o MST!!!

Aviso prévio: eu sou a favor do Metro Sul do Tejo.
Sempre defendi meios de transporte colectivo de passageiros que sejam alternativa ao "entupimento" das cidades pelos automóveis. Sempre defendi que, se esses meios de transporte colectivo forem menos poluentes que os vulgares autocarros, melhor ainda.
Portanto, não contem comigo para dizer mal deste "eléctrico", ou "comboio", ou lá o que é.
Mas não contem comigo também para defender a Câmara Municipal de Almada. Não tenho procuração para tal e julgo que a Câmara se defende muito bem a ela própria.

Não dei, nem vou dar, para esses peditórios.

E penso que, tal como os do "contra" podem dizer o que muito bem lhes apetece, também eu tenho o direito de dar aqui a minha opinião.
Entendido?

Sobre as obras do MST: o meu aplauso e algumas dúvidas

Que o metropolitano de superfície implicaria muitas alterações na rede viária da cidade, julgo que era ponto assente desde há muito tempo. Aliás, já em Maio de 2002, logo após a adjudicação de obra (há cinco anos, note-se), o próprio gabinete coordenador do projecto alertava para as futuras restrições do trânsito automóvel na malha urbana da cidade. Foi dito nessa altura que o MST «configura uma clara opção a favor do transporte colectivo», que iria «alterar toda a fisionomia de Almada», tendo em vista «disciplinar» a utilização do «transporte individual» (declarações de Manuel Moura, responsável pelo gabinete coordenador do projecto que venceu o concurso público para a implementação do do MST, à revista País Económico, em Maio de 2002).

Concordo. E entendo também as dificuldades e os incómodos (conjunturais, digamos) que uma obra desta envergadura, inevitavelmente, provoca. E que, neste caso, estão muito bem justificadas. (Nunca vi ninguém fazer uma omeleta sem ter de partir primeiro os ovos...)

No entanto:


- terá sido boa ideia avançar com a obra em Cacilhas ainda antes de os prometidos parques de estacionamento para residentes estarem concluídos? (Mas também porque é que os residentes não utilizam plenamente os que já existem nas imediações? Essa também não entendi...) E na zona da Praça do MFA (sim, eu digo mesmo MFA, nome que a praça já tem há praí uns trinta anos...), aí como vai ser?


- se bem me lembro, foi prometido que o avanço das obras seria feito por sectores, salvo erro de 100 metros e que, em caso algum, se começaria a intervir num sector sem que o outro estivesse concluído. Fui eu que percebi mal, ou as coisas não estão a ser feitas dessa forma?

- então e estas árvores, não eram para transplantar para o Parque da Paz? Era mesmo necessário isto? (Se bem que, há um par de anos, a Câmara deitou abaixo, pelo mesmo processo, muitos plátanos e choupos que, supostamente, causavam alergias e, nessa altura não me lembro de ter visto reclamações. Será que as alergias são causadas mesmo por essas árvores? Ou por partículas mais pequenas que esvoaçam por aí e a gente nem sequer as vê?)

Quanto às obras, enfim, fico-me por aqui. Pois é, assim de repente que me lembre, não tenho mesmo mais nenhuma reclamação a fazer! Mas quem quiser, pode agarrar nestas fotos e fazer com elas o que bem lhes apetecer (vale tudo menos não citar o nome do fotógrafo).

Ah, e sobre a articulação autocarros/comboio/metro (note-se que são empresas dominadas pelo mesmo grupo, e toda a gente parece estar a esquecer-se desse "pequeno pormenor"), tenho mais algumas dúvidas, que terão de ficar para mais tarde.

A menos que alguém me queira explicar já quais serão as alterações de serviços que os TST pretendem fazer. Vão restringir umas carreiras (as que fiquem em zonas servidas pelo MST) mas, em compensação, reforçar outras e criar ainda outras? Era tão bom, não era?

E sobre o terminal de Cacilhas, também não se fala?

Ai, ai, se eu tivesse mais tempo (e um computador, e máquina fotográfica) ainda era muito bem capaz de fazer umas investigaçõezitas assim tipo jornalísticas, estão a ver? Mas não tenho.
Uns nasceram com o rabo virado para a lua, outros nem por isso. É a vida...

(Note-se que peço explicações e esclarecimentos, e não blá blá blá e veneno - existem por aí muitos outros blogues mais adequados para debitar coisas dessas.)


António Vitorino (texto)
Rui Tavares (fotografia)


Post scriptum: enquanto elaborava este texto, alguém me avisou que, num sítio da internet onde pelos vistos não se faz mais nada senão dizer mal da CMA, alguém identificou o blog Debaixo do Bulcão como um dos que recebem financiamento do Bin Laden. Em relação a isso tenho a dizer o seguinte.

1 - O blog financiado pelo Bin Laden é este e não o Debaixo do Bulcão. Esse é subsidiado, sim, mas pelo Bloco de Esquerda - como, aliás, é evidente.

2 - Confesso que fiquei furioso com tamanha falha na segurança. É que essas cenas do financiamento até são verdade, mas não eram para se dizer. Se apanho o gajo que se chibou, nem sei o que lhe faço!...

3 - A propósito, se a ideia era intimidar-me deve ter resultado porque (olhem para mim) estou a tremer que nem varas verdes. Mas também pode ser da ressaca de ontem à noite. É que, estúpido como sou, em vez de gastar o dinheiro do tio Osama num computador para poder trabalhar, fui derretê-lo todo em álcool e drogas. (Também, comigo outra coisa não seria de esperar, não é?)

4 - Tenham juízo ou, como dizem os americanos, arranjem uma vida!

A.V.